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Autor Tópico: Redistribuição de rendimento  (Lida 80121 vezes)

karnuss

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #60 em: 2013-11-29 17:52:54 »
Isso quer simplesmente dizer que a marca "Picasso" tem um valor enorme.

vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #61 em: 2014-01-04 16:13:07 »
É curioso que haja quem se surpreenda com a situação frequente de a taxa de juro ser inferior à da inflação ou, quando não é o caso, pouco lhe ser superior. No fundo, essa perplexidade decorre de não se entender o que é o dinheiro, o capital e o juro.

Conceptualizo-os assim: o dinheiro, primitivamente uma mercadoria como outras, mas de aceitação universal no espaço e no tempo, é actualmente um instrumento politicamente imposto como meio de pagamento e liquidação de dívidas, dada a emissão das moedas soberanas ser inconvertível em ouro e os bancos, receptores de depósitos e credores de empréstimos, serem nacionalizados e resgatados por impostos sobre os contribuintes antes e em vez de falirem.

A troco de um juro baixo, os emissores de moeda inconvertível – estados e bancos – operam no mercado aberto de títulos de dívida através da emissão e, ou, amortização de obrigações quer do Tesouro quer de empresas, públicas ou privadas, bancárias ou não, arrecadando ou lançando papel-moeda em circulação ou, nas operações das empresas, diminuindo ou aumentando a liquidez dos depositantes dos bancos em troca de obrigações, i.e., compromissos de reembolso em data futura dos empréstimos contraídos, mediante o pagamento de um juro periódico a dada taxa incidente sobre o valor da obrigação. Essa taxa de juro é maior ou menor consoante a avaliação, em cada tipo de operação, do risco de incumprimento do mutuário.

O processo financeiro parece assim incrementar o dinheiro (D) no decurso do tempo (t) segundo uma taxa de crescimento, o juro (i) por unidade de tempo,

(1)   D(i,t) = D*(1+i)^t

Se o dinheiro se desvalorizar pela inflação a determinada taxa (d), esta será descontada da taxa nominal i para compor a capitalização ao juro real,

(2)   D(i,t,d) = D*(1+i)^t*(1+d)^-t

Ainda que este algoritmo de capitalização do dinheiro formule o respectivo cálculo não explica nem fundamenta o fenómeno do crescimento do dinheiro pelo simples decurso do tempo. Em si, o empréstimo a juros parece ser um mero locupletamento à custa alheia, uma usura injustificada e infundada.

Ora o núcleo do esquema de circulação de capital – e por capital (K) designa-se não só dinheiro acumulado, como tudo o que lhe equivalha por representar poder de aquisição ou dação em pagamento, seja stocks de bens de consumo ou de produção – é justamente o que o faz circular, a saber a capacidade de, aplicando-o num processo de trabalho produtivo adequado (T), criar valor e enriquecer (K´>K) – individual ou colectivamente conforme a ordem jurídica consagre ou não o direito de propriedade privada. 

(3)     K ---> T ---> K’   (circulação de capital)

Sendo assim, o rendimento é precisamente todo o valor criado (K’-K) pelo trabalho produtivo o qual remunera distributivamente o trabalho actual, vivo, prestado pelos assalariados no processo produtivo, coadjuvados pelo trabalho pretérito, engenhado e incorporado nos meios de produção que os trabalhadores utilizam na respectiva produção de bens e serviços.

O rendimento originado pelo valor criado na produção é apropriado pelos detentores dos meios de produção, – matérias-primas, equipamento, instalações –, que são igualmente quem contrata os trabalhadores – a força de trabalho viva aplicada na produção –, a quem pagam os salários que remuneram o compromisso do trabalho a que se obrigam. A diferença entre o valor da produção realizada e a soma dos salários com as demais despesas de materiais, fornecimentos e desgaste de equipamento, é o lucro, se o houver, de que o proprietário, o capitalista ou o responsável da iniciativa de produção (empresário), jurídica e legalmente se apropria.
 
Deste modo, o valor criado em cada período (K´-K) gera o correspondente rendimento distribuível (Y), no pressuposto da utilidade objectiva do produto obtido como bem vendível, – note-se, contudo que a economia não distingue entre utilidade real e fictícia dos bens produzidos ou serviços prestados.

Assim, o rendimento distribui-se pelas duas classes intervenientes na relação de produção, os trabalhadores e os proprietários dos meios de produção (capitalistas), os factores de produção, trabalho e capital, na forma de salários (W), e lucro (L).

(4)   Y = W + L = (1 + L/W)*W

A dupla natureza material e financeira do conceito de capital é fulcral para o genuíno entendimento do capitalismo como sistema económico e social quer este assuma uma componente dominante privada, colectiva ou mista. O conceito de capital está assim no centro do textuário explicativo da actividade económica dos indivíduos em sociedade, seja enquanto governantes seja como governados.

A produção de valor em que o trabalho e o capital se aplicam, só gera o rendimento distribuído a esses factores pela transacção dos respectivos bens entre quem os produz e quem os procura e compra, pagando por eles o preço acordado, que tende a nivelar-se em equilíbrio com o custo de produção mais elevado da última, marginal, quantidade produzida e efectivamente vendável ao preço que vigore no mercado.

É esse estado de produção equilibrada com a procura que proporciona a sustentável distribuição do correspondente rendimento pelo capital e pelo trabalho.

Antes de desenvolvermos a temática da redistribuição do lucro entre os detentores de capital, advirta-se que, na classe trabalhadora coexistem diversos e muito diferenciados tipos de trabalho, cuja desigual qualificação, produtividade e responsabilidade, fundamenta a desigual remuneração dessas distintas categorias de trabalho, seja na forma de prémios de produtividade, participação nos lucros, fringe benefits ou compensações diversas. De modo geral, a intensidade capitalística do processo produtivo, pode exigir maior qualificação da mão-de-obra para operar o equipamento, e, sobretudo, na indústria de produção dos próprios equipamentos e meios de produção, que são engenhados para causar os efeitos planeados com a sua utilização no fabrico de bens.

Assim, se o quisermos, podemos relevar no rendimento criado a produtividade remunerada (v) do próprio factor-trabalho:

(5)   Y = W + L = (1 + v)*W + L = (1 + v + L/W) * W      

Se todo o valor emerge da combinação produtiva do trabalho e capital própria da actividade económica, como surge então o juro, enquanto categoria distinta do rendimento criado pelo trabalho, mas autónoma na globalidade do lucro? Surge como consequência do reconhecimento social e jurídico do direito à propriedade privada não só de bens de consumo mas igualmente do dinheiro economizado, dos bens produzidos e dos meios da sua produção, ou seja do conjunto do capital.

É o que vamos mostrar.

O empreendedor que tome a iniciativa de produzir e colocar no mercado uma dada produção reunirá os meios para o conseguir (K) – instalações, bens de equipamento, mão-de-obra habilitada à produção em vista – a partir do que iniciará uma corrente de gastos e receitas periódicas segundo os custos e proveitos da produção transaccionada (ml).

Denomina-se taxa interna de rentabilidade (r) do investimento K, aquela a que o fluxo de rendimento líquido futuro gerado na actividade do empreendimento recupera os gastos efectuados:

(6)   - K + Somatório ml*(1+r)^-t = 0    (t = 0, 1, 2, …, n)

Ora, a reunião dos capitais necessários requer ou a prévia poupança da totalidade do dinheiro a investir ou parte dele, a ser completada por sócios do empreendedor ou por financiadores que se disponham a emprestar o capital em falta. No primeiro caso, os lucros líquidos do investimento repartir-se-ão segundo a comparticipação de cada sócio; no caso de empréstimo, o juro, o prazo e o calendário de reembolso são acordados entre o mutuante e o mutuário.

Genericamente, um investimento só é vantajoso se a taxa interna da rentabilidade esperada for superior à taxa de juro praticada no mercado (r>i), para operações de prazo semelhante, de forma a compensar o maior risco incorrido numa operação de investimento de longo prazo.

Na modalidade do mútuo de fundos para a realização de investimentos produtivos, temos uma primeira redistribuição dos rendimentos de capital, na distinção entre juros e lucros distribuídos aos sócios, aqueles menos incertos que estes.

Iremos mostrar como os detentores de capital estão submetidos aos efeitos da lei dos rendimentos decrescentes a qual exibe a irredutibilidade das situações menos eficientes de monopólio, – que são a única garantia de rendimento sem trabalho –, embora sujeito à eventual baixa tendencial da taxa de lucro do capital acumulado.

Antes de o provar, porém, saliente-se liminarmente que todo o rendimento é criado pelos produtores, condicionado à utilidade dos bens e serviços produzidos, que é o fundamento da respectiva procura. No entanto, deve observar-se que a produtividade do trabalho aumenta com a adequação dos instrumentos de trabalho e dos meios de produção aplicados no processo produtivo. É à fecundidade da natureza e à inteligência e conhecimento engenhados nos meios de produção e utensílios de trabalho, – para causar os efeitos programados com a sua utilização adequada –, que se deve a grande produtividade do trabalho humano na fase actual da civilização, e não a qualquer noção abstracta de capital financeiro ou ficção fetichista de capital técnico.

Como surge então o lucro puro e se forma a renda de monopólio?     

Em economia, designa-se por acumulação primitiva o fenómeno da reunião de capitais nas mãos de um indivíduo ou grupo de indivíduos, seja qual for a proveniência de tais capitais e a sua natureza: dinheiro, ouro, jóias, gado, terras, casas, escravos; roubo, jogo, embuste, guerra, pirataria, casamento, herança ou donativo. Em economia, o ponto é o que o detentor de tal riqueza vai fazer com ela: conservar o seu tesouro, gastá-lo, ou aplicá-lo produtivamente? No primeiro caso, o entesouramento torna estéril a respectiva fortuna; no caso do consumo sumptuário alguma animação no sector de bens de luxo pode sobrevir; no último caso, o do investimento produtivo, há aumento do volume e valor da produção da sociedade.

O enriquecimento causado pelo mero empobrecimento doutrem, o chamado locupletamento à custa alheia, é um fenómeno social e jurídico distinto da origem económica genuína do enriquecimento individual ou colectivo que vamos mostrar, através do exemplo aritmético abaixo editado.

O exemplo é o de um hipotético sector de produção composto de três tipos de empresa: (1) empresa intra-marginal, que opera com os mais baixos custos unitários; (2) empresa média, normal ou representativa que opera com custos unitários médios do sector; (3) empresa marginal que labora com os custos unitários mais elevados.

Por hipótese, as empresas concorrem entre si; a quantidade total produzida é vendida e corresponde à procura global dos consumidores, isto é, mesmo a produção da empresa marginal é necessária à satisfação do nível de consumo existente.

Nestas condições, o custo unitário da empresa marginal iguala o preço corrente do mercado, pelo que o lucro líquido da empresa é zero. Se a curva da procura dos consumidores se deslocar em sentido descendente, a empresa marginal ou abre falência ou passa a praticar salários mais baixos aos seus empregados. No caso contrário, de deslocação ascendente da curva, o preço de venda mais elevado proporciona algum ganho adicional à empresa marginal – e, às demais empresas do sector – ou algum aumento de salários, e incentiva a entrada de novos produtores no mercado.

De qualquer modo, enquanto coexistirem estes três tipos de empresa em concorrência, a do primeiro tipo, a empresa intra-marginal, beneficia de um lucro supra-normal por comparação com a empresa média do sector. Esta situação pode ser temporária ou não, estável ou precária, mas enquanto existir define e compõe uma renda de monopólio, um lucro puro, a favor da empresa mais produtiva, mais eficiente, a que labora com menores custos comparativos.

É verdade que, pode considerar-se que nada é estático, nada perdura sem mudança. De facto, os ganhos de produtividade devidos a novas tecnologias, a inovação de processos de fabrico, acaba por se generalizar a todas as empresas, reduzindo a vantagem pioneira da invenção, – a sua renda de monopólio –, à percepção de alguns royalties ou franchising de algum modelo de negócio.

Contudo, é também comum, o sector evoluir de concorrencial para monopolista, oligopolista ou de concorrência monopolista. Em todos estes casos, as empresas intra-marginais consolidam, estabilizam e aumentam os seus lucros supra-normais, rendas de monopólio – que essa é a sua verdadeira natureza –, restringindo a produção, incrementando o preço de venda, concertando entre si essas práticas ilegais, ou simplesmente publicitando à outrance a (discutível) excelência dos seus produtos de marca, face aos sucedâneos da concorrência.

Todas estas situações de mercado são menos eficientes no plano económico porque se apropriam de recursos sem contrapartida de valor criado.

Conceda-se que os exemplos mais flagrantes de captura de rendas de monopólio são a prática oligopolista de restrição da extracção de petróleo dos países da OPEP, de modo a impelir o aumento do preço do crude, e o arrendamento e cotação de terrenos e do imobiliário nos espaços urbanos e suburbanos das grandes metrópoles e das simples cidades.

No caso do petróleo, o custo de extracção nos poços da Arábia Saudita é, imagino, três, quatro ou cinco vezes menor do que o da extracção no Mar do Norte ou no Golfo do México. Ora, como a produção total que vai ao mercado é toda necessária ao nível de consumo existente, a cotação do petróleo nunca é inferior à do custo marginal, mais elevado, da extracção no alto mar. E mesmo que este puro constrangimento natural não existisse, precisamente os oligopolistas da OPEP encarregar-se-iam, como de facto o fizeram no passado, por concertar entre si o preço pretendido de venda, restringindo a extracção pelo quantum necessário ao efeito.

O arrendamento, compra e venda de terrenos e imobiliário é tão sobejamente conhecido que nem vale a pena exemplificar com nenhum caso específico. Talvez, a contrariu sensu, reflectir sobre o que sucedeu em Portugal, décadas a fio, com o congelamento das rendas, imposto pela Iª República, mantido por Salazar e só agora liberalizado o regime de arrendamento urbano. Envelheceu sem manutenção todo o edificado habitacional das cidades, rarefez-se a oferta de casas para alugar, os trespasses comerciais de lojas arrendadas atingiram sempre altos preços compensadores dada a economia proporcionada pelo baixo encargo do aluguer, ou seja, a ilustração óbvia de captura de rendas de monopólio, neste caso invertido, não pelos senhorios mas pelos inquilinos favorecidos pelo dito congelamento das rendas.

Abaixo, listo as variáveis e símbolos do sector de produção hipotético, composto pelos referidos três tipos de empresa e mostro os resultados numéricos dos fluxos e rácios económicos de cada exploração sempre pela ordem fixa seguinte:

{(Somatório)Total do sector; (1) – e. intra-marginal; (2) – e. média; (3) – e. marginal}

No nosso exemplo, a taxa interna de rentabilidade (r) do sector e das empresas é a da sequência seguinte:

(7)   (r) = { 9.0%; 11.5%; 7.3%; 2.2%}

Para esta grandeza de rentabilidade esperada, o valor actual líquido (net present value) de cada empresa variará em função da taxa de juro (i) em vigor no mercado.

À sequência de taxas de juro (i) seguinte:

(8)   (i) = {8%; 6%; 4%; 2%; ¼%; -1.5%},

corresponde a sequência de cotações do capital da empresa intra-marginal (npv) como segue:

(9)   (npv) = {336; 579; 871; 1224; 1595; 2036};

Se quisermos evidenciar as variações de cotação tomando para base 100 o valor actual líquido à taxa de juro de 4%, teremos a sucessão

(10)    (npv) = {39; 66; 100; 141; 183; 234}

Este exemplo hipotético ilustra à perfeição qual o grande operador de redistribuição das rendas de monopólio, os também chamados rendimentos de capital: - o mercado primário e secundário de emissão e subscrição de acções e obrigações, e sua ulterior transacção de compra e venda no mercado bolsista.

A descida das taxas de juro, o aumento da moeda em circulação, da concessão de crédito e da amortização da dívida pública anima o mercado bolsista das acções, elevando-lhes a cotação. O aumento das taxas de juro, a redução do quantitative easing, a emissão de dívida pública, impelindo à restrição do crédito, deprime a cotação das acções, tornando mais atractiva a colocação do aforro em títulos de rendimento fixo.

Em que sentido opera este mecanismo de repartição de rendimento (rendas monopolistas)?

Não é fácil destacar-lhe um sentido inequívoco. Aparentemente, muitos parecem «ganhar dinheiro» comprando e vendendo, incessantes lotes de títulos segundo os boatos correntes na praça… No entanto, as estatísticas parecem permitir inferir que nos tempos de maior crise, são as grandes fortunas que mais enriquecem, não constando um grande florescimento entre os pequenos aforradores.

Sobre a eventual tendência à baixa da taxa média de lucro do capital acumulado, também não parece possível afirmá-lo de modo definido. Há tendências e contra tendências a actuar. Cada onda de inovações permite a reanimação de ganhos vultuosos, mas, por outro lado, os gastos em investigação e desenvolvimento não originam necessariamente quaisquer invenções práticas, e podem redundar em puro desperdício de recursos sem qualquer proveito. O mesmo aliás se diga do esforço de guerra, expressão eloquente de desinvestimento e redução de capital acumulado, como de resto o são também as falências dos devedores nos períodos de depressão económica.

Até ao momento, o que se conhece é a tendência cíclica de fases de euforia e depressão de negócios, cada qual com os seus efeitos benéficos e nefastos. O problema político ou de economia política tal como o formulou David Ricardo é o da redistribuição do rendimento, designadamente, a tributação redistributiva da renda de monopólio.

As experiências colectivistas da Rússia e da China acabaram por resumir-se à constituição de uma nomenklatura de Estado que concentrou ditatorialmente o poder económico e político, acelerando o desenvolvimento rápido da indústria de bens de equipamento, de meios de produção, e contendo a de bens de consumo à satisfação das necessidades básicas da população, assegurando-lhe, contudo, a instrução pública generalizada. Estes regimes acabaram finalmente por desembocar num capitalismo misto, estadual e privado, onde rapidamente se formaram monopólios das anteriores empresas públicas, privatizadas por preços muito abaixo do valor de mercado a “camaradas” da anterior nomenklatura.

No Ocidente, os Estados Unidos continuam com a sua economia pilotada pelos grandes monopólios da banca, das multinacionais da indústria, material de guerra, exploração do espaço, investigação e desenvolvimento, informática, etc. No software informático é notável o caso exemplar da Microsoft: sem que se lhe averbem quaisquer invenções próprias – tudo foi descoberto e desenvolvido por outros – a empresa de Bill Gates soube apoderar-se e consolidar a sua posição monopolista no domínio do software estandardizado, praticando dumping contra as tentativas de concorrentes, distribuindo as suas soluções a preço-zero e embutindo-as de erros aleatórios ao coexistirem com outros programas. Hoje, a fortuna do fundador ascende várias dezenas de milhares de milhões de euros, a maior do planeta de um só accionista. 

Já na Europa, ignora-se como resolver a conflitualidade objectiva do desigual desenvolvimento dos estados do norte e os do sul, por não existir qualquer orçamento comum embora haja um desejo de união. O mundo mediterrânico, dividido entre duas culturas distintas, cristã e islâmica, pode desequilibrar-se quer por razões económicas quer políticas. Tal como na Bolsa, ninguém sabe o que o futuro traz, mas todos fazem a sua aposta. Com história ainda só no futuro, restam África e a América Hispânica, e como diria Hobbes, «Future is not yet».
« Última modificação: 2014-01-06 11:06:57 por vbm »

vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #62 em: 2014-01-04 16:17:00 »
Lista de variáveis e símbolos:

1        Matérias primas e outros consumos         MP
2        Salários                                                 W
3        Capital circulante (1+2)  Ac
4        Equipamento e out. meios de produção  Af (Qa)
5        Custo dos factores de produção (3+4)    K

6        Produção física                                    Q
7        Volume de emprego (HAno)                 N

8        Prazo de reintegração do equipamento   n
9        Prazo de rotação do Fundo de maneio    r
10      Valor residual do equipamento              vr
           
11      Indicadores de economicidade:     

12      Produtividade do trabalho                   Q/N

13      Salário per capita                               W/N

14      Intensidade tecnológica                      Af/N

15      Economicidade de consumos              MP/Q

   
16      Preço de venda unitário                       p

17      Valor total de vendas                       V= p.Q

18      Lucro (17-5)          L = V-K

19      Taxa de lucro                                  l = L/V

20      Repartição do rendimento                   L/W

             
21      Meios Libertos (Cash-flow):

22      ano 0                                            -Af-r*Ac
23      anos intermédios                           ML=L+Qa
24      último ano                                  vr*Af+ML+Ac
25      Total do Cash-flow  (22+23+24)     

           
26      Taxa interna de rentabilidade               TIR
27      Valor actual da actividade (à taxa x%)  VAL


------------------------- // -------------------------

Fluxos e rácios económicos:

MP = 480 = 250 + 160 +  70

W  = 220 = 66 +  88 +  66

Ac = 700 = 316 + 248 + 136

[Af] Qa = 300 = 170 + 100 +  30

K = 1000 = 486 + 348 + 166

                           
Q = 114 = 60 + 38 + 16

N = 55 = 11 + 22 + 22

n = 10                       

r  = 1                       

vr = 5%                       

                             
Q/N = 2,1 --->  5,5; 1,7; 0,7

W/N  = 4 --->   6; 4; 3

Af/N  = 5,5 ---> 15,5; 4,5; 1,4

MP/Q = 4,21 --->  4,17; 4,21; 4,38

                               
P =     10,71 

V = p.Q = 1 221 = 643 + 407 + 171

L = V-K = 221 = 157 + 59 + 5

l = L/V = 18,1% ---> 24,4%; 14,5%; 3,2%

L/W = 1,0 ---> 2,4; 0,7; 0,1

                                   
CxFlow ano 0 = -Af-r*Ac = -3 700 = -2 016 -1 248 -436

CxFlow ano 1 a 9 = ML = L+Qa = + 521 = + 327 + 159 + 35

CxFlow ano 10 = vr*Af+ML+Ac = + 1 371 = + 728 + 457 + 186

CxFlow ano 0 a 10 = + 2 364 = + 1 653 + 641 + 69


                                   
TIR = 9,0% ---> 11,5%; 7,3%; 2,2%

Val à taxa de 6% = 612 ---> 613; 90; -91

Vide:- Renda de monopólio-spreadsheet


Observação 1: Noto que a ligação à folha de cálculo da net para a exploração-tipo da empresa intra-marginal, a de tipo médio e a da empresa marginal, assim como o valor global e da exploração anual do sector já não está acedível. Só tenho essa folha de cálculo no meu próprio computador e não sei editá-la na web de modo a ser visitada a partir do fórum por qualquer participante. Os números acima transcritos são os calculados para, respectivamente em cada item, o valor total do sector e os valores próprios da empresa intra-marginal, média e marginal.

Observação 2: Nova ligação ao spreadsheet de renda de monopólio.



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vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #63 em: 2014-01-29 20:25:02 »
Mas,
assim como ao princípio os homens puderam,
com instrumentos naturais,
embora dificultosa e imperfeitamente,
fazer certas coisas muito fáceis, e,
conseguidas estas, levaram a cabo outras difíceis
com menor trabalho e maior perfeição,
e passando desta forma gradualmente
de artefacos muito simples aos instrumentos
e dos instrumentos a outros artefactos e instrumentos,
chegaram ao ponto de realizar muitas coisas e tão difíceis com pequeno esforço,

assim também o entendimento, por sua força inata,
produz para si instrumentos intelectuais,
através dos quais alcança outras forças para outras obras intelectuais
e, destas obras outros instrumentos, ou seja,
o poder de levar mais longe a investigação,
progredindo assim gradualmente até atingir
a culminância da sabedoria.

(Espinosa, Tratado da reforma do entendimento, § 31)

--------------- // ---------------

Belíssimo, este texto de Espinosa.

Sem dúvida, a produtividade do trabalho
depende primordialmente da fecundidade da natureza,
da inteligência humana e do conhecimento acumulado
na evolução histórica das civilizações.

No entanto, só pelo trabalho dos produtores, as sociedades
criam a riqueza, o bem-estar e o domínio da natureza,
por obediência inteligente às leis físicas que a governam.

Assim se desenvolvem os povos e as nações.

Todo o rendimento provém da criação de valor pelos produtores.

« Última modificação: 2014-01-29 20:27:04 por vbm »

amsf

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #64 em: 2014-02-05 10:20:16 »
Citar
o Estado, para ser justo, deve ser moralmente neutro entre os estilos de vida que as pessoas querem adoptar: não deve dar prioridade aos que querem trabalhar sobre os que querem uma vida de lazer.

Rui Vaz

Absurdo!
As pessoas não querem "trabalhar", algumas pessoas querem obter aquilo que o "trabalho" proporciona, outras, ainda no estado de "pensamento mágico" querem obter essas mesmas "coisas" sem trabalhar. Por mais que fosse possível viver de "amor e uma cabana" seria necessário haver uma percentagem significativa de pessoas que se realizassem a construir "cabanas" e essas pessoas simplesmente não existem. Mesmo que neste preciso momento houvesse pessoas suficientes a se realizarem na construção de "cabanas", perante a nova realidade, aprenderiam a realizar-se ainda mais a fazer "amor". "Amor" tem aqui o significado de actividades que não respondem às necessidades físicas do ser humano. É importante "filosofar" mas só o podemos fazer se estiver-mos vivos e para o estar temos que nos alimentar, vestir, etc, etc.

É assim tão díficil de perceber?!
« Última modificação: 2014-02-05 11:19:14 por amsf »

Incognitus

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #65 em: 2014-02-05 13:34:08 »
Citar
o Estado, para ser justo, deve ser moralmente neutro entre os estilos de vida que as pessoas querem adoptar: não deve dar prioridade aos que querem trabalhar sobre os que querem uma vida de lazer.

Rui Vaz

Absurdo!
As pessoas não querem "trabalhar", algumas pessoas querem obter aquilo que o "trabalho" proporciona, outras, ainda no estado de "pensamento mágico" querem obter essas mesmas "coisas" sem trabalhar. Por mais que fosse possível viver de "amor e uma cabana" seria necessário haver uma percentagem significativa de pessoas que se realizassem a construir "cabanas" e essas pessoas simplesmente não existem. Mesmo que neste preciso momento houvesse pessoas suficientes a se realizarem na construção de "cabanas", perante a nova realidade, aprenderiam a realizar-se ainda mais a fazer "amor". "Amor" tem aqui o significado de actividades que não respondem às necessidades físicas do ser humano. É importante "filosofar" mas só o podemos fazer se estiver-mos vivos e para o estar temos que nos alimentar, vestir, etc, etc.

É assim tão díficil de perceber?!

O Estado "ser neutro" em relação a quem trabalha e a quem quer uma vida de lazer significa não redistribuir rigorosamente nada dos que trabalham para os que querem uma vida de lazer. O Rui Vaz está mesmo num "pensamento mágico". Quer um Estado "neutro" mas "redistribuidor". A redistribuição não é neutra, favorece que recebe e penaliza quem paga. E por o fazer é que deve ser algo de último recurso, quando mais nada funciona.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Incognitus

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #66 em: 2014-02-05 14:43:44 »
A redistribuição em si não é neutra.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #67 em: 2014-02-05 15:34:38 »
Quer a "versão" "stockholder society" quer a do "basic income" operam pelo menos parcialmente nas sociedades capitalistas ocidentais; não na forma de igualação material do ponto de partida, mas sim na do ponto de "chegada", i.e., no envelhecimento e, com a morte, a igualdade é plena.

Veja-se que os fundos de pensões são grandes detentores de acções e obrigações, de empresas e de estados de todo o mundo. Por outro lado, no ocidente, os cidadãos carenciados além de assistência pública ou religiosa, de que beneficiam, têm direito a rendimento social de inserção se desprovidos de recursos, de emprego, de subsídio de desemprego ou de pensão de velhice.

Quanto à igualação material do ponto de "partida" ela cumpre-se - e deve melhorar-se continuamente e aprofundar-se - pela instrução pública e pelo serviço de saúde, tendencialmente gratuito e universal.

Outrossim, a sociedade deve privilegiar o mérito e a competência no mundo do trabalho, assim como o espírito cívico nas relações sociais, a par de, correspondentemente, destituir a ética e os comportamentos que lhe sejam contrários. Produzir e assegurar o seu próprio sustento e o da sua família é o dever de honra de cada cidadão, sendo aliás o maior dos poderes cada um governar-se a si próprio.

Para tanto, o estado e a sociedade deve favorecer a iniciativa individual, igualando à partida as oportunidades materiais dos cidadãos através da instrução pública generalizada, gratuita ou subsidiada, e privilegiar a política económica tendente ao pleno emprego produtivo dos recursos humanos e materiais da sociedade.

Cuidada atenção, vigilância e independência devem os governantes e os governados prestar aos agentes económicos que tendem a mobilizar-se para reforçar os seus ganhos monopolistas, os quais limitam o livre desenvolvimento económico da sociedade e são a causa principal da desigualdade crescente das sociedades capitalistas contemporâneas.

Nota:- Uma palavra sobre a demografia e o controlo da natalidade. De pouco serve pugnar pela instrução pública se na sociedade não impera a responsabilidade cívica do controlo da natalidade. Veja-se a Índia: o maior monopolista contemporâneo, o cidadão mais rico do mundo, Bill Gates, selecciona agora para a direcção executiva do seu império, a Microsoft, um informático da Índia, república que prima pelo cuidado na instrução pública. Esse carácter positivo de acção política acompanha-se da inacção político-religiosa no controlo demográfico, o que constitui a censura mais veemente que pode lançar-se àquele sub-continente, desgraçadamente emulado nesse erro político pela África e pela América católica.

vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #68 em: 2014-02-23 16:18:37 »
A Bolsa, há duzentos anos atrás!



«Desde a paz de 1815, o Nucingen compreendera aquilo que nós, hoje em dia, não compreendemos: que dinheiro é um poder quando existe em quantidades desproporcionadas. Tinha secretamente ciúmes dos irmãos Rosthschild. Possuía cinco milhões e queria dez! [ ] Resolveu, portanto, pôr em prática uma terceira liquidação!

O grande homem sonhava, então, pagar aos credores com valores fictícios, guardando o dinheiro para si. [ ] O Nucingen podia ter sido alvo de suspeitas, mas usou da maior esperteza: fez com que fosse outro a ficar à frente dessa máquina destinada a desempenhar o papel de Mississipi no sistema de Law.

O que era característico no Nucigen era fazer com que as pessoas hábeis acabassem por servir os seus próprios desígnios sem nada lhes comunicar. Então o Nucingen deixou escapar, perante o du Tillet, a ideia piramidal e vitoriosa da criação de uma empresa por  acções com um capital bastante forte para poder beneficiar os seus accionistas com grandes dividendos durante os primeiros tempos.

Lançada, pela primeira vez, num momento em que abundavam os capitais dos tolos, esta combinação devia provocar uma subida nas acções, e por consequência um benefício para o banqueiro que as emitia. [ ]

Era a infância da arte! Não se fazia sequer intervir a publicidade através desses anúncios gigantescos com que se estimulam as imaginações, enquanto se vai pedindo dinheiro a toda a gente… [ ]

– Enfim, a concorrência nessa espécie de empresas não existia – prosseguiu Bixiou. – [ ] Os belos negócios por acções, como diz o Couture, que tão ingenuamente se divulgam, apoiados por relatórios de peritos (os príncipes da Ciência!), tratavam-se vergonhosamente no silêncio e na sombra da Bolsa. [ ]

Progrediam [ ], com ligeiros murmúrios acerca das vantagens do negócio, ditos de ouvido para ouvido. Só exploravam o paciente, o  accionista, no domicílio, na Bolsa ou em sociedade, através desse rumor habilmente criado e que crescia até ao tutti de uma quota de quatro algarismos…

– No meu entender [– respondeu Couture], o novo método é infinitamente menos pérfido, mais leal, menos assassino que o antigo. A publicidade permite a reflexão e o exame. Se algum accionista é comido, ele foi lá propositadamente, e ninguém lhe vendeu gato por lebre. A indústria…   


– Pronto! Lá vem a indústria!... – interveio Bixiou

– A indústria ganha com isso – continuou Couture, sem ligar importância à interrupção. – Qualquer governo que se mete no comércio e não o deixa livre faz uma asneira que lhe custa caro: chega ao maximum ou ao monopólio. Segundo penso nada está mais de acordo com os princípios da liberdade do comércio que a sociedade por acções! Mexer nisso é querer ficar fiador do capital e dos lucros, o que é estúpido!

Em qualquer negócio os benefícios estão em proporção com os riscos! Que importa ao estado a maneira como se obtém o movimento rotativo do dinheiro, desde que ele esteja em perpétuo movimento? Que importa quem é rico, quem é pobre, se existe sempre a mesma quantidade de ricos colectáveis? [ ] Aliás, [ ], as sociedades por acções [ ] estão em moda no país mais comercial do mundo: a Inglaterra. E lá tudo se contesta! [ ]

– É uma bela cura para os cofres cheios!... – exclamou Bixiou. – Com artimanhas!...

– Ora essa!... – respondeu Couture, inflamado. – [ ] Senhores, confessemos entre nós que as pessoas que protestam são hipócritas desesperadas por não terem nem a ideia para um negócio, nem o poder de a lançar, nem a sensatez de a explorar. A prova não se fará esperar.

Dentro de pouco tempo verão a  aristocracia, as pessoas da corte, as que fazem parte dos ministérios descendo em colunas compactas à especulação, e avançando com as mãos aduncas e ideias mais tortuosas que as nossas, sem terem a nossa superioridade.

Que cabeça é preciso para iniciar um negócio numa época em que a avidez do accionista é igual à do inventor! [ ] Sabeis qual é a moral disto? O nosso tempo não vale mais do que nós próprios! Vivemos numa época de avidez em que ninguém se importa com o valor da coisa, desde que possa ganhar com ela transmitindo-a ao vizinho, e faz-se isso porque a avidez de um accionista que acredita num lucro é igual à do criador que lho propõe!

– É lindo o Couture, uma beleza! – chasqueou Bixiou dirigindo-se a Blondet. – Vai exigir que lhe erijamos uma estátua como a um benfeitor da humanidade.

– Será necessário, apenas, levá-lo a concluir que o dinheiro dos tolos é, por direito divino, o património dos espertos! – exclamou Blondet.

– Meus senhores – continuou Couture –, riamos aqui para compensar a seriedade que vamos manter quando ouvirmos falar dos respeitáveis idiotas que consagram as leis feitas de improviso.

– Ele tem razão! Que época, meus senhores!... – disse Blondet. – Uma época onde desde que o fogo da inteligência surge, se faz com que se extinga rapidamente pela aplicação duma lei circunstancial.


Os legisladores, quase todos provenientes dum pequeno bairro onde estudaram a sociedade através dos jornais, abafam agora o fogo graças à máquina. Quando a máquina rebenta surgem o choro e o ranger de dentes!

Um tempo em que apenas se fazem leis fiscais e penais! A grande definição do que se está passando, querem saber qual é? Já não há religião no estado!

– Ah! – proferiu Bixiou. –Bravo, Blondet! Puseste o dedo na chaga da França! O sistema fiscal conseguiu roubar mais conquistas ao nosso país que os vexames da guerra.

No ministério, onde cumpri sete anos de galés, a par com burgueses, havia um funcionário, homem de talento, que resolvera mudar todo o sistema das finanças…

Ah! Bom!... Despedimo-lo lindamente! A França teve muita sorte. Divertir-se-ia a reconquistar a Europa e nós agimos no interesse da tranquilidade das nações. Dei cabo desse [funcionário] com uma caricatura!»
 

Honoré de Balzac, “A Casa Nucingen” in
A Comédia Humana, VII Volume (Cenas da Vida
da Província), Livraria Civilização,
Lisboa, 1980, pp. 556-60.

 
« Última modificação: 2014-04-15 14:53:00 por vbm »

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #69 em: 2014-03-17 19:59:55 »
Ainda Balzac, hoje como há duzentos anos

«Se as pessoas ricas à maneira do barão de Nucingen têm mais ocasiões do que as outras de perder dinheiro, têm também mais ocasiões de o ganhar, mesmo quando se entregam às suas loucuras.

Embora a política financeira da famosa casa Nucingen se encontre explicada em outro lado, não é inútil fazer notar que fortunas tão consideráveis não se adquirem, não se constituem, não se avolumam, não se conservam, no meio das revoluções comerciais, políticas e industriais da nossa época, sem que haja imensas perdas de capitais ou, se quiserem, tributações lançadas sobre as fortunas particulares.

Muito poucos são os novos valores vertidos no tesouro comum do globo. Qualquer nova acumulação de riquezas representa nova desigualdade na repartição geral. O que o Estado pede ele o restitui. Mas o que uma casa Nucingen recebe guarda-o.
[ ]

Forçar os Estados europeus a contrair empréstimos a 20% ou 10% por cento, ganhar esses 10% ou 20% com os capitais do público, expoliar à grande as indústrias, apoderando-se das matérias-primas, lançar ao fundador de um negócio uma corda para omanter fora de água até pescar a sua empresa asfixiada, enfim, todas essas batalhas de francos ganhos constituem a alta política do dinheiro.

Decerto deparam-se riscos ao banqueiro, como riscos há para o conquistador. Mas são tão escassas as pessoas em situação de se meterem em tais combates que as ovelhas nada têm aí que ver. Essas grandes coisas passam-se entre pastores.

Assim como os executados (o termo consagrado na gíria da bolsa) são culpados de terem querido ganhar em demasia, muito pouco o público se interessa pelas desgraças causadas pelas maquinações dos Nucingen.

Que um especulador dê um tiro nos miolos, que um corretor de câmbios se ponha em fuga, que um notário leve consigo as poupanças de cem famílias, o que é pior do que matar um homem; que um banqueiro declare bancarrota; todas essas catástrofes, esquecidas em Paris em poucos meses, em breve são cobertas pela agitação quase marítima desta cidade.

As fortunas colossais dos Jacques Coeur, dos Médicis, dos Anjos de Dieppe, dos Auffredi de La Rochelle, dos Fuggers, dos Tiepolos, dos Corners, foram outrora lealmente conquistadas pelos privilégios resultantes da ignorância em que se vivia das proveniências de todas as mercadorias preciosas.

Mas hoje as noções geográficas penetraram de tal modo nas massas, a concorrência limitou a tal ponto os lucros, que toda a fortuna rapidamente feita é: ou obra de um acaso e de uma descoberta, ou resultado de um roubo legal.

Pervertido por escandalosos exemplos, o pequeno comércio tem respondido, sobretudo nestes últimos dez anos, à perfídia das concepções do grande comércio, com atentados odiosos sobre as matérias-primas. Por toda a parte onde se pratica a química não se bebe mais vinho.

Por isso, a indústria do vinho está a sucumbir. Vende-se sal falsificado, para escapar ao fisco. Os tribunais estão estupefactos com esta improbidade geral. Enfim, o comércio francês é suspeito aos olhos do mundo inteiro e a Inglaterra desmoraliza-se também.»

------ // ------

«– Então, meu caro senhor – exclamou o duque Grandlieu –, comprou, ao que se diz, as terras Rubempré. Felicito-o. É uma resposta àqueles que o diziam cheio de dívidas. Quanto a nós, podemos, como a França e a Inglaterra, ter uma Dívida Pública. Mas, veja bem, as pessoas sem haveres, os principiantes, não se podem dar a esse luxo…»

Honoré de Balzac, Esplendores e Misérias das Cortesãs – I,
Publicações Europa-América, Lisboa, 1977, Colecção
Livros de Bolso nº 166, pp.187-8;244.

« Última modificação: 2014-03-17 20:05:43 por vbm »

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #70 em: 2014-04-10 18:53:57 »
Progressão geométrica da desigualdade distributiva do rendimento

Pretendo exemplificar aritmeticamente a alteração da desigualdade da distribuição do rendimento no tempo, segundo a diferença que exista nas taxas de crescimento do rendimento disponível nas duas classes da população num país: a classe rica e a classe média, pobre ou remediada.

Seja uma sociedade distinguível em duas classes de rendimento, A e B(=1-A), com taxas de crescimento anual, a e b, repartindo-se a produção anual, e consequente rendimento líquido, pelas ditas classes nas proporções, A/(A+B) e B/(A+B); tomando o rendimento líquido (Y) distribuído pela unidade (Y=1), reportaremos todos os resultados em fracção da unidade; assim, A e (1-A) compõem o rendimento unitário (1=Y).

Podemos imaginar, para ilustração aritmética da evolução que a repartição de rendimento conhecerá no decorrer do tempo, que a situação 0, ponto de partida, seja por exemplo, 20% do rendimento (A=.2) seria obtida por 5% da população activa e o rendimento restante, 80%, (B=.8), seria distribuído por 95% dos activos. Neste estado de repartição, o rendimento médio percebido por cada 1 por cento da classe rica atinge 4 por cento do rendimento total (.2/.05=4), enquanto cada 1 por cento da classe B, equivale a 0.8 por cento do rendimento total (.8/.95=.84211). Assim, o leque de rendimento entre as duas classes é superior a 4.2 vezes (4/.84211=4.24579).

A questão interessante é a de simular a alteração da repartição de partida no decorrer do tempo, segundo a taxa de crescimento médio do produto em dado período e consoante a diferença que ocorra entre a taxa de crescimento do rendimento (produto) da classe A e a da classe B.

Partimos da partição do produto acima, A=.2; B=1-A=.8. Analisamos o resultado ao cabo de um período n, de 30 anos (n=30). Supomos uma taxa, r, de crescimento médio anual do produto Y(=1) de 4.5% (r=.045), que assumirá a grandeza a, para a classe, possidente, A e, a grandeza b, para a classe B de menores rendimentos.

Calculamos quatro casos, dois com a taxa a>r, e outros dois com a taxa a<r, ou seja, com a taxa b>r. (Vide cálculos dos casos 1 a 4, abaixo indicados)

Teremos, assim:

(1)   Y = (1+r)^n = A . (1+a)^n + (1-A) . (1+b)^n
(2)   Y1 = A . (1+a)^n
(3)   Y2 = B . (1+b)^n
(4)   Y = (1+r)^n = Y1 + Y2

Dados:  r = .045; n = 30; A =.2; B = 1-A = .8; Y = 1.045^30 = 3.74532 = Y1 + Y2

Com estes dados, a conclusão é a seguinte:

i)   quando a taxa de crescimento da classe afluente ultrapassa a do crescimento do produto (a>r), a proporção de repartição inicial de 20% e 80%, respectivamente das classes de maiores (Y1) e menores (Y2) rendimento passa a 23% e 77%, com a=5%; e, a 21% e 79%, com a=4.75%.

ii)   quando a taxa de crescimento da classe possidente é inferior à do crescimento do produto (a<r), o que, complementarmente, equivale à taxa (b), a da população de menores rendimentos ser maior que a do crescimento do produto (b>r), a partição entre as classes passa dos iniciais 20% e 80% para 14 e 86%, com b=4.75%; e, a 16% e 84%, com b=4.65%.

Para entender o que vem sucedendo na economia desde o último quartel do século XX, o forista Lark, no tema do “Portugal Falido ou no de Krugman et alter”, p.67, editou alguns artigos de Thomas Pickety, Krugman e Thomas B. Edsall que melhor abordam a evolução da repartição do produto obtido com a combinação dos factores de trabalho e capital, geradores do rendimento total, ou seja, salários e lucros, a contrapartida remuneratória dos produtores, i.e., da população activa, trabalhadores e empresários.

Parece-me algo ousada a conclusão surpreendente de Picketty de que só no período de 60 anos, de 1913 a 1973, é que historicamente sucedeu a taxa de crescimento do rendimento dos detentores de capital (= mercadorias, stocks, equipamentos, edifícios, terra, dinheiro) ter sido inferior à do crescimento do produto, e isso tomando em consideração as duas guerras mundiais com as enormes perdas de capital que ocasionaram, assim como a Grande Depressão de 1929-33, o New-Deal, a inflação monetária, e o poder dos sindicatos. Fora desse período excepcional, sempre as classes possidentes conheceram taxas de crescimento da fortuna bem superiores às das classes dependentes do trabalho assalariado e classe média.

Penso isto exagerado, e só sustentável em causas extraeconómicas, de carácter político e militar. Porque, o facto é os rendimento monopolistas (rendas, juros, direitos de autor e de patentes, etc.), assim como os de natureza de lucros sobre-normais, não podem eternizar-se e  absorver em excesso a normal produtividade dos produtores (trabalhadores independentes, assalariados e empresários).

De qualquer modo, é admirável que finalmente alguém, tal Thomas Picketty, regressa aos clássicos e elege a repartição do produto como o problema genuinamente económico, tal como o fizeram Quesnay, Adam Smith, Ricardo, Malthus e Marx.
 

Cálculos de repartição do rendimento em 4 casos de taxas de crescimento diferenciadas

Dados:  r = .045; n = 30; A =.2; B = 1-A = .8; Y = 1.045^30 = 3.74532 = Y1 + Y2

1º caso) a = .05 > r

Y1 = .2 x 1.05^30 = .86439
Y2 = Y - Y1 = 2.88093 = .8 x (1+b)^30
b = 3.60116^(1/30) – 1 = 4.363%
Y1 / Y = 23.079%
Y2 / Y = 76.921%

2º caso) a = .0475 > r

Y1 = .2 x 1.0475^30 = .80473
Y2 = Y - Y1 = 2.94059 = .8 x(1+b)^30
b = 3.67574^(1/30) – 1 = 4.435%
Y1 / Y = 21.486%
Y2 / Y = 78.514%

3º caso) b = .0475>r

Y2 = .8 x 1.0475^30 = 3.21893
Y1 = Y – Y2 = .53639 = .2 x (1+a)^30
a = 2.63197^(1/30) – 1 = 3.278%
Y1 / Y = 14.055%
Y2 / Y = 85.945%

4º caso) b = .0465>r

Y2 = .8 x 1.0465^30 = 3.12800
Y1 = Y – Y2 = .61732 = .2 x (1+a)^30
a = 3.08660^(1/30) – 1 = 3.828%
Y1 / Y = 16.482%
Y2 / Y = 83.518%

« Última modificação: 2014-04-11 22:30:21 por vbm »

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #71 em: 2014-04-12 09:18:51 »
Bolsa, anos 10. século XXI

«A major change occurred in markets around the turn of this century: most trading [ ] on the stock exchange was done by computers trading with other computers, using certain algorithms. Offers to buy and sell were based not on market research, on informed news about the prospects of [this or that industry or particular company], but rather on extracting information from the pattern of prices and trades, and on whatever other information a computer could absorb and processo n the fly. Offers to buy and sell were held open for a nanosecond. [ ] Of course, the prices that were determined in those nanoseconds were of no relevance to any real decision taking. [ ]

The algorithmic traders claimed that they were making markets more liquid (“deeper”), but it was a liquidity that disappeared when it was needed,when a real disturbance occurred to which the market needed to adjust. The result was that the market began to exhibit unprecedented volatility. [ ]

In fact, there are reasons to believe that flash trading actually makes markets not just more volatile but also less “informative”. Computers attempt to use complex mathematical algorithms to extract whatever information is in the market, in a modern and more sophisticated version of front runnnig, the old-style ilegal activities by which brokers try to use information they glean from thos placing orders to enhance their own profits. (obs. - negrito, meu)

Of course, market participants know this. If some market researcher discovered that some company was going to do well (had just made a valuable discovery), he might rush, placing a large order. But the computer traders would immediately sense this and try to use his information for their own purpose. Today, of course, the first trader knows the game he’s playing, so he would never place alarge order, but would place a myriad of small orders.   

There´s been an arms race, where those doing the hard work of research try to keep their information away from the algorithms traders, and the algorithms traders try to break their code. One might say it’s just a waste of resources – a fight over the rents associated with early information. But it’s worse than that.

To the extent that the algorithmic traders succeed in outwitting those who do the real research, the returns to research fall; there will be less investment in information, and markets actually will convey less of the information that we care about.»   


Joseph Stiglitz, The Price of Inequality,
Penguin Books, London, 2013, pp. 206-8

« Última modificação: 2014-04-12 09:20:13 por vbm »

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #72 em: 2014-04-12 09:32:38 »
Pastoreados pastores pastoreiam
fora e dentro do mercado

By Michael Santoli, 11.4.14

The stock market will stop quaking when the smart money is through selling.

That might sound glib or obvious — something that’s more or less true by definition of each market drop. But it’s a particularly fitting observation now, because the current market tremors are more a matter of Wall Street’s elephants running from risk than the ground giving way underneath the economic recovery.

The dominant themes of the sharp pullback have been a reversal of the winning investment trades of 2013 (which got very crowded and expensive), a rush by startup-backers and buyout artists to jam stock offerings into new investors’ hands, and heavy selling of shares by corporate insiders.

This is all on the up-and-up, and all are typical features of a bull market. Yet there was just too strong a sense in recent weeks that those early to many winning ideas were done pressing their bets and wanted to – or were forced to – cash them in.

Consider:

The first quarter saw the highest volume of initial public offerings since 2000, with 70% of debuting companies having yet to turn profitable. About a third of the deals in the past month had traded below their offer price, a sign that supply was swamping demand or that the quality of the companies was slipping.  The offering for Ally Financial Inc. (ALLY), while a relative victory for the U.S. government, which rescued it with a big investment during the financial crisis, has sagged in its first two days on the market, a decent example of supply-driven action. For good measure, Kenneth Moelis, the veteran investment banker who began at Michael Milken's Drexel Burnham Lambert ion the 1980s, is looking to take his 7-year-old advisory firm Moelis & Co. public at a $1.5 billion valuation.

Private-equity firms have been exiting rapidly from companies they bought in recent years. According to data tracker Dealogic, buyout firms have raised $13 billion this year in 31 IPOs of their portfolio companies, a record level to this point in any year. Blackstone Group’s secondary offering of 15 million SeaWorld Entertainment Inc. (SEAS) shares  — about one-sixth of all outstanding equity — as the company reported weak results further sent a message of the sharp guys ringing the register.

Corporate insiders have been selling heavily in recent months, as executives take advantage of all-time highs in many stocks and the big indexes. While this isn’t a great market-timing indicator – and selling always tends to be active ahead of the tax deadline following a great year for stocks, as 2013 was – it fits neatly with the story that those with the best knowledge of businesses are not seeing good value in their shares.

Perhaps most important to the day-to-day action, certain popular hedge-fund positions — no doubt amplified by margin-borrowing balances at all-time highs — have been upended. Merrill Lynch global strategist Michael Hartnett points out that the winners so far in 2014 (emerging-markets stocks, bonds and gold up) match exactly last year’s losers and vice versa (with the Nasdaq, Japan and the U.S. dollar suffering).

Michael Block, chief strategist of Rhino Trading, points out some telltale behavior in certain instruments makes it obvious some big players were caught badly offside as momentum trades faltered.

The exchange-traded fund for Brazilian stocks, iShares MSCI Brazil (EWZ), has been almost perfectly negatively correlated with the U.S. Standard & Poor’s 500 index this week, as if they sat on opposite ends of a seesaw. Brazil has been a popular short, and the S&P 500 and Nasdaq’s growth stocks very trendy longs, and liquidation on some level is washing over it all. Similarly, Facebook Inc. (FB) has traded as the virtual inverse of Petrobras Argentina SA (PZE).

Another odd move? The surge in the price of nickel on the London Metals Exchange, another seeming beneficiary of desperate speculators being chased from bearish commodity bets, perhaps as their brokers demand they curtail risk exposures and investors withdraw funds.

As Block puts it: “This is all about pain. Managers came into this long growth stocks, and short things like emerging markets and metals. When someone yells fire, crowded positions take on a life all their own.  I fear that we will hear more about certain managers taking losses in [the first quarter] and April in the coming days.  There’s no two ways about it.  Prime brokers are tightening reins, as are fiduciaries. That’s what this is. Trying to rationalize any of this by citing fundamentals is a dangerous wild goose chase.”

This doesn’t mean fears of a first-quarter lull in U.S. economic growth and a stalling housing recovery are irrelevant, or that China’s weak export data and broader slowdown signs are meaningless. Sure, the market is reassessing its expectations for a growth acceleration come spring and summer.  Yes, there is nervousness about Federal Reserve intentions as it slowly dials down its asset purchases and eyes frothy financial markets. Long-term Treasury yields have receded while short-term rates have held steady, flattening the yield curve, which implies slower growth and/or marginally less-easy money down the road.

No dramatic real-economy developments

Yet none of these real-economy developments are particularly dramatic or new enough to account for the degree and character of this selloff. The corporate-credit markets have remained firm through all this, which likely wouldn’t be the case if markets were sniffing out the makings of a nasty economic shock or higher risk of U.S. recession.

That’s the good news. The bad news is that so many market sectors – especially the ones that led the push to new highs in late 2013 and early this year, such as Internet, biotech and small-cap stocks  – had appreciated dramatically more than the pace of economic or earnings growth did. So there arguably could be plenty of room for the hottest, growth-iest parts of the market to re-price lower before this corrective market action is through.

Just in the past couple of days, the weakness broadened to other areas such as banks and large-cap industrial stocks that were being used as havens. That’s healthy, as are the emerging signs that individual investors are registering more fear about the declines.

These are the prerequisites for an enduring recovery, but plenty of damage to the uptrend has been done already. Before sounding an “all-clear,” investors should look for signs that stocks can react reasonably well to earnings news in coming weeks, which would indicate expectations have been pounded low enough. And they should hope for the IPO window to narrow or close, insiders to quit selling and the trendy hedge-fund trades to stabilize.

In the past year-and-a-half, this market has seen pullbacks halted a bit before all the signs of capitulation have lined up. We’ll soon see if this is yet another 2013 pattern that is now working in reverse.


Zel

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #73 em: 2014-04-15 01:59:31 »
vamos todos para a praia !  :D

Incognitus

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #74 em: 2014-04-15 02:05:36 »
Sim, vamos todos para a praia com o rendimento mínimo assegurado.
 
Os Chineses que produzam e nos sirvam.
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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #75 em: 2014-04-15 14:28:01 »
Rendimento mínimo garantido é ideia sem significado na sua isolada assertividade.
Nem em associado à noção de progresso científico e tecnológico ele ganha corpo.
Nem o ganha ainda juntando-lhe o equilíbrio ecológico.
Requererá uma civilização superior à nossa e
uma demografia controlada

Incognitus

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #76 em: 2014-04-15 14:48:42 »
Não necessita de uma civilização superior. Necessita é de uma civilização inferior, pois requer uma população de escravos.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #77 em: 2014-04-15 15:06:48 »
Não necessita de uma civilização superior. Necessita é de uma civilização inferior, pois requer uma população de escravos.

Também o receio.

Porque toda a concentração de poder
é vulnerável à tirania e sem liberdade
não há dignidade nem civilização.

E, a liberdade requer o poder
de cada um se governar a si próprio.
« Última modificação: 2014-04-15 15:08:21 por vbm »

Mystery

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #78 em: 2014-04-15 18:06:58 »
Bolsa, anos 10. século XXI

«A major change occurred in markets around the turn of this century: most trading [ ] on the stock exchange was done by computers trading with other computers, using certain algorithms. Offers to buy and sell were based not on market research, on informed news about the prospects of [this or that industry or particular company], but rather on extracting information from the pattern of prices and trades, and on whatever other information a computer could absorb and processo n the fly. Offers to buy and sell were held open for a nanosecond. [ ] Of course, the prices that were determined in those nanoseconds were of no relevance to any real decision taking. [ ]

The algorithmic traders claimed that they were making markets more liquid (“deeper”), but it was a liquidity that disappeared when it was needed,when a real disturbance occurred to which the market needed to adjust. The result was that the market began to exhibit unprecedented volatility. [ ]

In fact, there are reasons to believe that flash trading actually makes markets not just more volatile but also less “informative”. Computers attempt to use complex mathematical algorithms to extract whatever information is in the market, in a modern and more sophisticated version of front runnnig, the old-style ilegal activities by which brokers try to use information they glean from thos placing orders to enhance their own profits. (obs. - negrito, meu)

Of course, market participants know this. If some market researcher discovered that some company was going to do well (had just made a valuable discovery), he might rush, placing a large order. But the computer traders would immediately sense this and try to use his information for their own purpose. Today, of course, the first trader knows the game he’s playing, so he would never place alarge order, but would place a myriad of small orders.   

There´s been an arms race, where those doing the hard work of research try to keep their information away from the algorithms traders, and the algorithms traders try to break their code. One might say it’s just a waste of resources – a fight over the rents associated with early information. But it’s worse than that.

To the extent that the algorithmic traders succeed in outwitting those who do the real research, the returns to research fall; there will be less investment in information, and markets actually will convey less of the information that we care about.»   


Joseph Stiglitz, The Price of Inequality,
Penguin Books, London, 2013, pp. 206-8


Em abono da verdade, a maioria dos algoritmos surgiu na sequência da regulamentação que foi criada para fragmentar os mercados (e que tinha como objectivo “proteger os investidores”). Regra geral, quanto mais fragmentado é um mercado, maior é o peso dos algoritmos.
A fool with a tool is still a fool.

vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #79 em: 2014-04-15 19:49:38 »
Em abono da verdade, a maioria dos algoritmos surgiu na sequência da regulamentação que foi criada para fragmentar os mercados (e que tinha como objectivo “proteger os investidores”). Regra geral, quanto mais fragmentado é um mercado, maior é o peso dos algoritmos.

E o que dizes à manipulação da colocação de uma miríade de ordens de compra ou de venda para camuflar uma informação (assimétrica) de negócio?
« Última modificação: 2014-04-15 22:38:04 por vbm »