Porque como já referi aqui que o raciocíniodo FMI é um raciocínio trivial destinado exclusivamente a pagar os credores, completamente indiferente ao desenvolvimento económico do país. Se gasta menos que recebe, é trivial que ao fim de 10, 20 ou 100 anos vai acabar por pagar. Na verdade o FMI empresta o dinheiro para pagar aos credores e impõe as condições para receber o que emprestou. É quase como aquelas empresas que mediante uma comissão fazem a cobrança de dívidas dificeis, enviando se for necessario jagunços para tratar da saude aos devedores que não pagarem.
Agora tratando-se de um estado da UE e sendo o plano resgate não exclusivo do FMI, a UE tinha obrigação de mostrar mais inteligência.
Basicamente chegou-se ao ridiculo de Grecia não mandar nada em casa mas ter poder de veto em muitos assuntos da UE que leva à possibilidade de vetar como já foi referido possiveis sanções adicionais á Russia.
Isso é errado. A missão do FMI é repor a sustentabilidade de um país via o seu reequilíbrio externo. O único credor pelo qual o FMI tem estima, é o próprio FMI. O FMI não empresta dinheiro para pagar a credores, pelo contrário, coloca-se à frente dos outros credores e se achar necessário um default, advoga-o.
Acessoriamente, o FMI indica medidas, geralmente de liberalização, que tendem a colocar um país numa trajectória de crescimento.
O que NÃO tende a colocar um país numa trajectória de crescimento, é adicionar mais dívida pública sem qualquer género de alteração do Estado ou de liberalização.
A UE poderia fazer diferente, mas não seria necessariamente mais inteligente. Aliás, a UE fez bastante diferente do que o FMI sozinho faria. E não foi necessariamente mais inteligente. É claro que mantendo a Grécia dentro do Euro, nem todas as soluções típicas do FMI puderam ser usadas - e para reestabelecer o equilíbrio externo uma desvalorização é bem mais rápida e eficaz do que aquilo que foi feito (em que toda a gente berra por perder 10% de poder de compra, quando numa desvalorização perderiam 40 ou 50% e não berrariam).
(O FMI e as suas medidas têm má fama porque quando o FMI é chamado já está tudo "prejudicado" com F grande, e aquilo que se segue de perda de poder de compra é inevitável. No entanto, tal como todos os cortes em Portugal são da responsabilidade do Passos Coelho, com o FMI passa-se o mesmo)