Mas se virmos além destes e doutros episódios, confrontamo-nos com algo muito mais grave: um país em que a natureza do regime conduziu a um bloqueio estrutural. Era assim há 48 anos e alguns dias. É assim de novo. Há 48 anos e alguns dias os bloqueios do país não podiam ser resolvidos porque colidiam com a natureza ditatorial do regime. Agora não podem ser resolvidos porque a natureza democrática do regime penaliza quem os enfrentar.
Há 48 anos e alguns dias Portugal vivia um bloqueio em torno do destino dos territórios ultramarinos. Todos os assuntos iam dar à guerra. Agora vivemos um novo bloqueio. Em causa não estão territórios mas sim a captura do país pelo Estado, ou mais propriamente por aquilo que Medina Carreira designava como Partido-Estado.
Há 48 anos o destino dos territórios ultramarinos não se podia resolver porque sendo o regime uma ditadura isso impossibilitava esses territórios de terem líderes, vida política e mecanismos de decisão. Logo tudo se circunscrevia a um problema militar. Obviamente o destino do país acabou nas mãos dos militares.
https://observador.pt/opiniao/a-nova-situacao-do-estado-novo-ao-partido-estado/governo tambem tem fronteira mal parida pelo visto