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No caso dos conflitos que surgem por esse país fora causados por "grupos de pessoas", eu tento não pensar que foram ciganos, tu assumes essa conclusão como totalmente natural e obvia de se expressar.
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A não ser que o polícia tenha uma suástica tatuada na testa (e mesmo nesse caso acredito que alguém viesse dizer que podia não ser racismo) ou o polícia, no seu relatório, escreva: "Agredi esta pessoa X porque ela é negra / cigana / asiática / magrebina", ou avaliam-se as situações com base no que a história nos ensinou, em estatísticas, etc, tentando contrariar uma desigualdade que ainda existe à mão da lei.
O problema aí é do politicamente correto que não permite informar.
Relativamente ao polícia, é óbvio que o teu raciocínio não tem lógica. Claro que um polícia com uma suástica poderá agredir um negro por racismo, mas também poderá agredir sem ser por racismo. Terias que ter a certeza que um polícia com suástica jamais agrediria um branco. Num caso desses, a única coisa que tens é uma maior probabilidade, nunca uma prova.
Esse raciocínio é que não faz sentido. O racismo não é uma motivação singular, mas sim constante. Coloca o agressor mais predisposto para agredir, não é propriamente um racional como o que é aplicado, por exemplo, aos neo-nazis que têm que agredir algum membro de alguma minoria para serem aceites no gangue. Eu distingo polícias racistas de neo-nazis. O que está em causa, é que um polícia racista estará mais predisposto a agredir quando o problema com que lida é com um negro do que quando é com um branco. O que não quer dizer que agrida sempre negros, ou que nunca agrida brancos. E o que se quer combater é essa predisposição desigual.
O termo politicamente correcto já me começa a lembrar as críticas que faço aos meus amigos de esquerda por usarem e abusarem do termo fascista. São sacos tão grandes que cabe lá tudo, e acabam por perder o nexo e o verdadeiro sentido do termo. Politicamente correcto é não dizer as verdades para não parecer mal, não é defender os direitos humanos, nem defender um tratamento igual por parte da polícia a todos os cidadãos, sejam estes de que raça, etnia, religião, orientação sexual, forem. Politicamente correcto não é eu rejeitar condenar, por exemplo, uma etnia inteira como a cigana, mesmo reconhecendo que há um problema com muitas dessas comunidades e que deve ser resolvida (apesar de sinceramente não saber como). Seria politicamente correcto se eu dissesse que não há problema nenhum. Eu sei que há, rejeito é abordar o problema com discursos racistas.
Só poderemos saber se há problemas de criminalidade com uma "comunidade" se soubermos. Atualmente temos que adivinhar pois não somos informados.
Acredito que muitos polícias racistas estarão mais predispostos a agredir um negro. Mas não todos. Tens que julgar o acto individual:
-alguns polícias racistas nunca agridem ninguém;
-alguns polícias racistas agridem negros e brancos. Portanto, perante uma agressão em concreto não podes dizer que foi racista;
-alguns até se poderão esforçar por tratar todos igualmente. Pode ser difícil aceitares isso, mas muitas pessoas esforçam-se por ser justas e, na sua profissão, tentam ser isentas.
Eu sou absolutamente contra a imigração de africanos para Portugal, mas profissionalmente trato-os bem. Muitos professores e outros profissionais até acabam por ser mais tolerantes com as minorias, com medo de os prejudicar. Os seguranças costumam ser muito mais condescendentes com os ciganos (provavelmente por receio).
Resumindo: perante o acto individual, tens que provar que a motivaçáo foi racista. Não basta o polícia ser racista ou anti-imigração.
Diferente é olhares no global. Podes ter estatísticas que mostrem que a polícia em geral discrimina os negros. Claro que tens tb que ter em conta o contexto. Se cometem mais crimes ou se vivem mais em zonas de maior criminalidade, é natural que sejam mais irterpelados pela polícia.
Nos EUA, alguns estudos sugerem que os negros tendem a ser desproporcionadamente parados pela polícia, mas não parecem ser desproporcionadamente mortos pela polícia (vs brancos).
Os negros são 12% da população nos EUA e 33% dos presos (porque cometem mais crimes e, em parte, porque a justiça é mais dura com eles).
Os brancos representam 30% dos presos.
Os hispânicos são 23% dos presos.
No entanto, temos quase o dobro de brancos mortos pela polícia vs negros. Relativamente aos crimes que cometem, os negros até acabam por ser menos vezes mortos pela polícia (provavelmente porque a polícia tb mata não criminosos).