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Autor Tópico: Grécia - Tópico principal  (Lida 1844188 vezes)

vbm

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9080 em: 2015-07-23 23:27:27 »
É bastante insólito.

Fazem um referendo, apelam ao não, ficam contentes com a vitória do não e assinam exactamente o contrário do que o povo os mandatou por referendo.
Dizem que se não assinassem seria pior para o povo (então porque não explicaram durante o referendo ou, melhor ainda, porque raio é que convocaram o referendo ?).
O PM diz que assinou o acordo apesar de não acreditar nele.
Os deputados votam sim nas medidas, apesar de acharem que não ajudam o governo e estarem condenadas a falhar.

Que raio de país...


É sólito.
Enquanto, democrático.

O soberano é o povo.
Consultá-lo, é respeitá-lo.

Firmarem um acordo pífio
para receber '25 tostões'
por mais 3 meses, só
com autorização
do soberano.

Foram correctos no esclarecimento
para o referendo: enquanto a oposição
aterrorizava com a saída do euro,
o governo asseverou que não
estava em causa sair, como
propagandeava a oposição,
e garantiu que o não
reforçaria a posição
negocial do governo.

Confirmado pelo  povo soberano,
regressou à mesa das negociações,
e foi claro no que quis e no que conveio:

  • Sim, reformar o pais;
  • Sim, manter-se no  euro;
  • Sim, obter dinheiro, não
    para 3 meses, mas para 3 anos;
  • Sim, ter a promessa de perdão
    ou alívio  da dívida, o que está
    praticamente garantido.


Quanto a o governo, subsistir enquanto tal
com votos de deputados da oposição,
nada á de mais democrático
e parlamentar do que
isso mesmo.

Assim devia ser por todo o lado.

Se os deputados e os partidos concordam,
votam a favor, e não néscia e mecanicamente
contra, só porque não são eles próprios governo!
governo!

Optarem pelo caminho seguido,
por o acharem um mal menor para o povo,
é, em política, razão suficiente para o fazerem:
-«Ao presente, não lhe vejo  remédio.»-
é sábio realismo político.

------- // -------

Porém, concordo,  o essencial
é mudar de rumo na política europeia.
Com moeda única, permitir mecanismos
defensivos de equilibração de trocas comerciais,
incluindo controlo  de capitais e direitos alfandegários
temporários quer para importar, quer para subvencionar
o que se possa exportar, até equilibrar as balanças de pagamento
de cada país.
« Última modificação: 2015-07-23 23:36:00 por vbm »

tommy

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9081 em: 2015-07-24 08:29:07 »
Citar
The troika is back.
Six months after former Finance Minister Yanis Varoufakis gave them the boot, Greece’s three main official creditors are sending representatives back to Athens starting Friday. Their arrival draws a line under the antagonism the Syriza government displayed in the afterglow of its election victory as Prime Minister Alexis Tsipras accepts the pain required to save his country from economic calamity.
After tapping a 7 billion-euro ($7.7 billion) bridge loan to avoid defaulting on the European Central Bank this month, Tsipras is racing to complete negotiations on a third bailout in five years before about 3.2 billion euros more comes due to the ECB on Aug. 20.
“We’re looking ahead to extraordinarily difficult negotiations,” said Ralph Brinkhaus, deputy parliamentary leader of German Chancellor Angela Merkel’s Christian Democratic-led bloc. “Further aid is therefore not automatic.”
To release the funds, Tsipras needs to get past the troika.
Under Greece’s first two rescue programs, the demands of the International Monetary Fund, the European Commission and ECB encapsulated the nation’s humiliation and became a focal point for people’s rage. The word troika -- derived from the Russian for a group of three -- became so loaded that the bailout enforcers were re-baptized “the institutions” in a nod to Greek sensitivities.
Draghi’s Joke
When Varoufakis abandoned a finance ministers’ meeting in Brussels on June 27 after he was blindsided by Tsipras’s decision to call a referendum, ECB President Mario Draghi cut the tension by joking that at least they’d be able to refer to the troika again, according to a European official who asked not to be named talking about private discussions.

The troika’s presence in the Greek capital has often been met with throngs of angry protesters lamenting years of austerity that saw the economy contract by a quarter and unemployment soar to the highest in the European Union.
A man was arrested in 2013 for throwing coins at then IMF mission chief, Poul Thomsen, as he arrived at the Greek finance ministry. Now European department chief at the fund, Thomsen requires 24-hour bodyguard protection whenever he visits Athens, on the recommendation of police.
The European team works out of a bullet-proof office with double security doors outside the center of Athens where there are no EU flags or insignia to attract attention. The former head of the commission’s team in Athens was guarded by an armed, plain-clothes policeman.
Last year, a bomb exploded outside the IMF offices.
‘That Committee’
Much has changed since Jan. 31, when Varoufakis severed relations with the troika, declaring “we don’t plan to cooperate with that committee.” For starters, Varoufakis himself has gone, replaced with the less caustic Euclid Tsakalotos when the threat of being forced out of the euro forced Tsipras to shift course radically.
With his party divided and the financial system still hobbled, Tsipras is limping along the path to aid. Banks reopened this week, though limits on withdrawals are only being eased gradually and officials said they will extend the shutdown of the stock and bond markets into a fifth week.
“Once the possibility of Greece leaving the euro, or Grexit, is openly discussed, it will be difficult for it to remain in the group,” said Peter Rosenstreich, head of market strategy at Swissquote Bank SA near Geneva. “With that amount of debt, Greece needs growth, but long-term investors wouldn’t want to invest in Greece because of the uncertainty.”
This week the premier won lawmakers’ endorsement for the measures the euro area demanded as a prerequisite for starting formal bailout.
Trickling In
The first representatives of Greece’s lenders begin to trickle into Athens Friday to hash out a memorandum that will govern the three-year aid program. The IMF hasn’t decided when its team will arrive, spokesman Gerry Rice told reporters on Thursday.
The Washington-based lender of last resort typically sends a team of economists, led by a mission chief, to assess a borrowing country’s economic health and negotiate reforms. After Syriza took power in January, the government restricted access for IMF officials to the country’s ministers, arguing that a deal should be negotiated at the political level. The move created friction between fund staff and Greek officials.
Under previous governments, IMF officials had broad access to Greek ministers and officials in the nation’s finance ministry, a freedom of movement that created friction between Greek and overseas staffers and lent the impression to the public that the outsiders had the upper hand.
Under the July 12 summit deal that kept Greece in the euro and laid the foundations for the negotiations, the creditors insisted that Tsipras return to the old way of doing business, even as they allowed him to keep the diplomatic fig-leaf of their new name.
For more, read this QuickTake: Greece's Fiscal Odyssey
Greece will “fully normalize working methods with the Institutions, including the necessary work on the ground in Athens, to improve program implementation and monitoring,” according to the summit agreement Tsipras signed up to.

Bem sei que o menino esperto do recreio não gosta da troika, mas 'she's back'. E com mais força que nunca!!  ;D ;D

pedferre

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9082 em: 2015-07-24 09:34:39 »
Bem parece que vem ai o calote grego 2.0, e parece que desta vez portugal também vai ficar a arder com o emprestimo bilateral. :)

erá necessidade de um compromisso específico concreto” por parte dos credores oficiais europeus em relação a um alívio da dívida helénica para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) se envolva no terceiro resgate à Grécia, frisou esta quinta-feira Gerry Rice, porta-voz da organização chefiada por Christine Lagarde.

Rice afirmou, ainda, que o FMI se opôs à proposta surgida a 12 e 13 de julho no Eurogrupo (órgão informal de reunião dos ministros das Finanças da moeda única) de saída temporária da Grécia do euro, que havia sido posta a circular pela delegação alemã.

Em suma, o FMI só se envolverá no novo resgate a Atenas, decidido pela recente cimeira do euro, se e quando o governo grego o solicitar e o envolvimento do Fundo só se concretizará se os credores oficiais europeus se comprometerem com uma mexida na dívida helénica que somava mais de 300 mil milhões de euros no final do primeiro trimestre de 2015. É a mais elevada na União Europeia em termos de rácio em relação ao PIB, situando-se em 168,8%, segundo dados divulgados esta semana pelo Eurostat.

Deste modo, o FMI não participa nas reuniões que os credores oficiais europeus iniciam esta sexta-feira em Atenas depois do Parlamento helénico ter aprovado dois pacotes legislativos sobre ações prioritárias exigidas pelo acordo firmado na cimeira do euro. As reuniões técnicas agora iniciadas envolvem a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).

Este processo técnico visa a negociação de um pacote de resgate europeu através de um empréstimo do MEE a três anos cujo montante poderá atingir 50 mil milhões de euros, segundo Klaus Regling, o responsável pelos fundos de resgate europeus. Não envolve, ainda, a participação do FMI, nem financeira nem técnica. O envolvimento do FMI na Grécia, ao abrigo do segundo resgate de 2012, só termina formalmente em março de 2016, apesar de estar suspenso desde que o Eurogrupo não autorizou novo prolongamento para além de 30 de junho.

DUAS “PERNAS”
Gerry Rice sublinhou na conferência de imprensa realizada na sede do Fundo em Washington que a política em relação à Grécia está claramente definida. Ela assenta em “duas pernas” – reformas e comprometimento por parte do governo em Atenas e compromisso por um alívio da dívida helénica por parte dos credores oficiais europeus. “Não recomendámos nada específico, mas apontámos várias opções [sobre o tipo de alívio de dívida], e compete aos parceiros europeus decidir”, frisou o diretor do Departamento de Comunicação do FMI.

Esta política de “duas pernas” começou por ser proposta a 14 de junho pelo economista-chefe Olivier Blanchard num artigo no blogue do FMI e foi, depois, publicamente endossada pela diretora-geral e pelo próprio Fundo no relatório preliminar sobre a análise da sustentabilidade da dívida grega aprovado no final de junho. Este relatório seria divulgado a 2 de julho, contra as pressões europeias que só pretendiam a sua publicação depois do referendo que se realizou na Grécia a 5 de julho.

ALÍVIO DE DÍVIDA EQUIVALENTE A 30% DO PIB
Naquele relatório preliminar, o FMI avançava com a necessidade de uma mexida em profundidade na dívida grega detida pelos credores oficiais europeus (empréstimos bilaterais de 13 membros do euro no âmbito do primeiro resgate de 2010 e do Fundo Europeu de Estabilização Financeira ao abrigo do segunda resgate de 2021).A mexida exige, segundo o FMI, dois tipos de operações: uma de mudança do perfil –o que se designa em inglês por reprofiling - dessa dívida com a “duplicação do período de graça [do pagamento dos juros] e das maturidades”, que empurraria o primeiro pagamento de juros para 2035 e a primeira amortização do capital em dívida para 2055; e outra de alívio de divida equivalente a 30% do PIB grego (mais de 50 mil milhões de euros). Quanto a este alívio, o relatório sugere opções: a eliminação total da dívida existente no âmbito dos empréstimos bilaterais (que somam 53,1 mil milhões de euros, e em que Portugal está envolvido com 1100 milhões de euros) ou “outra operação similar”.Numa atualização do relatório preliminar, divulgada a 14 de julho, o FMI aponta para o número de 85 mil milhões de euros em termos de necessidades de financiamento de Atenas até final de 2018. Alerta que o rácio da dívida grega poderá atingir 200% no horizonte dos próximos dois anos. “A Grécia só poderá, agora, tornar-se sustentável através de medidas de alívio [da dívida] que terão de ir muito para além do que a Europa se tem disposto a considerar até agora”, conclui-se no documento.

Tendo em conta as estimativas de um saldo primário orçamental acumulado de 6 mil milhões de euros e de receitas de privatizações de 2,5 mil milhões até final de 2018, as previsões apontam para a necessidade de um empréstimo do MEE na ordem dos 50 mil milhões, de uma devolução de 10,9 mil milhões pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira (que pertenciam ao Fundo Helénico de Recapitalização Bancária e que foram retirados a Atenas em fevereiro), de uma entrega de 7,7 mil milhões em lucros obtidos e a obter com as obrigações gregas por parte do BCE e dos bancos centrais do Eurosistema, complementada por um novo empréstimo do FMI de 16 mil milhões. Este último valor foi o que ficou por entregar a Atenas no âmbito do segundo programa de resgate que só terminava em março de 2016.

Depois dos dois pagamentos em atraso de junho e julho terem sido liquidados com o empréstimo intercalar que o governo grego entretanto recebeu dos credores oficiais europeus, o Tesouro grego tem de pagar ao FMI mais 1,5 mil milhões de euros já em setembro, 451 milhões em outubro e 1,2 mil milhões em dezembro.

D. Antunes

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9083 em: 2015-07-24 10:31:11 »
Mais uma vez o FMI parece esquecer os seus créditos quando clama por alívios. E aí é muito mais fácil aliviar, pois os prazos são actualmente mais curtos e os juros bem mais altos.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

D. Antunes

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9084 em: 2015-07-24 10:31:57 »
E se o povo for estúpido?
por MIGUEL ANGEL BELLOSOHoje

Pablo Iglesias, o secretário-geral do Podemos, que é o homólogo do Syriza em Espanha, iniciou a sua corrida eleitoral declarando o seu apoio ao primeiro-ministro grego. Disse ele: "Os princípios de Alexis são muito claros, mas o mundo e a política têm que ver com correlações de forças... O que o governo grego fez era, infelizmente, a única coisa que podia fazer." Eu sou um cético sobre o acordo alcançado entre a UE e Atenas. Como o difamado Schäuble. O ministro das Finanças alemão. A UE optou por empurrar o problema grego com a barriga, mas este voltará a estar em cima da mesa dentro de pouco tempo e ter-nos-á custado milhares de milhões de euros mais. Porquê?
O próprio Tsipras declarou que também ele não acredita na validade do pacto - uma confissão tremendamente obscena -, que se viu obrigado a assiná-lo por questões táticas, "dada a correlação de forças", para citar as afirmações de Iglesias. Tsipras também esclareceu que está à espera de que "outros como nós cheguem ao poder na Europa", porque isso dará força ao movimento de rutura e antissistema que terá de fazer a revolução no continente. O próprio Iglesias, num dos seus comícios de fim de semana, gritou ao público que o escutava: "Espera Alexis, que nós já vamos!"

Estes dementes estão convencidos de que serão capazes de mudar a ordem natural da política e da economia. Só estão à espera de que os ventos sejam mais favoráveis. Num artigo recente no diário El País, o jornal de maior tiragem em Espanha, Pablo Iglesias escreveu que "as próximas eleições não dão início apenas a uma nova legislatura mas, quem sabe, também a um regime político diferente. O Podemos quer que os protagonistas das mudanças não sejam as elites políticas e económicas, mas sim os cidadãos". Mas, e se os cidadãos forem estúpidos? Por exemplo, na Grécia, Tsipras conseguiu que a incipiente recuperação que a economia indiciava nos finais de 2014 se convertesse numa recessão profunda; declarou um corralito (controlo de capitais) e provocou a escassez de bens essenciais como a massa, o arroz e o leite para crianças. Depois de convocar um referendo para que os seus cidadãos fizessem história e repudiassem o ultimato dos credores em nome da dignidade e da democracia, regressou de Bruxelas com um resgate mais duro. Perante este rosário de calamidades, seria de esperar que a sua reputação se tivesse afundado, mas aconteceu precisamente o contrário: o apoio a Tsipras passou dos 38% de janeiro para os 74% do princípio de julho. Os bancos estiveram encerrados durante três semanas e as pessoas fazem fila à porta dos supermercados, mas a sua popularidade não para de subir. É uma tendência realmente desconcertante. O que podemos pensar sobre isto?
A nossa confiança no sistema maioritário de decisões baseia-se na suposta sabedoria do povo. Não é tanto porque as democracias adotem quase sempre as decisões ótimas, mas porque, além do mais, são mais ágeis do que as tiranias a corrigir os seus erros mudando de dirigentes. Mas isto, que parece certo em termos políticos, não o é sempre em termos económicos. No campo da economia é um facto que, geração após geração, os votantes de muitas democracias escolhem uma e outra vez impor taxas, estabelecer salários mínimos, aumentar a pressão e a progressividade fiscal, aumentar a despesa pública, subsidiar setores estratégicos ou, como vimos recentemente na Grécia, recusar o equilíbrio orçamental ou repudiar a dívida. A evidência empírica demonstra que todas estas mediadas conseguem travar o crescimento e implicam quase sempre uma perda de bem-estar. Porque são então votadas por maiorias entusiastas?
Há muitas teorias científicas que explicam este comportamento insólito. Uma delas, elaborada por Gordon Tullock, afirma que, dada a dificuldade de adquirir conhecimento fiável e a baixa repercussão para cada votante das medidas económicas adotadas pelos seus representantes, é racional não investir em informação e votar de maneira despreocupada e intuitiva. Outros autores como Brennan e Lomasky pensam que, na hora de votar, muitos cidadãos manifestam a sua pertença a um grupo, a sua identidade, os seus princípios ou crenças e que todas essas circunstâncias interferem com a suposta racionalidade económica com que se deposita o boletim de voto. Há outra teoria, ainda mais surpreendente e, para mim, a mais consistente, segundo a qual os erros económicos das maiorias são conscientes. Deliberados. Este último enfoque, o da "irracionalidade racional", postula que muitos votantes adotam decisões equivocadas de propósito, porque a sua satisfação pessoal de votar contra o sistema de mercado é maior do que o cálculo que fazem sobre o agravamento da sua própria situação material como consequência das suas decisões. Bryan Caplan chamou a este impulso demente "a ideologia do sentimento de satisfação" (feel-good ideology). A mim parece-me válida para explicar muitas decisões com consequências económicas catastróficas como a ascensão dos programas neoleninistas, a loucura do "voto para chatear" dos antissistema ou o desvario coletivo do recente referendo grego, após o qual os cidadãos continuam a apoiar quem os enganou e os submete a um ajustamento mais severo do que estava previsto.

Quando Pablo Iglesias assegura que as próximas eleições espanholas deveriam abrir o caminho a um regime político diferente está a sugerir uma ditadura, que é a única alternativa à democracia. Esta ideia pode ser embrulhada como se quiser, como o resultado do voto popular, mas é o que têm na cabeça a classe de dementes com os quais estamos a jogar o futuro em alguns países como o meu. Se as pessoas tivessem algum interesse em conhecer a estratégia destes radicais fariam bem em ler o artigo que Pablo Iglesias escreveu na revista The New Left Review há um mês: "Entender o Podemos". Nele explica sem complexos a sua agenda política: o importante é alcançar o poder. Mas isso exige aproveitar os sentimentos mais primários e mesquinhos das pessoas maltratadas pela crise económica. Obriga a exaltar o ânimo dos desesperados, a apontar o dedo aos corruptos e a enfatizar a suposta desigualdade gerada pela recessão. E implica prometer um futuro presidido pela justiça social. O Podemos não está interessado nos debates de fundo sobre a monarquia ou a república, a reparação dos danos ocasionados pelo franquismo ou o aborto, com os quais a estúpida esquerda convencional está obcecada. Para assaltar o poder, como dizia Lenine, estes itens são meros aperitivos que nos afastam do prato principal: como excitar a inveja das pessoas, gerar a sua ira e instigar a sua vontade de destruir o sistema entregando-se ao Podemos como o meio para alcançar o fim.
Iglesias é um demente perigoso como Tsipras, o qual The Economist declarou ser o "inimigo público número 1" de todos os que acreditam na liberdade. Se tivermos a infelicidade de que chegue ao poder prometendo a justiça social, já sabemos com o que podemos contar: a posta em marcha ao máximo do seu programa em todos aqueles assuntos que agora evita taticamente. Os que conduziriam qualquer país à reedição de uma tirania soviética. Portugal já tem experiência suficiente neste campo para evitar o possível drama.


http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4696772&seccao=Miguel%20Angel%20Belloso&page=-1
« Última modificação: 2015-07-24 10:32:53 por D. Antunes »
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

tommy

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9085 em: 2015-07-24 10:45:48 »
E se o povo for estúpido?
por MIGUEL ANGEL BELLOSOHoje

Pablo Iglesias, o secretário-geral do Podemos, que é o homólogo do Syriza em Espanha, iniciou a sua corrida eleitoral declarando o seu apoio ao primeiro-ministro grego. Disse ele: "Os princípios de Alexis são muito claros, mas o mundo e a política têm que ver com correlações de forças... O que o governo grego fez era, infelizmente, a única coisa que podia fazer." Eu sou um cético sobre o acordo alcançado entre a UE e Atenas. Como o difamado Schäuble. O ministro das Finanças alemão. A UE optou por empurrar o problema grego com a barriga, mas este voltará a estar em cima da mesa dentro de pouco tempo e ter-nos-á custado milhares de milhões de euros mais. Porquê?
O próprio Tsipras declarou que também ele não acredita na validade do pacto - uma confissão tremendamente obscena -, que se viu obrigado a assiná-lo por questões táticas, "dada a correlação de forças", para citar as afirmações de Iglesias. Tsipras também esclareceu que está à espera de que "outros como nós cheguem ao poder na Europa", porque isso dará força ao movimento de rutura e antissistema que terá de fazer a revolução no continente. O próprio Iglesias, num dos seus comícios de fim de semana, gritou ao público que o escutava: "Espera Alexis, que nós já vamos!"

Estes dementes estão convencidos de que serão capazes de mudar a ordem natural da política e da economia. Só estão à espera de que os ventos sejam mais favoráveis. Num artigo recente no diário El País, o jornal de maior tiragem em Espanha, Pablo Iglesias escreveu que "as próximas eleições não dão início apenas a uma nova legislatura mas, quem sabe, também a um regime político diferente. O Podemos quer que os protagonistas das mudanças não sejam as elites políticas e económicas, mas sim os cidadãos". Mas, e se os cidadãos forem estúpidos? Por exemplo, na Grécia, Tsipras conseguiu que a incipiente recuperação que a economia indiciava nos finais de 2014 se convertesse numa recessão profunda; declarou um corralito (controlo de capitais) e provocou a escassez de bens essenciais como a massa, o arroz e o leite para crianças. Depois de convocar um referendo para que os seus cidadãos fizessem história e repudiassem o ultimato dos credores em nome da dignidade e da democracia, regressou de Bruxelas com um resgate mais duro. Perante este rosário de calamidades, seria de esperar que a sua reputação se tivesse afundado, mas aconteceu precisamente o contrário: o apoio a Tsipras passou dos 38% de janeiro para os 74% do princípio de julho. Os bancos estiveram encerrados durante três semanas e as pessoas fazem fila à porta dos supermercados, mas a sua popularidade não para de subir. É uma tendência realmente desconcertante. O que podemos pensar sobre isto?
A nossa confiança no sistema maioritário de decisões baseia-se na suposta sabedoria do povo. Não é tanto porque as democracias adotem quase sempre as decisões ótimas, mas porque, além do mais, são mais ágeis do que as tiranias a corrigir os seus erros mudando de dirigentes. Mas isto, que parece certo em termos políticos, não o é sempre em termos económicos. No campo da economia é um facto que, geração após geração, os votantes de muitas democracias escolhem uma e outra vez impor taxas, estabelecer salários mínimos, aumentar a pressão e a progressividade fiscal, aumentar a despesa pública, subsidiar setores estratégicos ou, como vimos recentemente na Grécia, recusar o equilíbrio orçamental ou repudiar a dívida. A evidência empírica demonstra que todas estas mediadas conseguem travar o crescimento e implicam quase sempre uma perda de bem-estar. Porque são então votadas por maiorias entusiastas?
Há muitas teorias científicas que explicam este comportamento insólito. Uma delas, elaborada por Gordon Tullock, afirma que, dada a dificuldade de adquirir conhecimento fiável e a baixa repercussão para cada votante das medidas económicas adotadas pelos seus representantes, é racional não investir em informação e votar de maneira despreocupada e intuitiva. Outros autores como Brennan e Lomasky pensam que, na hora de votar, muitos cidadãos manifestam a sua pertença a um grupo, a sua identidade, os seus princípios ou crenças e que todas essas circunstâncias interferem com a suposta racionalidade económica com que se deposita o boletim de voto. Há outra teoria, ainda mais surpreendente e, para mim, a mais consistente, segundo a qual os erros económicos das maiorias são conscientes. Deliberados. Este último enfoque, o da "irracionalidade racional", postula que muitos votantes adotam decisões equivocadas de propósito, porque a sua satisfação pessoal de votar contra o sistema de mercado é maior do que o cálculo que fazem sobre o agravamento da sua própria situação material como consequência das suas decisões. Bryan Caplan chamou a este impulso demente "a ideologia do sentimento de satisfação" (feel-good ideology). A mim parece-me válida para explicar muitas decisões com consequências económicas catastróficas como a ascensão dos programas neoleninistas, a loucura do "voto para chatear" dos antissistema ou o desvario coletivo do recente referendo grego, após o qual os cidadãos continuam a apoiar quem os enganou e os submete a um ajustamento mais severo do que estava previsto.

Quando Pablo Iglesias assegura que as próximas eleições espanholas deveriam abrir o caminho a um regime político diferente está a sugerir uma ditadura, que é a única alternativa à democracia. Esta ideia pode ser embrulhada como se quiser, como o resultado do voto popular, mas é o que têm na cabeça a classe de dementes com os quais estamos a jogar o futuro em alguns países como o meu. Se as pessoas tivessem algum interesse em conhecer a estratégia destes radicais fariam bem em ler o artigo que Pablo Iglesias escreveu na revista The New Left Review há um mês: "Entender o Podemos". Nele explica sem complexos a sua agenda política: o importante é alcançar o poder. Mas isso exige aproveitar os sentimentos mais primários e mesquinhos das pessoas maltratadas pela crise económica. Obriga a exaltar o ânimo dos desesperados, a apontar o dedo aos corruptos e a enfatizar a suposta desigualdade gerada pela recessão. E implica prometer um futuro presidido pela justiça social. O Podemos não está interessado nos debates de fundo sobre a monarquia ou a república, a reparação dos danos ocasionados pelo franquismo ou o aborto, com os quais a estúpida esquerda convencional está obcecada. Para assaltar o poder, como dizia Lenine, estes itens são meros aperitivos que nos afastam do prato principal: como excitar a inveja das pessoas, gerar a sua ira e instigar a sua vontade de destruir o sistema entregando-se ao Podemos como o meio para alcançar o fim.
Iglesias é um demente perigoso como Tsipras, o qual The Economist declarou ser o "inimigo público número 1" de todos os que acreditam na liberdade. Se tivermos a infelicidade de que chegue ao poder prometendo a justiça social, já sabemos com o que podemos contar: a posta em marcha ao máximo do seu programa em todos aqueles assuntos que agora evita taticamente. Os que conduziriam qualquer país à reedição de uma tirania soviética. Portugal já tem experiência suficiente neste campo para evitar o possível drama.


http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4696772&seccao=Miguel%20Angel%20Belloso&page=-1


Em cheio! Texto que vai directo ao principal problema que nos trará partidos como o syriza e o podemos: ditadura pura.

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9086 em: 2015-07-24 10:52:37 »
E se o povo for estúpido?
por MIGUEL ANGEL BELLOSOHoje

Pablo Iglesias, o secretário-geral do Podemos, que é o homólogo do Syriza em Espanha, iniciou a sua corrida eleitoral declarando o seu apoio ao primeiro-ministro grego. Disse ele: "Os princípios de Alexis são muito claros, mas o mundo e a política têm que ver com correlações de forças... O que o governo grego fez era, infelizmente, a única coisa que podia fazer." Eu sou um cético sobre o acordo alcançado entre a UE e Atenas. Como o difamado Schäuble. O ministro das Finanças alemão. A UE optou por empurrar o problema grego com a barriga, mas este voltará a estar em cima da mesa dentro de pouco tempo e ter-nos-á custado milhares de milhões de euros mais. Porquê?
O próprio Tsipras declarou que também ele não acredita na validade do pacto - uma confissão tremendamente obscena -, que se viu obrigado a assiná-lo por questões táticas, "dada a correlação de forças", para citar as afirmações de Iglesias. Tsipras também esclareceu que está à espera de que "outros como nós cheguem ao poder na Europa", porque isso dará força ao movimento de rutura e antissistema que terá de fazer a revolução no continente. O próprio Iglesias, num dos seus comícios de fim de semana, gritou ao público que o escutava: "Espera Alexis, que nós já vamos!"

Estes dementes estão convencidos de que serão capazes de mudar a ordem natural da política e da economia. Só estão à espera de que os ventos sejam mais favoráveis. Num artigo recente no diário El País, o jornal de maior tiragem em Espanha, Pablo Iglesias escreveu que "as próximas eleições não dão início apenas a uma nova legislatura mas, quem sabe, também a um regime político diferente. O Podemos quer que os protagonistas das mudanças não sejam as elites políticas e económicas, mas sim os cidadãos". Mas, e se os cidadãos forem estúpidos? Por exemplo, na Grécia, Tsipras conseguiu que a incipiente recuperação que a economia indiciava nos finais de 2014 se convertesse numa recessão profunda; declarou um corralito (controlo de capitais) e provocou a escassez de bens essenciais como a massa, o arroz e o leite para crianças. Depois de convocar um referendo para que os seus cidadãos fizessem história e repudiassem o ultimato dos credores em nome da dignidade e da democracia, regressou de Bruxelas com um resgate mais duro. Perante este rosário de calamidades, seria de esperar que a sua reputação se tivesse afundado, mas aconteceu precisamente o contrário: o apoio a Tsipras passou dos 38% de janeiro para os 74% do princípio de julho. Os bancos estiveram encerrados durante três semanas e as pessoas fazem fila à porta dos supermercados, mas a sua popularidade não para de subir. É uma tendência realmente desconcertante. O que podemos pensar sobre isto?
A nossa confiança no sistema maioritário de decisões baseia-se na suposta sabedoria do povo. Não é tanto porque as democracias adotem quase sempre as decisões ótimas, mas porque, além do mais, são mais ágeis do que as tiranias a corrigir os seus erros mudando de dirigentes. Mas isto, que parece certo em termos políticos, não o é sempre em termos económicos. No campo da economia é um facto que, geração após geração, os votantes de muitas democracias escolhem uma e outra vez impor taxas, estabelecer salários mínimos, aumentar a pressão e a progressividade fiscal, aumentar a despesa pública, subsidiar setores estratégicos ou, como vimos recentemente na Grécia, recusar o equilíbrio orçamental ou repudiar a dívida. A evidência empírica demonstra que todas estas mediadas conseguem travar o crescimento e implicam quase sempre uma perda de bem-estar. Porque são então votadas por maiorias entusiastas?
Há muitas teorias científicas que explicam este comportamento insólito. Uma delas, elaborada por Gordon Tullock, afirma que, dada a dificuldade de adquirir conhecimento fiável e a baixa repercussão para cada votante das medidas económicas adotadas pelos seus representantes, é racional não investir em informação e votar de maneira despreocupada e intuitiva. Outros autores como Brennan e Lomasky pensam que, na hora de votar, muitos cidadãos manifestam a sua pertença a um grupo, a sua identidade, os seus princípios ou crenças e que todas essas circunstâncias interferem com a suposta racionalidade económica com que se deposita o boletim de voto. Há outra teoria, ainda mais surpreendente e, para mim, a mais consistente, segundo a qual os erros económicos das maiorias são conscientes. Deliberados. Este último enfoque, o da "irracionalidade racional", postula que muitos votantes adotam decisões equivocadas de propósito, porque a sua satisfação pessoal de votar contra o sistema de mercado é maior do que o cálculo que fazem sobre o agravamento da sua própria situação material como consequência das suas decisões. Bryan Caplan chamou a este impulso demente "a ideologia do sentimento de satisfação" (feel-good ideology). A mim parece-me válida para explicar muitas decisões com consequências económicas catastróficas como a ascensão dos programas neoleninistas, a loucura do "voto para chatear" dos antissistema ou o desvario coletivo do recente referendo grego, após o qual os cidadãos continuam a apoiar quem os enganou e os submete a um ajustamento mais severo do que estava previsto.

Quando Pablo Iglesias assegura que as próximas eleições espanholas deveriam abrir o caminho a um regime político diferente está a sugerir uma ditadura, que é a única alternativa à democracia. Esta ideia pode ser embrulhada como se quiser, como o resultado do voto popular, mas é o que têm na cabeça a classe de dementes com os quais estamos a jogar o futuro em alguns países como o meu. Se as pessoas tivessem algum interesse em conhecer a estratégia destes radicais fariam bem em ler o artigo que Pablo Iglesias escreveu na revista The New Left Review há um mês: "Entender o Podemos". Nele explica sem complexos a sua agenda política: o importante é alcançar o poder. Mas isso exige aproveitar os sentimentos mais primários e mesquinhos das pessoas maltratadas pela crise económica. Obriga a exaltar o ânimo dos desesperados, a apontar o dedo aos corruptos e a enfatizar a suposta desigualdade gerada pela recessão. E implica prometer um futuro presidido pela justiça social. O Podemos não está interessado nos debates de fundo sobre a monarquia ou a república, a reparação dos danos ocasionados pelo franquismo ou o aborto, com os quais a estúpida esquerda convencional está obcecada. Para assaltar o poder, como dizia Lenine, estes itens são meros aperitivos que nos afastam do prato principal: como excitar a inveja das pessoas, gerar a sua ira e instigar a sua vontade de destruir o sistema entregando-se ao Podemos como o meio para alcançar o fim.
Iglesias é um demente perigoso como Tsipras, o qual The Economist declarou ser o "inimigo público número 1" de todos os que acreditam na liberdade. Se tivermos a infelicidade de que chegue ao poder prometendo a justiça social, já sabemos com o que podemos contar: a posta em marcha ao máximo do seu programa em todos aqueles assuntos que agora evita taticamente. Os que conduziriam qualquer país à reedição de uma tirania soviética. Portugal já tem experiência suficiente neste campo para evitar o possível drama.


http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4696772&seccao=Miguel%20Angel%20Belloso&page=-1


Em cheio! Texto que vai directo ao principal problema que nos trará partidos como o syriza e o podemos: ditadura pura.


Ja eu disse atras , penso que mais do que uma vez , a prioridade deveria ser "educar o povo"  nao deixa lo embrutecido e Acefalo....

Como é que alguem pode tomar decisoes se nao pondera varios factores ou se pondera mal... nao conseguir ver o que esta a frente.. nao é facil , mas alternativa existe sempre.

pedferre

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9087 em: 2015-07-24 10:55:56 »
E se o povo for estúpido?
por MIGUEL ANGEL BELLOSOHoje

Pablo Iglesias, o secretário-geral do Podemos, que é o homólogo do Syriza em Espanha, iniciou a sua corrida eleitoral declarando o seu apoio ao primeiro-ministro grego. Disse ele: "Os princípios de Alexis são muito claros, mas o mundo e a política têm que ver com correlações de forças... O que o governo grego fez era, infelizmente, a única coisa que podia fazer." Eu sou um cético sobre o acordo alcançado entre a UE e Atenas. Como o difamado Schäuble. O ministro das Finanças alemão. A UE optou por empurrar o problema grego com a barriga, mas este voltará a estar em cima da mesa dentro de pouco tempo e ter-nos-á custado milhares de milhões de euros mais. Porquê?
O próprio Tsipras declarou que também ele não acredita na validade do pacto - uma confissão tremendamente obscena -, que se viu obrigado a assiná-lo por questões táticas, "dada a correlação de forças", para citar as afirmações de Iglesias. Tsipras também esclareceu que está à espera de que "outros como nós cheguem ao poder na Europa", porque isso dará força ao movimento de rutura e antissistema que terá de fazer a revolução no continente. O próprio Iglesias, num dos seus comícios de fim de semana, gritou ao público que o escutava: "Espera Alexis, que nós já vamos!"

Estes dementes estão convencidos de que serão capazes de mudar a ordem natural da política e da economia. Só estão à espera de que os ventos sejam mais favoráveis. Num artigo recente no diário El País, o jornal de maior tiragem em Espanha, Pablo Iglesias escreveu que "as próximas eleições não dão início apenas a uma nova legislatura mas, quem sabe, também a um regime político diferente. O Podemos quer que os protagonistas das mudanças não sejam as elites políticas e económicas, mas sim os cidadãos". Mas, e se os cidadãos forem estúpidos? Por exemplo, na Grécia, Tsipras conseguiu que a incipiente recuperação que a economia indiciava nos finais de 2014 se convertesse numa recessão profunda; declarou um corralito (controlo de capitais) e provocou a escassez de bens essenciais como a massa, o arroz e o leite para crianças. Depois de convocar um referendo para que os seus cidadãos fizessem história e repudiassem o ultimato dos credores em nome da dignidade e da democracia, regressou de Bruxelas com um resgate mais duro. Perante este rosário de calamidades, seria de esperar que a sua reputação se tivesse afundado, mas aconteceu precisamente o contrário: o apoio a Tsipras passou dos 38% de janeiro para os 74% do princípio de julho. Os bancos estiveram encerrados durante três semanas e as pessoas fazem fila à porta dos supermercados, mas a sua popularidade não para de subir. É uma tendência realmente desconcertante. O que podemos pensar sobre isto?
A nossa confiança no sistema maioritário de decisões baseia-se na suposta sabedoria do povo. Não é tanto porque as democracias adotem quase sempre as decisões ótimas, mas porque, além do mais, são mais ágeis do que as tiranias a corrigir os seus erros mudando de dirigentes. Mas isto, que parece certo em termos políticos, não o é sempre em termos económicos. No campo da economia é um facto que, geração após geração, os votantes de muitas democracias escolhem uma e outra vez impor taxas, estabelecer salários mínimos, aumentar a pressão e a progressividade fiscal, aumentar a despesa pública, subsidiar setores estratégicos ou, como vimos recentemente na Grécia, recusar o equilíbrio orçamental ou repudiar a dívida. A evidência empírica demonstra que todas estas mediadas conseguem travar o crescimento e implicam quase sempre uma perda de bem-estar. Porque são então votadas por maiorias entusiastas?
Há muitas teorias científicas que explicam este comportamento insólito. Uma delas, elaborada por Gordon Tullock, afirma que, dada a dificuldade de adquirir conhecimento fiável e a baixa repercussão para cada votante das medidas económicas adotadas pelos seus representantes, é racional não investir em informação e votar de maneira despreocupada e intuitiva. Outros autores como Brennan e Lomasky pensam que, na hora de votar, muitos cidadãos manifestam a sua pertença a um grupo, a sua identidade, os seus princípios ou crenças e que todas essas circunstâncias interferem com a suposta racionalidade económica com que se deposita o boletim de voto. Há outra teoria, ainda mais surpreendente e, para mim, a mais consistente, segundo a qual os erros económicos das maiorias são conscientes. Deliberados. Este último enfoque, o da "irracionalidade racional", postula que muitos votantes adotam decisões equivocadas de propósito, porque a sua satisfação pessoal de votar contra o sistema de mercado é maior do que o cálculo que fazem sobre o agravamento da sua própria situação material como consequência das suas decisões. Bryan Caplan chamou a este impulso demente "a ideologia do sentimento de satisfação" (feel-good ideology). A mim parece-me válida para explicar muitas decisões com consequências económicas catastróficas como a ascensão dos programas neoleninistas, a loucura do "voto para chatear" dos antissistema ou o desvario coletivo do recente referendo grego, após o qual os cidadãos continuam a apoiar quem os enganou e os submete a um ajustamento mais severo do que estava previsto.

Quando Pablo Iglesias assegura que as próximas eleições espanholas deveriam abrir o caminho a um regime político diferente está a sugerir uma ditadura, que é a única alternativa à democracia. Esta ideia pode ser embrulhada como se quiser, como o resultado do voto popular, mas é o que têm na cabeça a classe de dementes com os quais estamos a jogar o futuro em alguns países como o meu. Se as pessoas tivessem algum interesse em conhecer a estratégia destes radicais fariam bem em ler o artigo que Pablo Iglesias escreveu na revista The New Left Review há um mês: "Entender o Podemos". Nele explica sem complexos a sua agenda política: o importante é alcançar o poder. Mas isso exige aproveitar os sentimentos mais primários e mesquinhos das pessoas maltratadas pela crise económica. Obriga a exaltar o ânimo dos desesperados, a apontar o dedo aos corruptos e a enfatizar a suposta desigualdade gerada pela recessão. E implica prometer um futuro presidido pela justiça social. O Podemos não está interessado nos debates de fundo sobre a monarquia ou a república, a reparação dos danos ocasionados pelo franquismo ou o aborto, com os quais a estúpida esquerda convencional está obcecada. Para assaltar o poder, como dizia Lenine, estes itens são meros aperitivos que nos afastam do prato principal: como excitar a inveja das pessoas, gerar a sua ira e instigar a sua vontade de destruir o sistema entregando-se ao Podemos como o meio para alcançar o fim.
Iglesias é um demente perigoso como Tsipras, o qual The Economist declarou ser o "inimigo público número 1" de todos os que acreditam na liberdade. Se tivermos a infelicidade de que chegue ao poder prometendo a justiça social, já sabemos com o que podemos contar: a posta em marcha ao máximo do seu programa em todos aqueles assuntos que agora evita taticamente. Os que conduziriam qualquer país à reedição de uma tirania soviética. Portugal já tem experiência suficiente neste campo para evitar o possível drama.


http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4696772&seccao=Miguel%20Angel%20Belloso&page=-1


Em cheio! Texto que vai directo ao principal problema que nos trará partidos como o syriza e o podemos: ditadura pura.

E o problema é que se espanhois forem idiotas e elegerem o Podemos, nós vamos acabar por apanhar por tabela economicamente com a desgraça espanhola,  mesmo não tendo no nosso pais nenhum Podemos. :(

tommy

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9088 em: 2015-07-24 11:00:20 »
Ja eu disse atras , penso que mais do que uma vez , a prioridade deveria ser "educar o povo"  nao deixa lo embrutecido e Acefalo....

Como é que alguem pode tomar decisoes se nao pondera varios factores ou se pondera mal... nao conseguir ver o que esta a frente.. nao é facil , mas alternativa existe sempre.

Sem dúvida alguma que a educação é o fundamental para impedir ditaduras. Sobretudo educação financeira, económica, etc. Devia começar nos 2 anos de idade nos infantários.

Mas não é fácil, repara que há meses/anos que tentamos educar o menino esperto do recreio, e ele sistematicamente recusa qualquer conhecimento a não ser o que ajude a explicar o meu modelo económico que falhou em todo o lado.

Devemos continuar a tentar.

Counter Retail Trader

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9089 em: 2015-07-24 11:22:26 »
Ja eu disse atras , penso que mais do que uma vez , a prioridade deveria ser "educar o povo"  nao deixa lo embrutecido e Acefalo....

Como é que alguem pode tomar decisoes se nao pondera varios factores ou se pondera mal... nao conseguir ver o que esta a frente.. nao é facil , mas alternativa existe sempre.

Sem dúvida alguma que a educação é o fundamental para impedir ditaduras. Sobretudo educação financeira, económica, etc. Devia começar nos 2 anos de idade nos infantários.

Mas não é fácil, repara que há meses/anos que tentamos educar o menino esperto do recreio, e ele sistematicamente recusa qualquer conhecimento a não ser o que ajude a explicar o meu modelo económico que falhou em todo o lado.

Devemos continuar a tentar.

Eu costumo votar em ideias , mas confesso que estou aterrorizado pela possibilidade de o PS ganhar o que seja... portanto .... acho que da para perceber

tommy

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9090 em: 2015-07-24 11:36:38 »
Eu costumo votar em ideias , mas confesso que estou aterrorizado pela possibilidade de o PS ganhar o que seja... portanto .... acho que da para perceber

Estimular o consumo num país que tem precisamente um problema de consumir demasiado (e o que não deve: importações); poupar e investir pouco ou nada (onde devia: empresas exportadoras)... tem tudo para dar certo.  :D

Não percebo a tua preocupação...  ;D :P



pedferre

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9091 em: 2015-07-24 11:48:06 »
Eu costumo votar em ideias , mas confesso que estou aterrorizado pela possibilidade de o PS ganhar o que seja... portanto .... acho que da para perceber

Estimular o consumo num país que tem precisamente um problema de consumir demasiado (e o que não deve: importações); poupar e investir pouco ou nada (onde devia: empresas exportadoras)... tem tudo para dar certo.  :D

Não percebo a tua preocupação...  ;D :P
Ganhar o PS já é mau, mas ganhar o Podemos em Espanha é o descalabro total da peninsula ibérica.

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9092 em: 2015-07-24 11:58:48 »
No que diz respeito a isto , é necessaria uma unificação cultura , sejamos nos latinos ou anglo saxo ou o que seja....

Vejamos... a tourada é cruel , ninguem gosta a nao ser os velhos ou parte da malta rural....e alguns estrangeiros que estao se a borrifar

Mas conduzir mais de 100 baleias para uma matança nas Faroe , tambem nao parece algo civilizado...

É o problema , que tambem é retratado perto do final do livro " Amor Liquido" de Zygmut Bauman , que fala sobre a fragilidade dos laços humanos, no que diz respeito ao contexto , fala em abertura de fronteiras que leva a uma descaraterização cultural , emigração massiva , pressao social , riots contra globalização etc , que no seu extremo leva ao contrario , e o numero de guettos aumentam etc   , pressao geo politica que leva ao inverso e a delineação de novas fronteiras....no fundo , entre linhas é uma visao Anti Euro , que eu so agora é que estou a compreender , ou melhor a acreditar...

Fala sobre muita coisa actual , como relações na net ou pelo tlm a dependencia das pessoas as novas tecnologias o virtual etc , no entanto no final abordou algo que estamos a começar a ver na Europa ou que ja vemos ha algum tempo a fragilidade os laços humanos....

O livro é de 2008 , leitura facil e rapida (para quem devora livros) preço normal... acredito que haja pdf

itg00022289

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9093 em: 2015-07-24 11:59:32 »
E se o povo for estúpido?
por MIGUEL ANGEL BELLOSOHoje

Se as pessoas tivessem algum interesse em conhecer a estratégia destes radicais fariam bem em ler o artigo que Pablo Iglesias escreveu na revista The New Left Review há um mês: "Entender o Podemos". Nele explica sem complexos a sua agenda política: o importante é alcançar o poder. Mas isso exige aproveitar os sentimentos mais primários e mesquinhos das pessoas maltratadas pela crise económica. Obriga a exaltar o ânimo dos desesperados, a apontar o dedo aos corruptos e a enfatizar a suposta desigualdade gerada pela recessão. E implica prometer um futuro presidido pela justiça social. O Podemos não está interessado nos debates de fundo sobre a monarquia ou a república, a reparação dos danos ocasionados pelo franquismo ou o aborto, com os quais a estúpida esquerda convencional está obcecada. Para assaltar o poder, como dizia Lenine, estes itens são meros aperitivos que nos afastam do prato principal: como excitar a inveja das pessoas, gerar a sua ira e instigar a sua vontade de destruir o sistema entregando-se ao Podemos como o meio para alcançar o fim.
Iglesias é um demente perigoso como Tsipras, o qual The Economist declarou ser o "inimigo público número 1" de todos os que acreditam na liberdade.
...
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4696772&seccao=Miguel%20Angel%20Belloso&page=-1


Em cheio! Texto que vai directo ao principal problema que nos trará partidos como o syriza e o podemos: ditadura pura.

E o problema é que se espanhois forem idiotas e elegerem o Podemos, nós vamos acabar por apanhar por tabela economicamente com a desgraça espanhola,  mesmo não tendo no nosso pais nenhum Podemos. :(


O homem é realmente demente/criminoso

Será que na espanha há assim tantos ignorantes que lhe dêem o poder...??!?!?!

Pip-Boy

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9094 em: 2015-07-24 12:05:09 »
Nas ultimas sondagens o Podemos já caiu bastante, mas é possível chegarem ao poder coligados com o PSOE.

http://www.abc.es/espana/20150719/abci-ciudadanos-diputados-201507181850.html
The ultimate result of shielding men from the effects of folly, is to fill the world with fools.

pedferre

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9095 em: 2015-07-24 12:06:21 »
E se o povo for estúpido?
por MIGUEL ANGEL BELLOSOHoje

Se as pessoas tivessem algum interesse em conhecer a estratégia destes radicais fariam bem em ler o artigo que Pablo Iglesias escreveu na revista The New Left Review há um mês: "Entender o Podemos". Nele explica sem complexos a sua agenda política: o importante é alcançar o poder. Mas isso exige aproveitar os sentimentos mais primários e mesquinhos das pessoas maltratadas pela crise económica. Obriga a exaltar o ânimo dos desesperados, a apontar o dedo aos corruptos e a enfatizar a suposta desigualdade gerada pela recessão. E implica prometer um futuro presidido pela justiça social. O Podemos não está interessado nos debates de fundo sobre a monarquia ou a república, a reparação dos danos ocasionados pelo franquismo ou o aborto, com os quais a estúpida esquerda convencional está obcecada. Para assaltar o poder, como dizia Lenine, estes itens são meros aperitivos que nos afastam do prato principal: como excitar a inveja das pessoas, gerar a sua ira e instigar a sua vontade de destruir o sistema entregando-se ao Podemos como o meio para alcançar o fim.
Iglesias é um demente perigoso como Tsipras, o qual The Economist declarou ser o "inimigo público número 1" de todos os que acreditam na liberdade.
...
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4696772&seccao=Miguel%20Angel%20Belloso&page=-1


Em cheio! Texto que vai directo ao principal problema que nos trará partidos como o syriza e o podemos: ditadura pura.

E o problema é que se espanhois forem idiotas e elegerem o Podemos, nós vamos acabar por apanhar por tabela economicamente com a desgraça espanhola,  mesmo não tendo no nosso pais nenhum Podemos. :(


O homem é realmente demente/criminoso

Será que na espanha há assim tantos ignorantes que lhe dêem o poder...??!?!?!

Na Grécia também foram na conversa do Tripas, sabemos lá.
O que aconteceu desde então é o que alguns espanhois já viram o que um partido de extrema-esquerda conseguiu fazer à Grécia em apenas 6 meses, pode ser que se tenham assustado com o que viram por lá. :)

Castelbranco

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9096 em: 2015-07-24 12:08:17 »
estou a prestar mais atenção ao mercado do que a todas as noticias, quando o mercado mergulhar a serio é quando se dão os eventos mais espetaculares

Reg

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9097 em: 2015-07-24 12:09:28 »
Com um fa do maduro em madrid, vai ser facil a catalunha apoiar independencia.

espanha e isso uniao liderada pelo  mais forte, castelhanos sobre os outros.

com supermercados vazios castela fica fraca.

No referendo hipotético feito este mês, à pergunta “Quer que a Catalunha se converta num Estado independente?” os votos a favor do “não” foram de 48%, contra 44,1% do sim.

http://observador.pt/2015/03/13/catalaes-dizem-nao-independencia-da-catalunha-diz-ultima-sondagem/
« Última modificação: 2015-07-24 12:17:25 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

Zenith

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9098 em: 2015-07-24 12:13:48 »
O real é descontando a inflação ao nominal. Ex. crescimento real = 1.5%; inflação = 1%; nominal 2,5%  (ou 2,515, para sermos rigorosos).


exacto. por isso se não quisermos contar com a inflação, usamos directamente o nominal.
quanto à inflação continuo a não perceber a insistência na questão.
o japão está fazer o mais incrível QE que se possa imaginar....
os resultados não estão a ser famosos.



não percebo essa resistência mental, esse tabu, à inexistência de inflação.
é um facto...

L


Voltando a pegar no tema e considerando os nºs do Vbm de 135% de divida/PIB e juros a 3%, com crescimento 0 e inflação 0, reduzir em 30 anos a dívida de de 135% para 60% exige um esforço anual de 5,63% do PIB em juros e recompra de dívida. A função PMT é apropriada para emprestimos tipo habitação em que se vai simultaneamente pagar  juros e amorizar capital. Aqui amortização de capital significaria que em cada ano país iria recomprar parte das obrigaçoes (correspondente a 1,58%) ao par. Se em média recomprar 1% a cima passaria esforço de 5,63% para 5,67%  (desde que preço de recompra não esteja muito acima do par não é crítico).

Havendo crescimento e inflação, o que se traduz no crescimento nominal, o esforço seria obviamente menor. Se o crescimento for de 2,74% então apenas pagando juros racio divida /PIB vai de 135% para 60% sem haver necessidade de amortização. Neste caso  o esforço da divida /PIB  seria 4,05% no 1ºano e 1,8% no 30º. Em média andaria pelos 2,8-2,9%. Se tivessemos certezas quanto ao crescimento, poderiamos ajustar  peso da dívida / PIB para ser constante, contraindo dívida adicional ou recomprando. Neste caso de 2,74% de crescimento nomainal por ano obter-se ia um racio peso /divida /PIB de 2,8%, inferior aos 4,05%do 1º anos e superior aos 1,8% do ultimo ano, o que significava que nos primeiros anos estado comprava mais divida (mas acrescimo menor que crescimento do PIB) e nos ultimos anos recomprava. No final dos 30 anos a divida estaria reduzida a 60% mas em termos nominais até teria aumentado ligeiramente.

Se conhecessemos o crescimento nominal futuro e fizessemos contas para ter racio custos divida / PIB contante os custos de divida incluem recompra e contracção de nova divida, teriamos

Crescimento nominal                     Custos dívida /PIB
0%                                                     5,63%
1%                                                    4,55%
2%                                                     3,56%
3%                                                     2,57%
4%                                                     1,63%
5%                                                      0,72%

Para diferenças baixas entre crescimento nominal e juros coisa é quase linear 1% de aumento no crescimento nomial traduz-se em cerca de 1% de redução no custo da dívida. quando diferenças aumentam aprecem termos de maior ordem que não podem ser desprezados.

Para valores de crescimento nominal acima de 5,82% (ligeiramente acima dos 5,63% de custo para crescimento 0) custo seria 0, ou seja em cada ano estado poderia contrair nova divida em valores mais ou menos iguais aos dos juros pagos.
Claro que nunca vamos saber o futuro mas dá para definir limites consoante os cenários.
« Última modificação: 2015-07-24 12:15:42 por Zenith »

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #9099 em: 2015-07-24 12:50:15 »
Por falar de espanha :

Spain | Economic Indicators

http://www.tradingeconomics.com/spain/indicators

Penso que pode ser um começo , mas longe de bater palmas ou fazer uma festa...