Os liberais não negam que a sorte tem importância no destino das pessoas, caso contrário não defenderiam a rede de segurança e a existência de sistemas de educação e de saúde (os libertários também reconhecem isso, mas recusam que exista ajuda compulsiva e defendem que a mesma seja assistência, voltuntária ou via seguros, por quem assim desejar).
Sabendo que a educação e a boa saúde são duas das melhores formas de eliminar as diferenças sociais, aquilo que deviamos ter era multidões de pobres nas ruas a exigiriem concorrência no acesso por boa educação e por boa saúde. Ao invés disso temos uma população amorfa, que prefere o pouquinho mas certinho, a mediocridade na educação e na saúde e que vota em partidos que gastam recursos em esculturas na praia e filmes que ninguém vê.
Eu diria que, nesse aspecto, a meritocracia (infelizmente negativa) está a funcionar: as pessoas têm tido o que querem ter (os ricos e os mais abonados não se preocupam - têm seguros ou subsistemas de saúde e, se necessário, metem os filhos nas escolas privadas).
Quando constato que sistematicamente, eleições após eleições, as pessoas continuam a votar em partidos que nos arrastam para a cauda da europa, penso que não vale a pena perder grande tempo com elas. Nem tudo é justificado pela sorte. As pessoas têm escrito a sua sorte ao longo dos últimos 45 anos e, nesse aspecto concreto, o João Júlio Cerqueira está errado.