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Autor Tópico: Grécia - Tópico principal  (Lida 1837137 vezes)

Automek

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Re:Investir na Grécia
« Responder #180 em: 2015-01-26 13:53:02 »

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Europa a uma só voz não dá margem para renegociação da dívida grega

A Europa reage às eleições gregas. Angela Merkel, FMI e Banco Central Europeu são claros: não há espaço para renegociação da dívida. "A Grécia não pode ter tratamento especial", diz Lagarde.

Começam as reações dos líderes europeus, que confirmam aquilo que as capas dos jornais desta segunda-feira já antecipavam: uma luta entre Alexis Tsipras e a Europa. Angela Merkel, Banco Central Europeu e FMI já fizeram saber que não vai haver margem de manobra para uma renegociação da dívida grega.

O Governo alemão parte em defesa dos seus contribuintes, defendendo que não pode haver redução da dívida para a Grécia. “Os contribuintes alemães são responsáveis por uma grande parte da ajuda financeira dada à Grécia”, disse o porta-voz do Governo de Merkel para os assuntos orçamentais, acrescentando que não irá deixar “o peso desse risco” em cima dos ombros dos alemães.

As reações sucedem-se. Também o Banco Central Europeu apontou o dedo no mesmo sentido. É “impossível para o BCE” aceitar uma reestruturação dos títulos de dívida grega na sua posse, disse Benoît Coeuré, membro francês do conselho executivo do BCE. E Christine Lagarde, presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), embora perentória a fechar a porta a uma renegociação, diz que a Grécia “não pode ter tratamento especial”.

Certo é que a resposta da Europa à vitória do Syriza deixa antever as dificuldades que o recém-eleito primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, terá em pôr em prática as suas promessas eleitorais.
http://observador.pt/2015/01/26/merkel-e-bce-uma-voz-fecham-porta-renegociacao-da-divida/

Zel

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Re:Investir na Grécia
« Responder #181 em: 2015-01-26 13:56:43 »
o syriza para cumprir as promessas tera de sair do euro, mas devem borrar-se todos pois vao ter uma mega-crise no inicio e os partidos de esquerda aguentam crises provocadas por si proprios muito mal

Automek

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Re:Investir na Grécia
« Responder #182 em: 2015-01-26 14:04:09 »
www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4363190

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Na escola secundária, participou nos protestos de 1990-1991 contra as reformas educativas. Numa entrevista televisiva na altura, com apenas 17 anos, defendia o direito de decidir se faltava às aulas ou não.
(...)
No passado, costumava ir na sua moto BMW para o Parlamento grego, mas agora é visto mais vezes ao volante de uma carrinha familiar. Tsipras, um ateu que diz não acreditar na instituição do casamento, vive com a namorada de liceu numa casa alugada no centro de Atenas.


Coitadinhos dos gregos. Estão bem lixados.  :D


Faz parte do protocolo o primeiro ministro prestar juramento com a mão sobre a bíblia. Estar lá a bíblia ou o almanaque do rato Mickey é igual, eheheh.

tommy

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Re:Investir na Grécia
« Responder #183 em: 2015-01-26 14:17:28 »
o syriza para cumprir as promessas tera de sair do euro, mas devem borrar-se todos pois vao ter uma mega-crise no inicio e os partidos de esquerda aguentam crises provocadas por si proprios muito mal

Que é como quem diz: ditadura. Em nome do povo claro está.

Incognitus

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Re:Investir na Grécia
« Responder #184 em: 2015-01-26 14:30:51 »
Um ângulo engraçado - alguns dos países "apertados" na Europa, que poderiam querer políticas similares às do Syriza, vão estar activamente contra a Grécia para tentar que esta falhe. Isto porque os políticos que estão à frente desses países, como em Espanha, estão a concorrer contra partidos idênticos ...
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Pip-Boy

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Re:Investir na Grécia
« Responder #185 em: 2015-01-26 14:46:23 »
Ah, não tinha percebido. Tu queres é saber quem são os maiores credores da Grécia para ver quem é que vai ficar a arder se a coisa der para o torto ?


maiores credores? fundo de resolucao europeu e BCE, nao ?


Exacto, ter uma ideia de qual seria o impacto e quem iria suportar essa perdas.
Se os contribuintes europeus, se o BCE imprime para tapar o buraco, etc

Também procurei alguma info sobre isso mas não parece haver nada actualizado, depois da ultima restruturação.

Alguns números por país:

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Germany stands to lose the most if Greece fails to pay up: some 56.5 billion euros according to calculations by Eric Dor, director of economics research at France's IESEG School of Management, based on EU data. That works out to 699 euros per resident.

For France the total cost comes to over 42.4 billion euros, or 644 euros per resident.

For Italy the cost would be 37.3 billion euros, Spain 24.8 billion, the Netherlands 11.9 billion, Belgium 7.2 billion, Austria 5.8 billion, Portugal 1.1 billion and Ireland 300 million

Read more: http://www.businessinsider.com/afp-weighing-the-costs-for-europe-if-greece-exits-the-euro-2015-1#ixzz3PwRGlqcQ
« Última modificação: 2015-01-26 15:27:32 por jfrcr »
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Thunder

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Re:Investir na Grécia
« Responder #186 em: 2015-01-26 15:37:28 »
Um ângulo engraçado - alguns dos países "apertados" na Europa, que poderiam querer políticas similares às do Syriza, vão estar activamente contra a Grécia para tentar que esta falhe. Isto porque os políticos que estão à frente desses países, como em Espanha, estão a concorrer contra partidos idênticos ...


Nota-se claramente algum pânico dos partidos "do costume" em relação ao surgimento destes "novos partidos".
A história que querem vender é que os novos são um perigo para a democracia.

Há um argumento que está a ser muito massacrado nos últimos tempos. Que a dívida alemã no pós-guerra foi perdoada e que o mesmo deveria ser feito à Grécia. Deixando de parte todas as questões que tal levantaria, não houve um perdão parcial à Grécia? Alguém sabe o montante concreto? Segundo a Wiki as perdas foram de 53%.
Neste link falam em mais 40 000 milhões EUR (http://www.bbc.com/news/business-13798000)
Houve também ajuste de maturidades.
Penso que em empréstimos o total anda pelos 248 200 EUR (110+130+8,2).
O ponto de partida era realmente lunático. A ajuda que recebemos (e que a Espanha recebeu em relação aos bancos) realmente foi para meninos, comparado com os apoios à Grécia.
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Zel

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Re:Investir na Grécia
« Responder #187 em: 2015-01-26 16:08:33 »
se a grecia sair do euro: esperamos por uma desvalorizacao de 50% da moeda e compramos

Vanilla-Swap

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Re:Investir na Grécia
« Responder #188 em: 2015-01-26 16:11:43 »
Governar a Europa com o BCE a comprar a divida dos países é tudo uma questão de liquidez.

Um estado ter 400 mil milhões de divida a juros baixos pode competir com um estado cuja divida seja 20 mil milhões e tenha juros altos.

Dado ser impossível ter juros de divida soberana a 0% é tudo uma questão de liquidez para manter a dimensão da divida. Existem duas maneiras dos estados criarem liquidez :
- austeridade, em que o estado encolhe as suas despesas de tal modo a criar receitas para pagar os encargos;
- Estimulo quando se  injeta dinheiro numa economia onde ela cresce e no seu crescimento pode -se descontar os encargos com a divida.

A austeridade funciona em pequenos países e economias pequenas o estimulo funciona melhor em grandes economias, o sucesso do estimulo depende como cresce a economia como um todo.

Thunder

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Re:Investir na Grécia
« Responder #189 em: 2015-01-26 16:28:20 »
Tirado do ZH: (26 Outubro de 2011)

Greece has €350 billion in total debt including about €70 billion in Troika "post-petition" loans; these are untouched.
Of the €280 billion, roughly €75 billion is held by the ECB: this, like the Troika loans, will be untouched.
This leaves just ~€200 billion in actual debt to undergo a haircut.
Apply a 50% haircut to this debt (ignoring the fact that of this about €35 billion is held by Greek pension funds, and once the realization that Greek pensions have been cut in half dawns upon the population, the result will be the biggest riots ever seen in Athens yet).
Total debt to be cut: just about €100 billion.
Hence, of the total €350 billion, just €100 billion is eliminated, most of it used to backstop and service Greek pension and retirement obligations
€250, or the residual, of €350, the original, means 72%, or a 28% haircut.
Greek GDP was €230 billion on December 31, 2010 and declining fast.
And that is how a 50% haircut is "cut" almost in half

Não sei se tará acontecido desta forma, estou com dificuldade em encontrar dados.
« Última modificação: 2015-01-26 16:33:58 por Thunder »
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tommy

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Re:Investir na Grécia
« Responder #190 em: 2015-01-26 17:06:15 »

Faz parte do protocolo o primeiro ministro prestar juramento com a mão sobre a bíblia. Estar lá a bíblia ou o almanaque do rato Mickey é igual, eheheh.


http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4363709

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O novo primeiro-ministro prestou juramento perante o chefe de Estado grego, Karolos Papoulias. Tsipras é o primeiro líder do Governo grego a prescindir do juramento religioso junto do arcebispo de Atenas, líder da Igreja grega, feito tradicionalmente antes de o vencedor se apresentar ao Presidente.


Nem almanaque do Mickey, nem bíblia, nem nada. Pontapé no protocolo.   ;D :D

Adorava assistir a uma reunião de "negociação" deste artista com a Merkel. Vai ser lindo assistir à venezualização da Grécia. Triste para eles, mas lindo para "bater" na extrema esquerda.  :D ;D
« Última modificação: 2015-01-26 17:06:55 por tommy »

Thunder

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Re:Investir na Grécia
« Responder #191 em: 2015-01-26 17:20:16 »

Faz parte do protocolo o primeiro ministro prestar juramento com a mão sobre a bíblia. Estar lá a bíblia ou o almanaque do rato Mickey é igual, eheheh.


http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4363709

Citar
O novo primeiro-ministro prestou juramento perante o chefe de Estado grego, Karolos Papoulias. Tsipras é o primeiro líder do Governo grego a prescindir do juramento religioso junto do arcebispo de Atenas, líder da Igreja grega, feito tradicionalmente antes de o vencedor se apresentar ao Presidente.


Nem almanaque do Mickey, nem bíblia, nem nada. Pontapé no protocolo.   ;D :D

Adorava assistir a uma reunião de "negociação" deste artista com a Merkel. Vai ser lindo assistir à venezualização da Grécia. Triste para eles, mas lindo para "bater" na extrema esquerda.  :D ;D


Ontem a líder do BE estava radiante. Mas não te preocupes que a necessidade de coligação será o álibi.
Quando der barraca fugirão deles como o diabo da cruz ou como o PS do Hollande que agora tem lepra.
Pudera, o homem que iria equilibrar o défice pelo lado do crescimento e salvar a Europa mostrando que tal fórmula resulta e que agora borra-se todo para conseguir 1% de crescimento....

Dados crescimento fracês (Nota: Hollande tomou posse em Maio de 2012)
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itg00022289

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Re:Investir na Grécia
« Responder #192 em: 2015-01-26 17:47:31 »
O programa do Syriza (até ás eleições...)

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Depois da noite de domingo, a Europa vai ter que contar com uma nova proposta política, eleita num Governo da zona euro. Aqui deixamos-lhe uma síntese, primeiro das linhas gerais do programa – e mais abaixo do seu programa económico, desenhado em cinco pilares.

Começamos pelo que diz respeito à Europa:

Reestruturar grande parte da dívida pública, de forma a que se torne sustentável, no contexto de uma “Conferência sobre a Dívida Europeia”.
Incluir uma “cláusula de crescimento” para o pagamento da parte remanescente da dívida grega, para garantir que será financiada com crescimento e “não com o orçamento”.
Incluir uma moratória para o serviço da dívida, para poupar fundos para estimular o crescimento.
Excluir os investimentos públicos das restrições do Pacto de Estabilidade e Crescimento da UE (as novas regras interpretativas só o permitem para países que respeitem défice de 3% do PIB).
Um “New Deal” de investimento público europeu financiado pelo Banco Europeu de Investimento (o plano Juncker já está no papel, mas o seu financiamento ainda não está acertado).
Exigência de compra direta de dívida europeia pelo BCE, o chamado “Quantitative Easing” (O BCE anunciou esta semana um plano neste sentido, mas deixou condicionada a aplicação à Grécia – não só porque tem coberto o limite colocado para o país – até junho -, mas também condicionando-o à existência de um programa de assistência. O atual na Grécia ainda não terminou e é quase certo que o país precisará de um outro, pelo menos de um cautelar).
E aqui, uma ideia global do que se propõe a fazer dentro de fronteiras:

Aumentar o investimento público “imediatamente” em, pelo menos, 4 mil milhões de euros.
“Gradualmente”, reverter “todas as injustiças do memorando de entendimento”.
“Gradualmente, recuperar os salários e pensões, para aumentar o consumo e a procura”.
Dar incentivos ao emprego às pequenas e médias empresas, dando subsídios ao custo da energia na indústria – em troca da criação de emprego e de uma cláusula ambiental.
Investir em conhecimento, investigação e nova tecnologia, com o objetivo de levar de volta para a Grécia os jovens investigadores que emigraram.

O plano económico do Syriza tem como base cinco pilares, que aqui resumimos também.

Primeiro pilar: combater a crise humanitária.
Custo: 1,9 mil milhões de euros

Eletricidade grátis para 300 mil famílias a viver abaixo do limiar de pobreza;
Subsídios à alimentação para famílias sem rendimentos, em coordenação com as autoridades locais, a Igreja e organizações de solidariedade;
 Programa de garantia de habitação, pagando parte da renda de pequenas casas a 30 mil famílias;
Assistência de saúde e farmacêutica livre para desempregados sem subsídio;
Cartão especial para transportes públicos, entregue a desempregados de longa duração;
Revisão dos impostos dos combustíveis e para aquecimento em casa.

Segundo pilar: relançar a economia e promover a justiça fiscal
Custo: 6,5 mil milhões de euros; Receita esperada: 3 mil milhões

Parar os processos e arresto de contas bancárias a quem não tenha rendimentos, que ficarão suspensos por 12 meses;
Abolição do imposto único sobre propriedade;
Introdução de uma taxa sobre as grandes propriedades e casas de luxo;
Aumentar o número de escalões de IRS, para assegurar maior progressividade;
Reestruturação de empréstimos para empresas e indivíduos – para os que estiverem abaixo do limiar de pobreza e para as dívidas (ao Estado, Segurança Social e banca) que baixem os rendimentos abaixo dos 33%. O mecanismo de revisão contará o apoio de uma organização pública, que vai garantir os pagamentos em falta;
Recolocar o salário mínimo nos 751 euros;

Terceiro pilar: recuperar 300 mil empregos
Custo: 3 mil milhões de euros

Recuperar os direitos perdidos com o Memorando (legislação laboral);
Recuperar acordos coletivos;
Abolição de layoffs “massivos e injustificados”;

Quarto pilar: transformar o sistema político
Custo: zero.

Regionalização do Estado;
Maior autonomia aos municípios e regiões;
Iniciativa legislativa aos cidadãos – também para convocar referendos;
Restabelecimento da televisão pública;

Quinto pilar: encontrar receitas

Recuperação de pagamentos em atraso ao Estado;
Combate à evasão fiscal;
Usar os 11 mil milhões destinados à banca no Memorando para servir de “almofada social”;
Aproveitar os fundos europeus do último quadro ainda não aproveitados, mas também do próximo quadro comunitário;
Transferir propriedades públicas para fundos de pensões – para poder gradualmente aumentar as pensões cortadas nos últimos anos. As privatizações acabam.
Se quiser uma visão mais detalhada do programa do Syriza, pode consultar aqui uma resenha autorizada – em inglês.

http://observador.pt/2015/01/25/este-e-o-programa-syriza/

Automek

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Re:Investir na Grécia
« Responder #193 em: 2015-01-26 17:59:26 »

Tridion

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Re:Investir na Grécia
« Responder #194 em: 2015-01-26 18:28:59 »
Se alguma coisa que a esquerda mais radical é boa é a perpetuar-se no poder...descansem vai correr tudo bem.
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D. Antunes

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Re:Investir na Grécia
« Responder #195 em: 2015-01-26 20:20:00 »
E rebentando os gregos, não rebenta depois quem está investido em dívida grega? Se não rebentar não deve gostar muito da ideia pelo menos :)
É irrelevante se quem tem a dívida gosta ou não (a Grécia é um país e não os vão invadir para penhorar a acrópole).
Mesmo que a Grécia não pague ou consiga uma extensão da dívida a 100 anos a juros zero (o que implicaria que TODOS vão pedir o mesmo) isso resolvia o problema passado. Não resolve o problema de ainda terem défice que tem de ser financiado com nova dívida (tanto mais que o défice adivinha-se que vá crescer com tanta promessa que o gajo fez).

Eles até têm um saldo orçamental primário (sem juros) positivo. Podem sempre optar por não pagar os juros. MAs claro que terá consequências...
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Re:Investir na Grécia
« Responder #196 em: 2015-01-26 21:56:10 »
A solução terá que passar por não dar grandes condições aos gregos. No máximo um pouquito e caberá ao Syrisa pegar ou largar...

Se assim for, lá está esse partido igual aos outros aos olhos do povo grego e não só, e pronto é o rastilho para o povo abandonar de vez essa coisa dos partidos e olhar de forma diferente o mundo que o rodeia.

E habitual chegar a qualquer lugar e toda a gente discute politica esquecem-se que não é a politica que faz gerar valor mas sim a economia, que por sua vez não é controlada por políticos mas sim por todos os agentes económicos, e uma economia avança ou recua ao rito da oferta e da procura, simples, é só isto e nada mais.

Ora aqui está uma perspectiva interessante. Estas eleições gregas podem ter significado um golpe mortal no conceito de democracia. E a consciência disso poderá percorrer o mundo todo.

Ontem enquanto ouvia as notícias pensava um bocado nesta linha, e foi uma pena que não tenham ganho com maioria absoluta para não se poderem esquivar de futuras responsabilidades.
Mais cedo ou mais tarde as pessoas irão entender (talvez daqui a décadas, quem sabe?) que este tipo de sistema chegou ao fim da linha e que será necessário mais um passo na evolução das democracias. Representantes com tamanho poder, alterações constantes de quadros legais, legislação em quantidade e complexidade absurda; mais cedo ou mais tarde as pessoas terão que contestar isto e tal só acontecerá quando houver massa crítica a perceber (e a perceber mesmo) que a política de eleição de representantes com excessivo poder e que governam basicamente sem fiscalização, para saírem no final do mandato (ou mandatos) e entrarem outros para governarem nos mesmos moldes, não leva a lado nenhum.

Sim. O problema é o que se poderá seguir, pois as ditaduras são moralmente piores. Mas acho que se, como as cotações nos mercados parecem indicar, o Syriza voltar atrás com quase tudo o que prometeu, e passar a ser mais um dos partidos da troika, as pessoas, na sua qualidade de eleitores, vão sentir-se defraudadas como nunca se viu. Que os partidos do centro aldrabam sempre nas promessas e traem os seus eleitorados, já toda a gente sabe. Mas se isso se vir em partidos dos extremos que fizeram promessas radicais como o Syriza, então será o descrédito total no sistema. E não só entre os gregos, mas entre a população mundial em geral, pois toda a gente está atenta ao que se passa agora na Grécia. A partir daí muita gente começará a ir à Internet ver como se fazem cocktails molotovs.


Automek

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Re:Investir na Grécia
« Responder #197 em: 2015-01-27 09:04:54 »
Ainda ontem um repórter dizia isso que o Kin acabou de referir. Os gregos acham que não pode piorar mais (até pode, mas adiante...) e olham para o Syriza como última tentativa.

Automek

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Re:Investir na Grécia
« Responder #198 em: 2015-01-27 09:51:18 »
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Se a Grécia não pagar a dívida, não paga a quem?
26 Janeiro

Mais de 80% da dívida grega está nas mãos dos parceiros europeus, do FMI e do BCE. A Portugal, a Grécia deve mais de mil milhões de euros, mais do que a receita esperada com a sobretaxa de IRS.

A vitória do Syriza nas eleições gregas de 25 de janeiro já era esperada, com o partido a liderar todas as sondagens divulgadas no país desde maio. Daí que, horas após o discurso de vitória de Alexis Tsipras, já estivesse bem montada a máquina de reações ao resultado da votação. Reações que vieram de todo o lado: Berlim, Frankfurt, Bruxelas, Washington e, até, Moscovo. Para renegociar a dívida pública – uma prioridade do Syriza –, a única voz europeia que mostrou alguma abertura foi a do ministro das Finanças da Irlanda, Michael Noonan, à entrada na reunião do Eurogrupo. A Irlanda é, contudo, um dos países da zona euro, a par de Portugal, que não suportarão perdas caso a Grécia não devolva o que recebeu do Fundo Europeu de Estabilização Financeira. Mas participou no empréstimo direto concedido à Grécia em 2010 e aí, sim, pode haver perdas. Portugal contribuiu com mais de mil milhões de euros para esse empréstimo, mais do que os 750 milhões de euros de receita esperada este ano com a sobretaxa do IRS.

Portugal emprestou quase 555 milhões de euros à Grécia em 2011 e 548 milhões no ano anterior, em 2010. Ou seja, a Grécia deve a Portugal cerca de 1.100 milhões de euros, algo como 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) anual português, só por via dos empréstimos bilaterais que foram concedidos à Grécia em 2010 e ao abrigo dos quais foram entregues à Grécia 53 mil milhões de euros do total de 80 mil milhões inicialmente previstos – é que em 2012, com o segundo resgate à Grécia, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) passou a ser a entidade encarregada de gerir os empréstimos europeus à Grécia. Se a Grécia faltar com o pagamento dos empréstimos bilaterais, ou se alterar os seus termos de alguma forma, isso resultará numa perda para o Estado português que se traduzirá num aumento não recorrente do défice, ainda que não afete a dívida pública (bruta) aos olhos de Maastricht.

Por ser um país que também viria a beneficiar de um empréstimo por este fundo, Portugal (e também a Irlanda) não está entre os países que prestam a garantia para as incursões do FEEF nos mercados, quando este fundo, entretanto substituído pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), emitia dívida para financiar os países sob programa de assistência financeira. Enquanto o Estado português for devedor do FEEF, algo que deverá continuar a suceder nas próximas décadas, estará isento de perdas caso o FEEF não receba a totalidade do pagamento pelos capitais que, depois de ter obtido junto dos investidores através de leilões de dívida, entregou à Grécia no âmbito do segundo programa de resgate a Atenas.

Enquanto o Estado português for devedor do FEEF, algo que deverá continuar a ser nas próximas décadas, estará isento de perdas caso o FEEF não receba a totalidade do pagamento pelos capitais que, depois de os ter emitido em mercado, os entregou à Grécia no âmbito do segundo programa de resgate a Atenas.

Portugal e Irlanda. A vitória do Syriza causou reações diferentes nos dois países que, além da Grécia, receberam assistência externa no auge da crise. Em Lisboa, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu que aquilo que está no programa do Syriza “é um conto de crianças, não existe” e terá dificuldades em conciliar-se com as regras europeias. Já o ministro das Finanças irlandês, Michael Noonan, passou outra mensagem: “Não tenho dúvidas de que existe boa vontade em relação ao povo grego e pode haver disponibilidade entre os colegas [do Eurogrupo] para se ser prestável“. Uma mega-conferência europeia sobre a dívida? “Penso que não é necessário, para já”, afirmou Michael Noonan, preferindo o modelo que tem sido seguido até agora e que passa pelo debate entre os ministros do Eurogrupo e no Conselho Europeu.

O ministro das Finanças da Irlanda esclareceu, contudo, citado pelo Irish Times, que “a questão em relação à Grécia não é a anulação de dívidas, mas sim a sustentabilidade da dívida. Pelo que o que está em jogo é a taxa de juro e as maturidades“, explicou o responsável. Noonan indicou, assim, que irá defender uma extensão das maturidades e uma redução dos juros cobrados à Grécia tendo em conta “a apreciação geral de que há muitas pessoas na Grécia a passar tempos difíceis”. E deixou um alerta, para consumo interno: os gregos deixam de receber subsídio de desemprego ao fim de 12 meses e tanto o salário mínimo como o subsídio de desemprego são metade daquilo que vigora na Irlanda.

Mas que potencial existe, então, para baixar os juros ou alargar os prazos dos empréstimos à Grécia? Os empréstimos ao Estado grego estão sujeitos a uma taxa de um ponto base acima do custo de financiamento do FEEF, que neste momento é de 0,2% por ano, segundo cálculos do think tank Bruegel. Ou seja, a esse custo de financiamento do fundo europeu acrescenta-se uma centésima de ponto percentual. O mesmo think tank recorda que a maturidade média dos empréstimos é superior a 30 anos, com um período de graça de 10 anos, um período em que, efetivamente, o FEEF estará a suportar um custo real para financiar a Grécia. Já nos empréstimos bilaterais, é cobrada uma taxa de 50 pontos base (ou seja, meio ponto percentual) acima da taxa Euribor, que está em mínimos históricos na casa dos 0,5%. Estes empréstimos têm reembolso agendado para começar em 2020 e durar até 2041.

Ainda assim, o Bruegel diz que “apesar de os empréstimos da zona euro à Grécia já terem maturidades extremamente alargadas, é possível aumentá-las ainda mais”, e pode sempre abolir-se esse custo de 50 pontos base acima da Euribor. Algo que, diz o think tank sedeado em Bruxelas, poderá ser uma solução viável e que permitirá duas coisas, em simultâneo: que Alexis Tsipras reivindique uma vitória perante o eleitorado que fez dele primeiro-ministro da Grécia e, por outro lado, que a decisão seja politicamente aceitável pelos cidadãos dos países credores. Quanto é que a Grécia podia poupar com essa eliminação do prémio de 50 pontos base nos empréstimos bilaterais e com uma extensão de mais 10 anos nos prazos deste financiamento e também do FEEF? Cerca de 31,7 mil milhões de euros ao longo de toda a vida do empréstimo, calcula o Bruegel.

"Os empréstimos da zona euro à Grécia já têm maturidades extremamente alargadas, mas é possível aumentá-las ainda mais. Sendo certo que 30 ou 40 anos não faz muita diferença"
Think Tank Bruegel, sedeado em Bruxelas

A Grécia tem mais de 80% da dívida pública nas mãos dos parceiros europeus e de instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE). A dívida pública está em 177% do PIB e Atenas entrou em 2015 a saber que tinha de pagar 22,3 mil milhões de euros em reembolsos e juros de dívida este ano – o que é mais do que o custo estimado para 2015 com o pagamento de salários na função pública grega, segundo dados do Fundo Monetário Internacional. Cerca de um terço destes encargos com a dívida pública refere-se ao reembolso de dívida que está nas mãos do Banco Central Europeu (BCE), que no final de 2013 estava na posse de mais de 25 mil milhões de euros em dívida grega comprada ao abrigo do programa de aquisição de dívida lançado em 2010 por Jean-Claude Trichet, o Securities Market Programme.

São cerca de oito mil milhões de euros que a Grécia terá de reembolsar ao BCE em julho e em agosto, o que abrirá espaço a que o banco central possa comprar dívida pública grega ao abrigo do programa recém-lançado de expansão monetária. Horas depois de terminada a contagem de votos na Grécia, um membro do Conselho Executivo do BCE, Benoît Coeuré, anulou quaisquer possíveis sugestões de que o BCE estaria disposto a participar num perdão da dívida à Grécia: é “impossível“. “É absolutamente claro que não podemos concordar com qualquer redução da dívida que inclua os títulos detidos pelo BCE. Tal é impossível por razões legais”, advertiu Benoît Coeuré, em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt. O mandato do BCE interdita-o de financiar os Estados europeus, pelo que dar-se-ia esse caso na eventualidade de tal operação.

Além dos cerca de 25 mil milhões de euros que o BCE tem em dívida pública grega (um valor relativo a final de 2013), a Grécia deve 28 mil milhões ao FMI. E também de Washington não tardou o esclarecimento, sublinhando que não pode ser dado à Grécia “tratamento especial”. Mais austeridade, portanto, para a Grécia? “Não é uma questão de medidas de austeridade, mas sim de reformas profundas que continuam por fazer“, respondeu Christine Lagarde, diretora-geral do FMI, em entrevista ao francês Le Monde, numa alusão à luta contra a evasão fiscal e a melhoria da eficácia do sistema judicial.


"Não é uma questão de medidas de austeridade, mas sim de reformas profundas que continuam por fazer", afirmou Christine Lagarde, diretora-geral do FMI.
Chip Somodevilla

Uma outra parte da dívida grega diz respeito a obrigações do Tesouro (cerca de 46 mil milhões de euros) que estão na carteira dos bancos gregos e, em menor medida, nos portefólios dos bancos e gestoras internacionais que participaram nas emissões de dívida que a Grécia conseguiu fazer em 2014 ou que compraram no mercado a aproveitar a melhoria dos preços (e descida dos juros implícitos) registada ao longo do ano passado. A dívida grega era, até outubro do ano passado, um dos ativos com melhor desempenho em 2014 nos mercados financeiros.


A principal fatia da dívida grega está, contudo, ligada ao FEEF e aos empréstimos bilaterais: cerca de 187 mil milhões de euros. E será sobre este valor que o governo de Alexis Tsipras quer discutir com os parceiros europeus um eventual alívio. Não só Alexis Tsipras mas o seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, cujo perfil o Observador traçou aqui. Yanis Varoufakis que, em entrevista ao Jornal de Negócios em junho de 2013, dizia que a dívida grega continuava insustentável, mesmo após a reestruturação promovida em 2012. E deixava algo muito claro: “Quando houver um novo perdão, terá necessariamente de incidir sobre a dívida oficial, a dívida aos contribuintes europeus. Não valerá a pena envolver os privados, não fará grande diferença pelo montante baixo que aí resta”.
http://observador.pt/especiais/se-grecia-nao-pagar-divida-nao-paga-quem/

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Re:Investir na Grécia
« Responder #199 em: 2015-01-27 10:42:49 »
O que é de realçar nesse texto, Automek, é que eles não querem renegociar a dívida dos privados, aquela que está maioritariamente nas mãos da banca grega, que corresponde a cerca de 20% do total. Dizem que não vale a pena chatearem-se com os privados por um montante relativamente pequeno. Querem essencialmente espremer o FEEF.

A banca grega ontem afundou mais de 10% e se calhar foi exagerado, deveu-se essencialmente a receios que as negociações com a Europa, por causa da fatia dos 187 mil milhões de euros que está no FEEF,  descambe e o BCE feche a torneira aos bancos gregos. Isto seria o cenário mais catastrófico, mas no caso de se chegar a algum compromisso, que penso ter probabilidade não despicienda, o BCE até pode vir a comprar dívida detida pela banca grega, o que penso não estar previsto no actual QE.
« Última modificação: 2015-01-27 11:01:01 por Visitante »