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Autor Tópico: Agricultura - Tópico principal  (Lida 169407 vezes)

Gugu

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #160 em: 2014-01-03 11:19:33 »
Serra da Nave,

Este ano vou fazer uma pequena experiência, tentar produzir batata Ratte e batata Vitelotte.

Tens algum know how com estas duas espécies?
A estrutura politica, a ideologia dominante, faz tudo o possível para manter a população o mais pobre possível e favorecer o mais possível pequenas (e por vezes não tão pequenas) castas.
 Incognitus

JoaoAP

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #161 em: 2014-01-03 12:39:21 »
Uma sugestão:
acordo com algum centro de investigação e criar um produto químico ou não...
de modo que não borbulhe... mas não seja tão prejudicial como o actual...
Aliás, acho que há uma especiaria que faz isso... mas deve ser mais cara do que o químico...

Mas como diz o Mystery, e em especial na fruta, a atmosfera controlada é que se tem utilizado mais nos últimos anos.

Batata da Serra da Nave

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #162 em: 2014-01-03 13:46:37 »
Conclusão: não existe nenhuma diferença entre a batata da serra da nave e outras batatas de qualidade produzidas em Portugal conservadas em ambientes de atmosfera controlada.

Existe sim . São obvias e já as referi .

1 - A batata criada neste ambiente é optima para batata de semente quando exportada para zonas mais baixa e menos agrestes .
2 - o Facto da planta estar menos exposta a pragas que encontram solo fertil para o seu desenvolvimento em climas mais quentes e humidos faz com que o tuberculo por um lado não leve larvas no seu interior e por outro lado levando menos quimicos tem um produto mais ecologico .

Quer mais diferenças do que essas ?

Batata da Serra da Nave

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #163 em: 2014-01-03 14:16:40 »
Serra da Nave,

Este ano vou fazer uma pequena experiência, tentar produzir batata Ratte e batata Vitelotte.

Tens algum know how com estas duas espécies?

Boas ,

Para lhe ser sincero nunca tinha ouvido falar . Uma rapida pesquisa deu-me as primeiras indicações sobre as suas qualidades .



"  Finalmente, as batatas em Portugal. Só se cultivam menos de uma dezena de variedades, importando-se outras (30%). As variedades mais vulgares são: cerosas – Jaerla; multiusos – Monalisa, Marine, Spunta, Kennebec; farinhentas – Desirée, Astérix, Stemster. Caso especial, para cozer e assar, mas não para fritar, começa a estar na moda, quase como coqueluche de “chefs”, a batata Ratte, ainda pouco comercializada em Portugal. É uma batata cerosa, de tamanho pequeno, longa e nodosa, com pele amarela acastanhada e polpa firme. O seu sabor a noz torna-a preferida dos bons cozinheiros. Começa a ser cultivada pelos adeptos da agricultura biológica."

Sendo a batata Ratte cerosa pode-se deduzir que as suas propriedades terão muitas semelhanças com as da Jaerla :

" JAERLA

Variedade precoce. Tubérculos ovais a redondo-ovais. Grande calibre pele e polpa amarelas claras. Boa qualidade culinária, tipo AB. Variedade muito adaptada aos Países do sul da Europa. Boa resistente ao míldio na folha e tubérculo. Moderada resistência à sarna comum. "

Parece-me que o cultivo deverá ser igual em tudo ao da batata normal .

A produção é para consumo próprio ?

Gugu

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #164 em: 2014-01-03 14:26:30 »
Serra da Nave,

Este ano vou fazer uma pequena experiência, tentar produzir batata Ratte e batata Vitelotte.

Tens algum know how com estas duas espécies?

Boas ,

Para lhe ser sincero nunca tinha ouvido falar . Uma rapida pesquisa deu-me as primeiras indicações sobre as suas qualidades .



"  Finalmente, as batatas em Portugal. Só se cultivam menos de uma dezena de variedades, importando-se outras (30%). As variedades mais vulgares são: cerosas – Jaerla; multiusos – Monalisa, Marine, Spunta, Kennebec; farinhentas – Desirée, Astérix, Stemster. Caso especial, para cozer e assar, mas não para fritar, começa a estar na moda, quase como coqueluche de “chefs”, a batata Ratte, ainda pouco comercializada em Portugal. É uma batata cerosa, de tamanho pequeno, longa e nodosa, com pele amarela acastanhada e polpa firme. O seu sabor a noz torna-a preferida dos bons cozinheiros. Começa a ser cultivada pelos adeptos da agricultura biológica."

Sendo a batata Ratte cerosa pode-se deduzir que as suas propriedades terão muitas semelhanças com as da Jaerla :

" JAERLA

Variedade precoce. Tubérculos ovais a redondo-ovais. Grande calibre pele e polpa amarelas claras. Boa qualidade culinária, tipo AB. Variedade muito adaptada aos Países do sul da Europa. Boa resistente ao míldio na folha e tubérculo. Moderada resistência à sarna comum. "

Parece-me que o cultivo deverá ser igual em tudo ao da batata normal .

A produção é para consumo próprio ?

Sim consumo próprio. Se obtiver bons resultados, quem sabe outros caminhos...
A estrutura politica, a ideologia dominante, faz tudo o possível para manter a população o mais pobre possível e favorecer o mais possível pequenas (e por vezes não tão pequenas) castas.
 Incognitus

Batata da Serra da Nave

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #165 em: 2014-01-03 14:29:55 »
Uma sugestão:
acordo com algum centro de investigação e criar um produto químico ou não...
de modo que não borbulhe... mas não seja tão prejudicial como o actual...
Aliás, acho que há uma especiaria que faz isso... mas deve ser mais cara do que o químico...

Mas como diz o Mystery, e em especial na fruta, a atmosfera controlada é que se tem utilizado mais nos últimos anos.

Para terem uma ideia da toxicidade do Anti-abrolhante usado por uma larga maioria dos produtores europeus .

O produto em causa só pode ser aplicado no tuberculo 30 dias depois da arranca
A batata não devia ser consumida antes de 60 dias após a utilização do quimico .
O produto quando em contacto com ribeiros mata tudo o que na aguá se encontrar vivo .

O produto queima a pele e infiltra-se para evitar o grelamento , tem de haver alguma absorção por parte da batata . Basicamente é castrar o tuberculo .

Uma coisa é usar um ambiente controlado para que o tuberculo tenha menos apetência para grelar , outra é aplicar-lhe um quimico .

JoaoAP

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #166 em: 2014-01-03 14:32:07 »
Sim, as terras altas devem ser boas para semente.

Lembro-me do meu pai dizer que ia buscar as batatas para semente a Montalegre.
Aliás, não entendo porque a maioria vem da Holanda.

Mystery

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #167 em: 2014-01-03 15:01:36 »
Conclusão: não existe nenhuma diferença entre a batata da serra da nave e outras batatas de qualidade produzidas em Portugal conservadas em ambientes de atmosfera controlada.

Existe sim . São obvias e já as referi .

1 - A batata criada neste ambiente é optima para batata de semente quando exportada para zonas mais baixa e menos agrestes .
2 - o Facto da planta estar menos exposta a pragas que encontram solo fertil para o seu desenvolvimento em climas mais quentes e humidos faz com que o tuberculo por um lado não leve larvas no seu interior e por outro lado levando menos quimicos tem um produto mais ecologico .

Quer mais diferenças do que essas ?

As diferenças podem ser óbvias para si. Para mim não são e passo a expor porquê.

a) onde é que está a evidência científica do proposto em 1) e 2)

b) Em outras batatas os parâmetros/características podem ser seleccionados, nas vossas essa informação é inexistente (conservação, precocidade, níveis de textura, resistência a pragas, bactérias, etc).

Honestamente só vejo diferenciação se conseguirem produzir as vossas batatas em modo biológico (se a região é como diz conseguirão fazê-lo a preços mais baixos que a concorrência - embora historicamente a produtividade seja baixa) ou se conseguirem obter uma DOP. É preciso muito cuidado com as mensagens utilizadas na promoção de produtos alimentares...

E qual é o vosso registo no CNV? Sabem que só podem produzir batata de semente em cultivares registadas, certo?
A fool with a tool is still a fool.

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #168 em: 2014-01-03 20:38:17 »
Conclusão: não existe nenhuma diferença entre a batata da serra da nave e outras batatas de qualidade produzidas em Portugal conservadas em ambientes de atmosfera controlada.


Existe sim . São obvias e já as referi .

1 - A batata criada neste ambiente é optima para batata de semente quando exportada para zonas mais baixa e menos agrestes .
2 - o Facto da planta estar menos exposta a pragas que encontram solo fertil para o seu desenvolvimento em climas mais quentes e humidos faz com que o tuberculo por um lado não leve larvas no seu interior e por outro lado levando menos quimicos tem um produto mais ecologico .

Quer mais diferenças do que essas ?


As diferenças podem ser óbvias para si. Para mim não são e passo a expor porquê.

a) onde é que está a evidência científica do proposto em 1) e 2)

b) Em outras batatas os parâmetros/características podem ser seleccionados, nas vossas essa informação é inexistente (conservação, precocidade, níveis de textura, resistência a pragas, bactérias, etc).

Honestamente só vejo diferenciação se conseguirem produzir as vossas batatas em modo biológico (se a região é como diz conseguirão fazê-lo a preços mais baixos que a concorrência - embora historicamente a produtividade seja baixa) ou se conseguirem obter uma DOP. É preciso muito cuidado com as mensagens utilizadas na promoção de produtos alimentares...

E qual é o vosso registo no CNV? Sabem que só podem produzir batata de semente em cultivares registadas, certo?


Eu não vi isso em lado nenhum , eu sou neto de grandes produtores de batata . Eu não tenho que provar nada , o que eu estou a dizer está mais que provado e deixo aqui um pequeno texto que demorei 5 min a encontrar na net :

"Os plantios mais precoces podem ser efetuados em regiões mais quentes (Figura 1), onde o risco de geadas é menor e onde a colheita é feita antes da ocorrência de períodos de temperatura do ar elevada. Os plantios mais tardios, por sua vez, são feitos em locais mais altos, de temperatura mais baixa, para não serem afetados pelas geadas mais tardias.
Na Figura 2 são mostrados os locais da região Sul onde é permitido o cultivo de verão. Estes locais caracterizam-se por maior altitude, sendo praticamente os únicos em todo o Brasil, que oferecem condições climáticas favoráveis ao cultivo nesta época do ano. Os cultivos nestas áreas apresentam algumas vantagens em relação a outras regiões de produção do país, tais como elevada produtividade e reduzida infestação de insetos vetores, que é importante para produção de batata semente de boa qualidade."

http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/catalogo/tipo/sistemas/sistema19_novo/cap2_zoneamento_do_cultivo_de_batata.htm

Não estou a vender banha de cobra .

Eu nunca disse que vendia batata de semente , disse que a nossa zona foi e é uma excelente zona reconhecida para batata de semente tal como a de Montalegre .


Fico-me por aqui na conversa com o Mystery , para tirar duvidas passe cá em Alvite , ofereço-lhe 20 Kg para provar .


SrSniper

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #169 em: 2014-01-03 20:55:17 »
Desejo-te a maior felicidade nessa novo desafio da produção de batata de qualidade.
Um abraço e que tudo corra bem

Elias

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #170 em: 2014-01-04 01:03:12 »
Esperamos com a nossa iniciativa , por um lado incentivar a que mais produtores se juntem a nós numa tentativa de aumentar o nosso poder na fixação do preço e por outro satisfazer um mercado ainda pequeno mas que vem crescendo de consumidores que preferem pagar um preço justo por um produto que de alguma forma lhe dá minimas garantias de qualidade .

O que é um preço justo? Quem o define?

SrSniper

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #171 em: 2014-01-04 01:07:35 »
Esperamos com a nossa iniciativa , por um lado incentivar a que mais produtores se juntem a nós numa tentativa de aumentar o nosso poder na fixação do preço e por outro satisfazer um mercado ainda pequeno mas que vem crescendo de consumidores que preferem pagar um preço justo por um produto que de alguma forma lhe dá minimas garantias de qualidade .

O que é um preço justo? Quem o define?
;D ELias.... ELias... não entres por aí... se não só daqui a 10 páginas é que chegamos a uma conclusão  :D O preço justo é o que o comprador está disposto a pagar e o vendedor a vender...

Elias

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #172 em: 2014-01-04 01:14:47 »
;D ELias.... ELias... não entres por aí... se não só daqui a 10 páginas é que chegamos a uma conclusão  :D O preço justo é o que o comprador está disposto a pagar e o vendedor a vender...

Ó atirador furtivo... o que o nosso amigo Batata escreveu foi que há um mercado pequeno mas em crescendo de consumidores que preferem pagar um preço justo. Esta afirmação sugere que o resto do mercado não está interessado em pagar um preço justo, aceitando por isso um preço injusto.

E agora, descalça lá esta bota  ;D


Elias

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Re: Uma bela história sobre o preço justo!
« Responder #173 em: 2014-01-04 10:40:48 »
É evidente que o conceito de "preço justo" de que se fala aqui representa tão somente um valor que proporcione algum ganho ou lucro ao produtor, venda ele sal ou batatas ou qualquer outro produto ou serviço.

Esse tipo de pensamento pode funcionar numa pequena comunidade mas não funciona em sociedade.

De qualquer forma, mesmo que fosse possível regulamentar o "preço justo", esse raciocínio assenta em várias falácias: por exemplo ignora completamente que a produção não é constante ao longo do tempo. Em determinados anos, a produção de um determinado bem poderá ser escassa, fazendo aumentar o valor do bem. Por exemplo, se for um ano mau de batata e em vez de uma tonelada, o produtor só conseguir 250 kg, das duas uma: ou ele aumenta o preço para poder fazer algum lucro (prejudicando os consumidores) ou ele mantém o preço para não prejudicar os consumidores (prejudicando-se a ele próprio). Ou então faz um seguro, mas aqui já estamos a sair do âmbito da comunidade.

Ignora também a existência / possibilidadde de concorrência, com as consequências que isso tem no preço.

hermes

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #174 em: 2014-01-04 11:40:04 »
É evidente que o conceito de "preço justo" de que se fala aqui representa tão somente um valor que proporcione algum ganho ou lucro ao produtor, venda ele sal ou batatas ou qualquer outro produto ou serviço.

O problema que estou a ver é se o consumidor não quer esse produto ou serviço, pelo menos a esse preço e por isso simplesmente não compre [por exemplo escolhendo alternativas]. Dir-se-ia que o teu ideial é uma sociedade de compradores forçados e onde por isso mesmo os produtos ou serviços sejam uma merda. :D
"Everyone knows where we have been. Let's see where we are going." – Another

Elias

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #175 em: 2014-01-04 18:34:18 »
O conceito de qualidade tem muito que se lhe diga.

Eu costumo dizer que "qualidade" não existe (na medida em que é um conceito abstracto e não mensurável). O que existe é qualidade percepcionada. E quando é de percepções que se fala, cada um tem o seu referencial.

Eu posso "achar" que uma batata não presta e o meu vizinho achar que é óptima.
(o termo achar está entre aspas, para salientar a subjectividade inerente ao conceito).

Acresce ainda que a qualidade pode ser importante para uns, mas para outros o importante pode ser mesmo o preço. Querem o produto mais barato do mercado e estão-se nas tintas para a qualidade do mesmo.

A experiência mostra que uma grande parte do mercado vai sobretudo pelo preço.

Um aspecto curioso, contudo, é que um grande número de pessoas se preocupa bastante em passar uma imagem de "comprar nacional". Aqui há tempos passou uma reportagem na TV em que a equipa se foi "plantar" à entrada de um grande supermercado e começaram a perguntar às pessoas se preferiam produtos nacionais. As respostas dominantes eram do tipo "ah sim, eu compro sobretudo produtos nacionais" e outras coisas parecidas. Depois foram ver na caixa o que é que essas pessoas tinham comprado e constatou-se que os produtos importados, mais baratos, tinham sido preferidos. A ideia que fica é que muita gente se preocupa com a imagem que quer passar a terceiros, nomeadamente no que toca a preferir produtos nacionais, mas que na hora de comprar o que realmente importa é o preço.

Quanto à questão da qualidade gostaria ainda de referir mais um ponto: há uns anos estive de férias em França e nessa ocasião fui mais de uma vez a supermercados em diferentes localidades, para comprar produtos alimentares. Fiquei espantado com a elevada qualidade (na minha subjectiva apreciação deste conceito) dos produtos frescos, nomeadamente fruta e batatas. De uma forma geral a fruta era sumarenta e as batatas eram saborosas. No entanto, em Portugal quando compro batatas ou fruta importadas de França, de uma geral o produto tem pouco sabor e uma péssima consistência (é farinhento). A pergunta é: como é possível que os produtos franceses que chegam a Portugal sejam tão piores que aqueles que encontramos em França? A minha resposta a esta questão é esta: o consumidor português é pouco exigente e aceita consumir produtos que o consumidor francês rejeita; o produtor francês, ciente deste facto, despacha os produtos de pior qualidade para Portugal e para outros mercados onde o seu escoamento esteja assegurado.

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #176 em: 2014-01-04 19:59:40 »

Quanto à questão da qualidade gostaria ainda de referir mais um ponto: há uns anos estive de férias em França e nessa ocasião fui mais de uma vez a supermercados em diferentes localidades, para comprar produtos alimentares. Fiquei espantado com a elevada qualidade (na minha subjectiva apreciação deste conceito) dos produtos frescos, nomeadamente fruta e batatas. De uma forma geral a fruta era sumarenta e as batatas eram saborosas. No entanto, em Portugal quando compro batatas ou fruta importadas de França, de uma geral o produto tem pouco sabor e uma péssima consistência (é farinhento). A pergunta é: como é possível que os produtos franceses que chegam a Portugal sejam tão piores que aqueles que encontramos em França? A minha resposta a esta questão é esta: o consumidor português é pouco exigente e aceita consumir produtos que o consumidor francês rejeita; o produtor francês, ciente deste facto, despacha os produtos de pior qualidade para Portugal e para outros mercados onde o seu escoamento esteja assegurado.

Ora aí está , tal como eu referi num dos posts que postei atras :

Porque é que os Franceses importam a nossa batata mais cara e vêm cá pôr a deles 0.10€ em KG mais barata ?

Ou porque é que os Germanicos vieram cá comprar toda a batata do ribatejo na altura à 0.50€ o kg quando nos supermercados estava sensivelmente à 1€ - talvez porque o mercado português de intermediarios é ganacioso e quer tudo não igualando ou superando a oferta dos Estrangeiros .

O preço justo Elias , tal como o Rui Vaz referiu muita das vezes é um preço que compense ao produtor continuar a produzir e ao consumidor porque paga menos do que numa grande superficie .

Não tenho duvidas que o consumidor é a peça chave neste puzzle  - É ele que tem ser exigente , quer em qualidade , quer em preço .


Elias

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #177 em: 2014-01-04 22:02:40 »
O preço justo Elias , tal como o Rui Vaz referiu muita das vezes é um preço que compense ao produtor continuar a produzir e ao consumidor porque paga menos do que numa grande superficie .

Esse raciocínio parte do princípio que o consumidor tem tempo e recursos para andar a ir comprar batata ao produtor. Isso implica gasto em tempo e em combustível. E repara que não estamos a falar apenas de batatas: seu eu quiser batatas, cenouras, couves, brócolos, maçãs, peras, pêssegos, melões, uvas, laranjas, etc. tenho de gastar muito tempo e recursos a saltitar de produtor em produtor para comprar os diferentes produtos. Eu como consumidor não estou interessado em gastar o meu tempo em deslocações às instalações dos produtores. Tenho formas mais úteis e mais produtivas de ocupar o meu tempo.

Não tenho duvidas que o consumidor é a peça chave neste puzzle  - É ele que tem ser exigente , quer em qualidade , quer em preço .

Isso é a tua forma de ver a questão. É a visão do produtor, que acha que os consumidores devem fazer isto ou aquilo.

Eu vejo a questão do lado do consumidor: eu como consumidor entendo que sou livre de gastar o meu dinheiro como bem entendo; considero que os produtores, se quiserem sobreviver, é que têm de se adaptar aos gostos e às exigências dos consumidores. Têm de perceber o que é que os consumidores procuram e quanto estão dispostos a pagar por isso. Depois têm de fazer contas para ver se conseguem produzir o que os consumidores desejam ao preço que eles estão dispostos a pagar.

Isso do preço justo para mim é uma grande treta. Quem está num negócio das duas uma: ou bem que o negócio é rentável e então aguenta-se ou bem que o negócio não é rentável e então fecha a loja. O problema é que muita gente não quer fechar o negócio, mesmo que este não seja rentável. Prefere culpar os consumidores porque fazem más escolhas. Ou então pede subsídios ao Estado, e o negócio vai-se aguentando graças aos subsídios, logo o incentivo para melhorar e para aumentar a produtividade não é nenhum.

Porque é que os produtores não se associam, para ganharem economia de escala e poder negocial?

jeab

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #178 em: 2014-01-04 22:06:18 »
Os problemas principais são:

1 - Valorizamos mais o que é estrangeiro do que nosso, porque durante muitos anos os nossos produtos ou eram escassos ou de má qualidade e isso ficou no subconsciente.

2 - Temos os custos de produção muito mais elevados que os estrangeiros, logística,electricidade, combustíveis, adubos, pesticidas, impostos, taxas e taxinhas, licenças, etc.etc. o que faz a não termos preços finais competitivos.


Dar a volta a isto será o objectivo de quem se meter na produção agrícola, diferenciando-se. Pode ser pela qualidade, pelo tipo de produto ( os produtores de frutos vermelhos estão a sair-se bem, por ex. ) ou por nicho de mercado, etc. Nós deveríamo-nos dedicar a produções próprias mediterrânicas. Primores, frutos secos, ovinos e caprinos, madeira de qualidade ( do nosso Carvalho Português, por ex.), citrinos, pronóideas, etc.etc.

Agora querer produzir coisas que os outros o podem fazer mais, melhor e mais barato é para falir. A Polónia, tem condições edafo-climáticas para ter duas colheitas de trigo por ano, com o dobro de sementes que temos no melhor barro de Beja/Ferreira. Os Espanhóis na Andalucia para fazer melão e legumes. Os Holandeses para leite e carne de vaca.
O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

Toda a vida política portuguesa pós 25 de Abril/74 está monopolizada pelos partidos políticos, liderados por carreiristas ambiciosos, medíocres e de integridade duvidosa.
Daí provém a mediocridade nacional!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!

Automek

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Re:Agricultura- novos caminhos
« Responder #179 em: 2014-01-05 17:56:20 »
A batata que o produtor quer vender tem de estar disponível no sitio onde eu faço as compras. Não posso ser eu a ir às hortas ou à serra comprar alfaces, couves, batatas, laranjas, galinhas e porcos.

Eu só compro fruta nacional (excepto as bananas e o abacaxi em que prefiro os importados) e raramente a compro no hipermercado porque uma mercearia aqui perto, apesar de ser mais cara, tem fruta que eu "acho" muito melhor (o acho entre aspas como já explicou o Elias).

Eu cresci a comer fruta (biológica) de uma horta onde os meus pais a iam comprar e "acho" que a fruta nacional dos hipers não vale um chavo em termos de sabor. A da mercearia, pelo contrário, é bastante parecida à que eu comia quando era miúdo.

Ou seja, sim, eu pago mais pela fruta (e vegetais) mas tenho de os poder comprar num local que me seja conveniente. Um produtor que esteja à espera que seja eu a ir ter com ele vai morrer à minha espera.