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Autor Tópico: Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal  (Lida 655033 vezes)

eagle51

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #960 em: 2014-08-02 22:55:20 »
E os abutres das obrigações subordinadas? :)
Fica tudo no banco bom e não são penalizados ? Era uma ideia super interessante :)

Só ouvi falar em acionistas a serem penalizados, se a divida subordinada tbm levasse cacetada acho que o Marques Mendes ou o Camilo Lourenço, que foram os que ouvi,  não se iam esquecer de referir isso.

Talvez mas até hoje poucas vezes, se alguma, ouvi um comentador ou jornalista a se claro quanto aos obrigacionistas (de subordinadas ou seniores, sejam do BES ou das holdings).

eagle51

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #961 em: 2014-08-02 22:57:55 »
Os obrigacionistas das holdings são credores de empresas falidas que requereram protecção contra credores. Em rigor devem os seus créditos ser rateados pelo que os activos das holdings consigam cobrir e  pagar. A menos que haja aval do banco. O que parece existiu para os Petróleos da Venezuela... Agora, o que é de ter quase a certeza é que os clientes-depositantes do banco se não tiverem uma fundada expectativa de serem reembolsados – ou mesmo que a tenham! – das obrigações que subscreveram – ou que dizem foram forçados a subscrever –, retirarão do banco toda a tesouraria corrente das suas empresas.

Aqui a parte chave é mesmo essa do aval do banco, que aparentemente foi dado recentemente, mas que agora não sei como fica.

A teoria sobre consequências para accionistas e obrigacionistas é relativamente linear. O caso em questão é que nada tem de linear.

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #962 em: 2014-08-02 23:14:34 »
Um cidadão, detentor de um património que lhe renda o que renda, resolver aliená-lo e, negando-o-ócio do rentista, passar a trabalhar activamente num negócio, tem sempre a possibilidade de excluir uma parte da sua fortuna da sorte ou do azar da vida dos neg-ócios. É para isso que existe a figura jurídica da responsabilidade limitada ao capital da sociedade criada, às reservas acumuladas e aos lucros não distribuídos. O único problema é quando desata a endividar demais a sociedade e lhe começam a exigir o aval pessoal a novos empréstimos. Porque estes, sim, já podem acionar a fortuna pessoal. Passar esta toda para nome de familiares ou terceiros é uma habilidade saloia que eu não percebo porquê os tribunais não conseguem fazer a justiça de expropriar ou anular essas pseudo-alienações que prejudicam os credores! De modo que, o sistema, abstraindo da vigarice, até está bem gizado: - A sociedade comercial está endividar-se em excesso? O provável é o dono estar a enriquecer a si próprio, descapitalizando a empresa. De modo que, emprestar mais, só com aval pessoal. Ou seja, se um negócio estiver a render pouco, o melhor é fechá-lo quanto antes e escolher outro ou regressar ao ócio, abandonando o negócio! 

Automek

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #963 em: 2014-08-02 23:14:42 »
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Atuais acionistas vão ser expulsos do BES e remetidos ao ‘bad bank’, garante Marques Mendes
ATUALIZADO

 
Operação relâmpago, anuncia Mendes: acionistas afastados do BES, que fica sob controlo de um fundo, financiado pelos bancos portugueses e fundo da troika. BES sai da bolsa e será vendido em 6 meses.

É uma autêntica revolução no BES, a que Marques Mendes anunciou no seu habitual comentário de sábado na SIC. Uma “operação relâmpago”, nas palavras do ex-líder do PSD, ou uma “terceira via”. Nas suas linhas gerais, a versão de Mendes bate certo com o que duas fontes disseram hoje ao Observador: penalização dos responsáveis pela situação do banco e uma via diferente para financiar a instituição, mais indireta, usando os fundos da troika.

Na prática, a concretizar-se tal e qual como anunciou, implica desde logo a divisão do banco em dois. Só um se continuará a chamar BES, mas este fica limpo dos ativos tóxicos identificados nas contas semestrais apresentadas esta semana.

E deste são afastados da noite para o dia (de segunda-feira) os atuais acionistas. Entre os quais a família Espírito Santo, o Crédit Agricole, ou o Bradesco incluídos — mas não só. Todos eles ficarão responsáveis, isso sim, com a gestão do que resta, os tais ativos tóxicos, que ficarão num segundo banco, criado de novo.

O tal ‘bad bank’ que foi anunciado ontem pelo Jornal de Negócios como estando em estudo no Banco de Portugal. Voltando ao novo BES, que vai surgir “de cara lavada” na segunda-feira de manhã, disse Mendes, vai ter um só acionista, o Fundo de Resolução, uma nova entidade jurídica que foi posta em lei há cerca de um ano e meio. Este veículo financeiro terá três pessoas no conselho diretivo e será “abastecido pelos bancos que existem no país”.

Para funcionar e financiar o BES, precisará do dinheiro do Estado (o que foi enviado pela troika), de 4 a 5 mil milhões de euros. Será por seis meses, disse Mendes. Depois será pago de volta, após uma operação de venda do banco em bolsa. E já há interessados, garantiu ainda. Mas, note-se, até lá os privados não vão entrar no banco. Aqui estão, em síntese, as voltas que pode levar o BES, na versão de Marques Mendes:

- “Na segunda-feira, na prática, nasce um novo banco, com o mesmo nome e estrutura acionista completamente diferente onde estará tudo aquilo que são ativos bons e de fora fica tudo o que é lixo.”
O único acionista do BES será o Fundo de Resolução, uma entidade jurídica criada há um ano e meio que “é abastecida” pelos bancos que existem no país.

- Os acionistas atuais desaparecem do novo BES e passam para o “banco mau”, com uma “forte penalização”. “Se há lucros, os acionistas do banco ganham com isso, se há prejuízos devem ser os primeiros a pagar a fatura”, disse.

- Segundo a informação de Marques Mendes, o banco vai aumentar o seu capital entre 4 e 5 mil milhões de euros, que vêm do Fundo de Resolução e não diretamente do Estado.

- A linha de financiamento que foi criada pela troika, que está no Estado com 6,4 mil milhões, vai  emprestar ao Fundo de Resolução, dinheiro que depois é pago quando o banco for vendido — daqui a seis meses no máximo, disse. Se o banco não for vendido ao preço do empréstimo, será encontrada outra solução. O comentador sublinhou que o dinheiro da troika vai para o Fundo e não diretamente para o BES.

- A intenção é que isto seja uma solução transitória, cujo objetivo é que que nos próximos seis meses o banco “fique sem lixo”, e que depois seja feita uma Oferta Pública Inicial (IPO), quando as ações são vendidas em bolsa pela primeira vez. Marques Mendes avançou que o BES deixará de estar na bolsa e que, “segundo o que ouviu dizer”, existem já dois bancos europeus interessados no BES, que podem entrar na altura do IPO.
http://observador.pt/2014/08/02/atuais-acionistas-vao-ser-expulsos-bes-e-remetidos-ao-bad-bank-garante-marques-mendes/
 

Automek

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #964 em: 2014-08-02 23:19:56 »
Este artigo, embora longo e de 31/7, parece ser um bom resumo das várias exposições:

Citar
As contas do BES em resumo

"Fatores de natureza excecional" é como o BES justifica os quase 3,6 mil milhões de euros de prejuízos nos primeiros seis meses do ano.

Um prejuízo de 3,58 mil milhões de euros, até há muito pouco tempo impensável, em apenas seis meses, custos com imparidades de 4,3 mil milhões de euros, rácios de capital abaixo do mínimo exigido pelo regulador depois de muitas garantias de uma almofada de capital mais que suficiente, veículos escondidos, financiamentos não autorizados ao grupo.

Os resultados do BES no primeiro semestre ficam na história, muito pela negativa. A lista de más notícias é considerável e parece ainda não ter acabado. Por várias vezes na apresentação de resultados enviada ao mercado, a administração do BES avisou que há muito que ainda não tem um quadro preciso porque não se conhece em detalhe o plano de reestruturação do Grupo Espírito Santo.

Os prejuízos já registados atingem os 3.577,3 milhões de euros mas podem subir em pelo menos 500 milhões de euros. Para já, não é provável, mas há muito por esclarecer. Aqui fica um resumo simples:

AS CONTAS

Os resultados dos primeiros seis meses têm duas componentes principais: o resultado da atividade normal e os fatores de natureza excecional. O resultado final é um prejuízo de 3.577,3 milhões de euros para o semestre, dos quais 3.488,1 milhões de euros dizem respeito apenas ao segundo trimestre.

O principal fator é o custo com imparidades e contingências, que atinge os 4.253,5 milhões de euros.

O banco fez um aumento de capital em junho, onde conseguiu angariar 1.045 milhões de euros, mas depois destes prejuízos extraordinários o rácio de capital Common Equity Tier I caiu para 5%, abaixo do mínimo exigido pelo Banco de Portugal, que é de 7%.

A administração do BES está confiante que este aumento de capital ajude a “mitigar” os futuros impactos da análise que o Banco Central Europeu (BCE) está a fazer e que serão complementados por testes de stress, mas deixa antever mais problemas.

Em termos gerais, o crédito a clientes em termos brutos aumentou 280 milhões de euros no segundo trimestre, enquanto os depósitos caíram 310 milhões de euros. O rácio de transformação crédito líquido/depósitos está nos 126%, sendo que a meta colocada pela troika era de 120%.

O crédito vencido há mais de 90 dias aumentou 223 milhões de euros e o crédito em risco também aumentou. Já o produto bancário caiu 23,8%.

O BES dá conta ainda de um aumento dos custos operacionais em 5,7%, em parte devido à inclusão nas contas de veículos que a anterior administração dizia não conhecer e das reformas antecipadas de 139 colaboradores do BES.

Olhando para os números mais gerais, é possível ver que o valor dos ativos totais do BES no final de julho caíram 2,97 milhões de euros face às contas do final do primeiro semestre de 2013 (menos 3,1%) e que o capital próprio do banco caiu 2,99 mil milhões de euros face a igual período (menos 41,3%).

Face há um ano, nota-se também uma queda de 5,2% nos depósitos de clientes, mas um aumento de 0,3% no crédito bruto concedido a clientes.

O banco perdeu também mais de três mil milhões de colaterais (ativos que podem ser usados como garantia) para operações de recompra (financiamento de muito curto prazo, inclusivamente para uso junto do BCE).

OS FATORES DE NATUREZA EXCECIONAL

A grande explicação passa portanto pelos fatores de natureza excecional. São vários e alguns ainda estão por acautelar na totalidade, mas o problema é a exposição às várias entidades do grupo Espírito Santo.

Provisões para a exposição ao GES, juros incobráveis de empréstimos do BESA, risco da carteira de crédito, imparidade com a participação na PT, quatro veículos desconhecidos com dívida do grupo, dívida emitida por entidades do grupo e vendida pelo BES aos clientes do retalho… a lista é considerável.

No total, o BES diz que teve de fazer provisões de 1.206 milhões de euros para perdas com a exposição ao GES, mas que ainda não conhece com “precisão” o plano de reestruturação do GES. Ou seja, pode ser diferente.

- A exposição às Seguradoras:

O BES tem uma exposição de 212,9 milhões de euros ligados à Tranquilidade e suas subsidiárias, que não estão ligados ao GES, e como tal diz que nesta altura “não são expetáveis perdas nesta exposição que possam ser diretamente atribuíveis à situação financeira do GES”. Isto não significa que não possam advir perdas, mas sim que estas podem não vir diretamente do GES.

- A exposição ao Espírito Santo Financial Group (maior acionista do BES):

Aqui revelam-se algumas das práticas que levaram a um aumento considerável dos prejuízos do BES. No segundo trimestre do ano o BES aumentou o financiamento à holding que gere as participações financeiras do grupo (agora em proteção de credores no Luxemburgo, juntamente com a ESI e a Rioforte).

O valor triplicou desde o início do ano, passando de 301,3 milhões de euros no final de 2013, para 416,2 milhões de euros no final do primeiro trimestre e finalmente para 927,6 milhões de euros no final do segundo trimestre. Os principais beneficiários foram a ES Financiére e o ES Bank do Panamá. Os reguladores tomaram conta da subsidiária do Panamá recentemente devido aos problemas financeiros da entidade.

O banco explica ainda na apreentação de resultados que, em primeiro lugar, as regras dizem que a ESFG tinha de estar protegida da área não financeira do GES devido às regras dos reguladores do Luxemburgo, Londres e Lisboa e que a partir de maio o BES ficou obrigado a reduzir a sua exposição à ESFG.

Não obstante a determinação da Comissão de Partes Relacionados, que foi ratificada pelo conselho de administração ainda liderado por Ricardo Salgado, de que a exposição sem colaterais tinha de ser reduzida para 400 milhões de euros até 30 de junho e que quaisquer novos créditos tinham de ter colaterais, foram dados mais 200 milhões de euros em créditos e as instruções não foram cumpridas, “podendo alguns deles ter ficado prejudicados pelo pedido de proteção de credores da ESFG”.

A isto acresce que já em junho o BES aumentou a sua exposição em 120 milhões de euros em operações não autorizadas. Como explica o banco, esta exposição aumentou “em consequência de algumas operações realizadas entre o banco e estas entidades, as quais não foram, no entanto, objeto de aprovação prévia pela Comissão de Partes Relacionadas, nem pelos órgãos do banco com competência”.

Para além do financiamento, a exposição do BES à ESFG aumentou com um esquema diferente. O ESFG tinha sido obrigado a dar uma garantia irrevogável à divida (da Rioforte e da ESI) vendida pelo BES aos clientes do retalho. A exposição direta do banco aumentou à ESFG por utilização da linha de crédito que estava associada a esta garantia, e em troca o BES recebeu como colateral 48,5 milhões de euros em ações da Tranquilidade, a seguradora do grupo.

Acresce que o ESFG vendeu 150 milhões de euros da sua dívida à Tranquilidade, a seguradora do grupo. Isto, diz o BES, “afeta de forma muito relevante o valor da garantia prestada aos titulares de papel comercial (dívida de curto prazo) atrás referidos, tendo este facto levado o BES a assumir diretamente o reembolso aos seus clientes de retalho”.

O risco obrigou a que o BES fizesse uma provisão de 823 milhões de euros com imparidades a este grupo de entidades.

- A exposição à Rioforte:

A exposição do BES à Rioforte, a sociedade de investimentos do GES que gere ativos não ativos financeiros e que também pediu proteção de credores no Luxemburgo, quase quadruplicou do primeiro para o segundo trimestre, passando de 69,6 milhões de euros para 270,8 milhões de euros.

Explica o banco que o BES fez adiantamentos porque tinha um mandato “exclusivo e irrevogável” para a venda de uma participação significativa do portfolio de ativos da Rioforte, mas com o pedido de proteção de credores este mandato fica afetado, já que o Tribunal do Comércio do Luxemburgo é que vai decidir a venda destes ativos.

A 28 julho a exposição ainda baixou para 190 milhões de euros, porque o banco comprou valores mobiliários para gerar liquidez para o reembolso da Rioforte do papel comercial colocado pelo BES junto dos seus clientes de retalho. O BES assumiu, de facto, os compromissos, mas a Rioforte ainda não transferiu os ativos.

Com tal, o BES decidiu fazer uma provisão de 144 milhões de euros para a exposição à Rioforte.

- A exposição à ESCOM:

A história da ESCOM continua, mas desta vez o banco decidiu precaver-se. Com os pormenores da venda ainda por revelar, o BES ainda mantém uma exposição bruta de 297 milhões de euros a esta entidade que terá saído do GES por venda alegadamente à petrolífera estatal angolana Sonangol, mas o processo está por concluir há quatro anos.

Como tal, o BES decidiu fazer uma provisão de 239 milhões de euros para se precaver de perdas com esta entidade.

- A exposição à dívida do GES:

Os clientes do grupo BES tinham no final de junho 3,1 mil milhões de euros de dívida do GES, e destes 1,1 mil milhões de euros eram de clientes do retalho e outros dois mil milhões de euros de investidores internacionais.
O BES diz, mais uma vez, que como ainda não se conhece ao detalhe o plano de reestruturação do GES “não é possível, à data da aprovação das contas do semestre, determinar com o indispensável rigor os montantes não recuperáveis da divida subscrita”.

Ainda assim, a administração conseguiu identificar já depois da comunicação feita ao mercado a 10 de julho a detalhar a exposição ao GES (numa tentativa de tranquilizar os investidores) a “existência de duas cartas emitidas pelo BES a benefício de entidades credores da ESI (outra das entidades com pedido de proteção de credores no Luxemburgo), cuja aprovação não havia sido realizada de acordo com os procedimentos internos instituídos no banco nem constava dos seus registos contabilísticos a 30 de junho”.

Mais um buraco encontrado sem registo nas contas e o resultado é mais uma provisão de 856 milhões de euros.

- A exposição ao BES Angola:

O BESA acabou por ter prejuízos de 355,7 milhões de euros no primeiro semestre, dos quais 198,2 milhões de euros são imputáveis ao BES, que detém até esta altura 55,7% da sua subsidiária.

Uma nova análise à carteira de crédito do BESA, levada a cabo pela sua nova administração, detetou 247,2 milhões de euros de juros que são incobráveis e, como tal, teve de os retirar das contas.

O banco central de Angola obrigou ainda a fazer provisões que, retirando uma provisão anulada, acabou por levar a um esforço adicional de 146 milhões de euros.

O BESA vai ter de fazer um aumento de capital e, caso o BES não acompanhe, arrisca-se a perder o controlo.
Resta saber o que vai acontecer à garantia dada por Angola às dívidas do BESA. Para já, diz a administração do BES, “garantia ainda se mantém válida”. Caso esta não avance, as perdas do BES podem crescer perto de 1,7 mil milhões de euros (contas do Citigroup).

- As imparidades com swaps:

O BES teve de fazer um ajustamento no valor que tem em carteira dos instrumentos financeiros. O aumento do risco de contraparte faz com que uma reavaliação do justo valor dos swaps de taxa de juro para operações de project finance tenham uma imparidade de 75,4 milhões de euros. Falta saber ainda qual será a forma de avaliação do BCE a estes ativos, o que pode levar a novas imparidades com o valor destes instrumentos.

- A Portugal Telecom:

A participação do Grupo BES na PT está na carteira de negociação, ou seja, de ativos “disponíveis para venda”, e como tal tem de ser avaliada a preço de mercado. A diferença entre o valor de aquisição e o seu valor de mercado tem de ser registada como perda por imparidade.

Neste caso, a 30 de julho, a participação do BES na PT tinha um valor de aquisição de 346,6 milhões de euros e o seu valor de mercado era de 240,5 milhões de euros. Esta desvalorização de 31% tem de ser registada com imparidade e como tal o BES é obrigado a registar uma perda de 106,1 milhões de euros com a participação na PT.

- Os quatro veículos misteriosos que todos dizem desconhecer:

O BES diz que encontrou já em julho quatro sociedades veículo cujos ativos eram principalmente dívida do Grupo BES que não estavam nas contas consolidadas do grupo e que a anterior administração, liderada por Ricardo Salgado, disse não conhecer a existência, finalidade e funcionamento.

“Já no decurso do mês de julho foram identificados três SPE (Special Purpose Entities) cujos ativos eram fundamentalmente constituídos pelas obrigações emitidas pelo Grupo [BES]” ao longo de 2014, emitidas a desconto e que mantém no balanço a custo amortizado, que foram vendidas aos clientes do banco no retalho a valores superiores ao valor emitido.

Já em julho foi encontrado um quarto veículo, sobre o qual a administração do BES diz que na data do fecho das contas ainda não tinha qualquer informação, e que tinha 77 milhões de euros em ativos.

A anterior administração, de Ricardo Salgado e Morais Pires, disse que os seus membros “desconheciam as transações realizadas através de intermediários financeiros atrás referidos, bem como a constituição, desenho e funcionamento daqueles SPE”.

O resultado foi uma provisão para o valor total dos ativos do quarto veículo, e de 121 milhões de euros para os quatro veículos.

Entre o ajustamento do valor das emissões, os veículos integrados nas contas que não eram conhecidos da anterior administração (segundo a própria) e outras contingências de emissões do Grupo BES vendidas a clientes particulares no retalho, o BES teve de registar perdas de 1,25 mil milhões de euros nos primeiros seis meses.

Mas a conta pode não ficar por aqui e, segundo o banco, pode ainda ter de vir a comprar uma parte das obrigações do grupo com prazo mais curto vendido a clientes do retalho, embora não ache provável para já que isso aconteça. Se tal acontecer, o prejuízo do primeiro semestre ainda pode aumentar mais 505 milhões de euros e ultrapassar os 4 mil milhões de euros.

- A Líbia e outro ativos:

A situação na Líbia não está fácil e o BES volta a sofrer com isso. O banco não consegue exercer o controlo sobre a sua filial na Líbia, o Aman Bank, e teve de registar uma imparidade de 10,2 milhões de euros.

A isto juntam-se novas avaliações aos ativos do banco, que resultaram em perdas de 85,4 milhões de euros. Destes, cinco milhões de euros são para provisões a fazer com o valor dos imóveis que o banco tem em carteira, 20,4 milhões de euros para prejuízos com ativos financeiros e outros 60 milhões de euros para provisões de ativos de sociedades detidas para venda.

http://observador.pt/2014/07/31/bes-3/

rnbc

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #965 em: 2014-08-02 23:20:28 »
Suspeito que vou ser um feliz obrigacionista do BES-bad :D

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #966 em: 2014-08-02 23:21:05 »
Aqui a parte chave é mesmo essa do aval do banco, que aparentemente foi dado recentemente, mas que agora não sei como fica.

Tu dizes isso, mas se te referes à provisão mandada criar pelo BdP para proteger credores-clientes, duvido, não me parece que uma provisão dessas valha como aval, antes se me afigura como uma qualquer outra reserva ou componente do capital próprio, a ratear por credores respeitando a prioridade dos depositantes e dívida sénior.

Tridion

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #967 em: 2014-08-02 23:23:40 »
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Atuais acionistas vão ser expulsos do BES e remetidos ao ‘bad bank’, garante Marques Mendes
ATUALIZADO

 
Operação relâmpago, anuncia Mendes: acionistas afastados do BES, que fica sob controlo de um fundo, financiado pelos bancos portugueses e fundo da troika. BES sai da bolsa e será vendido em 6 meses.

É uma autêntica revolução no BES, a que Marques Mendes anunciou no seu habitual comentário de sábado na SIC. Uma “operação relâmpago”, nas palavras do ex-líder do PSD, ou uma “terceira via”. Nas suas linhas gerais, a versão de Mendes bate certo com o que duas fontes disseram hoje ao Observador: penalização dos responsáveis pela situação do banco e uma via diferente para financiar a instituição, mais indireta, usando os fundos da troika.

Na prática, a concretizar-se tal e qual como anunciou, implica desde logo a divisão do banco em dois. Só um se continuará a chamar BES, mas este fica limpo dos ativos tóxicos identificados nas contas semestrais apresentadas esta semana.

E deste são afastados da noite para o dia (de segunda-feira) os atuais acionistas. Entre os quais a família Espírito Santo, o Crédit Agricole, ou o Bradesco incluídos — mas não só. Todos eles ficarão responsáveis, isso sim, com a gestão do que resta, os tais ativos tóxicos, que ficarão num segundo banco, criado de novo.

O tal ‘bad bank’ que foi anunciado ontem pelo Jornal de Negócios como estando em estudo no Banco de Portugal. Voltando ao novo BES, que vai surgir “de cara lavada” na segunda-feira de manhã, disse Mendes, vai ter um só acionista, o Fundo de Resolução, uma nova entidade jurídica que foi posta em lei há cerca de um ano e meio. Este veículo financeiro terá três pessoas no conselho diretivo e será “abastecido pelos bancos que existem no país”.

Para funcionar e financiar o BES, precisará do dinheiro do Estado (o que foi enviado pela troika), de 4 a 5 mil milhões de euros. Será por seis meses, disse Mendes. Depois será pago de volta, após uma operação de venda do banco em bolsa. E já há interessados, garantiu ainda. Mas, note-se, até lá os privados não vão entrar no banco. Aqui estão, em síntese, as voltas que pode levar o BES, na versão de Marques Mendes:

- “Na segunda-feira, na prática, nasce um novo banco, com o mesmo nome e estrutura acionista completamente diferente onde estará tudo aquilo que são ativos bons e de fora fica tudo o que é lixo.”
O único acionista do BES será o Fundo de Resolução, uma entidade jurídica criada há um ano e meio que “é abastecida” pelos bancos que existem no país.

- Os acionistas atuais desaparecem do novo BES e passam para o “banco mau”, com uma “forte penalização”. “Se há lucros, os acionistas do banco ganham com isso, se há prejuízos devem ser os primeiros a pagar a fatura”, disse.

- Segundo a informação de Marques Mendes, o banco vai aumentar o seu capital entre 4 e 5 mil milhões de euros, que vêm do Fundo de Resolução e não diretamente do Estado.

- A linha de financiamento que foi criada pela troika, que está no Estado com 6,4 mil milhões, vai  emprestar ao Fundo de Resolução, dinheiro que depois é pago quando o banco for vendido — daqui a seis meses no máximo, disse. Se o banco não for vendido ao preço do empréstimo, será encontrada outra solução. O comentador sublinhou que o dinheiro da troika vai para o Fundo e não diretamente para o BES.

- A intenção é que isto seja uma solução transitória, cujo objetivo é que que nos próximos seis meses o banco “fique sem lixo”, e que depois seja feita uma Oferta Pública Inicial (IPO), quando as ações são vendidas em bolsa pela primeira vez. Marques Mendes avançou que o BES deixará de estar na bolsa e que, “segundo o que ouviu dizer”, existem já dois bancos europeus interessados no BES, que podem entrar na altura do IPO.
http://observador.pt/2014/08/02/atuais-acionistas-vao-ser-expulsos-bes-e-remetidos-ao-bad-bank-garante-marques-mendes/
 



Uau...acho que percebi bem!  Mesmo assim, em Portugal, da teoria à prática vai uma grande diferença!  :P
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Zenith

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #968 em: 2014-08-02 23:25:08 »
"activos toxicos vao ser separados"

mais um BPN para pagar?

Mas isso não tem nada de diferente de uma empresa especializada em cobranças dificeis, comprar a outra os creditos julgados incobráveis por 40, 50 ou 60% do valor e se conseguir cobrar mais é lucro.
Creio que a maioria das empresas do GES estão em Portugal os adaministradores tem cá bens( não todos mas alguns) país em que neste caso o credor substituto tem monopolio da justiça. Parte em clara vatangem. Se fizer coisas bem não será necessariamente um desastre anunciado. O problema é que com todas as vantagens os devedores ainda vão dar a volta ao cobrador (financiamento de campanhas, lugares pos -mandato etc )

Até propunha que para essa empresa estatal de cobranças dificeis metessem alguem do PCP ou do BE á frente. Tinham aí a oprtunidade de mostrar se só só odeiam os capitalistas no plano abstracto, ou se são mesmo capazes de ir a eles como cão a um osso  ;D
« Última modificação: 2014-08-02 23:29:28 por Zenith »

eagle51

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #969 em: 2014-08-02 23:25:38 »
Aqui a parte chave é mesmo essa do aval do banco, que aparentemente foi dado recentemente, mas que agora não sei como fica.

Tu dizes isso, mas se te referes à provisão mandada criar pelo BdP para proteger credores-clientes, duvido, não me parece que uma provisão dessas valha como aval, antes se me afigura como uma qualquer outra reserva ou componente do capital próprio, a ratear por credores respeitando a prioridade dos depositantes e dívida sénior.

O nome é-me indiferente. Quero é saber o resultado.

E já agora, o que se vai passar com o BEST ? Fica no bom ou no mau ?

Zenith

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #970 em: 2014-08-02 23:47:27 »
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Atuais acionistas vão ser expulsos do BES e remetidos ao ‘bad bank’, garante Marques Mendes
ATUALIZADO

 
Operação relâmpago, anuncia Mendes: acionistas afastados do BES, que fica sob controlo de um fundo, financiado pelos bancos portugueses e fundo da troika. BES sai da bolsa e será vendido em 6 meses.

É uma autêntica revolução no BES, a que Marques Mendes anunciou no seu habitual comentário de sábado na SIC. Uma “operação relâmpago”, nas palavras do ex-líder do PSD, ou uma “terceira via”. Nas suas linhas gerais, a versão de Mendes bate certo com o que duas fontes disseram hoje ao Observador: penalização dos responsáveis pela situação do banco e uma via diferente para financiar a instituição, mais indireta, usando os fundos da troika.

Na prática, a concretizar-se tal e qual como anunciou, implica desde logo a divisão do banco em dois. Só um se continuará a chamar BES, mas este fica limpo dos ativos tóxicos identificados nas contas semestrais apresentadas esta semana.

E deste são afastados da noite para o dia (de segunda-feira) os atuais acionistas. Entre os quais a família Espírito Santo, o Crédit Agricole, ou o Bradesco incluídos — mas não só. Todos eles ficarão responsáveis, isso sim, com a gestão do que resta, os tais ativos tóxicos, que ficarão num segundo banco, criado de novo.

O tal ‘bad bank’ que foi anunciado ontem pelo Jornal de Negócios como estando em estudo no Banco de Portugal. Voltando ao novo BES, que vai surgir “de cara lavada” na segunda-feira de manhã, disse Mendes, vai ter um só acionista, o Fundo de Resolução, uma nova entidade jurídica que foi posta em lei há cerca de um ano e meio. Este veículo financeiro terá três pessoas no conselho diretivo e será “abastecido pelos bancos que existem no país”.

Para funcionar e financiar o BES, precisará do dinheiro do Estado (o que foi enviado pela troika), de 4 a 5 mil milhões de euros. Será por seis meses, disse Mendes. Depois será pago de volta, após uma operação de venda do banco em bolsa. E já há interessados, garantiu ainda. Mas, note-se, até lá os privados não vão entrar no banco. Aqui estão, em síntese, as voltas que pode levar o BES, na versão de Marques Mendes:

- “Na segunda-feira, na prática, nasce um novo banco, com o mesmo nome e estrutura acionista completamente diferente onde estará tudo aquilo que são ativos bons e de fora fica tudo o que é lixo.”
O único acionista do BES será o Fundo de Resolução, uma entidade jurídica criada há um ano e meio que “é abastecida” pelos bancos que existem no país.

- Os acionistas atuais desaparecem do novo BES e passam para o “banco mau”, com uma “forte penalização”. “Se há lucros, os acionistas do banco ganham com isso, se há prejuízos devem ser os primeiros a pagar a fatura”, disse.

- Segundo a informação de Marques Mendes, o banco vai aumentar o seu capital entre 4 e 5 mil milhões de euros, que vêm do Fundo de Resolução e não diretamente do Estado.

- A linha de financiamento que foi criada pela troika, que está no Estado com 6,4 mil milhões, vai  emprestar ao Fundo de Resolução, dinheiro que depois é pago quando o banco for vendido — daqui a seis meses no máximo, disse. Se o banco não for vendido ao preço do empréstimo, será encontrada outra solução. O comentador sublinhou que o dinheiro da troika vai para o Fundo e não diretamente para o BES.

- A intenção é que isto seja uma solução transitória, cujo objetivo é que que nos próximos seis meses o banco “fique sem lixo”, e que depois seja feita uma Oferta Pública Inicial (IPO), quando as ações são vendidas em bolsa pela primeira vez. Marques Mendes avançou que o BES deixará de estar na bolsa e que, “segundo o que ouviu dizer”, existem já dois bancos europeus interessados no BES, que podem entrar na altura do IPO.
http://observador.pt/2014/08/02/atuais-acionistas-vao-ser-expulsos-bes-e-remetidos-ao-bad-bank-garante-marques-mendes/
 



E daqui a uns anos a família ES com comissões de Angola e outras compra o good bank  ;D

Mas a solução se acreditrmos na sua forma simplista deve fazer os comunistas roerem-se de inveja. Nunca se tinham lembrado desta e simplemesmente nacionalizavam sem qualquer indemnização.
Aqui o sadismo vai mais longe. SEpara-se o banco (ou ume empresa) em duas partes, uma boa e outra má, o estado fica com a boa mas como o estado é favor da capitalismo deixa os capitalistas ficar com uma parte (que por acaso é a má) onde podem mostrar os méritos da iniciativa privada  ;D

Podia-se tambem privatizar a TAP e passados uns meses o estado nacionalizar uma parte com as rotas que dão lucro e deixar as rotas que dão prejuizo aos privados.
O mesmo com a PT. Divide-se em duas: uma sem divida da Rioforte para o estado e outra com dívida da Rioforte ficam para os actuais accionistas e continuamos por aí.

Costumava-se criticar o governo por estar a dar aos privados aquilo que estava a dar lucro ao estado mas este governo é mesmo revolucionário: na senda de um comunismo revolucionário e educativo. Não se eleimnina capitalismo mas os capitalistas que aprendam com o paõ que o daibo amansou :-)

Como é que vão ser divididos os bacões netre os dois bancos?
E ainda vai dar problemas com as siglas trocados: o bom será o Banco Goood Espirito Santos (banco GES) e o mau Banco Bad Espirito Santos (Banco BES)  ;D












« Última modificação: 2014-08-03 00:20:10 por Zenith »

Lusitanian Trader

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #971 em: 2014-08-03 00:40:07 »
Aqui a parte chave é mesmo essa do aval do banco, que aparentemente foi dado recentemente, mas que agora não sei como fica.


Tu dizes isso, mas se te referes à provisão mandada criar pelo BdP para proteger credores-clientes, duvido, não me parece que uma provisão dessas valha como aval, antes se me afigura como uma qualquer outra reserva ou componente do capital próprio, a ratear por credores respeitando a prioridade dos depositantes e dívida sénior.


O nome é-me indiferente. Quero é saber o resultado.

E já agora, o que se vai passar com o BEST ? Fica no bom ou no mau ?


Penso que no bom...

« Última modificação: 2014-08-03 00:40:56 por Lusitanian Trader »
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #972 em: 2014-08-03 01:50:49 »
Um cidadão, detentor de um património que lhe renda o que renda, resolver aliená-lo e, negando-o-ócio do rentista, passar a trabalhar activamente num negócio, tem sempre a possibilidade de excluir uma parte da sua fortuna da sorte ou do azar da vida dos neg-ócios. É para isso que existe a figura jurídica da responsabilidade limitada ao capital da sociedade criada, às reservas acumuladas e aos lucros não distribuídos. O único problema é quando desata a endividar demais a sociedade e lhe começam a exigir o aval pessoal a novos empréstimos. Porque estes, sim, já podem acionar a fortuna pessoal. Passar esta toda para nome de familiares ou terceiros é uma habilidade saloia que eu não percebo porquê os tribunais não conseguem fazer a justiça de expropriar ou anular essas pseudo-alienações que prejudicam os credores! De modo que, o sistema, abstraindo da vigarice, até está bem gizado: - A sociedade comercial está endividar-se em excesso? O provável é o dono estar a enriquecer a si próprio, descapitalizando a empresa. De modo que, emprestar mais, só com aval pessoal. Ou seja, se um negócio estiver a render pouco, o melhor é fechá-lo quanto antes e escolher outro ou regressar ao ócio, abandonando o negócio!

E isto é, de facto, um tipo possível de fraude que sempre foi muito praticado em Portugal. Costumava-se chamar a isso "falência fraudulenta" -- os trabalhadores perdem o emprego, os credores perdem os créditos, os accionistas minoritários perdem tudo, mas o accionista maioritário ganha.

SrSniper

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #973 em: 2014-08-03 04:49:02 »
Suspeito que vou ser um feliz obrigacionista do BES-bad :D
Feliz porque?
Não são os activos tóxicos que ficam no bad? As obrigações do bes não são tóxicas,  as do, esfg, riomforte e, ,afins essas ja devem ser

eagle51

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #974 em: 2014-08-03 09:39:44 »
Digam-me se o cenário seguinte faz algum sentido:

As obrigações tóxicas (das holdings) passam para o mau BES. Este fica encarregue de pagar à medida que recupera. Quantos mais anos demorar, mais anos fica a pagar os juros.

Ou será o outro cenário:

O BES mau faz um hair-cut a todas logo de inicio e pronto. Finito.

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #975 em: 2014-08-03 09:53:52 »
[ ] E já agora, o que se vai passar com o BEST ? Fica no bom ou no mau ?

Sei lá!

Moreira Rato no Bad («Banco Africano de Desenvolvimento!»)?
Victor Bento no BES («Bom È Sair!»)?

Ou vice-versa. Ou todos na Primitiva:
um a pagar dívida impossível; 
outro a pagar a possível.


jeab

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #976 em: 2014-08-03 11:36:49 »
 Com a tomada de controlo do banco pelo Fundo, os accionistas do BES deverão ser os primeiros a suportar os custos da recapitalização, tal como previsto nas novas regras europeias para os resgates bancários, perdendo as respectivas participações sem direito a qualquer compensação. Também os detentores de dívida subordinada deverão ser chamados a contribuir, com um 'haircut' sobre o valor dos títulos.

Resumindo, se isto for verdade, as ações BES de 6ª Feira valem zero.

http://economico.sapo.pt/noticias/governo-resgata-bes-com-fundo-de-resolucao_198976.html
O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

Toda a vida política portuguesa pós 25 de Abril/74 está monopolizada pelos partidos políticos, liderados por carreiristas ambiciosos, medíocres e de integridade duvidosa.
Daí provém a mediocridade nacional!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!

Zenith

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #977 em: 2014-08-03 11:43:15 »
Isto está uma confusão, a ver se fica bem explicada hoje:

1) Dividido em good com activos bons e band com activos maus (admite-se que sejam créditos do grupo GES).
Ambos ficam com licença bancária, ou o segundo passa a ser empresa de dívidas incobráveis?
2) Os créditos é fácil de perceber que os maus sejam os do GES, mas as obrigaçãoes como vão ser divididas? Subordinadas para o bom e seniores para o mau ou vice-versa?
3) Como é feita divisão de pessoal?
4) A actual administração fica no bom ou mau (foi nomeada quando actuais accionistas estevam com pleno direito de voto)?
5) Se o banco bom fica com tudo o que é bom porque é que precisa de sr recapitalizado?
6) O governador do BdP mentiu ao afirmar que havia interessados? Manipulou mercado?
7) Parece que agora para o banco bom ja ha interessados. Tudo estudado no fim de semana ou houve inside information antes?

Isto pode vir a ser bem explicado mas para já parece que governo quer distorcer regras de mercado. Foi traido por um grupo economico e quer substitui-lo por outro.
No meio disto tudo e já há um topico na politica acerca disso governador do BdP devia demitir-se (depois disto acalmar).

Ainda um ponto final. Parece que foi o Marques Mendes que deu a notícia. Fala-se em fugas ao segredo de justiça, por vezes inside trading, mas é totalmente indecente o que se passa com esse senhor. Deu noticia no fim de semana, e formalmente não influenciou mercado, mas nada nos garante que não sabia antes. Ou há bufos no governo que estão a soldo desse senhor, ou é ele que está a soldo do governo para como porta voz não oficial para teste de reacções antes de haver oficilialização. Desta vez não vi, mas é particularmente irrirante a postura dele de uma auto-satisfação rídicula e pequenina quando dá essas noticias, tipo, "vejam como estou bem informado, estou muito bem conectado". Razão tinha o Belmiro quando disse dele, que  "não era apenas a voz do dono mas a voz de qualquer dono".


Zenith

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #978 em: 2014-08-03 11:55:15 »
Com a tomada de controlo do banco pelo Fundo, os accionistas do BES deverão ser os primeiros a suportar os custos da recapitalização, tal como previsto nas novas regras europeias para os resgates bancários, perdendo as respectivas participações sem direito a qualquer compensação. Também os detentores de dívida subordinada deverão ser chamados a contribuir, com um 'haircut' sobre o valor dos títulos.

Resumindo, se isto for verdade, as ações BES de 6ª Feira valem zero.

http://economico.sapo.pt/noticias/governo-resgata-bes-com-fundo-de-resolucao_198976.html


Nunca percebi esse paleio. Como é que os accionistas são chamados a suportar custos?
O que um accionista investiu no banco é mais ou menos o capital proprio. Neste momento a capitalização vale cerca de 10% do capital proprio, não percebo como passar de uma perda de 90% para 100% é o suporte dos custos de recapitalização (claro que há diferenças entre accionistas: os que compraram na sexta não investiram tanto (por acção) como os que compraram á 1 ou 5 ou 10 anos).

O que parece é claro:
1) os bancos não podem falir
2) uma coisa que se aproxima da falência e gestão controlada é o plano de recapitalização
3) esse plano de recapitalização pune os accionistas que perdem tudo (como numa falencia normal) e detentores de obrigações subordinadas que perdem uma % aparentemente deixada ao arbítrio.
4) Os detentores de obrigações seniores não perdem nada.

Se for assim investir em obrigaçõees seniores de bancos deixou de ter risco!!!
« Última modificação: 2014-08-03 12:12:26 por Zenith »

Thorn Gilts

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #979 em: 2014-08-03 12:17:27 »
Com a tomada de controlo do banco pelo Fundo, os accionistas do BES deverão ser os primeiros a suportar os custos da recapitalização, tal como previsto nas novas regras europeias para os resgates bancários, perdendo as respectivas participações sem direito a qualquer compensação. Também os detentores de dívida subordinada deverão ser chamados a contribuir, com um 'haircut' sobre o valor dos títulos.

Resumindo, se isto for verdade, as ações BES de 6ª Feira valem zero.

http://economico.sapo.pt/noticias/governo-resgata-bes-com-fundo-de-resolucao_198976.html


nao me parece... nao e legal
we all have a story we nevel tell