O thorn é habil em dizer meias verdades.
Só diz é a parte que lhe interessa escondendo deliberadamente a parte da verdade que lhe desagrada .
Deliberadamente pois, porque custa-me muito a acreditar que seja por desconhecimento.
Se assim fosse seria um desprestígio brutal para a instituição a que preside.
Vamos lá então ao que interessa:
Ele insiste e até deu exemplos comparativos da compra de quantidades iguais de CFDs e de acções onde a opção pelos CFDs resulta num custo de compra inferior, e eu até concordo com ele, basta que a comissão de corretagem das acções seja superior à dos CFDs (o dito spread).
Se consultarmos os preçários das varias corretoras temos muitos casos onde tal é verdade.
Estamos de acordo.
Falta no entanto dizer o resto:
1- Todo o montante necessário para comprar a posição em CFDs provem sempre dum empréstimo automático do MM ( Saxo) e não dos fundos que o cliente tem na sua conta . Isto implica que o cliente vai ter de pagar juros diarios com base numa taxa anual de (indexante + 3%) sobre o valor total da posição, enquanto esta estiver aberta. Ou seja, para alem da comissão inicial de compra acresce agora um custo acumulado diariamente que será tanto maior quanto mais tempo eu tiver os CFDs em carteira. Se inicialmente até foi mais barato comprar os CFDs do que as acções, essa ligeira poupança perdeu-se rapidamente em juros ao fim de meia dúzia de dias. Este custo não existiria se tivesse comprado directamente as acções.
2- Por outro lado, como os CFDs são comprados com crédito do MM, o gestor pode comprar numa assentada CFDs em valor igual a 6,7 ou 10 vezes o saldo da carteira do cliente o que não seria possível caso comprasse directamente as acções ( aqui estaria limitado aos fundos do cliente, e muito menos a DIF está autorizada a conceder uma linha de crédito adicional) . È deste efeito de alavancagem que tanto o Pedro Lino como o Ulisses Pereira tiravam partido nas carteiras que geriam, para catapultar o volume de negócios. Mais volume de negócio significa proporcionalmente mais comissões!!!
Diria que neste particular o Thorn disse apenas 20% da verdade e omitiu convenientemente os restantes 80%.
Mas para não ficarmos apenas pela teoria, vamos a casos concretos
Quem tiver os dados da conta do NouGud veja por exemplo o Volume de negocio gerado só no mês de Agosto de 2008.
A carteira dele tinha um valor médio à volta dos 50.000€ mas só nesse mês o total de compras e vendas de CFDs atingiu cerca de 3.500.000€
Para se atingir este volume de negócio não foi preciso fazer um nº astronómico de trades.
Não foi sequer preciso fazer daytrade nem coisa que se parecesse, bastou tirar partido do efeito de alavancagem em cada compra de CFDs ( o efeito do crédito )
No meu caso concreto ainda foi mais grave.
Para um saldo da carteira idêntico ao do Nougud, ao fim de meio ano de gestão a carteira já tinha gerado um volume de negócios à volta de 29.000.000€.
Sim!Viram bem.
São 29.000.000€. !!!!
Como o PedroLino negociava praticamente só CFDs de cotadas europeias, o spread ( comissão) aplicado era sempre 0,15%.
Daqui resulta :
29.000.000 € x 0,15% = 43.500€ de comissões de transacção de CFDs.
Como já aqui referi várias vezes, este valor foi repartido entre o Saxo e a Dif Broker.
Diga-se também que, no caso do SaxoBank, pelo facto da cotação do CFD usar o método de alargamento do spread da cotação do subjacente, estes montantes de comissões não aparecem descriminados em nenhum histórico/extracto da conta e portanto o cliente nem se apercebe da existência deste custo para a sua carteira.
Por ex. no caso da IGMarkets, os CFDs são cotados ao mesmo preço do subjacente e em vez de alargamento do spread é cobrada uma comissão à parte no momento da compra e da venda permitindo ao cliente uma forma fácil de controlar estes custo de negociação.
Continuando, acresce ainda a isto tudo, os juros de financiamento cobrados ao longo daquele período.
Tendo em conta que a carteira só trabalhava com posições longas e na altura as taxas directoras do BCE estavam praticamente em máximos, o juro cobrado pelo Saxo era:
Indexante + 3% = valores entre 6 e 7%
O que deu nesse mesmo período um montante em juros de 16.000€ ( este valor esta discriminado nos extractos de conta)
O custo total de trading nesse período de 6 meses foi assim de:
43.500€ + 16.000€ = 59.500€
De forma inacreditável, em apenas 6 meses já tinha saído da carteira em comissões e juros mais do que o valor entregue em gestão.
Digo no entanto, que apesar de tudo e por incrível que pareça, ao fim desse período a carteira apresentava algumas mais valias.
Vejamos agora as comissões de gestão, as tais que aparecem nos contratos assinados com a DIF, e que o cliente supõe ser o verdadeiro custo que a sua carteira vai suportar pelo serviço de gestão.
Se a conta tivesse sido encerrada no final do período referido ,teria de pagar o seguinte :
Comissão fixa : 1% anual sobre o saldo médio. Para 6 meses de gestão daria algo à volta de 300€
Sucess fee: 20% sobre as mais valias, daria algo à volta de 2000€
Comparem a desproporção entre as comissões de trading e as comissões de gestão !!
Assombroso não é ?
Proporcionalmente, as comissões de gestão não passam de migalhas.
Pergunto então:
Será que ao fim disto ainda acreditam que a base da remuneração da Corretora/Gestores pelo serviço prestado resulta das comissões de gestão indicadas no contrato?
Como o Success Fee não se aplica quando as carteiras perdem dinheiro, em resposta à pergunta diria que nesse caso os gestores já teriam morrido à fome!
Enfim!
Sem corantes nem conservantes.
Sem manipulações, omissões, subterfúgios ou especulações.
Apenas a verdade completa dita pela frieza dos números.
Como se costuma dizer, contra factos não há argumentos.
Para os mais cépticos e incrédulos, parece-me que ficou agora bem claro o que motivou a opção em gerir as carteiras aqui em causa recorrendo aos CFD´s .
De facto, ao explorar ao máximo o efeito de alavancagem que este derivado oferece, a corretora/gestor teve uma forma simples de gerar volumes de negócio colossais. Ou mais simplesmente comissões.
Deixo apenas algumas questões no ar:
Sendo as comissões de corretagem a fonte primordial de receita duma corretora, não vêem nas práticas aqui descritas um brutal conflito de interesses entre a corretora e os seus clientes?
Não se trata tudo isto de uma violação grosseira do contrato de gestão?
Onde é que vêem nisto transparência , honestidade ou basicamente aquilo que normalmente se designa por boas práticas?
Usando um eufemismo, resumo dizendo que em tudo isto apenas vejo interessantes passos de mágica disfarçados de legalidade que fazem desaparecer o dinheiro dos clientes , alimentando a ganância voraz de gente sem escrúpulos e tudo isto sem que os clientes sequer sonhem que tal esta a acontecer.
Para desagrado e incómodo de alguns aqui no Forum, propus-me , ao longo dos vários post que aqui publiquei, fazer o equivalente ao papel do conhecido Mágico da Máscara.
Decidi mostrar como é feito o truque !
Simples não é ?
Como todos os grandes truques quando são revelados!
Quanto à mascara e para ser fiel ao original faço questão de não a retirar.
Afinal o importante é a mensagem e não o mensageiro.