Deterioração dos oceanos mais grave e rápida do que se pensava
Aquecimento global, poluição e excesso de pesca estão a colocar em risco o papel dos oceanos na manutenção equilíbrio ambiental do planeta, alerta um relatório.
Os efeitos cumulativos do aquecimento global, poluição e excesso de pesca estão a provocar uma deterioração maior e mais rápida dos oceanos do que se pensava, colocando em risco o seu papel na manutenção do equilíbrio ambiental da Terra, referem as conclusões hoje divulgadas do relatório do Programa Internacional para o Estado dos Oceanos (PIEO).
"A situação deveria causar a maior preocupação a todos, uma vez que todos seremos afetados pelas mudanças na capacidade dos oceanos em suportarem a vida na Terra", refere Alex Rogers, professor do Somerville College de Oxford, que dirige o painel de cientistas marinhos.
As conclusões são mais gravosas do que as apresentadas na semana passada pelo Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas das Nações Unidas, que indicavam que os oceanos estão a absorver muito do aquecimento global, apresentando níveis inéditos de dióxido de carbono.
As recomendações contra o "trio letal"
Os cientistas do PIEO alertam agora que esse papel dos oceanos para conter o impacto das mudanças ambientais está seriamente comprometido, uma vez que a capacidade dos mesmos para resistirem às chamadas "perturbações de carbono" é minada pela referida conjugação de fatores.
A desoxigenação, acidificação e aquecimento das águas marinhas surge como um "trio letal", com impactos em espiral, o que conjuntamente com a atividade piscatória demasiado intensa leva à existência de "zonas mortas".
O PIEO considera por isso urgente que os governos dos diversos países adotem medidas no sentido de reduzirem as emissões de CO2, de modo a que o aquecimento global não atinja os dois graus centígrados; assegurem a implementação de gestões comunitárias dos ecossistemas, que favoreçam a atividade piscatória de pequena escala; criem uma infraestrutura global para a gestão das águas de alto mar (que vão para lá das áreas de jurisdição dos diferentes países), que implemente um novo acordo para a sua conservação e uso sustentável da biodiversidade.
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