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Autor Tópico: Livros  (Lida 71432 vezes)

vbm

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Re: Livros
« Responder #320 em: 2018-09-02 09:25:18 »
O interesse por nós próprios, a noção da nossa identidade, o reencontro diário connosco próprios, tudo isso é muito bonito, assumimo-nos como gente, e os outros assim nos encaram. E daí? Como macróbios vivemos até que morramos e nos decompunhámos. Como fazê-lo? Deixar de gostar de nós? Não. Não é solução. Gostarmos de nós? Hum... sim, mas... -> perceber que não interessa; quer dizer, o que faço comigo próprio? Penso umas coisas, talvez. E o que interessa isso? Interessa muito, porque é muito giro! Óptimo, então fico com o giro, e o resto não me interessa, deixo ficar, passe bem! É por estas e por outras, que de facto sempre me estive nas tintas para nicks e não nicks, e muito rápido aprendi a dialogar no digital: ligo aos enunciados, demoro-me ou não no  que enuncio e ou vejo enunciado; a pessoa que enuncia, só muito tardiamente se começa a perfilar na minha consciência de modo individuado. E fotografia, nem sequer me ajuda muito, se bem que haja caras bonitas - quando as há, naturalmente -, mas a duas dimensões, no domínio plano, é tudo preferível, até, a preto e branco, cria um efeito de distância e representação que melhor secunda o que por escrita se legende do que cada um é. Aprendi rápido desrealidade comunicacional da net.

É certo que a escrita acaba por nos definir em termos de identidade virtual e não material. Dizem que o material é essencial para uma relação: o tacto, o cheiro, o olhar, o movimento - tudo isso constituiu também o que somos.
Porém há graus diferentes de envolvimento no mundo material: há pessoas que eu conheço há anos no mundo material e que não me seduzem além de uma amizade superficial e distante. Muitas até: caso de muitos colegas que nem chegam a ser amigos. A minha relação com elas está ao nível destes forunistas aqui do think . Vou conhecendo, so what? Na minha aldeia idem aspas.
Amizades profundas tenho poucas, pessoas que me despertem a atenção são poucas seja no virtual seja no material...
Mas uma coisa te digo Vasco: é mais fácil conhecer pessoas/nicks interessantes no virtual que no material. As capas que usas no material são mais elaboradas, mantem o Outro muito mais distante que o mundo virtual.

Eis o que me causa pena. A smog zangou-se comigo. Logo ela, com quem mutuamente, nos relacionávamos, virtualmente, há muitos anos… E porquê? Porque repudio que os professores sejam aumentados quando todo o país passou a ganhar menos, e os professores participam num ensino que não presta, deforma e desinforma a população. Muito à semelhança dos economistas que participam na actividade económica de tal forma que não ata nem desata e tudo permanece medíocre e ineficaz. Não posso mudar de opinião por ambas as classes não melhorarem nitidamente o seu desempenho. O que eu mais desejaria ardentemente para bem de todos. Mas, tal não está a acontecer. Não vejo justiça nenhuma, antes enorme desvario, concordar com aumento a professores no geral incompetentes, e quanto a 'economistas', acho bem que sejam despedidos ou remetidos a escriturários do que nada entendem, zés ninguém que são.

Automek

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Re: Livros
« Responder #321 em: 2018-09-02 10:15:53 »
Tu tens um "problema" vbm. Tu és um debater mas nem toda a gente é.

Citar
Loyalty, support, emotional feedback – these are not what Debaters look for in their friendships. The last thing people with the Debater personality type want to hear is “you’re right”, not unless they have absolutely earned the distinction in a heated round of intellectual debate. If they’re wrong, Debaters want to be told so, and they want every detail of the faults in their logic to be laid bare, partly in their quest for oftentimes arbitrary truth, and partly just so they have to work to defend that logic with counterpoint and parry.

vbm

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Re: Livros
« Responder #322 em: 2018-09-02 16:17:39 »
Pode ser que sim. Mas ela também tem um problema. E maior do que o meu: não tem razão; e não percebe isso. Lastimável. Vê o meu, porventura o nosso caso, se ambos formos economistas: está uma miséria, o desenvolvimento económico da nossa sociedade. Os economistas, no geral, arcam com o demérito profissional respectivo. Por muito bons que um ou outro sejam - e eu, do que conheço, gosto do Louçã, do João Salgueiro, gostava do Silva Lopes, também aprecio o Miguel Cadilhe, assim destes que me lembro de imediato. Eles têm valor. Mas o país trabalha mal, as coisas não estão bem, no geral, os economistas são mal formados, não sabem mudar este estado de coisas, o próprio ensino técnico deve ser medíocre.

vbm

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Re: Livros
« Responder #323 em: 2018-09-19 17:21:00 »


Mais um, do baú, que estou a reler ao cabo de 55 anos!

Foi o primeiro ministro de economia do governo federal
alemão de Konrad Adenauer: Ludwig Erhard, era um liberal
adepto da economia social de mercado, anti-dirigismo
económico, mas também adepto incorruptível da liberdade
e consequente concorrência económica anti-monopolista,
anti-trusts, anti-sindicatos com aumentos de salários
superiores ao aumento da produtividade!

Impressionou-me quando o li em 1963. Além de ministro
de economia, foi mais tarde chanceler da República Federal.

Lembro a tensão a que foi sujeito para intervir na regulação
de preços, que recusou persistente, pois estava seguro que
essa especulação açambarcadora do mercado negro não tinha
razão de ser substancial: resistiu, resistiu, uma, duas semanas
os preços sempre a subir, todos desesperados, que interviesse;
antidirigista, manteve-se firme na sua recusa! Até que ao longo
da 3ª semana, os preços começaram a cair, primeiro lentos, à
experiência, a seguir, rápidos até à normalidade, tudo salvo
sem tabelamentos, a moeda estabilizada, imune a ataques
especulativos de mercado negro! Venceu.

E aumentos de salários acima da produtividade, tinham
o mesmo nome: roubalheira! Moeda estável, persistência
no rumo político, aprendizagem séria da vantagem de trabalhar
para ganhar mais, ter maior rendimento, quer consumido,
quer poupado. Assim, sim: respeito pelas pessoas, valorização
da liberdade e responsabilidade pessoal.

Ou seja, com Erhard, eu também seria um liberal adepto
de uma economia social de mercado: salários e sindicatos
na proporção da produtividade, educação do povo, para
entreter-se para lá do futebol e da pasmaceira das televisões,
telemóveis e internets, lol.

E sim, trabalharem, não serem roubados, guardarem o seu
dinheiro e obrigarem o estado e os funcionários públicos a
trabalharem melhor com menos impostos (e os bancos a não falirem).

Agora que os desempregados se empregaram, ver bem
se combinam com investidores a sério em que actividades
o país há-de envolver-se para a capitação dos rendimentos
salariais e de reposição do capital aumentar o bem-estar
para todos, sem monopólios nem burocracias.


E já agora, quantos aos uber e aos taxistas,
que tal baixar os impostos e as licenças
dos taxistas, por forma a esvaziar-lhes
o protesto da concorrência desleal
dos descaracterizados, a ver quem
deveras o público prefere, se o
que chama pelo telemóvel ou
o esticar o braço e mandar
parar o táxi! -:))
« Última modificação: 2018-09-19 22:33:18 por vbm »

vbm

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Re: Livros
« Responder #324 em: 2018-09-19 18:22:13 »


Ludwig Erhard (1897-1977)
« Última modificação: 2018-09-19 18:24:22 por vbm »

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Re: Livros
« Responder #325 em: 2018-10-07 17:46:28 »


Reler um livro 23 anos depois, claro sem nada lembrar,
mas fazê-lo na mesma tradução inicial, em português
autêntico, - dessincronizado do pseudo brasileirismo,
ainda 'bebendo' europeu, com 'mala' escrito 'valise',
e construtor, 'constructor', etc. é giro. A capa,
é a primitiva, embora a segunda mais
apropriada à chave do enigma.

Giro!


Mas sobretudo irei reler o "Bem-estar para todos",
que reconheço ter determinado a minha preferência
pela temática dos ciclos económicos! -:)
« Última modificação: 2018-10-07 18:27:39 por vbm »

vbm

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Re: Livros
« Responder #326 em: 2018-10-23 20:30:52 »
Há três ou quatro clássicos que há imensos anos desejo encetar ler;
já os tenho iniciado, mas acabando por os interromper
por não ter condições de prosseguir, outras leituras
se intercalando...

Mas hei-de-os ler e sei que vou gostar:

A Divina Comédia, de Dante.
Orlando Furioso, de Ariosto
Decâmeron, de Boccacio
Os Mystérios do Povo, de Eugene Sue (já li do séc III a.C. ao séc. XVII d.C.)

Continuo a preparar-me para A Divina Comédia


vbm

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Re: Livros
« Responder #327 em: 2018-10-26 16:55:33 »


«[...] Um relógio composto de rodas e pesos não observa menos cuidadosamente
todas as leis da natureza quando é mal fabricado e não indica as horas certas
do que quando satisfaz a todos os respeitos a intenção do artífice:
analogamente, o mesmo se dá com o corpo do homem,
se o considero como uma certa máquina equipada
e composta de tal maneira, por ossos, nervos,
músculos, veias, sangue e peles, que,
mesmo que não existisse nela
nenhum espírito,

possuiria no entanto todos os movimentos
que agora executa
e não procedem
do império da vontade e,
por conseguinte,
do espírito.»


Descartes, Meditações sobre a filosofia primeira
« Última modificação: 2018-10-26 16:57:04 por vbm »

vbm

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Re: Livros
« Responder #328 em: 2018-11-07 10:18:00 »


Cinquenta anos depois,
continua interessante! -:))
« Última modificação: 2018-11-07 10:19:08 por vbm »

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Re: Livros
« Responder #329 em: 2018-11-08 16:14:28 »
«O governo desse tempo era uma coalizão de talentos, bem sonantes mas inúteis,
alcunhados os Meritocratas, que se reuniam em tempo de crise. Eram homens e
mulheres talentosos que tinham por único princípio comum o da sobrevivência.

O Primeiro-Ministro era um conservador liberal e o Ministro do Trabalho,
membro renegado de um sindicato; os cargos principais eram ocupados
por homens mais novos, activos e ambiciosos, como o Ministro da Defesa,
e os outros por personagens menos capazes mas publicamente influentes,
dotados com o dom da palavra, como o Ministro da Ciência.

As diferenças de partido haviam sido mais ilusórias do que reais e
possivelmente aquilo seria o fim do governo de partidos no país.
Ninguém se preocupava, toda a nação parecia mergulhada  numa
apatia resignada perante um mundo que se ultrapassara a si próprio.»


op.cit., p. 36

vbm

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Re: Livros
« Responder #330 em: 2018-11-09 15:08:07 »


«No homem, em quem a natureza superior imprimiu o amor à verdade,
uma coisa parece ter a primazia: assim como o esforço dos avoengos
o enriquece, também ele deseja trabalhar afim de que, por seu turno,
recebam os pósteros alguma riqueza.»

Dante Alighieri, Monarquia

post-scriptum: - Não sou monárquico!
Mas subscrevo.

vbm

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Re: Livros
« Responder #331 em: 2018-11-10 08:48:00 »
Nunca vi um diário com a qualidade e o caráter deste Vida Nova de Dante.
Li-o pela primeira vez, agora, dezenas de anos no 'sotão'.
Um espanto! Conta, sucinto, o que se passou e sentiu.
Põe-no em verso. Depois, analisa-o
e explica-o em prosa.

Uma espécie de matemática da qualidade!

A parte verso do XXIV

Senti eu mexer dentro do peito
um espinho amoroso que dormia:
e logo vi chegar, de longe, o Amor,
alegre tanto que mal o conhecia.
Disse-me: «Pensa honrar-me»; e era riso
em todas as palavras que dizia.
E pouco havia que me acompanhava, quando,
olhando eu para o lugar de onde viera,
vi caminhar dama Jana e dama Bice
para o sítio aonde eu estava,
uma depois da outra maravilha;
e assim como se a mente mo dissera
Amor me disse: «Aquela é Primavera,
e esta Amor, pois comigo tanto se parece.»


« Última modificação: 2018-11-10 08:49:33 por vbm »

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Re: Livros
« Responder #332 em: 2018-11-11 22:31:12 »
«Para despedaçar as cadeias da ignorância,
forjadas pelos reis e pelos príncipes,

para libertar o género humano do seu jugo,
exortarei como o profeta,

e repetirei as suas últimas palavras:
«despedacemos as cadeias, e atiremos o jugo para longe».»



Dante, Monarquia, Livro Segundo, I

vbm

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Re: Livros
« Responder #333 em: 2018-11-29 17:35:09 »


Ia começar a ler algumas sequências de capítulos deste ensaio
de Daniel C. Dennett e quase fiquei bloqueado com um puzzle
de pé de página na p. 5! Em todo o caso, parece-me
que descobri o «como», que posso editar,
se bem que, como no xadrez,
se calhar errei algo…

Proponho-vos, aventarem a solução:

«Four people come to a river in the night. There is a narrow bridge, and it can only hold two people at a time.
They have one torch and, because it's night, the torch has to be used when crossing the bridge.
Persion A  can cross the bridge in one minute, B in two minutes, C in five minutes,
and D in eight minutes. When two people cross the bridge together,
they must move at the slower person's pace.

the question is, can they all
get across the bridge in
fifteen minutes or less?»


vbm

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Re: Livros
« Responder #334 em: 2018-12-01 09:47:31 »
Of course, the puzzle has a solution,
that doesn't depend of other´s mind
movement, like in chess, or like
economic predictions, always
conditionned to clauses
ceteris paribus, when
reality, always is
'alteris' paribus.

After discover it, solution
is quite straightforward,
should we had begun
properly from the
right premisse!

-:)

Náu

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Re: Livros
« Responder #335 em: 2018-12-03 10:06:54 »


Ia começar a ler algumas sequências de capítulos deste ensaio
de Daniel C. Dennett e quase fiquei bloqueado com um puzzle
de pé de página na p. 5! Em todo o caso, parece-me
que descobri o «como», que posso editar,
se bem que, como no xadrez,
se calhar errei algo…

Proponho-vos, aventarem a solução:

«Four people come to a river in the night. There is a narrow bridge, and it can only hold two people at a time.
They have one torch and, because it's night, the torch has to be used when crossing the bridge.
Persion A  can cross the bridge in one minute, B in two minutes, C in five minutes,
and D in eight minutes. When two people cross the bridge together,
they must move at the slower person's pace.

the question is, can they all
get across the bridge in
fifteen minutes or less?»


Fazer uma segunda tocha passa pela solução? 

Automek

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Re: Livros
« Responder #336 em: 2018-12-03 10:27:59 »
Fazer uma segunda tocha passa pela solução?
Aí seriam apenas 10 minutos. Espero que a solução deve ser diferente mas não estou a ver como porque temos o 8+5 logo à partida.

vbm

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Re: Livros
« Responder #337 em: 2018-12-03 10:45:33 »
Lol.

Tem solução, sim.
15'. Menos, não vejo como!

O livro é espantoso!
Só vou ainda no 2º capítulo.
Espero várias reviravoltas mentais.
Ele avisa que assim sucederá.
Estou com curiosidade.

Se ninguém disser a solução do puzzle,
edito-a em breve. É fácil. Só
confunde ao princípio.

D. Antunes

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Re: Livros
« Responder #338 em: 2018-12-03 18:50:40 »
É possível sim. E sem nenhum truque.

Se quiserem pistas vejam em baixo:



Quantas viagens são necessárias (de ida e de volta)?



Quem é que querem que faça as viagens de volta?



E será que temos que ter 8+5, como diz o Auto...
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

Automek

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Re: Livros
« Responder #339 em: 2018-12-03 19:26:12 »
Ah, bolas, agora olhei para isto outra vez. Tão fácil.  ;D