Tu enredado nos teus medos e preconceitos nunca arranjas coragem para ir ao local e verificar como realmente é a vida.
Perde o medo e vai lá viver um ano. Depois talvez dê algum valor à tua opinião. Até lá ela vale tanto como a de uma criança de 3 anos.
Curiosamente é um argumento que serve para outras coisas. É muito fácil estar na Foz, em Campo de Ourique ou em Telheiras a mandar postas de pescada sobre a intolerância que existe para com os ciganos, sem perceber o que é o modo de vida ou o que é ter de partilhar o prédio ou bairro com eles. Vão para lá viver e depois talvez dê valor às opiniões dos meninos do Parque das Nações.
Estás a falar de duas coisas diferentes. Uma é incomodidade de partilhar prédio e outra é o perigosidade. Quanto à incomodidade nem é preciso pensar em ciganos basta estudantes. Tenho um apartamento arrendado a estudantes e há um mês e tal recebi chamada da administradora a queixar-se que faziam festas até às 4. Lá tive de falar com eles mas como passados poucos dias aulas terminaram coisa serenou. Outra é a perigosidade. Pessoalmente não tenho problemas em andar em bairros quer aqui em Portugal quer no estrangeiro.
Já me aconteceu em várias viagens ter marcado as coisas à ultima da hora e para não pagar preços exorbitantes de hotel ir para bairros que classificariam de pouco recomendáveis. Algumas vezes hotel pouco acima de uma espelunca, mas em termos de hábitos não foi razão para eu não sair e caminhar um pouco à noite.
No post a que te referes eu apresenteio testemunho de uma pessoa que viveu lá e mantém contactos, e o que quiz dizer é que em nenhum momento a pessoa transmitiu a ideia que vivia num clima de terror. O meu testemunho é indirecto mas usa referencias directas e parece que vivência das pessoas difere bastante das ideias que pessoas que nada conhecem interiorizam ao ler uns textos panfletários.
Eu não me referia à perigosidade, mas sim à incomodidade. Aqueles que acham que há preconceito contra ciganos, deviam ir viver com eles uns dias. É fácil arrotar postas de pescada a partir do seu apartamento em Alvalade.
Em relação ao teu conhecimento indirecto vale o que vale. Faz lembrar as pessoas que vão a Cuba, acharam porreiro, não viveram as agruras do dia a adia, e põe-se a perorar que afinal aquilo não é como dizem. Isto com base numa visita de uma semana. Já se acham especialistas em Cuba.
O mesmo porque se conhece uma pessoa de lá. Ora que car*. Conhece uma pessoa e fica com a ideia certa ? Uma única pessoa chega para formar uma opinião ?! E se essa pessoa tivesse a opinião contrária ?
Eu tenho uma tia minha que acha que Lisboa é perigosíssima (ela sempre teve a tara dos assaltos e vê perigo em todo o lado). Se o Zenith fosse frances e falasse com a minha tia ia ficar com a ideia de que em Lisboa não se podia meter o pé na rua sem ser assaltado.
Ou seja, por um lado criticas os outros por formarem opiniões infundadas mas, por outro, formas opiniões com base num testemunho de uma pessoa.
Além disso não sei se devo aceitar como válida a opinião de um gajo que leva uma porrada na cabeça, fica desmaiado e acha que é normal isso acontecer na via pública.
Há uns anos tive um colega no mba, português, que cresceu e trabalhava na África do Sul, e que mandava umas bocas um bocado racistas.
Nós chateávamo-lo um bocado porque achávamos que aquilo era um pouco para lá do aceitável, a resposta dele era:
"Se vocês, que são pessoas normais, vivessem lá também eram racistas"
Esse meu colega era aquilo que podemos catalogar de um tipo "porreiro".