Seguiu-se um tempo tendencialmente unipolar, de hegemonia norte-americana, com a expansão da ordem liberal democrática. A expansão deste “modelo único” gerou também contestação e uma progressiva multipolaridade – com o despertar e consolidar da China, um regime para-totalitário de Partido Único, e a ofensiva do macro terrorismo jiadista contra a América e o Ocidente, que levou às campanhas mal terminadas do Iraque e do Afeganistão e à afirmação progressiva de poderes regionais: a Rússia, na Eurásia, a Turquia, no Sueste da Europa, a Índia, no subcontinente asiático, o Brasil, na América do Sul.
Estes trinta anos de ordem internacional liberal acabaram no dia 25 de Fevereiro, quando as unidades militares russas invadiram a Ucrânia. O equilíbrio era já instável, com uma série de grandes Estados – a China, a Índia, a Rússia, o Paquistão, a Turquia e a Arábia Saudita – e parte significativa dos Estados africanos e do Médio Oriente a resistirem, de vários modos, à integração no modelo; e outros, bem no coração do Ocidente, como a Polónia e a Hungria, pressionados, discriminados e acusados de “iliberalismo” por várias instituições ocidentais, como o Parlamento Europeu e uma Administração americana refém das causas fracturantes da ala esquerda do Partido Democrático.
Desta vez, a guerra cultural e a guerra político-económica vão levar a uma oposição prolongada e tudo aponta para o regresso dos blocos. Dois Estados poderosos, a Rússia e a China, cerram fileiras e estreitam relações. E a avaliar pela lista de abstenções na votação nas Nações Unidas, uma série de outros Estados importantes vão segui-los.
Para todos eles, globalização económica não significa globalização política: o capitalismo de direcção central chinês, a monarquia religiosa saudita, o nacionalismo da Índia de Modi não parecem muito dispostos, quer a aceitar o modelo democrático liberal como sistema político interno, quer a aplicar sanções à Rússia ou a cortar relações económicas que sejam do seu interesse nacional. E na Europa também há resistências ao federalismo de Bruxelas.
num mundo onde acabou paz americana
a europa mesmo assim e sitio no geral mais manso.....
agora se quiserem fazem mundo em blocos.... isso ja e questao politica e ordem global
https://observador.pt/opiniao/uma-nova-ordem-internacional/