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Os derivados são instrumentos financeiros complexos. O seu valor deriva, de formas por vezes complicadas, de outros instrumentos e variáveis bastante complexos em si mesmos. Inicialmente concebidos como mecanismos de transferência de risco, são cada vez mais utilizados para outros fins, como instrumentos especulativos que permitem uma fácil e grande alavancagem. Este factor tem contribuído para algumas falências espectaculares. Entre as mais conhecidas contam-se:
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Os derivados são instrumentos financeiros complexos. O seu valor deriva, de formas por vezes complicadas, de outros instrumentos e variáveis bastante complexos em si mesmos. Inicialmente concebidos como mecanismos de transferência de risco, são cada vez mais utilizados para outros fins, como instrumentos especulativos que permitem uma fácil e grande [[alavancagem]]. Este factor tem contribuído para algumas falências espectaculares. Entre as mais conhecidas contam-se:
  
 
:* '''Orange County (Califórnia)''': em 1994 ocorreu a maior falência municipal dos Estados Unidos, a do ''county'' de Orange, na Califórnia. O Orange ''county'' declarou falência ao abrigo do ''[[Chapter 9]]'' a 6 de Dezembro de 1994, espantando os mercados ao declarar um prejuízo de 1600 milhões de USD nos seu fundos de investimento. Bob Citron, tesoureiro do ''county'' alavancou o fundo de 7500 milhões de USD até um total de 20.500 milhões de USD, usando derivados sobre taxas de juro para apostar na descida destas. Infelizmente, em Fevereiro de 1994 o [[FED]] iniciou uma série de seis subidas consecutivas das taxas de juros; o ''county'' ficou impedido de gerar os ''cash flows'' necessários para manter as suas operações e foi forçado a liquidar as posições numa má altura.<ref>{{en}} {{cite web | url=http://www.gsm.uci.edu/~jorion/oc/case.html | title=Orange County Case: Using Value at Risk to Control Financial Risk | author= Philippe Jorion | date= 2005 | pages= | accessdate=2007-11-19}}</ref> Esta falência ilustra o efeito da liquidação forçada de posições alavancadas; se as posições não tivessem de ser liquidadas, eventualmente poderiam ter sido fechadas sem qualquer prejuízo quando o mercado mais tarde inverteu.
 
:* '''Orange County (Califórnia)''': em 1994 ocorreu a maior falência municipal dos Estados Unidos, a do ''county'' de Orange, na Califórnia. O Orange ''county'' declarou falência ao abrigo do ''[[Chapter 9]]'' a 6 de Dezembro de 1994, espantando os mercados ao declarar um prejuízo de 1600 milhões de USD nos seu fundos de investimento. Bob Citron, tesoureiro do ''county'' alavancou o fundo de 7500 milhões de USD até um total de 20.500 milhões de USD, usando derivados sobre taxas de juro para apostar na descida destas. Infelizmente, em Fevereiro de 1994 o [[FED]] iniciou uma série de seis subidas consecutivas das taxas de juros; o ''county'' ficou impedido de gerar os ''cash flows'' necessários para manter as suas operações e foi forçado a liquidar as posições numa má altura.<ref>{{en}} {{cite web | url=http://www.gsm.uci.edu/~jorion/oc/case.html | title=Orange County Case: Using Value at Risk to Control Financial Risk | author= Philippe Jorion | date= 2005 | pages= | accessdate=2007-11-19}}</ref> Esta falência ilustra o efeito da liquidação forçada de posições alavancadas; se as posições não tivessem de ser liquidadas, eventualmente poderiam ter sido fechadas sem qualquer prejuízo quando o mercado mais tarde inverteu.
:* '''Barings Bank''': a negociação especulativa em derivados ganhou grande notoriedade quando, em 1995, [[Nick Leeson]], um ''trader'' do Barings Bank do Reino Unido, destacado para o Mercado de Divisas de Singapura, realizou sem autorização investimentos de fraca qualidade em futuros sobre o índice Nikkei. A combinação de um histórico de sucessos seguido de más decisões de investimento da sua parte, falta de supervisão dos seus superiores, um ambiente regulatório algo ingénuo e um terramoto na cidade japonesa de Kobe que impediu a estabilização da queda do Nikkei, causaram que Leeson incorresse num prejuízo de 1300 milhões de USD que levou o Barings Bank, uma instituição financeira secular, à falência.<ref>{{en}} {{cite web | url=http://www.nickleeson.com/biography/full_biography.html | title=Nick Leeson Biography | author= | date= | pages= | accessdate=2007-11-19}}</ref>;
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:* '''Barings Bank''': em 1995, [[Nick Leeson]], um ''trader'' do Barings Bank do Reino Unido, destacado para o Mercado de Divisas de Singapura, realizou sem autorização investimentos de fraca qualidade em futuros sobre o índice Nikkei. A combinação de um histórico de sucessos seguido de más decisões de investimento da sua parte, falta de supervisão dos seus superiores, um ambiente regulatório algo ingénuo e um terramoto na cidade japonesa de Kobe que impediu a estabilização da queda do Nikkei, causaram que Leeson incorresse num prejuízo de 1300 milhões de USD que levou o Barings Bank, uma instituição financeira secular, à falência.<ref>{{en}} {{cite web | url=http://www.nickleeson.com/biography/full_biography.html | title=Nick Leeson Biography | author= | date= | pages= | accessdate=2007-11-19}}</ref>;
:* '''[[Amaranth Advisors]] (LLC)''': em Setembro de 2006, o Amaranth Multi-strategy Funds protagonizou a maior implosão, até então, de um [[hedge fund]]. O seu principal ''trader'' na área energética, [[Brian Hunter]], investiu mais de metade dos activos da firma numa aposta que tinha funcionado nos dois anos anteriores: que o [[spread]] entre os futuros do gás natural dos meses do Inverno (contratos de Março) e do Verão (contratos de Abril) aumentaria. As reservas de gás natural e as condições atmosféricas fizeram os preços mover-se contra a posição, reduzindo o spread de 2 USD para 0,63 USD nas duas primeiras semanas de Setembro. Só no dia 14 de Setembro de 2006, os fundos perderam 560 milhões de USD. Os prejuízos totalizaram 6600 milhões de USD.<ref>{{en}} {{cite web | url=http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601109&sid=aqLaijlpyfEA&refer=news | title=Amaranth's Slide Began With Offer to Keep Star Trader (Update3) | author=Katherine Burton and Jenny Strasburg | date= 6 Dez 2006 | pages= | accessdate=2007-11-21}}</ref><ref>{{en}} {{cite web | url=http://trendfollowing.com/whitepaper/Amaranth-Letter.pdf | title=Investor Conference Call | author=Nick Maounis | date= 22 Set 2006 | pages= | accessdate=2007-11-21}}</ref>;
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:* '''Amaranth Advisors LLC''': em Setembro de 2006, o Amaranth Multi-strategy Funds protagonizou a maior implosão, até então, de um [[hedge fund]]. O seu principal ''trader'' na área energética, [[Brian Hunter]], investiu mais de metade dos activos da firma numa aposta que tinha funcionado nos dois anos anteriores: que o [[spread]] entre os futuros do gás natural dos meses do Inverno (contratos de Março) e do Verão (contratos de Abril) aumentaria. As reservas de gás natural e as condições atmosféricas fizeram os preços mover-se contra a posição, reduzindo o spread de 2 USD para 0,63 USD durante as duas primeiras semanas de Setembro. Só no dia 14 de Setembro de 2006, os fundos perderam 560 milhões de USD. Os prejuízos totalizaram 6600 milhões de USD.<ref>{{en}} {{cite web | url=http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601109&sid=aqLaijlpyfEA&refer=news | title=Amaranth's Slide Began With Offer to Keep Star Trader (Update3) | author=Katherine Burton and Jenny Strasburg | date= 6 Dez 2006 | pages= | accessdate=2007-11-21}}</ref><ref>{{en}} {{cite web | url=http://trendfollowing.com/whitepaper/Amaranth-Letter.pdf | title=Investor Conference Call | author=Nick Maounis | date= 22 Set 2006 | pages= | accessdate=2007-11-21}}</ref>;
  
 
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Revisão das 17h39min de 23 de novembro de 2007

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Negociação de derivados no Chicago Board of Trade.

Derivados são instrumentos financeiros cujo valor deriva do valor de outras coisas. Geralmente tomam a forma de contratos, que estabelecem trocas de dinheiro (cash flows) entre as duas partes, numa data futura. O montante destas trocas, ou pagamentos, pode variar com base no valor de um activo subjacente. A duração dos contratos pode ir desde alguns meses a 20 ou mais anos. Quando se negoceia um derivado estamos no mercado a prazo já que se contrata hoje mas só se entrega amanhã. O seu principal uso é a cobertura do risco (hedging) de uma das partes do contrato, transferindo esse risco para a contraparte, que o aceita em troca de um retorno potencialmente substancial.

A vasta gama de riscos que se pode pretender transferir, ou seja, de possíveis activos subjacentes e de alternativas de pagamento, deu lugar a que um número imenso de contratos de derivados estejam disponíveis para negociação nos mercados. Os principais tipos de derivados são os futuros (futures), os contratos a prazo (forwards), as opções e os swaps. Também são derivados os warrants autónomos e os certificados. Os derivados podem ter como activos subjacentes matérias-primas, acções, obrigações, taxas de juro, taxas de câmbio, ou índices (tais como índices de acções, índices de preços no consumidor (inflacção), índices sobre condições atmosféricas, ou até índices sobre outros derivados). É o desempenho destes activos e índices que determina tanto o montante como o ritmo dos pagamentos que resultam do derivado.

O uso de derivados deve ser cuidadosamente considerado pelos investidores, porque permitem grandes alavancagens cujos prejuízos podem exceder largamente o capital investido nestes instrumentos.

Tipos de derivados

Os principais tipos de instrumentos derivados são:

  • Contratos a prazo (forwards), são contratos de compra ou venda de um activo subjacente numa data específica futura. O activo pode ser um bem ou mercadoria (physical commodity), como por exemplo milho ou trigo, ou um activo financeiro (financial commodity), como uma divisa. O valor do contrato a prazo deriva do valor do bem ou activo financeiro subjacente.
  • Futuros, são contratos a prazo garantidos por uma câmara de compensação. Assim, os negociadores de futuros não têm de preocupar-se com o risco de crédito da sua contraparte. Só precisam preocupar-se com o risco de crédito da câmara de compensação. Porque os futuros são fungíveis e porque a câmara de compensação age como comprador para todos os vendedores e vendedor para todos os compradores, um negociante que abre uma posição comprando um contrato a outro pode fechá-la vendendo o contrato a um terceiro. Não precisa de comprá-lo e vendê-lo à mesma contraparte para fechar a posição.
  • Opções, são contratos que dão ao possuidor o direito (mas não a obrigação) de comprar ou vender um activo subjacente numa data específica futura a um determinado preço fixo, designado preço de exercício ou (strike). Uma call (call option) é uma opção de compra a um preço de exercício. Uma put (put option) é uma opção de venda a um preço de exercício. Se o detentor de uma opção a poder exercer numa data anterior à data de exercício, estamos perante uma opção de tipo americano. Se só a puder exercer na data de exercício estamos perante uma opção de estilo europeu. O valor dos contratos de opções depende do valor dos activos subjacentes.
  • Opções sobre futuros, são contratos de opções outorgados sobre contratos de futuros. O detentor de uma call sobre um contrato de futuros tem o direito de comprar o futuro a um determinado preço de exercício. De igual forma, o detentor de uma put sobre um contrato de futuros tem o direito de vender o futuro a um determinado preço de exercício. Os contratos de opções sobre futuros são negociados nas mesmas bolsas onde são negociados os contratos de futuros subjacentes.
  • Swaps, são contratos de permuta de dois fluxos monetários (cash flows) futuros. Um fluxo monetário é uma série de pagamentos. Um swap de taxa de juro estabelece a troca de uma série de pagamentos futuros a uma taxa de juro fixa, por uma série de pagamentos futuros a uma taxa de juro variável. Ao subscrever o contrato, são negociados os pagamentos a taxa fixa e estabelecida a fórmula de cálculo dos pagamentos a taxa variável. Um swap de divisas estabelece a troca de uma série de pagamentos fixos futuros numa divisa por uma série de pagamentos futuros noutra divisa. O valor destes contratos depende do valor dos fluxos monetários que serão trocados.
  • Swaptions são opções sobre swaps. Um negociador que detenha uma swaption call tem o direito de comprar um swap ao preço de exercício estabelecido.

Noções de base

Os contratos de derivados são criados pelos vendedores quando inicialmente os vendem. Têm, portanto, uma oferta líquida nula (zero net supply). A soma de todas as posições longas menos a soma de todas as posições curtas é sempre zero.

Todos os contratos de derivados têm características futuras: o seu valor depende de acontecimentos futuros. Por exemplo, os preços dos futuros, das opções e dos forwards dependem do valor futuro dos seus subjacentes.

Praticamente todos os derivados têm uma data de expiração. Nessa data, os negociantes fazem a liquidação final e o contrato expira. Os contratos que não expiram têm vida infinita (infinitely lived).

A liquidação destes contratos pode ser física, ou financeira. Um contrato com liquidação física estabelece que o vendedor entrega ao comprador o instrumento subjacente na altura acordada. Na mesma altura, o comprador paga em dinheiro essa entrega, ao preço acordado. Na liquidação financeira, o vendedor entrega ao comprador o valor em dinheiro do activo subjacente na altura acordada. Ao mesmo tempo, o comprador paga o preço de compra acordado. Neste caso, na prática, os negociantes transferem apenas a diferença entre o valor e o preço. Se o derivado for um contrato de futuros, esta diferença pode ser negativa, pelo que o vendedor paga ao comprador a diferença. Se o derivado for uma opção, a diferença nunca será negativa porque os detentores do contrato nunca exercem a opção, pois, ao fazê-lo, teriam de efectuar pagamentos adicionais.

Os contratos de derivados têm sempre um tamanho nocional ou valor nocional. Para contratos com liquidação física, o tamanho nocional é simplesmente a quantidade que o vendedor deve entregar. Para os de liquidação financeira, uma fórmula quantifica o valor nocional que determina a liquidação financeira final.

Muitos contratos de derivados estabelecem que os compradores e vendedores façam regularmente pagamentos de variação de margem. Os pagamentos de variação de margem transferem dinheiro dos compradores para os vendedores, ou dos vendedores para os compradores, de forma a ajustar os preços dos contratos de forma a reflectirem as condições de mercado da altura. Este procedimento garante que os valores dos contratos se mantêm inalterados apesar da variação das condições do mercado. Portanto, os pagamentos de variação de margem reduzem a possibilidade de incumprimento dos negociantes na expiração dos contratos.

Negociáveis ao balcão (OTC) ou em bolsa

Grosso modo, os contratos de derivados podem dividir-se em dois grandes grupos pela forma como são negociados:

  • Derivados OTC (over-the-counter), são contratos negociados fora de bolsa, directamente entre as duas partes envolvidas, sem passar por qualquer intermediário. Os swaps, os FRAs (forward rate agreements) e as opções exóticas (exotic options) são quase sempre transaccionados desta forma. O mercado de derivados OTC é substancial. De acordo com o BIS (Bank for International Settlements), no final de 2006 o montante nocional emitido nos mercados globais foi de 415 biliões (1012) de USD, incluindo CDSs.<ref>((en)) BIS (2007-05). OTC derivatives market activitity in the second half of 2006 pg. 7. Consultado a 2007-11-12. Relatório do Bank for International Settlements. Segundo este relatório, no final de 2006, o montante nocional bruto emitido foi de 415 biliões (1012) de USD, e o valor de mercado bruto foi de 9,7 biliões (1012) de USD. O montante nocional emitido é o valor nominal ou nocional bruto de todas as transacções concluídas, mas não liquidadas até à data de notificação (pg. 5). O valor de mercado bruto é a soma do valor absoluto de todos os contratos em aberto com os valores de substituição quer positivos quer negativos avaliados ao preço de mercado na mesma data. (pg. 5)</ref>
  • Derivados negociáveis em bolsa, são os instrumentos derivados que são negociados através de mercados de derivados especializados ou de outras bolsas. Um mercado de derivados age como intermediário de todas as transacções relaccionadas, e recebe uma margem inicial de ambas as partes da transacção que serve de garantia. De acordo com o BIS (Bank for International Settlements), o turnover combinado dos mercados de derivados de todo o mundo totalizou 1800 biliões (1015) de USD no ano de 2006.<ref>((en)) BIS (2007-09). BIS Quarterly Review pg. 108. Consultado a 2007-11-12. Relatório trimestral do Bank for International Settlements. Segundo este relatório, no ano de 2006, o volume de negócios nos mercados globais de futuros foi de 1.261 biliões (1012) de USD. O volume de negócios nos mercados globais de opções foi de 546 biliões (1012) de USD. </ref> Por número de transacções, os maiores mercados mundiais de derivados são o Korea Exchange (onde são listados futuros e opções sobre o Índice KOSPI), o Eurex (onde é listada uma vasta gama de instrumentos europeus sobre taxas de juro e índices) e o CME Group que resultou da fusão do Chicago Mercantile Exchange com o Chicago Board of Trade em 2007.<ref>((en)) Futures and Options Week: De acordo com valores publicados na revista F&O Week, de 10 de Outubro de 2005. Ver também Página da FOW na Internet.</ref>
    Alguns tipos de instrumentos derivados podem também ser listados nas bolsas tradicionais. Por exemplo, instrumentos híbridos como obrigações convertíveis e/ou preferred convertibles podem ser listados em bolsas de valores ou de obrigações. Também os warrants (ou direitos) podem ser listados em bolsas de valores.

Usos

Cobertura de risco

Um dos riscos a que os agentes económicos estão sujeitos é o da variação de preço de um determinado activo. De forma a reduzir, ou anular, esse risco foi desenvolvido o mercado de derivados. Uma vez que os preços dos activos do mercado à vista e dos derivados do mercado a prazo estão correlaccionados, para cobrir o risco basta ao investidor tomar no mercado de derivados uma posição igual mas oposta à do activo que detém.

Por exemplo, um agricultor que decide fazer uma cultura de milho sujeita-se ao risco de que o preço do milho entretanto baixe e que meses depois, por altura da colheita, venha a incorrer em perdas. Pode cobrir (hedge) este risco vendendo, na altura da sementeira, futuros sobre o milho na quantidade que espera vir a produzir para entrega na altura da colheita, a um preço pré-determinado que lhe garante à partida o lucro antes sequer de ter semeado. Do outro lado da transacção estará, por exemplo, um especulador que acredita que o preço do milho subirá, ou até mesmo uma empresa de moagem de quem o agricultor é fornecedor, que pretende cobrir o seu risco de que o preço do milho venha a subir.

Especulação e arbitragem

Os derivados são transaccionados entre hedgers que procuram cobrir riscos, entre estes e especuladores e, sobretudo, entre especuladores que não desejam transaccionar o activo físico subjacente mas pretendem só especular na subida e descida do preço. Na maioria dos mercados de derivados, as transacções de natureza especulativa excedem em muito as de cobertura de risco. Além da especulação pura, o negociador de derivados pode procurar oportunidades de arbitragem entre diferentes derivados com subjacentes idênticos ou parecidos.

Em geral, derivados como opções, futuros e swaps, oferecem o melhor retorno possível para uma aposta na subida ou na descida de preço de um activo subjacente. Isto deve-se ao facto de que, para criar, através de um derivado, uma posição semelhante a uma posição no activo subjacente, o investimento de capital é muito menor. No entanto, a variação de preço do derivado acompanha a variação de preço do subjacente. Portanto, para um investimento inicial muito mais reduzido, obtêm-se retornos semelhantes aos do activo, do que resultam rendibilidades muito maiores do que as do investimento directo no subjacente. Adicionalmente, porque o investimento inicial é reduzido, pode-se facilmente criar posições muito alavancadas bastando para isso aplicar no derivado um montante semelhante ao necessário para criar uma posição não alavancada no activo subjacente.

Outro uso dos derivados permite criar uma exposição económica a um activo subjacente quando a exposição directa é demasiado dispendiosa ou proibida por restrições legais ou regulamentares, ou para criar uma posição sintética. [Nota: ligar a venda a descoberto]. Adicionalmente às posições direccionais (isto é, apostas simples na direcção do activo subjacente), os especuladores podem usar derivados para apostar na volatilidade do activo subjacente. Esta técnica é normalmente usada na especulação com opções.

Cash flows

Os pagamentos entre as contrapartes podem depender:

  • do preço futuro de um outro activo negociado separadamente (por exemplo, de uma acção);
  • do nível de um índice determinado separadamente (por exemplo, um índice de acções ou um heating degree day);
  • da ocorrência de um evento claramente definido (por exemplo, um incumprimento por parte de uma empresa);
  • de uma taxa de juro;
  • de uma taxa de câmbio;
  • de outro factor.

Valorização de derivados

Duas formas comuns de valorização de derivados são:

Determinação do preço de mercado

Para derivados negociados em bolsa, o preço de mercado é normalmente transparente (muitas vezes é publicado em tempo real pela bolsa, com base na totalidade de ofertas de compra e de venda para um contrato numa altura do tempo). É mais difícil determinar o preço de mercado dos derivados OTC ou daqueles que são negociados no próprio recinto da bolsa, porque as transacções são manuais e portanto de difícil publicitação automática dos preços. Nos contratos OTC em particular, não existe uma bolsa central para fazer a recolha de transacções e disseminação de preços.

Determinação do preço não-arbitrável

O preço não-arbitrável para um contrato de derivados é normalmente complexo e dependente de muitas variáveis. Os preços não-arbitráveis são um dos tópicos centrais da matemática financeira. O processo estocástico do preço do activo subjacente é muitas vezes, embora nem sempre, crucial. Uma equação central para a valorização de opções teórica é a fórmula de Black-Scholes, que é baseada no pressuposto de que os cash flows de uma opção europeia podem ser replicados por uma estratégia de compra e venda contínua da acção subjacente. Uma versão simplificada desta técnica de avaliação é o Modelo Binomial de Avaliação de Opções (MBAO).

Exemplos de instrumentos derivados

Alguns exemplos comuns de instrumentos derivados são:

SUBJACENTE TIPO DE CONTRATO
Instrumentos negociáveis em bolsa Instrumentos negociáveis ao balcão (OTC)
Futuros Opções Swaps Forwards Opções
Índice de acções Futuro do DJIA
Futuro do S&P 500
Futuro do NASDAQ 100
Opção sobre o futuro do DJIA
Opção sobre o futuro do S&P 500
Opção sobre o futuro do NASDAQ 100
Swap de acções
(equity swap)
Back-to-back n/a
Mercado monetário Futuro do Eurodollar
Futuro da Euribor
Opção sobre o futuro do Eurodollar
Opção sobre o futuro da Euribor
Swap de taxa de juro
(interest rate swap)
FRA
(forward rate agreement)
Cap de taxa de juro
(interest rate cap)
Floor de taxa de juro
(interest rate floor)
Opção sobre swap
(swaption)
Swap de base
(basis swap)
Obrigação Futuro de uma obrigação
(bond future)
Opção sobre o futuro de uma obrigação
(option on bond future)
n/a Repo
(repurchase agreement)
Opção de uma obrigação
(bond option)
Acção Futuro de uma acção
(single-stock future)
Opção de uma acção
(single-share option)
Swap de acções Repo
(repurchase agreement)
Opção de uma acção
(stock option)
Warrant
Turbo warrant
Mercado cambial Futuro cambial
(FX future)
Opção sobre futuro cambial
(option on FX future)
Swap de divisa
(currency swap)
Forward cambial
(FX forward)
Opção cambial
(FX option)
Crédito n/a n/a Swap de crédito
(credit default swap)
n/a Opção de crédito
(credit default option)

Outros exemplos de subjacentes são:

Instrumentos controversos

Os derivados são instrumentos financeiros complexos. O seu valor deriva, de formas por vezes complicadas, de outros instrumentos e variáveis bastante complexos em si mesmos. Inicialmente concebidos como mecanismos de transferência de risco, são cada vez mais utilizados para outros fins, como instrumentos especulativos que permitem uma fácil e grande alavancagem. Este factor tem contribuído para algumas falências espectaculares. Entre as mais conhecidas contam-se:

  • Orange County (Califórnia): em 1994 ocorreu a maior falência municipal dos Estados Unidos, a do county de Orange, na Califórnia. O Orange county declarou falência ao abrigo do Chapter 9 a 6 de Dezembro de 1994, espantando os mercados ao declarar um prejuízo de 1600 milhões de USD nos seu fundos de investimento. Bob Citron, tesoureiro do county alavancou o fundo de 7500 milhões de USD até um total de 20.500 milhões de USD, usando derivados sobre taxas de juro para apostar na descida destas. Infelizmente, em Fevereiro de 1994 o FED iniciou uma série de seis subidas consecutivas das taxas de juros; o county ficou impedido de gerar os cash flows necessários para manter as suas operações e foi forçado a liquidar as posições numa má altura.<ref>((en)) Philippe Jorion (2005). Orange County Case: Using Value at Risk to Control Financial Risk. Consultado a 2007-11-19.</ref> Esta falência ilustra o efeito da liquidação forçada de posições alavancadas; se as posições não tivessem de ser liquidadas, eventualmente poderiam ter sido fechadas sem qualquer prejuízo quando o mercado mais tarde inverteu.
  • Barings Bank: em 1995, Nick Leeson, um trader do Barings Bank do Reino Unido, destacado para o Mercado de Divisas de Singapura, realizou sem autorização investimentos de fraca qualidade em futuros sobre o índice Nikkei. A combinação de um histórico de sucessos seguido de más decisões de investimento da sua parte, falta de supervisão dos seus superiores, um ambiente regulatório algo ingénuo e um terramoto na cidade japonesa de Kobe que impediu a estabilização da queda do Nikkei, causaram que Leeson incorresse num prejuízo de 1300 milhões de USD que levou o Barings Bank, uma instituição financeira secular, à falência.<ref>((en)) Nick Leeson Biography. Consultado a 2007-11-19.</ref>;
  • Amaranth Advisors LLC: em Setembro de 2006, o Amaranth Multi-strategy Funds protagonizou a maior implosão, até então, de um hedge fund. O seu principal trader na área energética, Brian Hunter, investiu mais de metade dos activos da firma numa aposta que tinha funcionado nos dois anos anteriores: que o spread entre os futuros do gás natural dos meses do Inverno (contratos de Março) e do Verão (contratos de Abril) aumentaria. As reservas de gás natural e as condições atmosféricas fizeram os preços mover-se contra a posição, reduzindo o spread de 2 USD para 0,63 USD durante as duas primeiras semanas de Setembro. Só no dia 14 de Setembro de 2006, os fundos perderam 560 milhões de USD. Os prejuízos totalizaram 6600 milhões de USD.<ref>((en)) Katherine Burton and Jenny Strasburg (6 Dez 2006). Amaranth's Slide Began With Offer to Keep Star Trader (Update3). Consultado a 2007-11-21.</ref><ref>((en)) Nick Maounis (22 Set 2006). Investor Conference Call. Consultado a 2007-11-21.</ref>;

  • Derivatives (especially swaps) expose investors to counterparty risk. For example, suppose a person wanting a fixed interest rate loan for his business, but finding that banks only offer variable rates, swaps payments with another business who wants a variable rate, synthetically creating a fixed rate for the person. However if the second business goes bankrupt, it can't pay its variable rate and so the first business will lose its fixed rate and will be paying a variable rate again. If interest rates have increased, it is possible that the first business may be adversely affected, because it may not be prepared to pay the higher variable rate. This chain reaction effect worries certain economistsPredefinição:Fact, who posit that since many derivative contracts are so new, the effect could lead to a large disaster. Different types of derivatives have different levels of risk for this effect. For example, standardized stock options by law require the party at risk to have a certain amount deposited with the exchange, showing that they can pay for any losses; Banks who help businesses swap variable for fixed rates on loans may do credit checks on both parties. However in private agreements between two companies, for example, there may not be benchmarks for performing due diligence and risk analysis. This has been a cause for concern among many economists.
  • Derivatives pose unsuitably high amounts of risk for small or inexperienced investors. Because derivatives offer the possibility of large rewards, they offer an attraction even to individual investors. However, speculation in derivatives often assumes a great deal of risk, requiring commensurate experience and market knowledge, especially for the small investor, a reason why some financial planners advise against the use of these instruments. ([1]). Derivatives are complex instruments devised as a form of insurance, to transfer risk among parties based on their willingness to assume additional risk, or hedge against it.
  • Derivatives typically have a large notional value. As such, there is the danger that their use could result in losses that the investor would be unable to compensate for. The possibility that this could lead to a chain reaction ensuing in an economic crisis, has been pointed out by legendary investor Warren Buffett in Berkshire Hathaway's annual report. Buffet stated that he regarded them as 'financial weapons of mass destruction'.
«Tentamos estar alerta para o risco de uma qualquer mega-catástrofe e essa postura pode tornar-nos injustificadamente apreensivos sobre as crescentes quantidades de contratos de derivados de longo prazo e dos pesados montantes de dívida a receber que crescem com eles. No entanto, do nosso ponto de vista, os derivados são armas financeiras de destruição massiça, acompanhadas por perigos que, embora agora latentes, são potencialmente letais.» (Warren Buffett, 2003)<ref>((en)) Warren Buffett (21 Fev 2003). Carta aos accionistas referente ao ano de 2002 pg. 15. Consultado a 2007-11-15. «Charlie and I believe Berkshire should be a fortress of financial strength – for the sake of our

owners, creditors, policyholders and employees. We try to be alert to any sort of megacatastrophe risk, and that posture may make us unduly apprehensive about the burgeoning quantities of long-term derivatives contracts and the massive amount of uncollateralized receivables that are growing alongside. In our view, however, derivatives are financial weapons of mass destruction, carrying dangers that, while now latent, are potentially lethal.»</ref>



The problem with derivatives is that they control an increasingly larger notional amount of assets and this may lead to distortions in the real capital and equities markets. Investors begin to look at the derivatives markets to make a decision to buy or sell securities and so what was originally meant to be a market to transfer risk now becomes a leading indicator. Many economists are worried that derivatives may cause an economic crisis at some point in the future.

Nevertheless, the use of derivatives has its benefits:

  • Derivatives facilitate the buying and selling of risk, and thus have a positive impact on the economic system. Although someone loses money while someone else gains money with a derivative, under normal circumstances, trading in derivatives should not adversely affect the economic system because it is not zero sum in utility.
  • Former Federal Reserve Board chairman Alan Greenspan commented in 2003 that he believed that the use of derivatives has softened the impact of the economic downturn at the beginning of the 21st century.

Definitions

  • Bilateral Netting: A legally enforceable arrangement between a bank and a counterparty that creates a single legal obligation covering all included individual contracts. This means that a bank’s obligation, in the event of the default or insolvency of one of the parties, would be the net sum of all positive and negative fair values of contracts included in the bilateral netting arrangement.
  • Credit derivative: A contract that transfers credit risk from a protection buyer to a credit protection seller. Credit derivative products can take many forms, such as credit default options, credit limited notes and total return swaps.
  • Gross negative fair value: The sum of the fair values of contracts where the bank owes money to its counterparties, without taking into account netting. This represents the maximum losses the bank’s counterparties would incur if the bank defaults and there is no netting of contracts, and no bank collateral was held by the counterparties.
  • Gross positive fair value: The sum total of the fair values of contracts where the bank is owed money by its counterparties, without taking into account netting. This represents the maximum losses a bank could incur if all its counterparties default and there is no netting of contracts, and the bank holds no counterparty collateral.
  • High-risk mortgage securities: Securities where the price or expected average life is highly sensitive to interest rate changes, as determined by the FFIEC policy statement on high-risk mortgage securities.
  • Notional amount: The nominal or face amount that is used to calculate payments made on swaps and other risk management products. This amount generally does not change hands and is thus referred to as notional.
  • Structured notes: Non-mortgage-backed debt securities, whose cash flow characteristics depend on one or more indices and/or have embedded forwards or options.

Ver também

Referências

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Livros

  • Miller, Merton Merton Miller on Derivatives Wiley, 1997 ISBN 0474183407
  • Dick Bryan & Michael Rafferty, Capitalism with Derivatives: A Political Economy of Financial Derivatives, Capital and Class Palgrave Macmillan, 2005 ISBN-13: 978-1403936455

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Risco

Artigos