Admira-me que alguns professores mais cultos e inteligentes não se dediquem a prestar serviços de preceptoria a filhos de pais afluentes! Seria para eles uma via gratificante quer financeira quer humanamente. Eu tive um explicador de matemática liceal, com alguma duração no tempo, que recusou estender esse apoio a nível universitário, - não que não soubesse, mas não exercia praticamente como docente nesse nível.
Acabei por estudar com colegas e num período curto, beneficiámos de uma preparação em pequeno grupo prestada por um assistente de Ruy Luís Gomes, numa sala do Sindicato de Professores, no Porto, o Dr. Carlos Morgado, algum tempo antes de ambos terem passado para o exílio no Brasil…
Mas o meu antigo explicador de matemática do liceu, teve o cuidado de inteirar-se do dia em que terminei a minha licenciatura e a delicadeza de ter sido o primeiro a dar os parabéns ao meu Pai, o qual ficou muito sensibilizado com o seu gesto atencioso.
Um bom professor, com algum esmero, qualifica-se, pelo menos em parte, como preceptor, o que para si próprio é gratificante e o dignifica.