Lark:
deixando os custo cambiais em banho maria...
ficamos em disciplinar os governos.
seriam as instituições europeias a 'disciplinar', então.
o que é que te leva a crer que as instituições europeias saberão diciplinar?
os governos passam a ser criancinhas potencialmente mal comportadas que têm que ser constantemente disciplinadas?
e achas que vão aceitar essa perda de soberania quando já disseram claramente em referendo 'não à europa federal'?
por que raio é que os governos europeus aceitariam ser reduzidos ao nível de soberania de um estado americano?
e se aceitassem, quando o governo federal caísse nas mãos de pessoal mais 'gastador', onde ficava a disciplina?
e como se vê, não são as instituições europeias que manda nos 'governos'. é o governo alemão.
portanto pergunto: aceitas ser disciplinado pelo governo alemão?
Kin:
Não acredito nessa de que a Alemanha domina a UE. O que se passa é que a Alemanha é mais relutante a aceitar muitas coisas que outros mais facilmente aceitariam (França, Itália) e ao mesmo tempo a Alemanha é essencial para o projecto da UE poder continuar. Assim, quando se está em negociações de casos complicados como o da Grécia, a Alemanha exige muitas contrapartidas para por a sua assinatura num acordo qualquer, e os outros europeus todos, que precisam dessa assinatura, cedem a essas exigências / propostas alemãs.
Assim, fica a ilusão que a Alemanha domina, porque os outros têm sempre que ir falar com ela, para obter o seu acordo, e essa obtenção vem cheia de condicionalidade. O "domínio" é uma pura ilusão. Imagina um clube em que um dos elementos é sócio minoritário, mas de qualquer maneira ele é necessário no clube, senão este fecha. E imagina que ele começa a dar a entender aos outros que tem pouca vontade de continuar no clube. Os outros, que gostam muito do clube, pressionam-no a continuar. Então ele, que é poupado, coloca uma série de exigências sobre a gestão do clube daí para a frente: ter-se-á que poupar na luz, etc. Os outros estão todos à volta dele. Acabam por aceitar as exigências dele, porque ele exigiu-as para continuar no clube. Um observador menos atento pode pensar que esse sócio é o chefe ou domina. Completamente errado. Ele ficou numa situação em que teve mais poder que os outros sim, mas isso foi porque os outros precisavam do acordo dele. Ele não domina os outros.
A Alemanha é assim também. Está numa posição de colocar exigências aos outros, porque a UE csem ela não se aguenta, e porque os outros países extraem enormes vantagens de a Alemanha se manter na UE / euro. Por isso, a perspectiva de uma saída alemã (que é cada vez mais real) assusta mais os outros todos (por ex, a França) do que a de outra saída qualquer. Por isso a Alemanha têm bargaining power. Isto não é domínio. É liderança e bargaining power, mas não é uma dominação formal.