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Autor Tópico: Redistribuição de rendimento  (Lida 81122 vezes)

Automek

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #240 em: 2016-10-17 13:47:18 »
Isto do povoamento do interior é quase tão antigo como o próprio pais.

Basta recordar que existiam os coutos de homiziados, que obrigavam ao cumprimento de penas judiciais no interior como forma de fixação de população no interior. A verdade é que o interior sempre foi preterido ao litoral e se essa é a vontade individual e livre das pessoas, não há razão para a impedir.

I. I. Kaspov

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #241 em: 2016-10-17 15:33:44 »
E, no entanto, no litoral sempre houve o problema dos ataques dos piratas...  ;D
Gloria in excelsis Deo; Jai guru dev; There's more than meets the eye; I don't know where but she sends me there; Let's Make Rome Great Again!

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #242 em: 2016-10-17 15:44:03 »
O Apartheid é um exemplo como o controlo de fluxos migratórios não é solução.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #243 em: 2016-10-17 17:25:07 »
Parecem-me reações traumáticas ao ordenamento territorial, como se tratasse deslocações de populações em massa a fugir da guerra!

E não é nada disso, o que se busca atingir
com o ordenamento territorial.

Sim, coisas tão saudáveis como
plantar carvalhos entre outras
espécies florestais...!

Assim, antes de as pessoas,
- que julgam desejar migrar
para as cidades - onde acabam
por infernalizar a sua vida-,

convém que tenham alguma hipótese
de trabalhar e viver na sua terra,
no Porto, por exemplo, em vez
de ter de vir prá política em Lisboa!

Automek

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #244 em: 2016-10-17 18:46:27 »
O que é que sugeres para que as pessoas "tenham alguma hipótese de trabalhar e viver na sua terra" ?
Quotas obrigatórias de instalação de empresas no interior, decididas por um burocrata ?

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #245 em: 2016-10-17 19:20:22 »
O que é que sugeres para que as pessoas "tenham alguma hipótese de trabalhar e viver na sua terra" ?  Quotas obrigatórias de instalação de empresas no interior, decididas por um burocrata ?

Nada disso! Algo mais subtil.

P.e., lei de arrendamento urbano
na cidade, diferente do de Lisboa,
como forma de a capital ser preterida.

Área metropolitana com mais poderes,
de modo a nela habitarem melhores
cabeças do que na capital.

Coisas deste género; competição,
atracção dos melhores, de modo
a dispersa-los saudável
e reprodutivamente
pelo território
nacional.

Europeu

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #246 em: 2016-10-17 19:36:29 »
A redistribuição de rendimentos em Portugal é a população pobre do norte (quer interior quer litoral) pagar impostos para que os funcionarios publicos de lisboa ganhem cada vez mais e seja cada vez mais ricos.
é o socialismo.
Há dois grupos de eleitores socialistas, um grupo é o dos funcionarios publicos, o outro grupo é o dos retardados.

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #247 em: 2016-10-17 19:38:51 »
O que está mal deve contrariar-se.

Mas a capital é Lisboa,
não Madrid, nem
Bruxellas

I. I. Kaspov

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #248 em: 2016-10-18 14:51:09 »
Então talvez a capital devesse ser transferida para algum (ou outro) desses locais...  ;D
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vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #249 em: 2016-10-18 14:54:39 »
Prefiro Lisboa, reformada!

Com menos impostos.

Ou com os que tem
e melhor sector
público!
« Última modificação: 2016-10-18 15:03:27 por vbm »

jeab

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #250 em: 2016-10-21 10:26:10 »
A realidade é esta o resto é conversa da treta
O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

Toda a vida política portuguesa pós 25 de Abril/74 está monopolizada pelos partidos políticos, liderados por carreiristas ambiciosos, medíocres e de integridade duvidosa.
Daí provém a mediocridade nacional!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!

I. I. Kaspov

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #251 em: 2016-10-21 14:48:05 »
São verdadeiramente amigos dos pobres...  ;D
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vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #252 em: 2016-10-25 20:47:05 »
O Kin lembrou-me o significado de:

«EV / EBITDA equals a company's enterprise value divided by earnings before interest, tax, depreciation, and amortization. Enterprise Value to EBITDA, or EV / EBITDA, is a measure of the cost of a stock which is more frequently valid for comparisons across companies than the price to earnings ratio.»

Ao que observei, superficialmente, - «Imaginaria normal algo entre 4 a 8; ou 5 a 10; ou 6 a 12! ...»

---------- // ----------

Fiquei a pensar um pouco nisto. A tentar ver as coisas ‘aritmeticamente’ e ao nível da  macroeconomia de um país... Acho que só tacteei ‘banalidades’! Que, no entanto, são incontornáveis, talvez mais descritivas do que explicativas, mas que teimosamente se centram na questão estricta de economia: a da distribuição do rendimento. 

A produção anual de um país (P), o denominado produto interno bruto, é o resultado da actividade do trabalho aplicado com os conhecimentos e os meios de produção à natureza. Deste modo, a grandeza do produto (P) representa um valor que se pode comparar com o dos meios de produção implicados na sua produção, i.e., o capital activo do país (A): terrenos, edifícios, máquinas, ferramentas, projectos, programas, manuais de execução detrabalho, etc.

Assim sendo, a produção anual represenatrá sempre um certo grau de rotação (p) do capital activo (meios de produção), o qual pode ser menor, igual ou maior que a unidade, 1.

(1)   P = p*A   (com p < = > 1)

Bom de ver que se a capacidade de produção não estiver totalmente utilizada, a produção, P, pode aumentar no curto prazo, sem investimento  adicional  em meios de produção, antes, empregando mais pessoal no trabalho da organização, das máquinas , etc.

A produção é a de bens consumo (C) e meios de produção (I), quer materiais quer intangíveis, e a sua aquisição opera-se pelos meios de pagamento, - moeda -, pagos aos que participam na actividade produtiva quer pelo trabalho quer pela cedência da utilização dos meios de produção (E), de que auferem o respectivo rendimento periódico (Y), composto de salários (W) e sobre-salários , também desigando excedente económico (E)

(2)   p*A  = P = C + I = Y = W + E

O excedente económico, E, é a diferença entre o rendimento total , Y e o  total dos salários pagos à sua produção (W), e distribui-se pelos titulares da propriedade dos meios de produção:  rendas  e alugueres de terrenos, edifícios, máquinas (R), juros de capitais de emprestimo (J), impostos (T) e lucros (L), esta sendo quantía residual de rendimento que sobeje depois de pagos os salários, as rendas, os juros e os impostos.

Temos, então,

(3)   E = Y – W = R + J + T + L

Tacteei encontrar estes agregados no Prodata, e, claro, nada vi que  percebesse... Mas recolhi estes valores em milhares de milhões de euros, € 10^9, no ano 2015:

   P = 179
   I = 15% *P = 27
   W = 100
   T = 18 (impostos s/ os rendimentos)

De que resultaria,

   E = P – W = 179 – 100 = 79
   R + J + L = E – T = 79 – 18 = 61

Não lembro como os impostos indirectos são tratados nos agregados macroeconómicos, possivelmente pela diferença de cômputo do PIB a preços dos factores e a preços de mercado, estes incluindo a tributação indirecta, se as grandezas acima decorrerem de cálculo a preços de factores... não sei. Supondo que sim, os chamados rendimentos de capital, – R + J + L –, atingiriam 61 mil milhões. Já a repartição percentual do  rendimento, Y, por salários, W, e excedente económico, E, será como se segue:

(4)   Y = W + E = 100 + 79 = 179
e
(5)   1 = W/Y + E/Y = w + e = 100/179 + 79/179 = 56% + 44% = 1

A minha esperança era encontrar nos números globais uma noção do valor empírico do rácio EV / EBITDA, nos valores de A/E... mas, claro, não há nenhuma avaliação do activo fixo de um país... Partindo de E = 79, um EV / EBITDA ou A/E de

A/E  4; 5; 6; ...; 10; 11; 12,

teríamos para

A  316; 395; 474; ... ; 790; 869; 948,

o que representaria graus de rotação do activo fixo para o PIB (valor acrescentado bruto do país) de P = 179 mil milhões (em 2015)

P/A = p  .56; .45; .38; ...; .23; .21; .19

De modo que nada sei concluir, nem se colhi os valores adequados dos agregados que aritmetizei... Se alguém puder dar uma achega de qual seja o valor agregado do capital fixo total do país e emendar o que aqui esteja errado, agradeço.

Dizem: a dívida pública do país é de 129 % do PIB, e a privada é tripla da pública. Isso dá um passivo de 516 mil milhões... Bom, se isto não excedesse o nosso activo total, antes o igualasse, o grau de rotação seria de .35, e o A/E ou EV / EBITDA, de 516 / 79 =7...

Nada concluo. Excepto que, devemos muito dinheiro e valemos por certo muito mais do que o que devemos, e sobretudo que só pagaremos o que devemos com o que produzamos e os outros comprem, sem que permitamos desvalorizem o que produzimos e vendemos.
« Última modificação: 2016-10-25 22:34:33 por vbm »

Jsebastião

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #253 em: 2016-10-25 22:38:10 »
A realidade é esta o resto é conversa da treta

Isto só pode ser o partido Marxista/colectivista que está no poder a querer acelerar o processo que leva, naturalmente, à luta de classes e à revolução.  :D :D :D
«Despite the constant negative press covfefe,» - Donald

«Name one thing that can't be negotiated...» - Walter "Heisenberg" White---Breaking Bad

Reg

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #254 em: 2016-10-25 22:42:27 »
quem mais recebe sao CGA 

muitos sao comunistas  tem boas pensoes  ;D


http://www.pordata.pt/Portugal/Pensão+média+anual+da+Segurança+Social+total++de+sobrevivência++de+invalidez+e+de+velhice-706

https://www.publico.pt/economia/noticia/cerca-de-80-dos-pensionistas-recebem-reforma-media-de-364-euros-1624499
« Última modificação: 2016-10-25 22:46:09 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #255 em: 2016-10-26 07:40:50 »
Hoje de manhã, logo ao acordar :), apercebi-me de uma omissão importante nas parcelas do excedente económico, E, na fórmula (3): - esqueci-me da quota de amortização e depreciação (D) que se inclui no valor bruto do excedente bruto, apenas se exclui do excedente e do rendimento líquidos! Assim, (3) tem de corrigir-se para

(3') E = Y - W = R + J + T + D + L

Esta correcção permite uma via para estimar o capital fixo do sistema produtivo, utilizando um valor médio de vida útil dos meios de produção depreciáveis a que deve somar-se os terrenos não amortizáveis, ónus monopolista puro incidente na actividade económica, mas juridicamente garante da segurança e da liberdade relativa dos cidadãos face ao poder soberano, pelo menos num estado de direito - como o instituído no império romano e alargado ou agilizado pelo código napoleónico à facilidade de livre contratação, venda e compra que consagra uma das divisas da revolução do terceiro estado (nobreza, clero, povo): liberdade - igualdade - fraternidade.

Conclusão: o dito - e afirmado - no postado anteriormente está incompleto, requer dados sobre a duração do capital fixo e estimativa da sua vida económica útil.
« Última modificação: 2016-10-26 14:08:24 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #256 em: 2016-10-26 22:56:24 »
Vi algures, - creio referido em estatística de uma prova de exame escrito! :) -, que o volume de amortizações brutas terá sido em 2014, € 55*10^9. Para um idade média de vida, n, do capital fixo postulada em 15 anos, teríamos para o seu valor global, A (sem cálculo de terrenos, não depreciáveis)

(6)   A = n*D = 15*55 = € 825*10^9 (oitocentos e vinte e cinco mil milhões de euros

o que, para um excedente económico bruto, E, de 79 mil milhões, cf. (4), daria

(7)   A/E = EV / EBITDA = 825 / 79 = 10

como rácio médio global em Portugal...
« Última modificação: 2016-10-28 12:17:49 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #257 em: 2016-10-28 17:52:40 »
Ora, é interessante deslocar o sentido da avaliação de cotação de acções no mercado de títulos,  para os respectivos ramos de actividade (neg-ócio) e neles tomar em consideração os graus e tempos de rotação dos activos fixos, assim como as proporções de custos de produção em salários  e encargos não-salariais.

Assim, a capitalização do excedente económico, equivale à proporção do activo fixo em relação ao excedente económico na unidade de tempo (ano)

(9)             EV / EBITDA = A/E

o que significa o número de anos necessário para que o cumulado de excedentes económicos iguale o investimento efectuado em capital fixo.

Para observarmos como tal proporção é afectada pelo volume de produção anual, a grandeza do activo fixo e a repartição dos custos em salários e encargos não-salariais, desdobramos o rácio como segue:

(10)   A/E = A/P * P/E ;

e dado que, cf. (2) p*A  = P, temos

(11)   A/E = A/(p*A) * P/E = 1/p * P/E ;

e como, por (2) P = W+E, vem:

(12)   A/E = 1/p * (1+W/E)


Assim, o rácio EV / EBITDA, o valor da empresa avaliada pelo número de anos de excedente económico médio bruto que a sua actividade gera, equivale ao tempo de rotação do seu capital fixo pela produção anual (1/p = A/P) e é tanto menor quanto maior for, ceteris paribus, o custo salarial em relação ao excedente do valor da produção (P) – obtido pela sua venda, segundo a procura do mercado (E = P-W).

Deste modo, fica evidenciado que o valor de uma empresa decorre das condições técnicas da sua actividade produtiva (ou comercial) – 1/p – do preço dos seus factores de produção – W/E – e da procura do mercado – L = P–W–R–J–T>=<0.
 

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #258 em: 2016-11-28 18:33:25 »
No eixo das abcissas o rendimento. Para uma análise exacta provavelmente seria mais correcto ter a uma função pesada de toda a fortuna com peso maior no ultimo ano de rendimento, mas só serviria para complicar a explicação.
Considerando então o rendimento considere-se que há duas pessoas com rendimentos R1 e R2 correspondentes a utilidades U1 e U2. Com imposto proporcional pontos de rendimento deslocam-se  para R'1 e R'2 e utilidades para U'1 e U'2. Se U1 > U2 e a função for côncava a a variação relativa (U2-U'2)/U2 é maior que a (U1-U'1)/U1.

Vou ter de aritmetizar a concavidade da utilidade decrescente com o rendimento líquido crescente, de molde a que a penosidade da taxa do imposto sobre o rendimento tenda a equiparar-se para os baixos e altos rendimentos, igualização conseguida à base da progressividade do imposto. Hei-de ver as desigualdades que enuncias, que suponho estarem nas situações de rendimento antes e depois dos valores mínimos da curva da utilidade.

Zénith!

Fui hoje desenhar a curva côncava da «dôr do imposto», e da respectiva desigualdade, no caso de imposto proporcional. Usei uma régua de desenhar curvas em papel milimétrico, num eixo cartesiano (R, U) – rendimento (líquido), sua utilidade – e apliquei um imposto de 10% aos dois rendiementos R1 e R2, com R1 < R2.

É certo que o imposto que incida sobre rendimentos baixos subtrai uma utilidade maior do que aquele que, à mesma taxa, incida sobre um rendimento maior porque a utilidade do poder de compra decresce com o aumento do rendimento (líquido). Mas não é preciso que a curva da utilidade utrapasse qualquer mínimo, - de decrescente para crescente -, para que tal se verifique. Mesmo num ramo decrescente isso logo ocorre, numa curva côncava de utilidade.

(Se utilizasse uma parábola simétrica em relação ao eixo  vertical do rendimento com a ordenada de utilidade mínima, um imposto progressivo, para causar ao contribuinte afortunado o mesmo dano  que sofre um pobre teria de ter uma taxa quase confiscatória que o pusesse com um rendimento líquido semelhante ao do pobre!)

Desenhada a curva, apliquei aos dois rendimentos a mesma taxa de imposto e fui ler o resultado no eixo das ordenadas da utilidade. Usei os números seguintes:

T = 10% (imposto):
R’i = rendimento líquido
R1 = 6;  R’1 = 5.4;
R2 = 8;  R’2 = 7.2;


(Leitura dos) valores de U (utilidade de R, antes do imposto)
e U’ (utilidade do R’, i.e., rendimento após imposto),
na curva desenhada:

U1 = 2.9 ; U’1 = 3.4; (U1 – U’1) = - 0.5;
U2 = 1.9; U’2 = 2.1;  (U2 – U’2) = - 0.2;


Cálculo da taxa de penosidade do imposto:

(U1 – U’1)  / U1 = - 0.5 / 2.9 = - 17%
(U2 – U’2) / U2 = - 0.2 / 1.9  = - 10%

Conclusão:

O contribuinte com  o rendimento mais baixo sofre uma perda de utilidade do seu rendimento de 17%, enquanto o  de rendimento mais elevado, se tributado pela mesma taxa de imposto, apenas perde 10% da utilidade do seu rendimento após o  imposto.

Se a «curva da dôr» que desenhei fosse a aplicável, o imposto que o contribuinte 2 deveria pagar para lhe «doer» tanto quanto o imposto  «dói» ao  contribuinte 1, a taxa deveria ser de 30%, mas aqui o cálculo no papel milimétrico é algo impreciso por causa da largura do crayon do meu lápis, lol.

No thread de «Colectivismo e Individualismo», p.40, houve a troca de ideias acima que me interessei continuar a ‘aritmetizar’, linearmente, para tactear toda essa ideia de «dor do imposto» :)), porque, por muito que a dor não seja mensurável nem comparável - Huxley mostra-o – um economista nunca desiste de justificar, levar ao fundo, as suas premissas lógicas. E entre elas, jamais pode deixar de utilizar-se a noção de utilidade de bens, serviços, dinheiro, rendimentos, etc. Como o tema é pertinente para alguma justiça na aplicação da progressividade do imposto com efeitos na redistribuição de rendimento, insiro-o aqui e prossigo n’aritmética.

A elasticidade, e, da utilidade do rendimento à variação deste, equaciona-se como segue:

1)   e = dU/U : dR/R,

sendo dR = R – R’, com R´ designando o rendimento líquido após o imposto T, ou seja:

2)   dR = R – (R-R.T) = R.T,

e,  dU = U – U’ , a variação da utilidade dos bens e serviços adquiríveis com o rendimento bruto e com o rendimento líquido, após imposto.

Deste modo, 1) reescreve-se:

3)   e = dU/U : T

Como vimos, anteriormente, no caso de imposto proporcional de T = 10% aplicado aos dois rendimentos, R1 e R2, de 6 e 8, respectivamente, a curva desenhada de utilidade reportava as grandezas U1 e U2, do rendimento bruto e U’1 e U’2, do líquido, mais os correspondentes diferenças de utilidade, dU1 e dU2, pelas grandezas seguintes:

U1 = 2.9 ; U’1 = 3.4;  dU1  = - 0.5;
U2 = 1.9; U’2 = 2.1;   dU2  = - 0.2;

As elasticidades e, registadas para T = 0.1, são cf. 3), as seguintes:

4)   e1 = -0.5/2.9 : 0.1 = -0.5/2.9*0.1  = - 1.72
5)   e2 = -0.2/1.9 : 0.1 = -0.2/1.9*0.1  = - 1.05

Se quiséssemos igualar a penosidade do imposto dos dois contribuintes, teríamos de elevar o imposto sobre o rendimento R2, abandonando a proporcionalidade e passando à progressividade do impostosobre o rendimento, a saber:

6)   dU1 = dU2 = - 0.5;

o que requer equacionar o imposto T, seguinte:

7)   e2 = -0.5/1.9*T = 1.05; ou, -0.5 = 1.05*1.9*T; ou,

8)   T = -0.5/1.05*1.9 = 0.25 = 25%,

i.e., o imposto deveria subir para 25% para que o esforço de o pagar equivalesse ao de pagar 10% no caso do rendimento menor.

Comparemos os rendimentos bruto e líquido de ambos os contribuintes com o imposto progressivo:

R2 = 8/6 R1 = 1.33*R1
R’1 = 0.9 *R1; ou R1 = 1.11 R’1; de onde:

9)   R’2 = 0.75*R2 = 0.75*1.33*R1 = 0.75*1.33*1.11*R’1 = 1.11*R’1

Ou seja, o leque de rendimentos diminui de R2 / R1 = 1.33 para R’2 / R’1 = 1.11
« Última modificação: 2016-11-28 19:10:19 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #259 em: 2016-11-28 19:08:39 »
Claro que é discutível 'funcionar' com uma curva de 'utilidade' arbitrária, mas poderíamos buscar uma correlação razoável na percepção  da importância de que um salário (W) mínimo se reveste para quem ele seja o seu rendimento total (Y) e graduar o decréscimo dessa utilidade com a grandeza crescente do rendimento Y >> W.

Por exemplo, graduar a utilidade máxima de U para o caso de Y=W; baixá-la de 1 para 0.7, para os rendimentos de 1 a 4 salários; de 0.7 para 0.4, para os rendimentos de 4 a 10 salários; de 0.4 a 0.2, para os rendimentos de 10 a 16 salários; e de 0.2 a 0.05, para os rendimentos de 17 a 20 salários.

Y --> 1 a 4 W; U --> 1 a 0.7 W;

Y --> 4 a 10 W; U --> 0.7 a 0.4 W;   

Y --> 10 a 16 W; U --> 0.4 a 0.2 W;

Y --> 16 a 20 W; U --> 0.2 a 0.05 W;

Para rendimentos Y inferiores a W ou superiores a 20 W, excluiriam-se da curva de utilidade por corresponderem a situações pré ou hipercapitalistas, de economia de dom e de afectos e de puras operações de transacções  patrimoniais, que já nada têm a ver com rendimentos de actividade produtiva. A nível macroeconómico a proporção W/Y oscilará porventura entre 0.45 a 0.65, ou outra proporção - se li bem uma referência às contas nacionais do PIB de 2015, teria sido W=€ 79*10^9 para Y=€179*10^9 , ou seja W/Y = 0.44. A nível microeconómico, graduar-se-iam as diferenças de rendimento de 1 a 20 vezes o salário mínimo e a utilidade inversa do rendimento de 1 a 0.05, correspondentemente...