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Autor Tópico: Este Governo  (Lida 597437 vezes)

Luisa Fernandes

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Re:Este Governo
« Responder #2780 em: 2014-11-26 21:47:02 »
Sócrates foi endeusado por muitos os que saíram dos almoços de negócios e dos escritórios de advogados, das recepções e inaugurações, dos gabinetes e dos telefonemas, onde o frequentavam e incensavam, para agora o tratar como demónio vivo. Eu li milhares de palavras sobre como Sócrates era o representante de um “novo” socialismo moderado, aberto ao mercado e aos negócios, cujos esforços para corrigir o défice deixado por Santana Lopes, era notável e apoiando-o nalguns dos conflitos corporativos mais duros que o seu governo teve, como o dos professores. Havia igualmente a tese, que sempre combati, de que Sócrates tinha tirado “espaço político” ao PSD, governando como um social-democrata e que isso marcava um ponto sem retorno ideológico e político. Passos Coelho, então desenvolvimentista contra Manuela Ferreira Leite que dizia que “não havia dinheiro”, estava muito próximo de Sócrates na visão, nem mais nem menos, … das grandes obras públicas. Estão todos esquecidos, não é verdade?

  Mas há mais: quando o nome de Sócrates começou a aparecer em todas as trapalhadas, suspeitas, histórias e negócios, do curso às marquises, do Freeport à Cova da Beira, do bizarro contrato com Figo à tentativa de controlar os media, a TVI em particular, usando a PT, quando se conheceram detalhes da iniciativa dos magistrados de Aveiro de processar Sócrates por abuso do poder, somaram-se as declarações em sua defesa de Passos e Miguel Relvas, queixando-se que lhe estava a ser movido um “ataque pessoal”. Este par do PSD protegeu Sócrates quanto pôde das consequências que podia ter o inquérito parlamentar, considerando que não se devia ir mais longe, de novo porque isso seria um “ataque pessoal”. Isto vindo do mesmo homem, Passos Coelho, que há uma semana, referindo-se claramente a Sócrates numa insinuação disse: “Não possuo riqueza acumulada nem tenho em nome de tias, filhos e primos quaisquer bens”. Estamos conversados.

  É por isso que eu não aceito o “argumento Sócrates” em 2014 e espero que o “argumento Sócrates” se transforme no “argumento Sócrates-Passos Coelho-Portas”, identificando-se assim a tripla que, desde pelo menos 2008, e até antes, ajudou a destruir Portugal, a destruir a sua economia e finanças, a por em causa a sua independência, a alterar profundamente os equilíbrios entre grupos sociais, a dividir os portugueses atirando-os uns contra os outros e aprovar muitas medidas iníquas, que minaram a boa-fé que deve presidir à actuação do estado em democracia. E que ajudaram a que a democracia portuguesa conheça um crise de representação muito grave.

  Sócrates e Passos Coelho não destruíram os mesmos aspectos, não destruíram as mesmas coisas nem da mesma maneira, não actuaram de modo igual, mas deixaram um rastro demolidor de que o país muito dificilmente se vai livrar tão cedo e vai condenar muitos portugueses a passar os últimos anos da sua vida sem esperança nem destino que não seja empobrecer e ficar cada vez pior. Ambos mostraram pouco apreço pela lei e pelo estado de direito, actuando no limite ou para além da legalidade, ambos se rodearam de cortes interessadas e interesseiras com origem nos seus partidos, permeando os lugares de estado com os seus boys, numa exibição de prepotência com base nas suas maiorias absolutas. Um esbanjou sem controlo milhões e milhões em projectos “bandeira” e em “má despesa pública”, outro dividiu os contratos entre os de primeira (PPPs e swaps, tributos aos credores) e os de segunda (reformas e pensões, acordos colectivos de trabalho, compromissos laborais, etc.), criando desequilíbrios que fazem com que os frutos do trabalho e da riqueza sejam hoje pior distribuídos. Ambos permitiram a captura do sistema político pela banca, com os resultados que o caso BES revela em todo o seu esplendor. E ambos usaram e abusaram dos poderes do estado para colocarem os cidadãos no seu sítio, quer fosse com o fisco, com a inversão do ónus da prova, quer fosse a ASAE a multar restaurantes por causa dos galheteiros. Ambos foram total e completamente anti-liberais, no plano económico, social e político.

 Sócrates e Passos Coelho são muito diferentes, mas são também muito iguais. Aquilo em que foram e são mais iguais é na amoralidade que introduziram e reforçaram na vida pública, aqui também com a prestimosa ajuda de Portas. A moralidade na vida pública não se nota quando existe, mas torna-se um monstro que inquina tudo quando não existe. Ambos usaram do dolo, do engano como método de governar, utilizando todas as técnicas das agências de comunicação e marketing, as novas formas de propaganda. Ambos desconhecem o seu país, não gostam do seu povo, não prezam a sua independência, fazem gala de não precisar da História para nada e são incapazes de aprender, embora sejam muito capazes de se adaptar, sem memória, nem honra, nem compromisso com a verdade. Em suma, eles marcaram a chegada ao poder de uma geração de governantes muito iguais entre si, gente mal formada, mal preparada, mal-educada, mal instruída e mal-intencionada. De gente como Sócrates e Passos Coelho.

  É isto que o “argumento Sócrates” me lembra. Nunca o utilizarei a não ser em tandem com o “argumento Passos Coelho”. Até porque, convém recordar, que quem está no poder é o segundo e não o primeiro. E quanto a António Costa eu só posso desejar que não repita os erros trágicos de Sócrates e que não repita os erros trágicos de Passos Coelho. Até, porque, realisticamente, não é impossível que venha a repetir mais facilmente os erros de Passos Coelho do que os de Sócrates. Vamos ver.

Jpp
« Última modificação: 2014-11-26 21:49:44 por Luisa Fernandes »
Quem não Offshora não mama...

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Re:Este Governo
« Responder #2781 em: 2014-11-26 22:20:05 »
Essa dos contratos no mesmo plano não faz sentido nenhum. Passo a explicar. Endividas-te para pagar entre outras coisas salários e pensões. O endividamento é um contrato. E de seguida, quando não consegues pagar o endividamento, vais tratá-lo da mesma forma que os salários e pensões insustentáveis? Ou seja, a cura para esse endividamento é simplesmente cortar simultaneamente o endividamento e os salários e pensões?

Isso faz lá algum sentido? É o mesmo que dizer que temos direito aqui a um período de salários e pensões acima dos que podemos conscientemente pagar, "porque sim".

Portanto defender isso é uma coisa retardada.
« Última modificação: 2014-11-26 22:20:30 por Incognitus »
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Re:Este Governo
« Responder #2782 em: 2014-11-27 11:13:23 »
Essa dos contratos no mesmo plano não faz sentido nenhum. Passo a explicar. Endividas-te para pagar entre outras coisas salários e pensões. O endividamento é um contrato. E de seguida, quando não consegues pagar o endividamento, vais tratá-lo da mesma forma que os salários e pensões insustentáveis? Ou seja, a cura para esse endividamento é simplesmente cortar simultaneamente o endividamento e os salários e pensões?

Isso faz lá algum sentido? É o mesmo que dizer que temos direito aqui a um período de salários e pensões acima dos que podemos conscientemente pagar, "porque sim".

Portanto defender isso é uma coisa retardada.

Bom, isso aplica-se "ipsis verbis" às PPP, por exemplo. Daí que não faça muito sentido incumprir unilateralmente com o contrato 1 (salários e pensões) e não o ter feito com o contrato 2 (PPP, e  sei do que falo - as "poupanças" altamente negociadas foram, entre outras coisas, redução das exigências ao nível da iluminação e manutenção das vias). Aí não há grande desculpa, e talvez fosse mesmo inevitável: o governo tinha urgência e cortou no que era mais fácil, já que o cidadão comum não tem a mesma capacidade de litigância que os consórcios internacionais associados às PPP. Mas convém que o admita.
« Última modificação: 2014-11-27 11:15:04 por karnuss »

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Re:Este Governo
« Responder #2783 em: 2014-11-27 11:52:31 »
Também podemos discutir se a redução de rentabilidade das PPPs não está ao nível da redução de salários e pensões.
Mais que isso (colocar a rentabilidade das PPPs em negativo) já seria o mesmo que confiscar poupanças, por exemplo.

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Re:Este Governo
« Responder #2784 em: 2014-11-27 11:58:05 »
Essa dos contratos no mesmo plano não faz sentido nenhum. Passo a explicar. Endividas-te para pagar entre outras coisas salários e pensões. O endividamento é um contrato. E de seguida, quando não consegues pagar o endividamento, vais tratá-lo da mesma forma que os salários e pensões insustentáveis? Ou seja, a cura para esse endividamento é simplesmente cortar simultaneamente o endividamento e os salários e pensões?

Isso faz lá algum sentido? É o mesmo que dizer que temos direito aqui a um período de salários e pensões acima dos que podemos conscientemente pagar, "porque sim".

Portanto defender isso é uma coisa retardada.

Bom, isso aplica-se "ipsis verbis" às PPP, por exemplo. Daí que não faça muito sentido incumprir unilateralmente com o contrato 1 (salários e pensões) e não o ter feito com o contrato 2 (PPP, e  sei do que falo - as "poupanças" altamente negociadas foram, entre outras coisas, redução das exigências ao nível da iluminação e manutenção das vias). Aí não há grande desculpa, e talvez fosse mesmo inevitável: o governo tinha urgência e cortou no que era mais fácil, já que o cidadão comum não tem a mesma capacidade de litigância que os consórcios internacionais associados às PPP. Mas convém que o admita.

As PPPs são essencialmente dívida pública, provavelmente as suas obrigações para com os credores até estarão garantidas em algum lugar como tal.

A úinica parte das PPPs que é comparável aos salários e pensões é o retorno para o capital das mesmas, que foi o que o governo renegociou ou tentou renegociar em baixa, portanto tratando a coisa de uma forma equivalente aos salários e pensões.
« Última modificação: 2014-11-27 11:59:06 por Incognitus »
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Re:Este Governo
« Responder #2785 em: 2014-11-27 12:06:10 »
Bom, no caso dos salários e pensão não houve sequer negociação, foi um "tomem lá e pronto" :) por isso não é de todo igual às PPP. E quanto a estas, as taxas de rentabilidade não foram mexidas; as poupanças de 250 milhões € de que se fala foram devido à redução do nível de exigência dos contratos em coisas como manutenção e iluminação (ou seja, o governo exige menos e o concessionário também gasta menos, mantendo a sua TIR).

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Re:Este Governo
« Responder #2786 em: 2014-11-27 12:24:52 »
Bom, no caso dos salários e pensão não houve sequer negociação, foi um "tomem lá e pronto" :) por isso não é de todo igual às PPP. E quanto a estas, as taxas de rentabilidade não foram mexidas; as poupanças de 250 milhões € de que se fala foram devido à redução do nível de exigência dos contratos em coisas como manutenção e iluminação (ou seja, o governo exige menos e o concessionário também gasta menos, mantendo a sua TIR).

Nota que antes de uma falência, um devedor também tem apenas latitude para cortar arbitrariamente os custos em que incorre directamente (os salários e pensões estão neste nível). Só após uma falência, é que ganha latitude para cortar compromissos para com terceiros (PPPs, dívida pública, etc, estão neste nível).

As coisas não são, simplesmente, iguais nem comparáveis. Essa história é como uma pessoa andar a comprar coisas a crédito e no dia em que não as consegue pagar dizer "bem, como o que eu gasto comigo está ao mesmo nível que os credores, se reduzo o que gasto comigo também não pago aos credores". Simplesmente primeiro a pessoa reduz os seus gastos, e só depois, se mesmo assim não conseguir, é que estoira e não paga aos credores.
« Última modificação: 2014-11-27 12:25:17 por Incognitus »
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Re:Este Governo
« Responder #2787 em: 2014-11-27 17:24:47 »
as PPPs sao um obvio caso de corrupcao para prejudicar o estado e deveriam ser nacionalizadas com devolucao do capital

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Re:Este Governo
« Responder #2788 em: 2014-11-27 17:40:44 »
Duvido que sejam todas fraudes. E mesmo as remunerações elevadas do capital também podem significar que o capital envolvido era pequeno - teria que se ver uma a uma.
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Re:Este Governo
« Responder #2789 em: 2014-11-28 10:08:30 »
o "Compro o que é nosso" foi substituído pelo "Portugal Sou Eu" (provavelmente para mostrar trabalho feito neste mandato e subsidiar mais alguns consultores/agências)

é a habitual treta dos marketeers.
Se metessem um logo tipo "Comprar produtos portugueses = menos importações" ou "Produtos portugueses = mais emprego", embora mais gente captasse imediatamente a mensagem, era bastante pindérico.


Obrigado a todos pelos esclarecimentos sobre o "Compro o que é nosso"/"Portugal sou eu"
Automek, não percebi se estarias contra ou à favor do slogan mais pindérico?

Realmente "Portugal sou eu" não me parece muito eficaz.
Era importante colocar uns desses comentadores da moda a martelar isso na cabeça do pessoal. Se fossem vários e num período razoável era bem capaz de dar uns resultados interessantes. A suposta televisão de serviço público devia levar essa bandeira até ao limite.... assim sempre fazia alguma coisa de minimamente útil.
Já que a UE não coloca barreira, era de explorar isso à fundo.

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/seguranca_social/detalhe/portugal_e_o_segundo_pais_da_ocde_que_concentra_nos_mais_ricos_mais_transferencias_sociais_em_dinheiro.html

Citar
De acordo com um relatório da instituição sedeada em Paris divulgado nesta segunda-feira, 24 de Novembro, 40% das transferências em dinheiro são canalizadas para os 20% mais ricos, sendo que  apenas o México apresenta uma concentração maior no quintil de topo da distribuição do rendimento (cerca de 55%). Para os 20% mais pobres, Portugal destina pouco mais de 10% do total das transferências sociais em dinheiro.


o nosso tribunal constitucional deve estar orgulhoso  :D


http://www.jornaldenegocios.pt/economia/seguranca_social/detalhe/portugal_e_o_segundo_pais_da_ocde_que_concentra_nos_mais_ricos_mais_transferencias_sociais_em_dinheiro.html

"Na Austrália, Noruega e Dinamarca a proporção é a inversa: menos de 10% das transferências em dinheiro dirigem-se aos 20% mais ricos, ao passo que mais de 35% se destinam aos 20% mais pobres. Os dados da OCDE datam de 2011, sendo este apresentado como o ano mais recente que permite comparações internacionais neste indicador."

Como será que os defensores dos pobres e oprimidos, os defensores das pessoas que passam fome, justificam estes dados?

Um dos comentários à notícia é clássico: "Noticia da treta e completamente descontextualizada,só para mandar areia para os olhos dos portugueses"


« Última modificação: 2014-11-28 10:18:34 por Thunder »
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Re:Este Governo
« Responder #2790 em: 2014-11-28 10:40:46 »
Sócrates foi endeusado por muitos os que saíram dos almoços de negócios e dos escritórios de advogados, das recepções e inaugurações, dos gabinetes e dos telefonemas, onde o frequentavam e incensavam, para agora o tratar como demónio vivo. Eu li milhares de palavras sobre como Sócrates era o representante de um “novo” socialismo moderado, aberto ao mercado e aos negócios, cujos esforços para corrigir o défice deixado por Santana Lopes, era notável e apoiando-o nalguns dos conflitos corporativos mais duros que o seu governo teve, como o dos professores. Havia igualmente a tese, que sempre combati, de que Sócrates tinha tirado “espaço político” ao PSD, governando como um social-democrata e que isso marcava um ponto sem retorno ideológico e político. Passos Coelho, então desenvolvimentista contra Manuela Ferreira Leite que dizia que “não havia dinheiro”, estava muito próximo de Sócrates na visão, nem mais nem menos, … das grandes obras públicas. Estão todos esquecidos, não é verdade?

  Mas há mais: quando o nome de Sócrates começou a aparecer em todas as trapalhadas, suspeitas, histórias e negócios, do curso às marquises, do Freeport à Cova da Beira, do bizarro contrato com Figo à tentativa de controlar os media, a TVI em particular, usando a PT, quando se conheceram detalhes da iniciativa dos magistrados de Aveiro de processar Sócrates por abuso do poder, somaram-se as declarações em sua defesa de Passos e Miguel Relvas, queixando-se que lhe estava a ser movido um “ataque pessoal”. Este par do PSD protegeu Sócrates quanto pôde das consequências que podia ter o inquérito parlamentar, considerando que não se devia ir mais longe, de novo porque isso seria um “ataque pessoal”. Isto vindo do mesmo homem, Passos Coelho, que há uma semana, referindo-se claramente a Sócrates numa insinuação disse: “Não possuo riqueza acumulada nem tenho em nome de tias, filhos e primos quaisquer bens”. Estamos conversados.

  É por isso que eu não aceito o “argumento Sócrates” em 2014 e espero que o “argumento Sócrates” se transforme no “argumento Sócrates-Passos Coelho-Portas”, identificando-se assim a tripla que, desde pelo menos 2008, e até antes, ajudou a destruir Portugal, a destruir a sua economia e finanças, a por em causa a sua independência, a alterar profundamente os equilíbrios entre grupos sociais, a dividir os portugueses atirando-os uns contra os outros e aprovar muitas medidas iníquas, que minaram a boa-fé que deve presidir à actuação do estado em democracia. E que ajudaram a que a democracia portuguesa conheça um crise de representação muito grave.

  Sócrates e Passos Coelho não destruíram os mesmos aspectos, não destruíram as mesmas coisas nem da mesma maneira, não actuaram de modo igual, mas deixaram um rastro demolidor de que o país muito dificilmente se vai livrar tão cedo e vai condenar muitos portugueses a passar os últimos anos da sua vida sem esperança nem destino que não seja empobrecer e ficar cada vez pior. Ambos mostraram pouco apreço pela lei e pelo estado de direito, actuando no limite ou para além da legalidade, ambos se rodearam de cortes interessadas e interesseiras com origem nos seus partidos, permeando os lugares de estado com os seus boys, numa exibição de prepotência com base nas suas maiorias absolutas. Um esbanjou sem controlo milhões e milhões em projectos “bandeira” e em “má despesa pública”, outro dividiu os contratos entre os de primeira (PPPs e swaps, tributos aos credores) e os de segunda (reformas e pensões, acordos colectivos de trabalho, compromissos laborais, etc.), criando desequilíbrios que fazem com que os frutos do trabalho e da riqueza sejam hoje pior distribuídos. Ambos permitiram a captura do sistema político pela banca, com os resultados que o caso BES revela em todo o seu esplendor. E ambos usaram e abusaram dos poderes do estado para colocarem os cidadãos no seu sítio, quer fosse com o fisco, com a inversão do ónus da prova, quer fosse a ASAE a multar restaurantes por causa dos galheteiros. Ambos foram total e completamente anti-liberais, no plano económico, social e político.

 Sócrates e Passos Coelho são muito diferentes, mas são também muito iguais. Aquilo em que foram e são mais iguais é na amoralidade que introduziram e reforçaram na vida pública, aqui também com a prestimosa ajuda de Portas. A moralidade na vida pública não se nota quando existe, mas torna-se um monstro que inquina tudo quando não existe. Ambos usaram do dolo, do engano como método de governar, utilizando todas as técnicas das agências de comunicação e marketing, as novas formas de propaganda. Ambos desconhecem o seu país, não gostam do seu povo, não prezam a sua independência, fazem gala de não precisar da História para nada e são incapazes de aprender, embora sejam muito capazes de se adaptar, sem memória, nem honra, nem compromisso com a verdade. Em suma, eles marcaram a chegada ao poder de uma geração de governantes muito iguais entre si, gente mal formada, mal preparada, mal-educada, mal instruída e mal-intencionada. De gente como Sócrates e Passos Coelho.

  É isto que o “argumento Sócrates” me lembra. Nunca o utilizarei a não ser em tandem com o “argumento Passos Coelho”. Até porque, convém recordar, que quem está no poder é o segundo e não o primeiro. E quanto a António Costa eu só posso desejar que não repita os erros trágicos de Sócrates e que não repita os erros trágicos de Passos Coelho. Até, porque, realisticamente, não é impossível que venha a repetir mais facilmente os erros de Passos Coelho do que os de Sócrates. Vamos ver.

Jpp

O Pacheco Pereira, faz um número de contorcionismo engraçado neste artigo.
Andava a malhar forte e feio neste governo. Como a sua posição e argumentos ficaram fragilizados com os casos do Vara, Maria de Lurdes R. e agora o possível envolvimento do Sócrates, teve que fazer uma retirada estratégica. E essa é colar PPC e Sócrates. São ambos maus .... grande novidade. Agora os argumentos dele não servem só para o Sócrates e PPC.

"identificando-se assim a tripla que, desde pelo menos 2008, e até antes, ajudou a destruir Portugal, a destruir a sua economia e finanças, a por em causa a sua independência, a alterar profundamente os equilíbrios entre grupos sociais, a dividir os portugueses atirando-os uns contra os outros e aprovar muitas medidas iníquas, que minaram a boa-fé que deve presidir à actuação do estado em democracia. E que ajudaram a que a democracia portuguesa conheça um crise de representação muito grave."

Esta parte não se aplica ao Guterres ou ao Cavaco? Para mim aplicam-se

"ambos se rodearam de cortes interessadas e interesseiras com origem nos seus partidos, permeando os lugares de estado com os seus boys, numa exibição de prepotência com base nas suas maiorias absolutas"

Pós 25 de Abril ou só PPC e Socrates?

"Um esbanjou sem controlo milhões e milhões em projectos “bandeira” e em “má despesa pública”, outro dividiu os contratos entre os de primeira (PPPs e swaps, tributos aos credores) e os de segunda (reformas e pensões, acordos colectivos de trabalho, compromissos laborais, etc.), criando desequilíbrios que fazem com que os frutos do trabalho e da riqueza sejam hoje pior distribuídos"

PPP ridículas já com Ferreira do Amaral aconteceram (Ponte Vasco da Gama, um escândalo), com Jorge Coelho. Já no tempo do Cavaco se reclamava do "betão à mais". Os desequilíbrios na distribuição da riqueza é fruto de uma política prolongada. Um estado sempre a inchar, quer à nível central, quer à nível camarário, com progressões de carreira absurdas e colocações "à la carte". Só Sócrates e PPC?

"Ambos usaram do dolo, do engano como método de governar, utilizando todas as técnicas das agências de comunicação e marketing, as novas formas de propaganda. Ambos desconhecem o seu país, não gostam do seu povo, não prezam a sua independência, fazem gala de não precisar da História para nada e são incapazes de aprender, embora sejam muito capazes de se adaptar, sem memória, nem honra, nem compromisso com a verdade. Em suma, eles marcaram a chegada ao poder de uma geração de governantes muito iguais entre si, gente mal formada, mal preparada, mal-educada, mal instruída e mal-intencionada. De gente como Sócrates e Passos Coelho."

O Cavaco e o Mário Soares ambos transpiram classe, não são nada elitistas, são altamente coerentes, etc, etc... Verdadeiros exemplos de que os políticos antigos é que eram.... Agora sem ironias, ambos se governassem em outros tempos dariam uns excelentes absolutistas ou senhores feudais.
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Re:Este Governo
« Responder #2791 em: 2014-11-28 10:51:17 »
Bom, no caso dos salários e pensão não houve sequer negociação, foi um "tomem lá e pronto" :) por isso não é de todo igual às PPP. E quanto a estas, as taxas de rentabilidade não foram mexidas; as poupanças de 250 milhões € de que se fala foram devido à redução do nível de exigência dos contratos em coisas como manutenção e iluminação (ou seja, o governo exige menos e o concessionário também gasta menos, mantendo a sua TIR).

Nota que antes de uma falência, um devedor também tem apenas latitude para cortar arbitrariamente os custos em que incorre directamente (os salários e pensões estão neste nível). Só após uma falência, é que ganha latitude para cortar compromissos para com terceiros (PPPs, dívida pública, etc, estão neste nível).

As coisas não são, simplesmente, iguais nem comparáveis. Essa história é como uma pessoa andar a comprar coisas a crédito e no dia em que não as consegue pagar dizer "bem, como o que eu gasto comigo está ao mesmo nível que os credores, se reduzo o que gasto comigo também não pago aos credores". Simplesmente primeiro a pessoa reduz os seus gastos, e só depois, se mesmo assim não conseguir, é que estoira e não paga aos credores.
Eu não concordo com a tua analogia. A questão é que quando compras com o cartão, foste tu que compraste e compraste algo específico, algo que tinha o preço claro. Compras um casaco, ele custa 100 Euros, foste tu que o compraste, sabias o preço, está tudo às claras.
Usando a analogia do cartão, era a mesma coisa que se a tua mulher pegasse no cartão sem tu saberes e comprasse alguma coisa com um contrato cheio de cláusulas e cujo o valor à pagar fosse muito incerto por várias circunstâncias. Tu quando fosses dar por ela estavas entalado por uma compra que não tinhas consciência de teres feito e nem tinhas a perfeita noção de quais as tuas obrigações futuras, pois elas podem variar.
O estado como nosso representante colocou-nos numa posição semelhante.

Sei que é muito complicado provar este tipo de coisas, mas se o estado estivesse realmente empenhado nisto poderia contestar os contratos por serem possivelmente fraudulentos.
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Re:Este Governo
« Responder #2793 em: 2014-11-28 11:20:40 »
Obrigado a todos pelos esclarecimentos sobre o "Compro o que é nosso"/"Portugal sou eu"
Automek, não percebi se estarias contra ou à favor do slogan mais pindérico?
Quando mais pessoas captarem a mensagem melhor, daí eu achar que mensagens simples, mas pindéricas, sejam melhores. Mas é muito difícil tirar a malta das agências lá do seu mundinho de mensagens subliminares e prémios internacionais.

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Re:Este Governo
« Responder #2794 em: 2014-11-28 11:26:42 »
Obrigado a todos pelos esclarecimentos sobre o "Compro o que é nosso"/"Portugal sou eu"
Automek, não percebi se estarias contra ou à favor do slogan mais pindérico?
Quando mais pessoas captarem a mensagem melhor, daí eu achar que mensagens simples, mas pindéricas, sejam melhores. Mas é muito difícil tirar a malta das agências lá do seu mundinho de mensagens subliminares e prémios internacionais.

Se o objectivo é atingir toda a franja de pessoas, acho que acabas por ter razão. Faz sentido.
É uma pena isto não ser explorado como deve ser, seria importantíssimo. E às vezes andam aí a tão preocupados com coisas tão mínimas e deixa-se este tipo de questões fulcrais sem atenção nenhuma.
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Re:Este Governo
« Responder #2795 em: 2014-11-28 16:00:13 »
Bom, no caso dos salários e pensão não houve sequer negociação, foi um "tomem lá e pronto" :) por isso não é de todo igual às PPP. E quanto a estas, as taxas de rentabilidade não foram mexidas; as poupanças de 250 milhões € de que se fala foram devido à redução do nível de exigência dos contratos em coisas como manutenção e iluminação (ou seja, o governo exige menos e o concessionário também gasta menos, mantendo a sua TIR).

Nota que antes de uma falência, um devedor também tem apenas latitude para cortar arbitrariamente os custos em que incorre directamente (os salários e pensões estão neste nível). Só após uma falência, é que ganha latitude para cortar compromissos para com terceiros (PPPs, dívida pública, etc, estão neste nível).

As coisas não são, simplesmente, iguais nem comparáveis. Essa história é como uma pessoa andar a comprar coisas a crédito e no dia em que não as consegue pagar dizer "bem, como o que eu gasto comigo está ao mesmo nível que os credores, se reduzo o que gasto comigo também não pago aos credores". Simplesmente primeiro a pessoa reduz os seus gastos, e só depois, se mesmo assim não conseguir, é que estoira e não paga aos credores.
Eu não concordo com a tua analogia. A questão é que quando compras com o cartão, foste tu que compraste e compraste algo específico, algo que tinha o preço claro. Compras um casaco, ele custa 100 Euros, foste tu que o compraste, sabias o preço, está tudo às claras.
Usando a analogia do cartão, era a mesma coisa que se a tua mulher pegasse no cartão sem tu saberes e comprasse alguma coisa com um contrato cheio de cláusulas e cujo o valor à pagar fosse muito incerto por várias circunstâncias. Tu quando fosses dar por ela estavas entalado por uma compra que não tinhas consciência de teres feito e nem tinhas a perfeita noção de quais as tuas obrigações futuras, pois elas podem variar.
O estado como nosso representante colocou-nos numa posição semelhante.

Sei que é muito complicado provar este tipo de coisas, mas se o estado estivesse realmente empenhado nisto poderia contestar os contratos por serem possivelmente fraudulentos.

Eu tb acho que o Estado poderia e deveria contestar os contratos por esse ângulo. Mas fora disso, não concordo que sejam contratos equivalentes a salários e pensões directamente pagos pelo Estado, pela analogia com uma falência (antes da falência só se controlam os custos directos, depois da falência tb se podem rasgar contratos com credores). Se Portugal quisesse rasgar os contratos com os credores, deveria falir (e no fundo seria o que aconteceria, se o fizesse faliria).
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Luisa Fernandes

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Re:Este Governo
« Responder #2796 em: 2014-11-29 13:04:22 »
Álvaro Santos pereira arrasa Paulo Portas e critica Vítor Gaspar em livro
 


Expresso de 29 de Novembro de 2014


O ex-ministro da Economia Álvaro Santos Pereira fala pela primeira vez sobre a crise política do verão de 2013 em que acabou despedido do Governo e foi substituído por um centrista, Pires de Lima. No livro “Reformar sem medo”, que chegou esta sexta-feira às livrarias, o ex-ministro relata os dias frenéticos daquele verão e Paulo Portas, que passou de uma demissão a ser empossado vice-primeiro-ministro, não sai nada bem na fotografia. Portas “intrigou” contra Santos Pereira desde o primeiro dia do Governo e fez “chantagem” com o país numa atitude que não merece “perdão” – palavras do ex-ministro.




“O que me é insuportável é a intriga pela intriga, é os políticos fazerem tudo o que está ao seu alcance, sem olhar a meios, para ter mais poderes ou ganhos políticos. Isso acho profundamente lamentável, errado”, escreve Álvaro Santos Pereira, acusando Portas, líder do segundo partido de coligação, de ter feito, para mais, “intriga e chantagem com um país numa situação dramática e que estava sob assistência financeira”.




No capítulo “A intriga política”, o primeiro ministro da Economia de Passos Coelho conta como viveu os dois anos em que esteve no Governo e, por ordem cronológica, a sua versão dos acontecimentos nos primeiros dias de julho de 2013.




“Há pessoas que se dedicam quase em exclusivo à intriga política (…) frequentemente escudando-se por detrás de políticas populistas e de facilidade comunicacional”, diz, referindo-se a Portas e revelando que, desde o início do Governo, “houve intriga e conflitos internos”. “Não tenho dúvida que parte dos ataques foi interna”, explica, lembrando uma célebre frase do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill: “Os adversários sentam-se em frente e os inimigos ao lado (na bancada do Governo)”.




“Tudo começou” pela tutela da AICEP, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, – conta Santos Pereira – e “depois prosseguiu com tudo o que envolvesse boas notícias, investimentos, Concertação Social, ou até os ataques aos lóbis”. Foram “dois anos de ataque cerrado, embora nunca direto”, refere.




Até que chega o dia 1 de julho, em que o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, se demite. “O timing da demissão de Vítor Gaspar surpreendeu-me”, disse. Mas, “a surpresa das surpresas aconteceu dia 2 de julho”, terça-feira, dia em que Portas apresenta a demissão – durante a tarde.




Nessa manhã de dia 2, Portas ainda lhe liga para discutir uma nomeação para a Autoridade da Concorrência, um “pretexto”, segundo Santos Pereira. Acabam a conversar sobre a demissão de Gaspar e Portas diz-lhe, a propósito da sua sucessora, Maria Luís Albuquerque, que “não conhecia bem a nova ministra”. Estava “relativamente descontraído” e disse que preferia que a escolha tivesse recaído sobre o ministro da Saúde, Paulo Macedo. Horas depois, Portas demite-se invocando ter sido contra a escolha de Maria Luís para substituir Gaspar.




Álvaro Santos Pereira tem conhecimento da demissão de Portas, nessa tarde, já em Berlim, onde tinha uma reunião de trabalho, e fica “siderado, atónito, perplexo” com a notícia. “Senti que a pátria tinha sido traída e que o país tinha sido atirado para a lama, tinhamos acabado de deitar o trabalho dos últimos dois anos para o lixo”, conta.




No livro, o ex-ministro revela que ligou a um ministro do CDS (teria sido Luís Pedro Mota Soares, ministro da Segurança Social pois a outra pessoa indicada pelo partido é uma mulher, Assunção Cristas, na Agricultura). Santos Pereira diz-lhe que “era preciso que o CDS continuasse no Governo” e aquele responde-lhe que “as coisas estavam muito mal entre os dois partidos, que não havia confiança entre eles e que o melhor mesmo era que o CDS saísse do Governo e haver um acordo de incidência parlamentar até ao final da legislatura”.




Essa solução era, para o então ministro da Economia, “um disparate e um caos total”. E diz ao interlocutor “que pedissem o que quisessem, mesmo a pasta da Economia”. Segundo Santos Pereira, esta pasta era “uma ambição do CDS desde o primeiro dia”. Um dirigente do CDS, António Pires de Lima, acabou a substitui-lo. “Para mim era evidente o que iria acontecer”, sublinha.




Pedro Passos Coelho já estava com Santos Pereira em Berlim quando Paulo Portas recua na sua decisão e dá o “irrevogável” por não dito. Santos Pereira reage sem oposição à sua substituição no Governo porque “o país não precisa de mais dramas e turbulências”, mas não deixa de considerar o que se passou “uma chantagem”.




Na segunda-feira seguinte, dia 8, o ministro começa a encaixotar as suas coisas no gabinete. O Presidente da República não dá posse aos novos ministros, porém, e pede um entendimento alargado. O processo de negociações, que termina sem sucesso, demora três semanas “bastante difíceis”.




Durante esse período, ocorre no Parlamento um debate do Estado da Nação e um debate de moção de censura ao Governo. “No debate do Estado da Nação, mantive a compostura e fiquei sentado a ouvir o discurso de alguém que fez o que fez ao país”, lembra, sobre Portas, acrescentando que “há limites” para “os sapos que se tem que engolir na política”. No debate seguinte, saiu da sala no momento em que Portas discursa e também já não vai à tomada de posse dos novos ministros para não ter que “apertar a mão” ao empossado vice-primeiro-ministro.




Santos Pereira termina o capítulo dedicado ao Portas com uma interrogação:





“Em qualquer outro país minimamente avançado e democrático, essas ações nunca seriam perdoadas, nem pela opinião pública, nem pela imprensa e muito menos pelo próprio partido. É chocante e é pena que os agentes políticos e a imprensa não tenham atuado em conformidade com alguém que assim agiu. Porque será?”.
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Re:Este Governo
« Responder #2797 em: 2014-11-29 13:36:54 »
O Portas não parece grande coisa, não. No fundo às tantas em alguma altura os submarinos ainda o apanham.
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Re:Este Governo
« Responder #2798 em: 2014-11-29 18:54:19 »
Sempre simpatizei com Álvaro Santos Pereira, que me pareceu um indivíduo  independente e sem compromissos com os monopólios - embora, alguma suspeição sobre ele recaísse nas visitas de multinacionais mineiras aos recursos naturais cá do país... Mas, pareceu-me natural posto que o ministro vinha de uma universidade do Canadá, e as mineiras também... Já o substituo, o jurista das cervejeiras e da baixa do iva, não consigo simpatizar de todo!

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Re:Este Governo
« Responder #2799 em: 2014-11-29 20:35:44 »
Sempre simpatizei com Álvaro Santos Pereira, que me pareceu um indivíduo  independente e sem compromissos com os monopólios - embora, alguma suspeição sobre ele recaísse nas visitas de multinacionais mineiras aos recursos naturais cá do país... Mas, pareceu-me natural posto que o ministro vinha de uma universidade do Canadá, e as mineiras também... Já o substituo, o jurista das cervejeiras e da baixa do iva, não consigo simpatizar de todo!

É melhor que alguém escave esses recursos naturais, a deixá-los no chão, certamente.
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