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Autor Tópico: Grécia - Tópico principal  (Lida 1837608 vezes)

Thunder

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6260 em: 2015-07-01 10:38:32 »
Poderia haver um referendo em Portugal sobre o Emprestar dinheiro a Grecia , antes que seja entregue a fundo perdido....

com o nivel de literacia financeira que temos, teriamos 90% a favor ao mesmo tempo que se manifestavam por não ocorrer a diminuição dos 3,5% de sobretaxa de IRS (creio q a receita prevista para a mesma era de 0,7 bn €).

Na Grécia só há 2 caminhos que acho aceitáveis:

ou aceitam restruturar a economia e recebem apoio

ou saem e são postos a correr da UEM juntamente com o congelamento dos fundos de coesão.

As outras opções são altamente injustas, mas como a vida não é justa é natural que a Grécia venha a beneficiar ainda mais benesses vs países como chipre, irlanda ou portugal...

Mas foi precisamente isso que a UE-FMI nunca tentou fazer (o FMI até se comprrende porque tem intervenção de curto prazo destinada a alcançar uns critérios contabilisticos).
Houve multiplas responsabilidades nesta crise, que basicamente advém da contracção de crédito derivada da crise que teve origem nos USA.
Responsabilidade da Grécia: quanto a isso não há falta de argumentos.
Responsabilidade de quem emprestou dinheiro de forma laxiatas á grecia entre 2000 e 2009. Perderam 50% na reestruturação embora ainda não seja muito claro se não houve compensação por outras vias.
Responsabilidade da UE com uma prática de 40 anos de tolerãncia a falhas gregas das quais tinham perfeito conhecimento, além da prática de excepções praticadas pelos paises mais poderosos que serviu de exemplo (mau) aos mais pobres e pequenos.

Europa em vez de enfrentar a crise como problema global, resolveu isolar. Mas mesmo nesse ataque a focos isolados, como não tinha experiencia chamou FMI que impos a sua prática de curto prazo centrada nos condicionalismos contabilisticos excluindo qq plano estratégico para apoiar o crescimento.
Isso funcionou na Irlanda porque aí forma bancos que deram cabo do estado, e portanto injectando capital mais ou menos equivalente ás perdas dos bancos voltava tudo ao normal, em Portugal estamos na situação dúbia do copo meio cheio ou meio vazio e não funcionou na Grecia.
É altura da UE pensar que a expertise que foi buscar ao FMI não era a mais adequada e que se impõem outras estratégias que vão para além dos condicionalismos contabilisticos de curto prazo.

O ponto que focas (que coloquei a bold) para mim é fulcral.
O problema é: Como a UE pode interferir nesta área?

Tomemos o nosso exemplo. Temos n reformas a fazer. Se a UE impuser essas reformas terás toda gente a reclamar que é uma violação de soberania, que a UE não tem autoridade para entrar nesses domínios. Como a UE não pode obrigar a realização das reformas fica numa posição de "boa fé". Os políticos locais seguem pelo caminho de menor resistência; reformas cosméticas ou adiadas e quem vier depois que feche a porta.
Se a UE vê que está a ser aldrabada e tenta forçar uma posição (pela única via que tem que é pela parte do financiamento) é acusada de ser antidemocrática. No fundo seguindo esta lógica parece que a única posição possível é a de fazer eternamente o papel de palhaço. Estender financiamentos sabendo que estes serão mal alocados.
« Última modificação: 2015-07-01 10:40:40 por Thunder »
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Moppie85

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6261 em: 2015-07-01 10:42:44 »
Poderia haver um referendo em Portugal sobre o Emprestar dinheiro a Grecia , antes que seja entregue a fundo perdido....

com o nivel de literacia financeira que temos, teriamos 90% a favor ao mesmo tempo que se manifestavam por não ocorrer a diminuição dos 3,5% de sobretaxa de IRS (creio q a receita prevista para a mesma era de 0,7 bn €).

Na Grécia só há 2 caminhos que acho aceitáveis:

ou aceitam restruturar a economia e recebem apoio

ou saem e são postos a correr da UEM juntamente com o congelamento dos fundos de coesão.

As outras opções são altamente injustas, mas como a vida não é justa é natural que a Grécia venha a beneficiar ainda mais benesses vs países como chipre, irlanda ou portugal...

Mas foi precisamente isso que a UE-FMI nunca tentou fazer (o FMI até se comprrende porque tem intervenção de curto prazo destinada a alcançar uns critérios contabilisticos).
Houve multiplas responsabilidades nesta crise, que basicamente advém da contracção de crédito derivada da crise que teve origem nos USA.
Responsabilidade da Grécia: quanto a isso não há falta de argumentos.
Responsabilidade de quem emprestou dinheiro de forma laxiatas á grecia entre 2000 e 2009. Perderam 50% na reestruturação embora ainda não seja muito claro se não houve compensação por outras vias.
Responsabilidade da UE com uma prática de 40 anos de tolerãncia a falhas gregas das quais tinham perfeito conhecimento, além da prática de excepções praticadas pelos paises mais poderosos que serviu de exemplo (mau) aos mais pobres e pequenos.

Europa em vez de enfrentar a crise como problema global, resolveu isolar. Mas mesmo nesse ataque a focos isolados, como não tinha experiencia chamou FMI que impos a sua prática de curto prazo centrada nos condicionalismos contabilisticos excluindo qq plano estratégico para apoiar o crescimento.
Isso funcionou na Irlanda porque aí forma bancos que deram cabo do estado, e portanto injectando capital mais ou menos equivalente ás perdas dos bancos voltava tudo ao normal, em Portugal estamos na situação dúbia do copo meio cheio ou meio vazio e não funcionou na Grecia.
É altura da UE pensar que a expertise que foi buscar ao FMI não era a mais adequada e que se impõem outras estratégias que vão para além dos condicionalismos contabilisticos de curto prazo.

concordo em parte com a tua opinião, nomeadamente:

* na culpa da europa em não ter forçado a mudança mais cedo (não sendo fácil impor isto a Estados que vivem na ilusão de dinheiro sem fim)
* na ideia relativa à Irlanda e Portugal
* na culpa de ter feito excepções à Grécia que nunca deveriam ter existido

discordo totalmente quanto ao:

* a culpa é dos credores (é o mesmo que ires ao banco culpá-lo por te ter emprestado dinheiro e tu agora não conseguires pagar e ainda ires pedir mais dinheiro emprestado para manteres o teu nível de vida)
* não funcionou na Grécia (era óbvio que o efeito seria o de queda da economia)
* na excepção aos "grandes" - acho que quem tem uma economia mais forte e mais equilibrada pode ter regras ligeiramente menos restritiva em momentos de dificuldade. Acho que deveria ser a regra mudada para um período de tempo (por exemplo 3 ou 4 anos - com um deficit médio máx de 3%).
* no "condicionalismo contabilistico" - as contas são o que são. Não se pode viver constantemente com mais do que se ganha. No fim, tudo irá bater no saldo contabilistico. Logo, acho que o FMI fez bem em procurar que o mesmo saldo contabilistico fique o mais próximo de zero possivel.

Johny

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Zenith

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6263 em: 2015-07-01 11:10:20 »
Poderia haver um referendo em Portugal sobre o Emprestar dinheiro a Grecia , antes que seja entregue a fundo perdido....

com o nivel de literacia financeira que temos, teriamos 90% a favor ao mesmo tempo que se manifestavam por não ocorrer a diminuição dos 3,5% de sobretaxa de IRS (creio q a receita prevista para a mesma era de 0,7 bn €).

Na Grécia só há 2 caminhos que acho aceitáveis:

ou aceitam restruturar a economia e recebem apoio

ou saem e são postos a correr da UEM juntamente com o congelamento dos fundos de coesão.

As outras opções são altamente injustas, mas como a vida não é justa é natural que a Grécia venha a beneficiar ainda mais benesses vs países como chipre, irlanda ou portugal...

Mas foi precisamente isso que a UE-FMI nunca tentou fazer (o FMI até se comprrende porque tem intervenção de curto prazo destinada a alcançar uns critérios contabilisticos).
Houve multiplas responsabilidades nesta crise, que basicamente advém da contracção de crédito derivada da crise que teve origem nos USA.
Responsabilidade da Grécia: quanto a isso não há falta de argumentos.
Responsabilidade de quem emprestou dinheiro de forma laxiatas á grecia entre 2000 e 2009. Perderam 50% na reestruturação embora ainda não seja muito claro se não houve compensação por outras vias.
Responsabilidade da UE com uma prática de 40 anos de tolerãncia a falhas gregas das quais tinham perfeito conhecimento, além da prática de excepções praticadas pelos paises mais poderosos que serviu de exemplo (mau) aos mais pobres e pequenos.

Europa em vez de enfrentar a crise como problema global, resolveu isolar. Mas mesmo nesse ataque a focos isolados, como não tinha experiencia chamou FMI que impos a sua prática de curto prazo centrada nos condicionalismos contabilisticos excluindo qq plano estratégico para apoiar o crescimento.
Isso funcionou na Irlanda porque aí forma bancos que deram cabo do estado, e portanto injectando capital mais ou menos equivalente ás perdas dos bancos voltava tudo ao normal, em Portugal estamos na situação dúbia do copo meio cheio ou meio vazio e não funcionou na Grecia.
É altura da UE pensar que a expertise que foi buscar ao FMI não era a mais adequada e que se impõem outras estratégias que vão para além dos condicionalismos contabilisticos de curto prazo.

concordo em parte com a tua opinião, nomeadamente:

* na culpa da europa em não ter forçado a mudança mais cedo (não sendo fácil impor isto a Estados que vivem na ilusão de dinheiro sem fim)
* na ideia relativa à Irlanda e Portugal
* na culpa de ter feito excepções à Grécia que nunca deveriam ter existido

discordo totalmente quanto ao:

* a culpa é dos credores (é o mesmo que ires ao banco culpá-lo por te ter emprestado dinheiro e tu agora não conseguires pagar e ainda ires pedir mais dinheiro emprestado para manteres o teu nível de vida)
* não funcionou na Grécia (era óbvio que o efeito seria o de queda da economia)
* na excepção aos "grandes" - acho que quem tem uma economia mais forte e mais equilibrada pode ter regras ligeiramente menos restritiva em momentos de dificuldade. Acho que deveria ser a regra mudada para um período de tempo (por exemplo 3 ou 4 anos - com um deficit médio máx de 3%).
* no "condicionalismo contabilistico" - as contas são o que são. Não se pode viver constantemente com mais do que se ganha. No fim, tudo irá bater no saldo contabilistico. Logo, acho que o FMI fez bem em procurar que o mesmo saldo contabilistico fique o mais próximo de zero possivel.
A responsabilidade dos credores é do tipo de um café que tenta impingir o maximo de consumo a um alcoolico. Mas acabaram por perder 50% e se não rehaveram o dinheiro por outras vias pode-se dizer que pagaram por isso.
A excepção aos grandes ou estava consagrada nas regras (e haveria fricção politica), ou então ia gerar como se viu um comportamento pelo mau exemplo. Parece-me parecido com as selecções de futebol africano em que parece que as vedetas (Etoo, Drogba etc) tem mais direitos que os outros e depois aparecem cenas de pancada entre elementos da mesma equipa mesmo em campo (Camaroes em 2014).
A questão do FMI, não é sugerir que desequilibrios se prolonguem ad-etermum. O FMI está vocacionado para intervenções de curto prazo sem ter em conta estrategia de futuro. Como uma equipa que vem abater um rebanho para impedir progessão de pandemia. Pode ser a solução adequada, mas depois é preciso pensar de como reconstruir ou substituir a actividade e aí a equipa que resolveu o problema da pandemia já foi embora e nem sequer era a mais adequada para esse fim.

Zakk

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6264 em: 2015-07-01 11:12:09 »
Ministros podem não aceitar alguns pontos da carta de Tsipras, diz a Reuters

A Reuters cita fonte europeia que diz que a carta de Tsipras tem alguns pontos que podem ser difíceis de aceitar. Mas, a julgar pela evolução dos mercados, nada irá, nesta fase, impedir um consenso.


Que circo... :o

Deus Menor

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6265 em: 2015-07-01 11:14:25 »

A responsabilidade dos credores é do tipo de um café que tenta impingir o maximo de consumo a um alcoolico. Mas acabaram por perder 50% e se não rehaveram o dinheiro por outras vias pode-se dizer que pagaram por isso.
A excepção aos grandes ou estava consagrada nas regras (e haveria fricção politica), ou então ia gerar como se viu um comportamento pelo mau exemplo. Parece-me parecido com as selecções de futebol africano em que parece que as vedetas (Etoo, Drogba etc) tem mais direitos que os outros e depois aparecem cenas de pancada entre elementos da mesma equipa mesmo em campo (Camaroes em 2014).
A questão do FMI, não é sugerir que desequilibrios se prolonguem ad-etermum. O FMI está vocacionado para intervenções de curto prazo sem ter em conta estrategia de futuro. Como uma equipa que vem abater um rebanho para impedir progessão de pandemia. Pode ser a solução adequada, mas depois é preciso pensar de como reconstruir ou substituir a actividade e aí a equipa que resolveu o problema da pandemia já foi embora e nem sequer era a mais adequada para esse fim.

Esqueces-te que se a Troika não empresta o dinheiro o País parava, tal como Portugal.
As pessoas tendem a esquecer o que seria não haver dinheiro para salários e Pensões.

Zakk

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6266 em: 2015-07-01 11:20:51 »
Estes gregos devem achar os outros mesmo burros, era tudo para amanha. Enquanto isso iam sacando uns milhões ao ELA.



As “emendas” e “clarificações” de que Tsipras fala dizem respeito a fatores como os seguintes:
 •Tsipras continua a querer uma isenção especial para o regime de IVA nas ilhas gregas.
 •Apoio de solidariedade aos idosos será gradualmente extinto até 2019, aceita Tsipras. Os credores exigiam, originalmente, até 2017 mas entretanto já tinham cedido. Tsipras pede, ainda assim, uma redução mais faseada.
 •A reforma das pensões gizada em 2012 (pelo governo anterior), que introduz fatores como o fator de sustentabilidade, entrará em vigor em outubro, e não imediatamente, pede Tsipras.
 •Despesa com Defesa cai em 400 milhões, face aos 200 milhões que Tsipras pedia. O grego pede, contudo, que essa redução comece só no próximo ano e não já este ano.

pedferre

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6267 em: 2015-07-01 11:36:09 »
E agora a UE aceita o negocio ou espera pelo domingo para ver se o Tsipras perde o referendo e existem eleições antecipadas? :)
Penso que a UE vai fechar o acordo com ele para não se arriscar a ele possa ganhar o referendo e a Grécia acabe por sair do Euro, mesmo que aceitar o acordo implique que o Syriza vai continuar no governo...

pedferre

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6268 em: 2015-07-01 11:37:41 »
Mas se de acordo com a lei o referendo não pode ser desconvocado e vai mesmo ter de ser feito... não percebo porque o Tsipras quer um acordo ainda antes do referendo, então para que vai servir o referendo para gastar papel?

Pip-Boy

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6269 em: 2015-07-01 11:43:18 »
Isto não é para querer acordo nenhum, senão dizia que aceitava tudo e ponto final, não vinha com emendas e correcções.
É para se fazer de vitima novamente a dizer que a UE não aceita nada do que ele propõe, é preciso mesmo votar "não" no referendo, etc
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Zakk

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6270 em: 2015-07-01 11:48:09 »
Isto não é para querer acordo nenhum, senão dizia que aceitava tudo e ponto final, não vinha com emendas e correcções.
É para se fazer de vitima novamente a dizer que a UE não aceita nada do que ele propõe, é preciso mesmo votar "não" no referendo, etc

A europa, não grecia, devia fazer campanha pelo NÃO, só dessa maneira nos livramos desta gente. ;D

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6271 em: 2015-07-01 11:53:16 »
Referendo suspenso....   ;D

Incognitus

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6272 em: 2015-07-01 12:09:49 »
Mitologia grega do sec XXI.
Em tempos idos  cansados dos horrores da guerra, homens de difrerentes estirpes, religiões e que falam diferentes línguas cansados dos horrores, tomaram a estranha decisão de ser razoáveis e colocaram a primeira pedra do que sonhavam ser uma sociedade basaeada na cooperação e solidariedade.
Esses homens tiveram filhas (as Danaídes, não sei pq mas soa bem ), mas cometaram o erro de as educar numa vivência virada para o transaccionável, onde o conceito de solidariedade não cotado viola os condicionalismos contabilistos, perturbando o equilibrio harmónico entre deve e haver e oferta e procura. A imperativa necessidade do equilibrio contabilisto exigiu que matassem os pais, o que ofendeu grandemente a Zeus, que as condenou a encher o tonel sem fundo da dívida grega (aka tonel das danaídes)  :D

É um belo mito, mas a sociedade não se baseia na solidariedade. A sociedade funciona segundo o princípio da troca de excedentes num sistema que assegura que essas trocas são recíprocas.

Uma sociedade baseada na solidariedade basicamente falha. Até se compreende porquê, a quase totalidade das pessoas produz para os outros para poder obter dos outros a sua produção. Se pedirem para o fazerem "por solidariedade" a produção cai uns 90%.




Como habitual tens grandes certezas  e vais continuar a te-las desde que não te peçam para demonstrar o quer que seja. Não sou grande leitor de ciencias sociais ou biologia, mas o que consta é que para pequenas sociedades onde a complexidade derivada do nº não oblitera a análise as tribos mais solidárias ou coesas eram aquelas com maiores probabilidades de sobrevivência (pode-se dizer que egoismo individual era substituido por um egoismo de grupo).
POderiamos ir para a parte racional, envolvendo a analaise matematica de sistemas complexos e comparar as estrategias coopertivas vs greedy, onde cooperativas significaria uma reciprocidade não apenas imediata e deterministica mas probabilistica e desfazada no tempo (mais proximo da palavra solidariedade), mas irias logo introduzir factos laterias para desviar a discussão de uma analise rigorosa para o campo ideologico. A nível de comportamento humano também se poderiam ver os resultados de estudos que envolvem os chamados jogos soloidarios, mas a reacção seria a mesma.

A sociedade tal como a temos hoje, Zenith. Nas cidades ninguém pode plantar a sua comida.

Obviamente uma sociedade de pequena dimensão PODE funcionar na base da solidariedade.

Campo ideológico é pensar que a sociedade pode funcionar na base da solidariedade, quando as experiências socialistas todas falham (e essas ainda têm uma componente de coerção nada solidária que aumenta um pouco a probabilidade de a coisa funcionar)
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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6273 em: 2015-07-01 12:11:28 »
Poderia haver um referendo em Portugal sobre o Emprestar dinheiro a Grecia , antes que seja entregue a fundo perdido....

com o nivel de literacia financeira que temos, teriamos 90% a favor ao mesmo tempo que se manifestavam por não ocorrer a diminuição dos 3,5% de sobretaxa de IRS (creio q a receita prevista para a mesma era de 0,7 bn €).

Na Grécia só há 2 caminhos que acho aceitáveis:

ou aceitam restruturar a economia e recebem apoio

ou saem e são postos a correr da UEM juntamente com o congelamento dos fundos de coesão.

As outras opções são altamente injustas, mas como a vida não é justa é natural que a Grécia venha a beneficiar ainda mais benesses vs países como chipre, irlanda ou portugal...

Há um problema na Grécia agora que é muito curioso. É que a Grécia/Syriza/Tsipras podem muito bem aceitar acordos e afins para continuarem a sugar a UE via ELA e outros apoios, tendo sempre a ideia de mais tarde incumprirem.

Quem agora desenhe os acordos vai ter que incluir cláusulas bem desrespeitadoras da soberania Grega, devido a isso.
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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6274 em: 2015-07-01 12:14:09 »
Agora não entendo, nem eu nem vbm, nem lark estamos incluidos no lote dos que contribuiram 200Eur?  ;D

Esses são todos, forçados. Solidariedade forçada não é solidariedade.

Quer-se aqui saber qual o montante da solidariedade voluntária.

Clamar pela solidariedade sem a praticar é uma absurdidade. Mas já se sabe, a procura do high ground moral sem contribuir nada é típica dessa ideologia.

EStás enredado nos teus clichés, e numa argumentação psicologica que se por acaso tomasse proporções que levassem a um processo de difamação irias perder pq neste caso espeficico seria simples de resolver fazendo uma transferência de umas dezenas de Euros, e no caso mais geral irias perder na maioria dos casos com apresentação de extractos de IRS passados com contribuições para institituições de solidariedade e nalguns casos trabalho pro-bono nessas instituições.
Aqui seria facil responder que ja se tinha transferido dezenas, centenas ou milhares de euros, que obviamente teria o mesmo valor que alguns ganhos de bolsa apropriados.

Não sei do que falas mas na sociedade actual centenas de milhares de euros é uma irrelevância absurda face aos montantes em jogo.

Em todo o caso se estás de alguma forma convencido de que uma sociedade pode ser construída na base da solidariedade, que os milhões de trabalhadores acordam todos os dias motivados pela solidariedade para com os outros, quem sou eu para te retirar tal ideia da cabeça.

Só posso dizer e reafirmar que uma sociedade baseada nisso não tem qualquer hipótese de funcionar. As experiências socialistas mostram-no e o Adam Smith já explicou porquê antes mesmo dessas experiências falharem.
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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6275 em: 2015-07-01 12:14:46 »
Poderia haver um referendo em Portugal sobre o Emprestar dinheiro a Grecia , antes que seja entregue a fundo perdido....

com o nivel de literacia financeira que temos, teriamos 90% a favor ao mesmo tempo que se manifestavam por não ocorrer a diminuição dos 3,5% de sobretaxa de IRS (creio q a receita prevista para a mesma era de 0,7 bn €).

Na Grécia só há 2 caminhos que acho aceitáveis:

ou aceitam restruturar a economia e recebem apoio

ou saem e são postos a correr da UEM juntamente com o congelamento dos fundos de coesão.

As outras opções são altamente injustas, mas como a vida não é justa é natural que a Grécia venha a beneficiar ainda mais benesses vs países como chipre, irlanda ou portugal...

Há um problema na Grécia agora que é muito curioso. É que a Grécia/Syriza/Tsipras podem muito bem aceitar acordos e afins para continuarem a sugar a UE via ELA e outros apoios, tendo sempre a ideia de mais tarde incumprirem.

Quem agora desenhe os acordos vai ter que incluir cláusulas bem desrespeitadoras da soberania Grega, devido a isso.

O lúcido do Schaeuble disse isso mesmo à pouco:
Citar
“O atual governo grego não é uma parte muito confiável para novas negociações para um resgate“.

Automek

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6276 em: 2015-07-01 12:15:40 »
Citar
Governo grego diz que não capitulou. E deixa uma nota enigmática.

“O governo grego entregou ontem uma nova proposta às instituições, acompanhada de uma carta do primeiro-ministro Alexis Tsipras. As notícias que dizem que o governo grego aceitou totalmente a proposta das instituições não são válidas”, diz o governo grego em nota citada pelo The Guardian.

E deixa a seguinte nota:

“Várias medidas que as instituições estão a sugerir para agora não serão aplicadas imediatamente mas, sim, em fases para que o governo possa encontrar medidas equivalentes que as substituam”.

Automek

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6277 em: 2015-07-01 12:16:33 »
Referendo suspenso....   ;D
Viste isso em algum lado ?

Incognitus

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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6278 em: 2015-07-01 12:18:20 »
Poderia haver um referendo em Portugal sobre o Emprestar dinheiro a Grecia , antes que seja entregue a fundo perdido....

com o nivel de literacia financeira que temos, teriamos 90% a favor ao mesmo tempo que se manifestavam por não ocorrer a diminuição dos 3,5% de sobretaxa de IRS (creio q a receita prevista para a mesma era de 0,7 bn €).

Na Grécia só há 2 caminhos que acho aceitáveis:

ou aceitam restruturar a economia e recebem apoio

ou saem e são postos a correr da UEM juntamente com o congelamento dos fundos de coesão.

As outras opções são altamente injustas, mas como a vida não é justa é natural que a Grécia venha a beneficiar ainda mais benesses vs países como chipre, irlanda ou portugal...

Mas foi precisamente isso que a UE-FMI nunca tentou fazer (o FMI até se comprrende porque tem intervenção de curto prazo destinada a alcançar uns critérios contabilisticos).
Houve multiplas responsabilidades nesta crise, que basicamente advém da contracção de crédito derivada da crise que teve origem nos USA.
Responsabilidade da Grécia: quanto a isso não há falta de argumentos.
Responsabilidade de quem emprestou dinheiro de forma laxiatas á grecia entre 2000 e 2009. Perderam 50% na reestruturação embora ainda não seja muito claro se não houve compensação por outras vias.
Responsabilidade da UE com uma prática de 40 anos de tolerãncia a falhas gregas das quais tinham perfeito conhecimento, além da prática de excepções praticadas pelos paises mais poderosos que serviu de exemplo (mau) aos mais pobres e pequenos.

Europa em vez de enfrentar a crise como problema global, resolveu isolar. Mas mesmo nesse ataque a focos isolados, como não tinha experiencia chamou FMI que impos a sua prática de curto prazo centrada nos condicionalismos contabilisticos excluindo qq plano estratégico para apoiar o crescimento.
Isso funcionou na Irlanda porque aí forma bancos que deram cabo do estado, e portanto injectando capital mais ou menos equivalente ás perdas dos bancos voltava tudo ao normal, em Portugal estamos na situação dúbia do copo meio cheio ou meio vazio e não funcionou na Grecia.
É altura da UE pensar que a expertise que foi buscar ao FMI não era a mais adequada e que se impõem outras estratégias que vão para além dos condicionalismos contabilisticos de curto prazo.

Numa tal situação até se esperaria que partissem da Grécia as reformas necessárias para voltar a ser um país viável. Os outros só lhe davam tempo (que é dinheiro) para as implementar. E os outros (UE, FMI) sugeriram certamente reformas para atingir o objectivo -- todas elas liberalizantes.

Portanto se alguma coisa, há culpa adicional da Grécia em ter resistência a essas reformas, não culpa dos outros por não as imporem.
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Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6279 em: 2015-07-01 12:20:07 »
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Governo grego diz que não capitulou. E deixa uma nota enigmática.

“O governo grego entregou ontem uma nova proposta às instituições, acompanhada de uma carta do primeiro-ministro Alexis Tsipras. As notícias que dizem que o governo grego aceitou totalmente a proposta das instituições não são válidas”, diz o governo grego em nota citada pelo The Guardian.

E deixa a seguinte nota:

“Várias medidas que as instituições estão a sugerir para agora não serão aplicadas imediatamente mas, sim, em fases para que o governo possa encontrar medidas equivalentes que as substituam”.

Existe um risco considerável em voltar a apoiar a Grécia neste momento. A Grécia está gerida por caloteiros mal intencionados cujo principal objectivo é extrair mais euros da UE. Querem, quase certamente, que a ELA volte a funcionar pois é o método mais rápido e directo, sem qualquer negociação, para extrair mais Euros.

Portanto se a UE/BCE cederem nesse método seja porque desculpa for, a Grécia ganha. E incumpre, novamente, mais tarde.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com