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Autor Tópico: Arte  (Lida 33007 vezes)

Lark

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Re: Arte
« Responder #40 em: 2015-11-01 02:27:57 »
Esta está muito boa  :D
Empregada de limpeza confunde arte com lixo


o próprio acto da empregada de limpeza é arte. involuntária, mas arte.
ou a arte para ser arte tem que ser voluntária?

ah questões, questões, só questões....

L


Mas o acto foi voluntário. Ela viu lixo e agiu em conformidade. O que também pode significar que aquela arte era mesmo um lixo...  :D

Mais a sério---o acto da empregada não pode ser considerado arte. O simples facto de por acaso ter ocorrido sobre um objecto artístico (neste caso a "destruição" desse mesmo objecto) não pode elevar essse acto ao estatuto de arte. Se assim fosse, o roubo de um quadro, por exemplo, também seria um espectáculo artístico---nesse caso voluntário e tudo. Proporcionou foi uma boa dose de entretenimento (outra coisa que por vezes se confunde e por vezes se intercepta com a arte).


o acto de não reconhecendo uma obra de arte, mandar a dita para o lixo, é um acto de uma beleza e ironia tão grande que só pode ser arte.
ou antes, o conjunto da situação, é uma obra de arte, não o acto em si.
é uma obra de arte involuntária e acidental.

L
Be Kind; Everyone You Meet is Fighting a Battle.
Ian Mclaren
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If you have more than you need, build a longer table rather than a taller fence.
l6l803399
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So, first of all, let me assert my firm belief that the only thing we have to fear is...fear itself — nameless, unreasoning, unjustified terror which paralyzes needed efforts to convert retreat into advance.
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Jsebastião

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Re: Arte
« Responder #41 em: 2015-11-01 03:12:24 »
Ok, tens uma interpretação do conceito de arte bem mais alargada e abrangente que a minha (e que, a delimitá-la, toma por referência, sensivelmente, a altura em que o artista dá por finalizada a obra---o que depois se passa em torno dessa obra pode ser categorizado de várias maneiras, mas a nenhuma delas chamaria arte---a não ser talvez para criar um título sensacionalista: "A arte de sacar milhões por um quadro que não vale um chaveco!").

----

Imagino o espanto da empregada da limpeza quando na noite seguinte viu o lixo todo de volta à galeria...  :D
« Última modificação: 2015-11-01 03:12:57 por Jsebastião »
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Re: Arte
« Responder #42 em: 2015-11-01 03:44:31 »
Sebastião, a próxima vez que fores cag* candidata-te a um subsídio. Pode ser que consigas.  :D

Citar
Os artistas portugueses Ana Borralho e João Galante fizeram um espectáculo de arte fora do normal.

Intitulado como “Art piss on money and politics” a performance artística consistiu em urinar em cima de fotos de políticos no jornal e em dinheiro.

O caso está a gerar muita polémica nas redes sociais, ainda mais porque os artistas são apoiados pela Secretaria de Estado da Cultura com uma verba anual de 75 mil euros.
http://centrotv.pt/index.php/nacional/item/2250-artistas-urinam-em-cima-de-jornais-com-fotos-de-pol%C3%ADticos-com-v%C3%ADdeo




Aqui pode ver-se a performance em video:
http://www.sabado.pt/mundo/detalhe/Fotogaleria-(40).html

Isto foi uma resposta da SEC (DGA) a alguém que perguntou se aquilo tinha sido apoiado. Enfim... cada um que tire as suas próprias conclusões.
 
Citar
Exmo. Senhor
Henrique de Almeida Cayolla,

Em relação ao pedido de esclarecimento que remeteu ao Gabinete de Sua Excelência o Secretário de Estado da Cultura relativamente ao vídeo alojado em http://vimeo.com/62237213#at=0, cumpre-nos transmitir:

O vídeo em causa regista uma performance, intitulada “Art piss (on money and politics)” (2012), da autoria da dupla de artistas Ana Borralho & João Galante.
Teve lugar no dia 8 de dezembro de 2012, no antigo Convento da Trindade, em Lisboa, no âmbito do evento Criativa-mente, com os performers Ana Borralho, André Uerba, Antonia Buresi, Cátia Leitão (akaAlface), Filipe Pereira, Francisca Santos, João Galante, Matthieu Erlacher, Teresa Silva e Tiago Gandra. O trabalho foi produzido pela CasaBranca Ass. Cultural e coproduzido pelo coletivo a –mente.

Com duração de 8 minutos, a performance consiste na ação de um grupo de pessoas que espalha no chão fotocópias de imagens de dinheiro e de políticos e sobre as quais urina.

A CasaBranca é uma associação cultural com direção artística de Ana Borralho e João Galante e cuja atividade é comparticipada pela Direção-Geral das Artes.
Atualmente, a entidade é beneficiária de um Acordo Tripartido (juntamente com a Câmara Municipal de Lagos e o LAC - Laboratório de Atividades Criativas) para o biénio 2013-2014.
Porém, a performance em causa - Art-Piss (on money and politics) – trata-se de uma iniciativa totalmente independente e não se inclui em nenhum programa contratualizado com a Direção-Geral das Artes.


Em 2012, ano em que apresentaram a performance “Art piss (on money and politics)”, a CasaBranca beneficiou de financiamento (apoio direto bienal) da DGArtes para a execução do seguinte plano de atividades:
- uma nova criação, a instalação sonora Linha do Horizonte apresentado em Lisboa e em Lagos;
- um projeto de formação e criação de longa duração iniciado em 2011 (Projeto ROSA), que se inscreve no programa de pedagogia, e que compreendeu em 2012 a criação do trabalho Uma Cadeira na Montanha - leituras encenadas realizadas por crianças e disco;
- a 3ª edição do Festival Verão Azul em Lagos, realizada online e que contemplou a apresentação de performances de 10 artistas e a realização de um ciclo de conversas;
- circulação do trabalho de repertório de Ana Borralho & João Galante (criações World of Interiors,Untitled, Still Life, Atlas e Mistermissmissmister) nas cidades de Torres Novas e Viseu e, internacionalmente, em Espanha, Alemanha, Itália, Finlândia, Eslovénia e Brasil.

Esperando ter esclarecido V. Exas.,

Cordiais cumprimentos,

A Direção-Geral das Artes
http://novidadesdehenriquealmeidacayolla.blogspot.pt/2013/10/resposta-que-recebi-da-direccao-geral.html

Incognitus

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Re: Arte
« Responder #43 em: 2015-11-01 04:02:18 »
A questão é pertinente, e penso que seja uma das aberrações irresolúveis de um sistema capitalista. Se elevarmos a escala de aplicação ao limite, poderiamos colocar as coisas do seguinte modo (hipotético):

Não seria imensamente mais justo e humano ter canalizado todo o dinheiro que até agora foi despendido em produtos artísticos para financiar antes causas humanitárias?

Se a escolha fosse vossa, escolheriam abdicar de ter produtos artísticos (quaisquer que fossem, e estou a considerar gastos de produção e gastos de consumo) na nossa sociedade se isso permitisse erradicar uma boa parte das desigualdades sociais e da pobreza no mundo?

----

Entretanto, em notícia de há três dias:

Citar
O MNAA ainda não assume oficialmente que recebeu mais de 75 mil euros em 24 horas por causa dos vários métodos de pagamento. Mas o valor pode até ser superior. Todos podem ajudar a comprar o quadro.


http://observador.pt/2015/10/28/12-do-quadro-adoracao-dos-magos-ja-esta-comprado/


É uma forma errada de ver a questão. Existe uma diferença fundamental:
* Sendo dinheiros privados, cada um o gasta como quiser, e quem quiser gasta em arte, e a pessoa ao lado gasta em ajuda humanitária.
* Sendo dinheiros públicos, já se coloca a questão de gastar o dinheiro da melhor forma possível, e nesse caso muito provavelmente a esmagadora maioria das pessoas colocaria qualquer tipo de sofrimento humano como sendo uma prioridade mais elevada do que gastar o dinheiro em arte subjectiva.

-------

Se fosse feito um referendo, penso que a arte perderia largamente para eliminar o sofrimento humano possível. (para além de que talvez muito público entendesse que mesmo sem financiamento público existiria sempre uma considerável produção de arte -- aliás, perder-se-ia até provavelmente apenas uma fracção do implicado pelo investimento relativo, dada a fraca consideração dada ao público pelo investimento público).
« Última modificação: 2015-11-01 04:08:13 por Incognitus »
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Re: Arte
« Responder #44 em: 2015-11-01 08:07:04 »
Este tópico está fantástico.

Qual a razão desta sobrevalorização de algo que até é 1 - facilmente replicável e a baixo custo?

Cpms


Basicamente o que é replicável não é exactamente a mesma coisa.


2 - A réplica no caso de um quadro pode até ser melhor.


1 - A resposta a isto está dada na própria pergunta: o que se valoriza no caso deste tipo de arte é basicamente "o dom criativo". Uma réplica, por isso, vale perto de nada, e um original, criado por um génio universalmente reconhecido, pode valer milhões (mesmo que aos teus olhos pareça detestável e sem "valor prático").

2 - Explica este conceito. Estou curioso para saber como consideras que se possa "melhorar um quadro".

Suponho que não imagines replicar a metodologia do Mr. Bean...





---

Já agora, alguém estará interessado em ajudar o MNAA a adquirir uma obra de elevado valor:D



Bom dia,

- Podes melhorar um quadro aperfeiçoando as pinceladas

- Onde posso vender por somas astronómicas os quadro que tenho cá em casa e que são originais?

Cumprimentos

Jsebastião

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Re: Arte
« Responder #45 em: 2015-11-01 10:48:53 »
Sebastião, a próxima vez que fores cag* candidata-te a um subsídio. Pode ser que consigas.  :D

Citar
Os artistas portugueses Ana Borralho e João Galante fizeram um espectáculo de arte fora do normal.

Intitulado como “Art piss on money and politics” a performance artística consistiu em urinar em cima de fotos de políticos no jornal e em dinheiro.

O caso está a gerar muita polémica nas redes sociais, ainda mais porque os artistas são apoiados pela Secretaria de Estado da Cultura com uma verba anual de 75 mil euros.
http://centrotv.pt/index.php/nacional/item/2250-artistas-urinam-em-cima-de-jornais-com-fotos-de-pol%C3%ADticos-com-v%C3%ADdeo




Aqui pode ver-se a performance em video:
http://www.sabado.pt/mundo/detalhe/Fotogaleria-(40).html


 :D :D :D

Falta aí o pormenor determinante: o grupo urina em cima dos políticos com uma expressão de indignação estampada no rosto:D

Sugiro que se contacte o Marinho Pinto, já que foi recentemente alvo de uma rábula semelhante por parte dos Gato Fedorento.
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Re: Arte
« Responder #46 em: 2015-11-01 10:55:11 »

Bom dia,

- Podes melhorar um quadro aperfeiçoando as pinceladas

- Onde posso vender por somas astronómicas os quadro que tenho cá em casa e que são originais?

Cumprimentos

Viva,

Aperfeiçoando as pinceladelas... no sentido de seres tu a pintar directamente em cima da obra original. É isso? Não acho que seja é uma prática corrente (em trocos: não há muitas pessoas que considerem "vantajoso" fazer isso), mas se os quadros forem teus, nada te impede.  :)

Podes levar os quadros a uma leiloeira para avaliação. Dependendo da fama dos autores, e do factor de raridade das peças, conforme o preço de mercado indicativo. Deve eventualmente haver outros factores, mas não estou por dentro do negócio.
« Última modificação: 2015-11-01 10:55:47 por Jsebastião »
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Re: Arte
« Responder #47 em: 2015-11-01 10:57:35 »
É uma forma errada de ver a questão. Existe uma diferença fundamental:
* Sendo dinheiros privados, cada um o gasta como quiser, e quem quiser gasta em arte, e a pessoa ao lado gasta em ajuda humanitária.
* Sendo dinheiros públicos, já se coloca a questão de gastar o dinheiro da melhor forma possível, e nesse caso muito provavelmente a esmagadora maioria das pessoas colocaria qualquer tipo de sofrimento humano como sendo uma prioridade mais elevada do que gastar o dinheiro em arte subjectiva.

-------

Se fosse feito um referendo, penso que a arte perderia largamente para eliminar o sofrimento humano possível. (para além de que talvez muito público entendesse que mesmo sem financiamento público existiria sempre uma considerável produção de arte -- aliás, perder-se-ia até provavelmente apenas uma fracção do implicado pelo investimento relativo, dada a fraca consideração dada ao público pelo investimento público).

Concordo.

Quanto será que o Passous Coelho considerou de valor orçamental para o recém criado Ministério da Cultura (e mais não sei do quê)?
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Re: Arte
« Responder #48 em: 2015-11-01 12:24:50 »
É uma forma errada de ver a questão. Existe uma diferença fundamental:
* Sendo dinheiros privados, cada um o gasta como quiser, e quem quiser gasta em arte, e a pessoa ao lado gasta em ajuda humanitária.
* Sendo dinheiros públicos, já se coloca a questão de gastar o dinheiro da melhor forma possível, e nesse caso muito provavelmente a esmagadora maioria das pessoas colocaria qualquer tipo de sofrimento humano como sendo uma prioridade mais elevada do que gastar o dinheiro em arte subjectiva.

-------

Se fosse feito um referendo, penso que a arte perderia largamente para eliminar o sofrimento humano possível. (para além de que talvez muito público entendesse que mesmo sem financiamento público existiria sempre uma considerável produção de arte -- aliás, perder-se-ia até provavelmente apenas uma fracção do implicado pelo investimento relativo, dada a fraca consideração dada ao público pelo investimento público).

Concordo.

Quanto será que o Passous Coelho considerou de valor orçamental para o recém criado Ministério da Cultura (e mais não sei do quê)?

Muito provavelmente será (seria) igual ao da Secretaria de Estado e afins que substitui. Mas acho que é improvável chegar-se sequer ao OE.
« Última modificação: 2015-11-01 12:25:10 por Incognitus »
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Re: Arte
« Responder #49 em: 2015-11-01 12:29:12 »

Bom dia,

- Podes melhorar um quadro aperfeiçoando as pinceladas

- Onde posso vender por somas astronómicas os quadro que tenho cá em casa e que são originais?

Cumprimentos

Viva,

Aperfeiçoando as pinceladelas... no sentido de seres tu a pintar directamente em cima da obra original. É isso? Não acho que seja é uma prática corrente (em trocos: não há muitas pessoas que considerem "vantajoso" fazer isso), mas se os quadros forem teus, nada te impede.  :)

Podes levar os quadros a uma leiloeira para avaliação. Dependendo da fama dos autores, e do factor de raridade das peças, conforme o preço de mercado indicativo. Deve eventualmente haver outros factores, mas não estou por dentro do negócio.

É dos maiores factores, o que indica que não é a peça que tem o valor, é outra coisa qualquer.

De resto, isso mesmo se verifica quando uma peça aceite como sendo de um autor famoso pode reter o seu valor durante muitos anos, mas se perde esse reconhecimento o valor implode com a peça mantendo-se a mesma.

A arte também mostra que uma boa parte do valor que atribuímos a qualquer coisa pode ser fabricado na mente das pessoas (vide diamantes, também), não tendo que ter um suporte objectivo.
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Re: Arte
« Responder #50 em: 2015-11-01 13:17:04 »

Bom dia,

- Podes melhorar um quadro aperfeiçoando as pinceladas

- Onde posso vender por somas astronómicas os quadro que tenho cá em casa e que são originais?

Cumprimentos

Viva,

Aperfeiçoando as pinceladelas... no sentido de seres tu a pintar directamente em cima da obra original. É isso? Não acho que seja é uma prática corrente (em trocos: não há muitas pessoas que considerem "vantajoso" fazer isso), mas se os quadros forem teus, nada te impede.  :)

Podes levar os quadros a uma leiloeira para avaliação. Dependendo da fama dos autores, e do factor de raridade das peças, conforme o preço de mercado indicativo. Deve eventualmente haver outros factores, mas não estou por dentro do negócio.

É dos maiores factores, o que indica que não é a peça que tem o valor, é outra coisa qualquer.

De resto, isso mesmo se verifica quando uma peça aceite como sendo de um autor famoso pode reter o seu valor durante muitos anos, mas se perde esse reconhecimento o valor implode com a peça mantendo-se a mesma.

A arte também mostra que uma boa parte do valor que atribuímos a qualquer coisa pode ser fabricado na mente das pessoas (vide diamantes, também), não tendo que ter um suporte objectivo.

Diria mais: a própria essência do valor da arte é a subjectividade.
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Re: Arte
« Responder #51 em: 2015-11-01 13:51:33 »
Uns rabiscos velhos encontrados numa garagem valem zero até ao dia em que se descobre que são do Picasso.

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Re: Arte
« Responder #52 em: 2015-11-01 14:42:15 »

Bom dia,

- Podes melhorar um quadro aperfeiçoando as pinceladas

- Onde posso vender por somas astronómicas os quadro que tenho cá em casa e que são originais?

Cumprimentos

Viva,

Aperfeiçoando as pinceladelas... no sentido de seres tu a pintar directamente em cima da obra original. É isso? Não acho que seja é uma prática corrente (em trocos: não há muitas pessoas que considerem "vantajoso" fazer isso), mas se os quadros forem teus, nada te impede.  :)

Podes levar os quadros a uma leiloeira para avaliação. Dependendo da fama dos autores, e do factor de raridade das peças, conforme o preço de mercado indicativo. Deve eventualmente haver outros factores, mas não estou por dentro do negócio.

É dos maiores factores, o que indica que não é a peça que tem o valor, é outra coisa qualquer.

De resto, isso mesmo se verifica quando uma peça aceite como sendo de um autor famoso pode reter o seu valor durante muitos anos, mas se perde esse reconhecimento o valor implode com a peça mantendo-se a mesma.

A arte também mostra que uma boa parte do valor que atribuímos a qualquer coisa pode ser fabricado na mente das pessoas (vide diamantes, também), não tendo que ter um suporte objectivo.

Diria mais: a própria essência do valor da arte é a subjectividade.

O mais importante nesse aspecto é que o valor dado a algo varia de indivíduo para indivíduo. Isso é um motivo poderoso para não se torrar recursos comuns em algo onde o valor é altamente subjectivo e variável, como na arte. E focar os recursos comuns em coisas onde o valor é razoavelmente consensual.

Quem quiser depois pode agrupar-se em grupos mais pequenos que partilham a sua noção de valor, de forma a apoiar aquilo que desejam.
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Re: Arte
« Responder #53 em: 2015-11-10 21:54:54 »

Deus Menor

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Re: Arte
« Responder #54 em: 2015-11-10 22:49:44 »
170.4M por um quadro do Modigliani

Chinese Billionaire Buys Modigliani for Record $170.4 Million


O Chinês tem bom gosto, adoro Modigliani.

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Re: Arte
« Responder #55 em: 2016-01-20 11:06:05 »
Comentário de JMT no Público:

Citar
O chevalier Tony Carreira

Nem tudo no gosto é puramente arbitrário e há violências simbólicas que fazem maravilhas pela civilização.

Hoje gostaria de falar de Tony Carreira e Pierre Bourdieu. Não é todos os dias que temos oportunidade de cruzar o autor de Sonhos de Menino com o autor de A Reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino, e essa oportunidade não deve ser desperdiçada. Recordo a história aos mais distraídos. O Estado francês atribuiu a Tony Carreira a espectacular medalha de Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres. Tony Carreira pediu para receber a condecoração na embaixada portuguesa. O embaixador recusou. Tony Carreira queixou-se dessa atitude no Facebook. Tal provocou grande comoção nos seus fãs, várias notícias em jornais respeitáveis e a profunda indignação de Marques Mendes no seu comentário de domingo. O cantor suspirou ao DN: “No meu país, hão-de valorizar-me quando tiver um pé para a cova.”

É certo que o embaixador justificou a recusa com o argumento de que “não se atribui a condecoração de um país na embaixada de outro país”, mas seria lastimável reduzir tão rico acontecimento a um mero incidente diplomático entre um cançonetista popular chamado Tony e um embaixador português em Paris chamado Moraes Cabral, sobretudo quando temos diante de nós a possibilidade de uma belíssima análise marxista deste conflito. Num tempo ideologicamente revitaminado, há que saber detectar uma boa luta de classes quando ela aparece, e aquilo que está em causa é obviamente um confronto entre uma classe dominante (representada pelo embaixador Moraes Cabral) e uma classe dominada (os muitos milhares de portugueses que enchem o Pavilhão Atlântico para entoar “Ai destino, ai destino”), lutando pelo inestimável capital simbólico que representa a consagração oficial de Tony Carreira e do gosto musical de todos aqueles que apreciam as suas canções.

É nesse sentido que o protesto dorido de Tony Carreira está muito em linha com Pierre Bourdieu, ao empenhar todos os esforços no combate por um capital cultural que lhe foi sonegado pelo embaixador Moraes Cabral e, já agora, pelo Estado português, que nunca até hoje reconheceu o seu mérito artístico, nem com a mais pequena comenda disponível nos arrumos de Belém. Consciente daquilo a que Bourdieu chamou “arbitrário cultural dominante”, Tony Carreira, homem de esquerda na busca justa pela igualdade, recusa que uma cultura se imponha sobre a outra, ou que alguém lhe diga que o pior fado de Amália é melhor do que a sua mais conseguida canção – não é melhor, é apenas diferente, pensará Tony na esteira de Bourdieu, até porque ambos são Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres.

Como bem explica o sociólogo francês na sua análise sobre o sistema escolar, a cultura dominante é imposta e acaba por excluir os mais pobres em detrimento dos mais ricos, não porque os alunos mais desfavorecidos não tenham cultura, mas simplesmente porque não têm a cultura que a escola exige – o que é uma forma consentida de violência simbólica. Ora, é contra esta violência simbólica que Tony Carreira se insurge, e em vez de gritar “o meu reino por um cavalo”, grita “o meu chevalier por um reino”, que é o reino do artista português reconhecido e consagrado, a que ele tanto ambiciona. Ora, esta é uma boa ilustração do problema que eu tenho com a igualdade: da mesma forma que não confundo Camões com António Aleixo, não quero Tony Carreira confundido com Amália. Nem tudo no gosto é puramente arbitrário e há violências simbólicas que fazem maravilhas pela civilização.



Inc, concordas com a posição do JMT a propósito da questão da (não) "arbitrariedade do gosto"?

Ao Tony Carreira deve ser dada a mesma "importância institucional" do que à Amália?
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Re: Arte
« Responder #56 em: 2016-01-20 11:55:02 »
Comentário de JMT no Público:

Citar
O chevalier Tony Carreira

Nem tudo no gosto é puramente arbitrário e há violências simbólicas que fazem maravilhas pela civilização.

Hoje gostaria de falar de Tony Carreira e Pierre Bourdieu. Não é todos os dias que temos oportunidade de cruzar o autor de Sonhos de Menino com o autor de A Reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino, e essa oportunidade não deve ser desperdiçada. Recordo a história aos mais distraídos. O Estado francês atribuiu a Tony Carreira a espectacular medalha de Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres. Tony Carreira pediu para receber a condecoração na embaixada portuguesa. O embaixador recusou. Tony Carreira queixou-se dessa atitude no Facebook. Tal provocou grande comoção nos seus fãs, várias notícias em jornais respeitáveis e a profunda indignação de Marques Mendes no seu comentário de domingo. O cantor suspirou ao DN: “No meu país, hão-de valorizar-me quando tiver um pé para a cova.”

É certo que o embaixador justificou a recusa com o argumento de que “não se atribui a condecoração de um país na embaixada de outro país”, mas seria lastimável reduzir tão rico acontecimento a um mero incidente diplomático entre um cançonetista popular chamado Tony e um embaixador português em Paris chamado Moraes Cabral, sobretudo quando temos diante de nós a possibilidade de uma belíssima análise marxista deste conflito. Num tempo ideologicamente revitaminado, há que saber detectar uma boa luta de classes quando ela aparece, e aquilo que está em causa é obviamente um confronto entre uma classe dominante (representada pelo embaixador Moraes Cabral) e uma classe dominada (os muitos milhares de portugueses que enchem o Pavilhão Atlântico para entoar “Ai destino, ai destino”), lutando pelo inestimável capital simbólico que representa a consagração oficial de Tony Carreira e do gosto musical de todos aqueles que apreciam as suas canções.

É nesse sentido que o protesto dorido de Tony Carreira está muito em linha com Pierre Bourdieu, ao empenhar todos os esforços no combate por um capital cultural que lhe foi sonegado pelo embaixador Moraes Cabral e, já agora, pelo Estado português, que nunca até hoje reconheceu o seu mérito artístico, nem com a mais pequena comenda disponível nos arrumos de Belém. Consciente daquilo a que Bourdieu chamou “arbitrário cultural dominante”, Tony Carreira, homem de esquerda na busca justa pela igualdade, recusa que uma cultura se imponha sobre a outra, ou que alguém lhe diga que o pior fado de Amália é melhor do que a sua mais conseguida canção – não é melhor, é apenas diferente, pensará Tony na esteira de Bourdieu, até porque ambos são Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres.

Como bem explica o sociólogo francês na sua análise sobre o sistema escolar, a cultura dominante é imposta e acaba por excluir os mais pobres em detrimento dos mais ricos, não porque os alunos mais desfavorecidos não tenham cultura, mas simplesmente porque não têm a cultura que a escola exige – o que é uma forma consentida de violência simbólica. Ora, é contra esta violência simbólica que Tony Carreira se insurge, e em vez de gritar “o meu reino por um cavalo”, grita “o meu chevalier por um reino”, que é o reino do artista português reconhecido e consagrado, a que ele tanto ambiciona. Ora, esta é uma boa ilustração do problema que eu tenho com a igualdade: da mesma forma que não confundo Camões com António Aleixo, não quero Tony Carreira confundido com Amália. Nem tudo no gosto é puramente arbitrário e há violências simbólicas que fazem maravilhas pela civilização.



Inc, concordas com a posição do JMT a propósito da questão da (não) "arbitrariedade do gosto"?

Ao Tony Carreira deve ser dada a mesma "importância institucional" do que à Amália?


Primeiro, não deveria existir tal coisa como "importância institucional".

Depois, a minha opinião é que todos os indivíduos devem ser tratados de igual forma pela lei e pelas instituições. E que a satisfação de cada indivíduo deve ter exactamente o mesmo valor que a satisfação de outro.

O que isso implica é que qualquer apoio deve ser em função do público. Um desvio desse critério significa que se está a beneficiar alguns indivíduos sobre outros (tanto artistas como consumidores), ou seja, não se os está a tratar de igual forma nem a reconhecer igual valor a ambos na satisfação das suas necessidades.

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Dito isto, duvido que em termos gerais o Tony Carreira goze em última análise de maior popularidade e reconhecimento do que a Amália. Ou seja, a questão nem se coloca.

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Sobre o caso em particular, acho que o embaixador devia ser removido. Ele não está ali para deixar os seus gostos pessoais influenciarem a sua função, e se fosse a Amália não recusaria a cerimónia. Pelo que é simplesmente um palhaço fascista/comunista arbitrário que se julga dono da coisa.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Automek

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Re: Arte
« Responder #57 em: 2016-01-20 12:05:57 »
No fundo é isto que o JMT bem resumiu:

Citar
Consciente daquilo a que Bourdieu chamou “arbitrário cultural dominante”, Tony Carreira, homem de esquerda na busca justa pela igualdade, recusa que uma cultura se imponha sobre a outra, ou que alguém lhe diga que o pior fado de Amália é melhor do que a sua mais conseguida canção – não é melhor, é apenas diferente, pensará Tony na esteira de Bourdieu, até porque ambos são Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres.

Isto aplica-se a muitas outras coisas tais como dizer que o pior filme do MO é mais importante do que o Crime do Padre Amaro, como se isso fosse uma lei universal, inquestionável.

Deus Menor

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Re: Arte
« Responder #58 em: 2016-01-20 12:06:37 »
O gosto não deve ser argumento para análise.

Mas uma coisa que me intriga é se o Tony não estava a utilizar isto para
capitalizar popularidade e mediatismo?

Mas em França já se viu isto:



O Sly a ser condecorado pelo Jack Lang

Onde está a fronteira entre reconhecimento e promoção?

Automek

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Re: Arte
« Responder #59 em: 2016-01-20 12:10:44 »
não me parece que o TC precise de capitalizar popularidade e mediatismo. ele enche o pavilhão atlântico quantas vezes quiser e no estrangeiro é uma loucura por onde passa.