"Never let a profit turn into a loss". Este é mais um dos sábios adágios de Wall Street. E como a generalidade das expressões que sobrevivem à prova do tempo, também esta faz todo o sentido. Sabemos nós, traders ou investidores, que nem sempre é fácil colocar em prática o que está previamente definido. Ou mesmo o que sabemos ser mais correcto.
A minha motivação para escrever hoje sobre este assunto está relacionada com um trade que fechei ontem, trade este que esteve com 50% de lucro e foi fechado com 20% de prejuízo. Um erro crasso da minha parte, que merece ser analisado. Já aqui falei anteriormente, no "longínquo" ano de 2008, da importância de se
definir um plano de trading sempre que se pretende abrir uma nova posição. E da consequente importância de seguir esse plano e cumprir o que estava previamente definido, o que havia sido delineado com a clareza que a maioria de nós só consegue ter quando ainda não tem qualquer conflito de interesse relativamente à análise em causa.
Ora, e falando também para mim próprio, esse plano não pode ser rígido, imutável! Terá forçosamente de ser adaptado com o passar do tempo, mesmo que os pressupostos que levaram à entrada se mantenham intactos. O simples passar do tempo requer ajustes, e mais ajustes serão necessários se após a abertura do trade o título correr na direcção que havíamos previsto. E um ajuste simples é a passagem do stop para o break-even, gesto que automaticamente retira dos ombros de quem tem uma posição aberta alguma pressão. Idealmente esse stop deverá ser passado para um local de referência, como é óbvio! Para uma resistência entretanto quebrada ou um higher-low entretanto formado, ou outro ponto que faça sentido. Mas nem sempre estes pontos de referência surgem.
A partir de que ponto deveremos pensar em mudar o stop para o break-even? Não antes dos 5% de lucro, não depois dos 10%. Subir o stop não significa cortar as pernas a uma boa aposta, nem é isso que se pretende! Pretende-se sim evitar um estado de mal-estar psicológico gerador de ansiedade, que tem potencial para prejudicar trades futuros. Se é verdade que o preço de entrada é apenas uma referência momentânea, não é menos verdade que é importante olhar para um negócio fechado e fazer-lhe uma marca verde, ao invés de uma vermelha. É a sucessão de marcas verdes que permitem ganhar confiança e consolidar métodos. Obter uma perda num negócio em que numa primeira fase o nosso método nos indicou o caminho correcto é, a todos os níveis, contraproducente.
Para terminar, não poderia deixar de referir que as perdas são tão importantes como os ganhos e não deverão ser personalizadas, levadas demasiado a peito. São essas perdas que nos permitem aprender, afinar estratégias. Não há métodos infalíveis, há apenas métodos estatisticamente mais válidos que outros. E se tivermos um método que na generalidade seja ganhador, associado à utilização de técnicas básicas de money management, o longo prazo encarregar-se-à de nos recompensar.