Parece não haver dúvidas que este negócio é um arranjinho entre a Sonae e Isabel dos Santos. A Sonae vai abrir 5 hipermercados Continente em Angola em parceria, ficando Isabel dos Santos com 51% do capital, o que não é vulgar, pois Belmiro de Azevedo sempre fez questão de ter o controlo das empresas onde está investido.
O comunicado da fusão ao mercado foi feito por Isabel dos Santos e Sonaecom, por isso são os líderes deste negócio, e tomando como verdade que os dois terão o controlo da nova empresa resultante da fusão, 51% do capital, significa que terão de pagar esse prémio de controlo, daí serem muito cautelosos quando avançam com a valorização da Zon "correspondente a 150% da Optimus SGPS, sem prejuízo da disponibilidade para considerarem relação de troca diferente dessa que as administrações da Optimus e da Zon venham a considerar mais adequada"
Esta delicadeza do comunicado parece evidenciar que ainda não se chegou ao acordo final dos termos de troca, e indo a Zon ficar sem o controlo é possível que exija uma relação de troca que lhe seja mais favorável, superior aos 150% avançados no comunicado.
Em termos práticos, quem vai passar a mandar na nova empresa vai ser a Sonaecom, pois é quem tem o saber fazer das telecomunicações, Isabel dos Santos será apenas uma facilitadora de negócios em Angola e outros mercados onde tem influência. Sendo assim não é a Zon que incorpora a Optimus como diz o comunicado, mas a Sonaecom que incorpora a Zon.
O Sonaecom vai passar a controlar oficiosamente a segunda maior operadora de telecomunicações em Portugal, Isabel dos Santos funciona aqui apenas como elemento pivô do negócio. A Sonaecom consegue assim a aspiração antiga, e frustada até agora, de concorrer em igualdade de circunstâncias com a Portugal Telecom, mas vai ter de pagar por esse privilégio aos accionistas da Zon.