hungaros
Digamos que é um pouco mais sofisticado - eles querem fazer parte do problema. Isto é uma luta ideológica. A minha função é fazer com que a nossa perspetiva seja muito mais agradável e atraente não só para os cidadãos húngaros, mas também para os europeus. O que gostávamos de ver era uma Europa que seja um continente para os cristãos europeus, um continente onde as famílias sejam respeitadas, as soberanias nacionais sejam respeitadas e onde haja respeito pela cooperação entre os Estados-membros. Tive uma conversa muito, muito boa com o secretário de Estado português dos Assuntos Europeus e que foi um belo exemplo europeu de como podemos trocar opiniões sobre certos dossiers importantes, como a energia, e como pensamos que deve ser gerido. Expliquei a razão pela qual para a Hungria geográfica e historicamente é muito mais difícil abdicar das energias fósseis russas, porque nós temos 80% do nosso fornecimento vindo da Rússia e, mesmo que tivéssemos interligações com outros países, continuavam a ter origem russa. É uma situação completamente diferente da portuguesa. Vocês têm outro desafio, sendo uma ilha energética com menos interligações com outras partes da Europa... Podemos chegar a uma boa solução europeia, mas apenas se a filosofia for a de levar em consideração os interesses de todos. Não é uma boa estratégia encostar à parede um Estado-membro de maneira que ele tenha de gritar para não lhe matarem a economia, não lhe matarem as famílias. Tenho de dizer que com Portugal estamos a trabalhar bem.
A família europeia é importante, mas não poderíamos ser europeias se você não fosse portuguesa e eu não fosse húngara! Eu sou europeia porque sou húngara. A UE é um quadro de unidade muito bom, mas tem de respeitar a soberania. Aos governos é confiado um mandato para que os interesses dos seus cidadãos sejam sempre representados. Se não respeitarmos esta regra da democracia haverá muitos problemas na Europa ao longo do tempo.
portugal continua ser ilha energetica
A cooperação entre o V4 (os quatro países do Grupo de Visegrado) tem uma longa história, especialmente a húngara e polaca. Nós não somos um país eslavo enquanto os outros membros são. Quando a guerra veio foi também uma questão emocional. Isso é uma coisa, a outra é que nós sempre compreendemos que para a Polónia e para os Bálticos, a abordagem russa é muito sensível, é uma questão existencial, e sempre compreendemos e respeitámos isso. Ficou sempre claro entre as partes que no que respeita à Rússia, nós temos uma problemática diferente - temos uma questão de energia e é por isso que temos de fazer negócio com a Rússia neste momento. Mesmo antes da guerra isto era claro para os nossos parceiros polacos. Eles respeitavam e aceitavam. Quando se chegou à questão das sanções contra Moscovo, mesmo antes da guerra, sempre fizemos parte da solução conjunta. Nós mandámos aviões para o espaço aéreo báltico para ajudar na defesa e controlar as manobras militares e atualmente há soldados húngaros na zona. Não há segredos entre nós no que toca à abordagem à Rússia. Para nós não é uma questão ideológica, não somos um país pró-russo, somos um país pragmático que tem de responder às necessidades dos seus cidadãos. E não mudou por causa da guerra.
Há uns anos houve um plano de termos um pipeline que teria uma fonte diferente da russa. O projeto falhou, não por causa da Hungria, mas os líderes europeus decidiram não o apoiar.
. Deviam preocupar-se em conseguir energia barata, preços baixos para os bens de primeira necessidade dos seus cidadãos, em promover investimento... mas talvez eles não tenham os profissionais para o fazer e seja mais fácil fazer chantagem a um país ou promover uma caça às bruxas.
nós temos um problema geográfico, não só a Hungria, mas outros Estados-membros, por isso este é um bom ponto de partida para pensarmos na solução.