O que existe é uma indústria do racismo para alimentar e é preciso manter a máquina em movimento.
Antigamente havia a temeridade a Deus e aos castigos que este podia aplicar, de forma a que as pessoas se sentissem culpadas e se subjugassem ao poder da igreja.
Hoje em dia substitui-se o poder da igreja e o temor a Deus por causas. A mecânica é simples: implantar culpa nas pessoas, mesmo que a pessoa não a tenha (és racista, és machista, és xenófobo, és cruel para os animais, és anti-ambientalista, etc.). Repete-se isto as vezes que for preciso, até a pessoa acreditar e permitir que a máquina activista prospere.
Até pessoas como o Robaz acreditam nisto, imaginem o resto.
Não é por o nosso racismo ser, como alguns dizem, um racismo fofinho, que deixa de ser racismo.
Não é por haver racismo em todo o lado que os negros deixam de ser discriminados. Nem é por haver outras formas de discriminação, incluindo essa dos pigmeus e muitas outras. A perseguição dos uigures é inacreditável, por exemplo, e são chineses a perseguir chineses. As castas na Índia idem. Tudo isto é negativo. Agora, um fenómeno que é generalizado não deixa de ser um fenómeno. Se é negativo ou positivo, ou neutro, deixo ao teu critério. Para mim é negativo saber que mais de metade das pessoas no meu país acha que há raças em que as pessoas NASCEM menos inteligentes ou trabalhadoras. Se tu achas isso normal, é contigo.
Temeridades a Deus ou às causas, sente-as quem quiser. Aproveitadores existem em tudo. Agora, se são racistas em pleno séc. XXI, depois das barbáries irracionais que este provocou ao longo de séculos, não se queixem de ser criticados por isso. E assumam-no.
Nas perguntas que deixaste nem sequer perguntam se é à nascença. Perguntam se há raças ou etnias mais inteligentes que outras.
Ora, a pergunta tem dois erros claros.
Um é de raça. A antropologia a biologia já há muito que estabeleceram que só existe a raça humana. Assumindo que o questionário não dá uma palestra introdutória sobre fenotipos, isto vai induzir raça = cor da pele. Primeiro erro.
Por outro lado, sabe-se que inteligência é associado pelas pessoa (erradamente) a formação/instrução. Sabendo que negros ou ciganos têm menos formação/instrução, a pergunta leva as pessoas a dizer que são menos inteligentes = menos formados/instruidos. Segundo erro da pergunta.
Portanto, a pergunta da notícia que deixaste, além de não referir nascença (isso é uma conclusão que tu tiraste sem lá estar), está mal concebida, com dois erros de formulação claros (proxies de raça para cor da pele e inteligência para formação/instrução).
Sobre nascença temos aqui:
Já numa pesquisa integrada no programa de investigação Atitudes Sociais dos Portugueses, com dados do European Social Survey que inquiriu 40 mil pessoas com mais de 15 anos, em 20 países, Portugal aparece com um alto índice de racismo. Medindo o racismo biológico (com as perguntas: “acredita que há raças ou grupos étnicos que nasceram menos inteligentes do que outros? acha que há raças ou grupos étnicos que nasceram mais trabalhadores do que outros?”) e o racismo cultural (“pensando no mundo hoje, diria que há culturas muito melhor do que outras ou que todas as culturas são iguais?”) os inquiridos em Portugal têm dos índices mais elevados de crença nos dois tipos de racismo: 52,9% no biológico e 54,1% no cultural quando a média europeia é de 29,2% e 44%, respectivamente. O estudo foi feito em co-autoria com Alice Ramos e Cícero Pereira.
https://www.publico.pt/2017/09/02/sociedade/entrevista/portugal-e-dos-paises-da-europa-que-mais-manifesta-racismo-1783934
Aqui, sim, fala em nascença e temos uma convicção muito acima da média. Muito racistas, portanto.
Contudo, no estudo que eu deixei aparecemos nos melhores lugares em praticamente tudo. Pouco racistas, portanto.
São estudos para todos os gostos. Depende do tamanho da fé de quem quer acreditar numa coisa ou na outra.