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Autor Tópico: Portugal falido  (Lida 3444322 vezes)

Raposo Tavares

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Re: Portugal falido
« Responder #18220 em: 2019-03-30 18:37:39 »
'Não existe empreendimento mais custoso do que querer precipitar o curso calculado do tempo. Evitemos portanto dever-lhe juros.'
in: Aforismos sobre a Sabedoria de Vida, Arthur Schopenhauer

"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche

"O ar quando não é poluído, é condicionado."
in: Jô Soares (conhecido humorista brasileiro)

D. Antunes

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Re: Portugal falido
« Responder #18221 em: 2019-03-30 18:37:50 »
Relacionado com isto, imaginem que de repente a população começava a acreditar mais na homeopatia e "medicinas alternativas", que como sabemos, são completas tretas, do que na medicina ortodoxa convencional? faço esta pergunta ao Antunes em especial, que é médico.

Imaginem. 80% da população convence-se de que o melhor são as "alternativas". Os impostos são opcionais. Deixam de pagar impostos para a medicina científica. Os outros 20% acreditam e financiam. Só estes a têm e tratam-se.

Isto cria dois problemas. Primeiro, os 20% que ainda acreditam podem não reunir o suficiente para a medicina científica se aguentar -- já que esta precisa obviamente de muitos mais meios técnicos do que as tretas alternativas, que só precisam de consultórios onde se vende banha de cobra.

Segundo, os idiotas dos 80% que ficaram com as alternativas começam a ter muito pior saúde. Isso também é uma imoralidade, embora a culpa seja só deles, também não se deve deixar as pessoas entregues assim aos resultados das suas más escolhas, embora a culpa seja deles.

Felizmente, a maioria da população que frequenta as medicinas alternativas usa-as mais como complementares, isto é, vai tb ao médico e, geralmente, faz os tratamentos indicados. Mesmo em países em que a medicina é muito privada (como os EUA) a população gasta mais na medicina do que nas alternativas, embora tb desperdice imenso nas alternativas (e em consumismo de tratamentos médicos desnecessários, mas isso é outra, embora importante, questão). De qualquer modo, é normal que exista desconfiança na medicina. Durante a evolução humana, o curandeiro da tribo era muito fraco. Era melhor só recorrer a ele em caso de desespero.

Cheguei a dar uma aula na Fac. Medicina sobre medicinas alternativas (para os alunos terem conhecimentos básicos sobre o tema, era quase cultura geral, deveria ter pedido um subsídio ao M. Cultura  :) ). As alternativas têm pouco evidência, mas, na altura, a opinião científica sobre duas delas (acupunctura e osteopatia) não era tão desfavorável como actualmente.

Em vários países, está a surgir uma forte oposição científica contra as medicinas alternativas. Também em Portugal, grupos de jovens médicos e de cientistas de outras áreas têm estado especialmente activos. Os resultados começam a surgir: a FDA obrigou os "medicamentos" homeopáticos a escreverem no rótulo que não têm evidência de eficácia, nalguns países europeus o estado está a retirar práticas alternativas do SNS, em Espanha licenciaturas alternativas deixam de ser aceites. Em Portugal, o Presidente da República vetou o diploma do Governo que procede ao reconhecimento de interesse público da Escola Superior de Terapêuticas Não Convencionais, invocando falta de validade científica comprovada. Começa a crescer a pressão para que a Ordem dos Médicos não reconheça pós-graduações em acupunctura.

Na próxima 2ª feira, no programa Prós e Contras, vão-se discutir as medicinas alternativas. É difícil discutir com essa gente, mas conheço muita malta de qualidade que vai lá estar e, alguns sei que vão mesmo ao ataque. Aquilo deve aquecer bastante. Se tiverem oportunidade de ver, será interessante.

« Última modificação: 2019-03-30 19:00:46 por D. Antunes »
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

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Re: Portugal falido
« Responder #18222 em: 2019-03-30 18:38:50 »
Relacionado com isto, imaginem que de repente a população começava a acreditar mais na homeopatia e "medicinas alternativas", que como sabemos, são completas tretas, do que na medicina ortodoxa convencional? faço esta pergunta ao Antunes em especial, que é médico.

Imaginem. 80% da população convence-se de que o melhor são as "alternativas". Os impostos são opcionais. Deixam de pagar impostos para a medicina científica. Os outros 20% acreditam e financiam. Só estes a têm e tratam-se.

Isto cria dois problemas. Primeiro, os 20% que ainda acreditam podem não reunir o suficiente para a medicina científica se aguentar -- já que esta precisa obviamente de muitos mais meios técnicos do que as tretas alternativas, que só precisam de consultórios onde se vende banha de cobra.

Segundo, os idiotas dos 80% que ficaram com as alternativas começam a ter muito pior saúde. Isso também é uma imoralidade, embora a culpa seja só deles, também não se deve deixar as pessoas entregues assim aos resultados das suas más escolhas, embora a culpa seja deles.

Por outro lado os 80% das alternativas iriam viver vidas mais curtas e possivelmente reproduzir-se menos.

Os 20% precisamente o contrário. No longo prazo a balança demográfica iria se equilibrar.

Se usarem pílulas alternativas, nem isso.
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Re: Portugal falido
« Responder #18223 em: 2019-03-30 20:39:37 »
Relacionado com isto, imaginem que de repente a população começava a acreditar mais na homeopatia e "medicinas alternativas", que como sabemos, são completas tretas, do que na medicina ortodoxa convencional? faço esta pergunta ao Antunes em especial, que é médico.

Imaginem. 80% da população convence-se de que o melhor são as "alternativas". Os impostos são opcionais. Deixam de pagar impostos para a medicina científica. Os outros 20% acreditam e financiam. Só estes a têm e tratam-se.

Isto cria dois problemas. Primeiro, os 20% que ainda acreditam podem não reunir o suficiente para a medicina científica se aguentar -- já que esta precisa obviamente de muitos mais meios técnicos do que as tretas alternativas, que só precisam de consultórios onde se vende banha de cobra.

Segundo, os idiotas dos 80% que ficaram com as alternativas começam a ter muito pior saúde. Isso também é uma imoralidade, embora a culpa seja só deles, também não se deve deixar as pessoas entregues assim aos resultados das suas más escolhas, embora a culpa seja deles.

Por outro lado os 80% das alternativas iriam viver vidas mais curtas e possivelmente reproduzir-se menos.

Os 20% precisamente o contrário. No longo prazo a balança demográfica iria se equilibrar.

E achas que isso era aceitável eticamente? Os 20% esclarecidos ficavam a assistir aos outros a morrer com doenças sem fazer nada por eles. Ok, a culpa era mais dos 80% ignorantes, mas não se pode ter uma sociedade que simplesmente vira a cara para o lado para 80% de pessoas abandonadas assim à  sua sorte, mesmo que seja devido à ignorância deles.

Reg

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Re: Portugal falido
« Responder #18224 em: 2019-03-30 20:43:50 »
ha pessoas preferem ficar longe do super predador humano ocidental

ainda tens tribos mundo na idade pedra onde se vive melhor que paises modernos mas falhados

se la forem ainda as matas com doenças eles não tem imunidade  de que adianta espalhar sabedoria  moderna se eles morrem depois 

ate vivem melhor em paz que em muitos paises falhados  andam matar -se  com armas fogo modernas
« Última modificação: 2019-03-30 20:50:41 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: Portugal falido
« Responder #18225 em: 2019-03-30 20:47:20 »
Estás a baralhar aqui as coisas que realmente estão em discussão.

Para se defender que é necessário proteger a cultura das pinturas e estátuas mais do que a dos videojogos não é necessário assumir, como tu aí dizes, que "uma vida vivida... vale mais". A questão é que as pinturas e estátuas fazem parte de uma cultura clássica que, se se perder, terá efeitos catastróficos, e já agora, produzirá sofrimento intenso das pessoas que têm apego a essa cultura e a perdem. Ao passo que os videojogos já estão neste momento bem financiados, pelos mecanismos de mercado, e isso é óptimo.

Aquilo que puder ser financiado pelos gostos e logo, pelo mercado a funcionar, pois que o seja, isso está ok. Mas a sociedade em geral tem obrigação de proteger aquelas facetas da cultura clássica que estejam ameaçadas de simplesmente desaparecer se forem entregues só ao mercado.

Logo, não tem nada a ver com o teu argumento de qual das vidas vale mais.
Eu até concordo parcialmente contigo por isso é que nos +400M do orçamento da cultura tive o cuidado de retirar o orçamento referente ao património.

Agora, se releres o que acabaste de escrever vais ver que estão aqui todos os argumentos para não apoiar a arte contemporânea (porque não é antiga, clássica), nem para financiar eventos de música clássica (não há o risco "físico" da mesma desaparecer"), nem para financiar cinema de autor porque não há "angústia" de perder o que não foi produzido.

Além disso, justificar a coerção com o "sofrimento intenso das pessoas que têm apego a essa cultura e a perdem", significa que o sofrimento de alguém que fica sem poder ir à exposição de arte minimalista é superior ao sofrimento de alguém que deixa de ir ao futebol porque o dinheiro lhe foi retirado para a arte minimalista. É, mais uma vez, assumir que uma forma de viver (ir ver cultura) é superior à outra (ir ver futebol), ao ponto de merecer a coerção.

Obviamente que eu estou a admitir que a perda de uma coisa como o Mosteiro dos Jerónimos em Portugal, ou a música de Mozart, ou os quadros renascentistas, ou a contínua representação das peças de Molière e Shakespeare é uma perda inaceitável. Isto, confesso, é motivado por eu achar que essas obras têm um valor transcendente, por razões várias. Num dos casos, suportam um certo orgulho nacional, e isso é importante. Noutros casos são referência de toda a cultura ocidental. Ao passo que os jogos de video que se jogam nos smartphones são aos milhões e vão e vêm. Se vários deles deixarem de ser jogados a perda não é assim uma coisa que destrua a memória da cultura ocidental. (já agora acho que também merecem ser preservados símbolos de culturas não-ocidentais, obviamente).


Reg

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Re: Portugal falido
« Responder #18226 em: 2019-03-30 20:53:19 »
isso dizes  tem turismo

não vive de subsidios propriamente.
« Última modificação: 2019-03-30 20:54:23 por Reg »
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Re: Portugal falido
« Responder #18227 em: 2019-03-30 20:54:57 »
Relacionado com isto, imaginem que de repente a população começava a acreditar mais na homeopatia e "medicinas alternativas", que como sabemos, são completas tretas, do que na medicina ortodoxa convencional? faço esta pergunta ao Antunes em especial, que é médico.

Imaginem. 80% da população convence-se de que o melhor são as "alternativas". Os impostos são opcionais. Deixam de pagar impostos para a medicina científica. Os outros 20% acreditam e financiam. Só estes a têm e tratam-se.

Isto cria dois problemas. Primeiro, os 20% que ainda acreditam podem não reunir o suficiente para a medicina científica se aguentar -- já que esta precisa obviamente de muitos mais meios técnicos do que as tretas alternativas, que só precisam de consultórios onde se vende banha de cobra.

Segundo, os idiotas dos 80% que ficaram com as alternativas começam a ter muito pior saúde. Isso também é uma imoralidade, embora a culpa seja só deles, também não se deve deixar as pessoas entregues assim aos resultados das suas más escolhas, embora a culpa seja deles.
Este era um argumento que eu usaria para refutar a existência de especialistas em cultura (que é algo subjectivo).

Nós também temos "especialistas" em homeopatia, certificações em homeopatia e toda uma indústria que jura a pés juntos que a homeopatia é válida.

Porque é que não acreditas num "especialista" em homeopatia e acreditas num "especialista" em cultura, que te diz que aquela exposição de quadros em branco ou pessoas a defecar em jornais é genial do ponto de vista cultural ?

Eu sei a resposta sobre a homeopatia: porque tu és um tipo inteligente e recorres à validação científica da homeopatia (que é nula) e não te sujeitas à autoridade do tipo "especialista" em homeopatia.
Só me custa é a entender porque não tens a mesma postura e aceitas, sem reservas, a autoridade do "especialista" em cultura, que não tem, igualmente, qualquer validação científica, quer recomende uma pintura renascentista ou uma exposição de blocos de cimento. Parece uma questão de fé, tal como quem acredita em homeopatia.

Eu tenho um fraquinho pela ciência, mais do que pela arte e literatura. No caso da ciência é inquestionável a superioridade dos seus especialistas sobre os não especialistas e os "homeopatas e companhia", isso prova-se. Mas será fácil teres milhões de pessoas que não acreditam nisso e se deixam levar pelas tretas. Nota os milhões que nos EUA são criacionistas e contra Darwin. No caso da arte, sim, é subjectivo, mas é preferível que também se siga as opiniões de especialistas. Outra coisa é a tal noção dos "clássicos". Acho que se deve proteger mais os clássicos da arte do que os não clássicos, pois eles estão associados à memória de séculos passados, se isso se perdesse ficaríamos sem referências, terias uma população de consumidores quase como macacos, que só se lembram das modas dos últimos 5 anos. Isso seria disruptivo.

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #18228 em: 2019-03-30 21:00:04 »
Obviamente que eu estou a admitir que a perda de uma coisa como o Mosteiro dos Jerónimos em Portugal, ou a música de Mozart, ou os quadros renascentistas, ou a contínua representação das peças de Molière e Shakespeare é uma perda inaceitável. Isto, confesso, é motivado por eu achar que essas obras têm um valor transcendente, por razões várias. Num dos casos, suportam um certo orgulho nacional, e isso é importante. Noutros casos são referência de toda a cultura ocidental. Ao passo que os jogos de video que se jogam nos smartphones são aos milhões e vão e vêm. Se vários deles deixarem de ser jogados a perda não é assim uma coisa que destrua a memória da cultura ocidental. (já agora acho que também merecem ser preservados símbolos de culturas não-ocidentais, obviamente).
Eu também concordo contigo quando dizes que é uma pena perder determinados elementos que são importantes a maioria das pessoas (repara que digo maioria e não todas). Daí que não tenha qualquer receio de que essas coisas se percam se não houver orçamento para as mesmas. Essa esmagadora maioria de pessoas irão providenciar, voluntariamente e sem coerção, o apoio suficiente, seja sob a forma de apoio mecenático, de bilheteira, etc. Se não o providenciarem é porque não é assim tão importante na sua escala de prioridades (e é perfeitamente legítimo porque cada um deve viver a vida como quiser).

Aquilo que eventualmente desapareceria era o que não tem público suficiente para o sustentar. E se não tem é questionável se é assim tão importante, ao ponto de coagir todos a pagar impostos para satisfazer o gosto de uma minoria.

Kin2010

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Re: Portugal falido
« Responder #18229 em: 2019-03-30 21:03:18 »
Relacionado com isto, imaginem que de repente a população começava a acreditar mais na homeopatia e "medicinas alternativas", que como sabemos, são completas tretas, do que na medicina ortodoxa convencional? faço esta pergunta ao Antunes em especial, que é médico.

Imaginem. 80% da população convence-se de que o melhor são as "alternativas". Os impostos são opcionais. Deixam de pagar impostos para a medicina científica. Os outros 20% acreditam e financiam. Só estes a têm e tratam-se.

Isto cria dois problemas. Primeiro, os 20% que ainda acreditam podem não reunir o suficiente para a medicina científica se aguentar -- já que esta precisa obviamente de muitos mais meios técnicos do que as tretas alternativas, que só precisam de consultórios onde se vende banha de cobra.

Segundo, os idiotas dos 80% que ficaram com as alternativas começam a ter muito pior saúde. Isso também é uma imoralidade, embora a culpa seja só deles, também não se deve deixar as pessoas entregues assim aos resultados das suas más escolhas, embora a culpa seja deles.

Felizmente, a maioria da população que frequenta as medicinas alternativas usa-as mais como complementares, isto é, vai tb ao médico e, geralmente, faz os tratamentos indicados. Mesmo em países em que a medicina é muito privada (como os EUA) a população gasta mais na medicina do que nas alternativas, embora tb desperdice imenso nas alternativas (e em consumismo de tratamentos médicos desnecessários, mas isso é outra, embora importante, questão). De qualquer modo, é normal que exista desconfiança na medicina. Durante a evolução humana, o curandeiro da tribo era muito fraco. Era melhor só recorrer a ele em caso de desespero.

Cheguei a dar uma aula na Fac. Medicina sobre medicinas alternativas (para os alunos terem conhecimentos básicos sobre o tema, era quase cultura geral, deveria ter pedido um subsídio ao M. Cultura  :) ). As alternativas têm pouco evidência, mas, na altura, a opinião científica sobre duas delas (acupunctura e osteopatia) não era tão desfavorável como actualmente.

Em vários países, está a surgir uma forte oposição científica contra as medicinas alternativas. Também em Portugal, grupos de jovens médicos e de cientistas de outras áreas têm estado especialmente activos. Os resultados começam a surgir: a FDA obrigou os "medicamentos" homeopáticos a escreverem no rótulo que não têm evidência de eficácia, nalguns países europeus o estado está a retirar práticas alternativas do SNS, em Espanha licenciaturas alternativas deixam de ser aceites. Em Portugal, o Presidente da República vetou o diploma do Governo que procede ao reconhecimento de interesse público da Escola Superior de Terapêuticas Não Convencionais, invocando falta de validade científica comprovada. Começa a crescer a pressão para que a Ordem dos Médicos não reconheça pós-graduações em acupunctura.

Na próxima 2ª feira, no programa Prós e Contras, vão-se discutir as medicinas alternativas. É difícil discutir com essa gente, mas conheço muita malta de qualidade que vai lá estar e, alguns sei que vão mesmo ao ataque. Aquilo deve aquecer bastante. Se tiverem oportunidade de ver, será interessante.

Isso são bons desenvolvientos, mas lá está, foi preciso os especialistas começarem a dizer preto no branco de que lado estava a evidência. Os cientistas e os técnicos dos organismos reguladores conseguiram impor essas soluções porque tinham a evidência do seu lado, porque sabiam mais, e também porque tinham um poder de decisão que não passava pelo voto dos gostos da população. Não foram os "gostos da maioria" que levaram a isso.

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #18230 em: 2019-03-30 21:06:21 »
Relacionado com isto, imaginem que de repente a população começava a acreditar mais na homeopatia e "medicinas alternativas", que como sabemos, são completas tretas, do que na medicina ortodoxa convencional? faço esta pergunta ao Antunes em especial, que é médico.

Imaginem. 80% da população convence-se de que o melhor são as "alternativas". Os impostos são opcionais. Deixam de pagar impostos para a medicina científica. Os outros 20% acreditam e financiam. Só estes a têm e tratam-se.

Isto cria dois problemas. Primeiro, os 20% que ainda acreditam podem não reunir o suficiente para a medicina científica se aguentar -- já que esta precisa obviamente de muitos mais meios técnicos do que as tretas alternativas, que só precisam de consultórios onde se vende banha de cobra.

Segundo, os idiotas dos 80% que ficaram com as alternativas começam a ter muito pior saúde. Isso também é uma imoralidade, embora a culpa seja só deles, também não se deve deixar as pessoas entregues assim aos resultados das suas más escolhas, embora a culpa seja deles.

Vejo um risco maior de que os 80% comecem a acreditar em histórias da carochinha quando votam. Com a saúde a probabilidade é menor (mas longe de zero, como sabemos).

Digamos também que se 80% pensassem dessa forma, a evolução trataria do problema ...  :D
« Última modificação: 2019-03-30 21:06:31 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re: Portugal falido
« Responder #18231 em: 2019-03-30 21:10:46 »
e como socialismo

se for aplicado  tribo  resulta melhor morrem dois ou tres acabam com isso


se for aplicado pais matam metade povo fome  antes de mudar



« Última modificação: 2019-03-30 21:17:27 por Reg »
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Re: Portugal falido
« Responder #18232 em: 2019-03-30 21:13:17 »
Relacionado com isto, imaginem que de repente a população começava a acreditar mais na homeopatia e "medicinas alternativas", que como sabemos, são completas tretas, do que na medicina ortodoxa convencional? faço esta pergunta ao Antunes em especial, que é médico.

Imaginem. 80% da população convence-se de que o melhor são as "alternativas". Os impostos são opcionais. Deixam de pagar impostos para a medicina científica. Os outros 20% acreditam e financiam. Só estes a têm e tratam-se.

Isto cria dois problemas. Primeiro, os 20% que ainda acreditam podem não reunir o suficiente para a medicina científica se aguentar -- já que esta precisa obviamente de muitos mais meios técnicos do que as tretas alternativas, que só precisam de consultórios onde se vende banha de cobra.

Segundo, os idiotas dos 80% que ficaram com as alternativas começam a ter muito pior saúde. Isso também é uma imoralidade, embora a culpa seja só deles, também não se deve deixar as pessoas entregues assim aos resultados das suas más escolhas, embora a culpa seja deles.

Por outro lado os 80% das alternativas iriam viver vidas mais curtas e possivelmente reproduzir-se menos.

Os 20% precisamente o contrário. No longo prazo a balança demográfica iria se equilibrar.

E achas que isso era aceitável eticamente? Os 20% esclarecidos ficavam a assistir aos outros a morrer com doenças sem fazer nada por eles. Ok, a culpa era mais dos 80% ignorantes, mas não se pode ter uma sociedade que simplesmente vira a cara para o lado para 80% de pessoas abandonadas assim à  sua sorte, mesmo que seja devido à ignorância deles.

O que descreves é a selecção natural a funcionar. A seleção natural não é ética nem inética, é a seleção natural. Muito gente parece que pensa que a seleção natural não se aplica aos humanos, mas está enganada.
Claro que atualmente os mais espertos até tendem a ter menos filhos. O principal factor que se correlaciona (negativamente) com a natalidade é o número de anos de escolaridade, principalmente nas mulheres. Nós temos mais instinto sexual do que instinto maternal/paternal perante seres ainda não gerados. No passado não era necessário o desejo de ter filhos, bastava o desejo sexual. Com os métodos de planeamento familiar, no futuro o pessoal vai ter menos desejo sexual e mais desejo de procriar.
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Re: Portugal falido
« Responder #18233 em: 2019-03-30 21:14:39 »


Sonetos, poemas, epopeias poderiam ser todos opcionais, tal como pintura, escultura e afins.

Eu também acho bem que o ensino promova a diversidade, mas de uma forma diferente: quem mostre uma aptidão muito elevada para algo, deveria ver essa aptidão desenvolvida (se o quisesse). Mas não se deveria enfiar pela goela, e muito menos avaliar o conhecimento sobre, coisas opcionais.

---------

Ninguém critica Saramago, ou o Manoel de Oliveira, pelo que se acha das obras do mesmo. Critica-se sim pela forma como foram financiadas (basicamente roubando aos restantes cidadãos. coercivamente, para algo altamente opcional e subjectivo).

Também achas que as diversas matérias da disciplina de matemática deviam ser opcionais? Ou de Ciências da Natureza? Ou de História? Mesmo educação física, lembro-me bem que por nós apenas jogávamos futebol e as miúdas ginástica. Devia ser assim? Não deve ser imposta a aprendizagem de outros desportos? Não deve ser fomentada a diversidade? É isso que é aprender, ver, ouvir e praticar algo novo, diferente.

Não. Se quiseres ver o que pode ser opcional só tens que fazer assim. Pega em 4-5 países bastante desenvolvidos. Suiça, Singapura, EUA, Finlândia, sei lá. Verifica aquilo que todos esses países ensinam (as matérias). Aquilo que todos têm em comum é potencialmente essencial. Aquilo que varia de uns para os outros (por exemplo, os autores, em literatura), é opcional.

"imposta a aprendizagem?". A actividade física não deve ser opcional, mas qualquer desporto poderia ser opcional. Ler náo deve ser opcional, mas qualquer leitura específica pode ser. História provavelmente idem. Embora dês grande valor à história, não é de forma nenhuma garantido que aproveite ao nível de vida das pessoas saber seja o que for de história, nacional ou internacional. Eu também dou valor à história, gosto bastante de conhecer pormenores por exemplo da 1GG e da 2GG, ou história económica em geral, mas isso é no fundo curiosidade.

Por fim, para as pessoas provarem coisas novas não necessitam da escola, mas a escola pode ser um bom lugar para o fazerem. Porém, em vez de a escola ditar o que há de novo para experimentar via um programa, deveria talvez ser um espaço onde as pessoas pudessem experimentar qualquer coisa. Teria que estar estruturada para tentar providenciar isso, e não para seguir um programa rígido (falo dos "opcionais"). Depois, se fossem identificados talentos em qualquer coisa, deveria ter forma de guiar essas pessoas para desenvolver os talentos.

Porque é que a actividade física não deve ser opcional, mas o contacto com diferentes desportos para além do mainstream deve?

Bom, tal como consideras subjectivo tanta coisa, porque não considerar também subjectivo o que é um país desenvolvido? Quais os critérios? Penso até que é o próprio director do escritório da ONU para o índice de desenvolvimento humano que está a desenvolver novos critérios para melhorar esse índice, pois pode não ser o mais representativo. Em muitos aspectos os EUA não seriam um país desenvolvido. Mas bom, então os autores de Filosofia, por exemplo, por serem os mesmos reconhecidos a nível internacional por especialistas já pode ser aceitável (é uma ciência humana cujos autores leccionados são globais, em todos os países se deve aprender o Aristóteles, o Platão, o Descartes e o Kant, por exemplo). Mas a literatura portuguesa, por ser portuguesa, já não pode ser submetida ao mesmo critério? Nem a História por ser História de Portugal? E Geografia, deve ser só ensinada a global, a parte específica de cada país deve ser deixada à liberdade de cada um? Pressuponho que cada país se foque, para além da geografia global, na do seu país em concreto.

Enfim, eu pessoalmente acho que não sei tudo sobre tudo, e acho que há pessoas mais habilitadas que eu para seleccionar o que tem mais qualidade, e o que é mais relevante em cada área. No entanto, eu acho que devem ser dadas opções dentro das muitíssimas obras de qualidade de existem, e possivelmente poderiam haver muitas mais. Mas até admito que isso deve ser deixado à escolha das escolas, elas próprias têm professores de português supostamente bem preparados para fazer boas escolhas nas obras a leccionar. Deixar que sejam as crianças escolher os livros é permitir a estagnação do conhecimento naquilo que já conhecem.

Por fim, deve ser garantida uma oferta cultural variada, possivelmente sustentada por impostos de todos, heterogeneidade essa garantida com o conhecimento de facto de pessoas que conhecem cada área por serem especialistas nisso, e depois ser garantida também a liberdade de cada um, tendo uma oferta variada, escolher o que quiser para si.

Porque:
* Segundo o critério que dei, actividade física terás em todos os programas.
* Mas essa actividade irá variar (logo qualquer actividade específica não é tão importante quanto existir uma actividade).

Além disso:
* Sabemos que a actividade física tem benefícios comprovados cientificamente.

----

Se tivessemos dúvidas quanto ao que constitui um país desenvolvido, poderiamos ir por uma quantidade deles mais ricos. Nota ainda que os assuntos centrais estarão presentes em praticamente todos os países.

Sobre autores de Filosofia, repetirem nos vários programas iria favorecê-los, sim. Tal como iria favorecer autores científicos, embora pessoalmente eu acho que a ciência se sobrepõe aos próprios autores (ou seja, importam mais as teorias, o método, etc).

História, literatura, etc, seriam coisas que deveriam ser construídas segundo uma lógica opcional. Ou seja, as crianças poderiam explorar o que achassem interessante, sendo que em literatura o importante seria criar hábitos de leitura e aprender a língua.

Eu não concordo necessariamente com os professores de Português terem alguma ideia do que deveriam ensinar. Senão já teria existido uma revolução, dado o que está nos programas. O que está nos programas não favorece a aprendizagem de Português, não favorece a motivação dos alunos, e por vezes nem favorece aprender Português (quando se metem com os "galalaicos".

Presentemente a oferta cultural não segue uma lógica de diversidade. Segue linhas de programa e culturas ditadas de cima para baixo. Seguir uma lógica de diversidade, é um professor ajudar a criança a procurar temas que interessem à criança. Criar um método de pesquisa e desenvolvimento, não enfiar-lhe com algo pré-determinado.

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Re: Portugal falido
« Responder #18234 em: 2019-03-30 21:20:17 »
Pensava que o Marx já nem pó era, e pode ter perdido a batalha do capital mas os neo-liberais tentam reabilita-lo na cultura :-)
Marx dizia que a alta cultura (poseia, arte filosofia) era uma coisa elitista produto da burguesia, indiferente ao povo mas que a burguesa impingia veiculando a mensagem subliminal da superiodidade do espírito com objectivo de distrair povo das necessidades da vida material.
Não é que estes burgueses voltaram em força: Agora obrigam coercivamente o povo indiferente a pagar  pelos seus gostos elitistas e tentam impingir-lhes esses mesmos gostos através da educação (que entretanto se tornou obrigatória), roubando-lhes o dinheiro que podia ser usado noutras coisas de maior prioridade, e o tempo que poderia ser usado para aprender coisas verdadeiramente úteis.
Impõe-se uma revolução !!! :D

Nota que ninguém aqui tem nada contra uma cultura específica, ou contra autores específicos.

O que se é contra, é existirem culturas ou autores "favoritos" do aparelho estatal, que depois tem o poder de tirar a uns coercivamente, para dar a outros. Isso é tratar as pessoas e respectivas vontades como tendo valores diferentes perante o Estado. Logo, é uma abominação para quem defende que todos devem ser iguais.

Curiosamente, tendem a ser as supostas ideologias da igualdade que mais defendem essa abominação. Mas também se compreende, as ideologias da igualdade são as tais do "somos todos iguais, mas uns são mais iguais que os outros".
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Re: Portugal falido
« Responder #18235 em: 2019-03-30 21:22:32 »
Sempre suspeitei que essa sigla autodenominação de "neo-liberal' era para despistar (já que de liberal não via nada). Apesar de discordar acho que os neo-marxistas tem direito a ter e expor as ideias que defendem  ;D

Os liberais também acham que os colectivistas têm todo o direito a expor as ideias que defendem. A única parte que colide com os liberais, é a parte em que os colectivistas, além de exporem as ideias que defendem, querem favorecê-las com carácter de lei, e portanto desvaforecer as ideias alternativas (pois querem apoios para as suas, que implicam retirar recursos às outras).
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Re: Portugal falido
« Responder #18236 em: 2019-03-30 21:24:04 »
E eu concordo que especialistas em alimentação, nutricionistas e médicos, por exemplo, definam alimentos prioritários, taxados a um Iva inferior, e alimentos prejudiciais à saúde, taxados a um Iva mais alto. Por exemplo, água engarrafada, legumes ou fruta vs. bebidas brancas, refrigerantes ou bolachas com açúcar. Isto para além de potenciar melhores escolhas alimentares por via dos custos financeiros, e com isso melhorar a vida das pessoas, mesmo que elas não o notem no imediato, irá poupar dinheiro a longo prazo no serviço de saúde público, por haver menos doenças derivadas de má alimentação, como a obesidade.
Discriminação fiscal não é o mesmo que subsidiação por isso agrada-me que não queiras que o estado se meta a cobrar impostos ainda mais altos para subsidiar os alimentos "correctos", como subsidia cultura "correcta".

Agora passemos à discriminação fiscal que defendes na alimentação.
Sendo a alimentação mais importante do que a cultura, e para seres consistente, a tua posição deveria ser "impostos zero para subsidiar cultura" (da mesma forma que há impostos zero para subsidiar alimentação). E depois a cultura "melhor" tinha um IVA mais baixo, de forma a "potenciar melhores escolhas culturais".

Não vale dizer que era impossível taxar um autor "mau" como o José Rodrigues dos Santos e beneficiar um autor "bom" como o Gonçalo Tavares. Ou um filme "mau" como o Titanic vs um filme "bom" do Manoel de Oliveira.
É que isso já hoje é impossível também na alimentação, nomeadamente na carne de aves (mais saudável) vs carne de porco (menos saudável), na pescada (mais saudável) vs salmão de viveiro (menos saudavel).

Porque é que se aceita esta subsidiação da cultura e não da alimentação, que é muitíssimo mais importante ?

Exacto, estamos a falar de coisas diferentes. Se vires bem, tanto a a agricultura como as pescas têm subsídios, também. Tal como a cultura, e bem maiores pelo que sei.

O que é outra tristeza, pois é pagar para fazer mal a terceiros (agricultores mais pobres, de países mais pobres).
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Re: Portugal falido
« Responder #18237 em: 2019-03-30 21:24:15 »
Relacionado com isto, imaginem que de repente a população começava a acreditar mais na homeopatia e "medicinas alternativas", que como sabemos, são completas tretas, do que na medicina ortodoxa convencional? faço esta pergunta ao Antunes em especial, que é médico.

Imaginem. 80% da população convence-se de que o melhor são as "alternativas". Os impostos são opcionais. Deixam de pagar impostos para a medicina científica. Os outros 20% acreditam e financiam. Só estes a têm e tratam-se.

Isto cria dois problemas. Primeiro, os 20% que ainda acreditam podem não reunir o suficiente para a medicina científica se aguentar -- já que esta precisa obviamente de muitos mais meios técnicos do que as tretas alternativas, que só precisam de consultórios onde se vende banha de cobra.

Segundo, os idiotas dos 80% que ficaram com as alternativas começam a ter muito pior saúde. Isso também é uma imoralidade, embora a culpa seja só deles, também não se deve deixar as pessoas entregues assim aos resultados das suas más escolhas, embora a culpa seja deles.

Por outro lado os 80% das alternativas iriam viver vidas mais curtas e possivelmente reproduzir-se menos.

Os 20% precisamente o contrário. No longo prazo a balança demográfica iria se equilibrar.

E achas que isso era aceitável eticamente? Os 20% esclarecidos ficavam a assistir aos outros a morrer com doenças sem fazer nada por eles. Ok, a culpa era mais dos 80% ignorantes, mas não se pode ter uma sociedade que simplesmente vira a cara para o lado para 80% de pessoas abandonadas assim à  sua sorte, mesmo que seja devido à ignorância deles.

O que descreves é a selecção natural a funcionar. A seleção natural não é ética nem inética, é a seleção natural. Muito gente parece que pensa que a seleção natural não se aplica aos humanos, mas está enganada.
Claro que atualmente os mais espertos até tendem a ter menos filhos. O principal factor que se correlaciona (negativamente) com a natalidade é o número de anos de escolaridade, principalmente nas mulheres. Nós temos mais instinto sexual do que instinto maternal/paternal perante seres ainda não gerados. No passado não era necessário o desejo de ter filhos, bastava o desejo sexual. Com os métodos de planeamento familiar, no futuro o pessoal vai ter menos desejo sexual e mais desejo de procriar.

é ao contrario.

Em relação á seleção natural diz-se darwinismo social. Existe e existem estudos a comprova-lo embora (penso...! ) ainda envolvidos em polémica.
« Última modificação: 2019-03-30 21:26:41 por smog »
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Re: Portugal falido
« Responder #18238 em: 2019-03-30 21:25:45 »
Sempre suspeitei que essa sigla autodenominação de "neo-liberal' era para despistar (já que de liberal não via nada). Apesar de discordar acho que os neo-marxistas tem direito a ter e expor as ideias que defendem  ;D

Os liberais também acham que os colectivistas têm todo o direito a expor as ideias que defendem. A única parte que colide com os liberais, é a parte em que os colectivistas, além de exporem as ideias que defendem, querem favorecê-las com carácter de lei, e portanto desvaforecer as ideias alternativas (pois querem apoios para as suas, que implicam retirar recursos às outras).
Aliás, num sistema liberal, atendendo a que cada um se pode organizar como entender, aquilo que vai emergir, de forma natural e sem coerção, serão as ideias defendidas pelos colectivistas SE essas ideias forem as melhores.
O facto dos colectivistas quererem impor a sua vontade, por via da força, diz muito da confiança que têm nessas ideias.   :D

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Re: Portugal falido
« Responder #18239 em: 2019-03-30 21:27:48 »
Sempre suspeitei que essa sigla autodenominação de "neo-liberal' era para despistar (já que de liberal não via nada). Apesar de discordar acho que os neo-marxistas tem direito a ter e expor as ideias que defendem  ;D

Os liberais também acham que os colectivistas têm todo o direito a expor as ideias que defendem. A única parte que colide com os liberais, é a parte em que os colectivistas, além de exporem as ideias que defendem, querem favorecê-las com carácter de lei, e portanto desvaforecer as ideias alternativas (pois querem apoios para as suas, que implicam retirar recursos às outras).
Aliás, num sistema liberal, atendendo a que cada um se pode organizar como entender, aquilo que vai emergir, de forma natural e sem coerção, serão as ideias defendidas pelos colectivistas SE essas ideias forem as melhores.
O facto dos colectivistas quererem impor a sua vontade, por via da força, diz muito da confiança que têm nessas ideias.   :D
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