Entre varias piadas durante a entrevista do DSO
Estas são muito engraçades…
E nas compras? É difícil vender, são negociações complicadas, mas e comprar jogadores? Também existem histórias de jogadores que estiveram para chegar até à última da hora?
É muito parecido. Existem sempre duas coisas que fazemos. Uma é planear, e isso é a atividade principal, planear com muito tempo de antecedência. Portanto, há compras que ficam decididas em janeiro, muitas vezes até são realizadas em janeiro, e ao longo do ano vamos assumindo um conjunto de compromissos e com isso estabilizamos aquilo que é o plantel da próxima época. Depois, temos outras duas situações, que são situações que controlamos menos. A primeira é se vêm cá bater a cláusula de rescisão de algum jogador ou se, no fundo, fazem uma proposta ou se chega a um acordo e de repente, à última da hora, perdemos um jogador. E essa é a situação em que vivemos mais apavorados, que é a situação de a 28 ou 29 de agosto alguém chegar aqui com um cheque e nos tirar um jogador que para nós é crítico. E a segunda são as sobras do mercado. E recordo-me perfeitamente da situação do Jonas, que é um jogador que estava desempregado e por isso é que conseguimos contratá-lo logo no início de setembro. Portanto, são oportunidades que aparecem. E nós próprios dizemos: “Vamos esperar”. Porque, efetivamente, no final do mercado podem aparecer alguns jogadores que podem ser extremamente interessantes para nós – ou não – e dos quais os clubes se pretendem desfazer. E, obviamente, um clube que pretende desfazer-se de um jogador no fim do mês de agosto, o seu valor – e tivemos casos a nível nacional – baixa significativamente. Se calhar, para metade daquilo que seria no início do mês de agosto.
Mas com 120 milhões na mão, tendo em conta a venda de João Félix este verão, não devia ser o Benfica a ir logo buscar e não esperar pelas sobras?
Sim e não. Isso foi dito em termos internos e foi dito à equipa técnica e à equipa de scouting: todos, a nível de conselho de administração e do departamento de futebol, sabiam que este ano a nossa capacidade financeira era diferente da dos outros anos. E nunca escondi. Nós tivemos e temos uma situação de caixa, neste momento, que é única. Nunca vivemos com um valor de caixa tão elevado como aquele que temos agora. O segundo aspeto – e aí eu acho que existiu muita maturidade da parte da equipa técnica e da parte do departamento de scouting – é que não se compra por comprar. É preciso que quem venha tenha valor que seja reconhecido: e, mais uma vez, também com outros exemplos, ir buscar aqueles jogadores de que toda a gente se quer desfazer e pagar por esses jogadores pode não ser uma boa política porque vão baralhar mais do que acrescentar valor. E este ano aquilo que aconteceu foi que existiu um extraordinário rigor por parte da equipa técnica e do departamento de futebol em dizer “aquilo que temos é um valor seguro e não vamos entrar numa política despesista que não faz qualquer sentido”.
Mas ficou a faltar um craque, ou não?
Nós temos uma série de craques. E o Bruno Lage tem feito muito a defesa do seu grupo de trabalho de uma maneira muitas vezes financeira, porque ele diz quanto é que nos teria custado ir buscar o jogador A ou o jogador B que acabou de entrar para o plantel vindo da equipa B. E eu acho que nós temos craques. Agora, do ponto de vista de marketing, de uma estratégia de marketing, um grande craque muitas vezes faz a diferença. Recordo-me perfeitamente de quando fomos buscar o Aimar ou quando fomos buscar o Saviola, que eram jogadores já a entrar na sua fase descendente em termos de carreira desportiva. E o marketing beneficia muito disso. E nós temos no nosso plano estratégico que todos os anos deveríamos ir buscar um craque que seja reconhecido. Mas põe-se outro problema: os craques reconhecidos querem vir para Portugal? E eu vivi essa situação, por exemplo, no caso do Barcelona, quando tentámos ir buscar o Cillessen para o Benfica. Falei com o presidente do Barcelona, falei com o diretor desportivo do Barcelona, não falei com o jogador mas houve quem falasse com o jogador e com o empresário e o jogador disse desde o princípio “eu quero estar numa das cinco ligas principais”. E foi isso que fez toda a diferença.
Prefere, nesta altura, pagar dois milhões de euros por um jogador por fazer ou 20 milhões por um jogador feito?
Cada pergunta é mais difícil do que a anterior. Prefiro pagar dois milhões por um jogador por fazer, desde que efetivamente tenhamos a consciência daquilo que esse jogador vai gerar no futuro.