Outra pessoa qualquer, ponto e vírgula.
Lá por tu seres assim, não queiras que todos os outros sejam assim. Há muita, mas muita gente que não é assim de todo. Tira as palas e olha para o mundo.
Mas se tu és assim, se pensas assim, está-te completamente vedada a linguagem ética ou moral. Não podes acusar nada nem ninguém de falta de ética ou moral, já que te declaras capitalista e por isso amoral.
Por acaso penso como tu em relação ao capitalismo. É claramente amoral.
Quanto às pessoas em geral, nem pouco mais ou menos.
A observação das pessoas em geral diz que as pessoas funcionam desta forma. Se há um "direito" elas exercem-no nem que o direito seja incrivelmente nefasto para quem o proporciona (é obrigado a proporcionar).
E questionar a minha moral e ética é absurdo - eu observo, mas poucas pessoas são mais éticas ou mais constrangidas pelo que é justo do que eu. Ou menos materialistas. Pelo contrário, o que eu observo é que muitas pessoas com a boca cheia de ética, moral e justiça têm precisamente as piores atitudes ("desde que legais") - ou seja, atitudes que só não são criminosas porque não estão previstas como tal.
Basta olhar para a reacção absurda de praticamente todo o funcionalismo público contra medidas do Governo actual. A esmagadora maioria das quais eram EXTREMAMENTE justas pois colocavam em quem tinha as melhores condições e os maiores rendimentos a maior parte do ajustamento. Além de eliminarem benefícios injustos para com a restante população (tipo as 35 horas de trabalho, diferenças nas pensões, etc).
Exactamente. O capitalismo não funciona por convicções morais ou éticas. É por definição amoral e não ético (aético?).
Por isso é que o corpo social, as pessoas em si, que são basicamente éticas e morais, têm que se defender da amoralidade capitalista.
Defendem-se através da regulação. Através dos limites que impõem ao capitalismo.
Perfeitamente, como a regulação que tem que ser imposta a qualquer actividade que possa afectar a liberdade de terceiros.
Mas apesar de o capitalismo ser amoral, não deixa de ser incrivelmente ético na parte de que as transacções devem ser voluntárias E recíprocas. É um sistema que na sua base é incrivelmente justo "by design".
Repara por exemplo a diferença para um sistema baseado na intenção de fazer o bem -- esse sistema tem uma probabilidade muito maior de funcionar mal, de ser abusado, etc, porque é baseado numa intenção, não numa regra rígida que o leva a fazer o bem. E isso é tão pior quanto ao segundo sistema é dado poder para violar a reciprocidade do capitalismo. Ou seja, quando lhe é dada a capacidade de tirar aos outros sem necessariamente lhes dar algo do mesmo valor em troca (uma posição EXTREMAMENTE atraente para todo o género de malandros).