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Autor Tópico: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal  (Lida 361063 vezes)

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1540 em: 2015-08-21 16:30:26 »
Pode ser lido como un longo epitáfio da PT

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Ongoing. Tudo a PT deu e tudo a PT levou
21 Agosto 2015

Ana Suspiro
São as ondas de choque do colapso do império Espírito Santo e do seu efeito colateral mais grave, a Portugal Telecom. A Ongoing vivia do valor das ações e dos dividendos da PT. E quando acabaram...


Ricardo Salgado chamou-lhe o único efeito colateral que não previu, em consequência da queda do BES. A queda da PT, pelo menos da PT poderosa que conhecíamos, é uma consequência direta da implosão do banco e do grupo Espírito Santo, e está a produzir outros efeitos colaterais de menor dimensão. A Ongoing é um deles. E não é o único.


Se o Banco Espírito Santo alimentou o grupo que era o seu principal dono, a Portugal Telecom foi também uma fonte generosa de receitas e ganhos para os acionistas. Ganhavam em dividendos e em fornecimentos. Entre 2010 e 2014, a PT pagou 3,4 mil milhões de euros brutos em dividendos, cerca de dois terços desta remuneração resultou da venda da brasileira Vivo no final de 2010. No mesmo período, o grupo contratou aos seus maiores acionistas serviços e fornecimentos no valor de 851 milhões de euros.

Dividendos-PT (1)

Os principais beneficiários foram o BES/GES, a Ongoing, a Visabeira e a Controlinveste, parceira da PT na Sport TV. Para além destas relações financeiras, a PT também investiu os seus recursos em operações dos acionistas que passaram sobretudo pelo GES/BES, mas também por fundos geridos pela Ongoing. Hoje esses tempos são uma miragem. O que resta da PT, a Pharol, não paga dividendos — tem prejuízos — nem contrata — deixou de ter atividade operacional ao transferir a PT Portugal para a Oi que entretanto a vendeu à Altice.

As ações da antiga PT valem hoje um décimo do que valiam antes da crise do Grupo Espírito Santo. Joaquim Oliveira já não é acionista, saiu no quadro de um acordo com a banca, e mais de metade das ações da Ongoing passou para mãos dos bancos que emprestaram ao grupo liderado por Nuno Vasconcelos. As ações na Portugal Telecom eram o principal património que permitiram financiar o investimento e as operações do grupo dono do Diário Económico.

O tempo dos negócios


Assembleia geral da PT SGPS que aprovou a operação que concretizou a fusão com a Oi

Na década passada, a Ongoing colocou a família Rocha dos Santos no top dos mais ricos de Portugal, um feito conseguido sobretudo à boleia das valorizações acionista da Portugal Telecom. A Ongoing entrou em 2006 na PT, pela mão do Banco Espírito Santo, reforçando o lado dos que se opunham à OPA da Sonae. Depois de uma breve passagem pela guerra de poder no BCP, a Ongoing comprou o Diário Económico em 2008, vencendo uma disputa com o Grupo Lena, e preparou-se para fazer do título a plataforma de uma estratégia de expansão dos media que ambicionava chegar à televisão.

Tentou uma aproximação à Impresa, onde chegou a ter 23% do capital, mas a abordagem falhou quando Francisco Pinto Balsemão viu na proposta de aumento de capital uma tentativa de lhe roubar o controlo. Em ano de eleições legislativas, a Ongoing avançou com uma proposta de compra de 35% da Media Capital, a dona da TVI. A operação ganhou fôlego em 2009, depois da polémica tentativa de aquisição da estação televisiva, muito incómoda para o governo de José Sócrates, pela Portugal Telecom, onde a Ongoing era já uma das principais acionistas.

O processo acabou por ser travado pelo regulador dos media cujo parecer é vinculativo. A ERC (Entidade Reguladora da Comunicação) chumbou o negócio ao impor como condição a venda da participação da Ongoing na Impresa que era dona da maior concorrente da TVI, a SIC. O grupo de Vasconcellos não insistiu na compra da TVI e lançou a Económico TV, de olhos postos numa futura privatização ou concessão da RTP.

Pelo meio, ainda houve uma guerra muito pública com o presidente da Impresa que expulsou Nuno Vasconcellos e Rafael Mora dos órgãos sociais do grupo. Entre exigências de lançamento de OPA e impugnação de decisões da assembleia geral da Impresa, o grupo de Balsemão foi ganhando em tribunal e em 2013 a Ongoing deixou cair as ações. As outras, as ações da Impresa, foram vendidas no início de 2014.

As contratações de peso


José Eduardo Moniz trocou a TVI pela Ongoing e a Ongoing pelo Benfica

Apesar do forte sismo que abala os media, e em particular a imprensa, onde o investimento publicitário quase desaparece, a Ongoing mantém o rumo. O grupo vive à sombra dos generosos dividendos distribuídos pela Portugal Telecom, logo à seguir à venda da Vivo, realizada em 2010. Foi este negócio que levou a PT a investir na Oi. Em 2012 a empresa de Vasconcellos compra um dos principais portais brasileiros, o iG, precisamente à Oi

Também  vai fazendo contratações de peso, dentro e fora do Estado. Uma das mais badaladas foi a de José Eduardo Moniz, o todo-poderoso patrão da TVI, que foi para a Ongoing quando estava em cima da mesa a compra da Media Capital.

O ex-espião Silva Carvalho acabou por se revelar o maior embaraço quando no meio da guerra com a Impresa o Expresso publica a história de que o antigo diretor do SIED teria usado os meios dos serviços de informação do Estado em benefício da empresa para o qual viria a trabalhar.

Depois da queda de Sócrates, em 2011, a empresa contrata Guilherme Drey, ex-chefe de gabinete do antigo primeiro-ministro e que nessa qualidade acompanhou ao lado de Sócrates a venda da Vivo, um negócio que este começou por rejeitar, mas que acabou por abraçar.

Também o ex-secretário de Estado do Tesouro, Carlos Costa Pina, passou por lá, embora por pouco tempo, antes de rumar à administração da Galp. Outra das contratações famosas foi Agostinho Branquinho, o deputado social-democrata que pouco tempo antes tinha feito a pergunta numa comissão de inquérito: O que é a Ongoing?

A venda da Vivo: jackpot aos acionistas

Entre 2010 e 2011, a PT distribuiu dividendos extraordinários à conta dos ganhos que fez na alienação da Vivo à Telefónica, uma operação que acabou por ser apoiada pelos grandes acionistas da empresa, depois dos espanhóis terem aumentado várias vezes o cheque até chegar aos 7.500 milhões de euros.

Só em 2010, ano em que tinha 6,8% da PT, a Ongoing terá recebido mais de 100 milhões de euros líquidos nos três dividendos pagos pela empresa, uma parte dos quais distribuído no ano seguinte. A remuneração referente a 2011, e considerando que a Ongoing já tinha 10% do capital, terá chegado aos 44 milhões de euros com duas distribuições de dividendos, um dele ainda por conta da Vivo. No ano seguinte, a PT é menos pródiga e a Ongoing teria direito 21 milhões de euros, distribuídos já em 2013. No entanto, por esta altura, já uma parte importante dos dividendos estaria também hipotecada.

Para além de pagar dividendos, a PT também investiu uma parte dos recursos do Fundo de Pensões em fundos geridos pela acionista Ongoing. A aplicação polémica não foi ao comité de investimentos do fundo e levou à demissão de um administrador (Jorge Tomé então na Caixa). O investimento de 75 milhões chegou a valer mais de 100 milhões e foi uma antecâmara para o desastre que se seguiria quatro anos depois.

A PT até mudou as regras e criou o comité de partes relacionadas para escrutinar as relações económicas perigosas entre acionistas e a empresa. Em vão. As aplicações de tesouraria (os investimentos feitos a três meses, mas renovados) em papel comercial de empresas do GES, não passaram neste crivo.

O ano passado foi o último em que ocorreu distribuição de lucros por parte da PT, referentes aos resultados positivos de 2013. Mas o dividendo líquido foi inferior a 10 cêntimos por ação. A Ongoing teria direito a cerca de 6,5 milhões de euros líquidos. Este é o primeiro ano sem dividendos. A PT SGPS (hoje designada Pharol) passou a prejuízos depois do polémico investimento de 900 milhões de euros na Rioforte, holding não financeira do GES. Pelo caminho, a PT perdeu a PT Portugal que a Oi vendeu, os gestores premiados e a dignidade de grande empresa.

Acções da PT SGPS/Pharol perderam 90% do valor em um ano

pharol cotação
evolução da cotação das ações da PT SGPS (atual Pharol) na bolsa de Lisboa

Tão ou mais grave que a perda dos dividendos, foi o descalabro da cotação da PT, que vale hoje um décimo do que valia antes de serem conhecidas as aplicações na Rioforte e a insolvência em cadeia do Grupo Espírito Santo (GES). As ações da PT serviam de garantia aos empréstimos contraídos pela Ongoing, nomeadamente junto do BCP, e o resvalar da cotação tornou inevitável o cenário da execução. A alternativa seria reforçar as garantias e eventualmente entrar com garantias pessoais.

A hora da verdade

A notícia do “colapso iminente” da Ongoing foi avançada pelo Expresso no final de julho. Uma semana depois, confirma-se a execução das ações da Pharol que estavam dadas como garantia ao BCP. O grupo que chegou a ter 10% da PT, tem agora apenas 3,5% da Pharol que tem como ativo ser o maior acionista da Oi. A Ongoing apoiou a venda da PT Portugal e a estratégia de consolidação da Oi Brasil que, no entanto, tarda em dar frutos.

Segundo o semanário, as dificuldades financeiras implicam ainda a venda do Diário Económico, o principal negócio operacional em Portugal, e poderão culminar no recurso ao PER (processo especial de revitalização), informação que o Observador não conseguiu confirmar. A Ongoing ainda tem operações mais relevantes no Brasil, nos media e tecnologias de informação, do qual pouco se sabe. Haverá igualmente o património dos acionistas, a família.

As últimas contas entregues, já este ano, no Instituto de Registos e Notariados da holding Ongoing Strategy são de 2012. Apesar da cópia quase ilegível consultada pelo Observador foi possível perceber os sinais de degradação financeira da empresa que era um dos dez maiores devedores da banca portuguesa. Os prejuízos ascenderam a cerca de 163 milhões de euros (não é possível perceber o valor exato) e só não foram maiores porque a Ongoing não contabilizou todas as perdas resultantes da desvalorização em bolsa das ações da PT, o que suscitou uma reserva (num total de três) do auditor que aprovou as contas.

Mais de metade das ações detidas na Portugal Telecom estavam já em 2012  dadas como penhor pelo empréstimo do BCP e comprometidas com um financiamento swap contraído junto do Crédit Suisse.  Nos dois casos, os dividendos destas ações tinham como destino o pagamento de juros às instituições financeiras. O crédito ao BCP ascendia à data (final de 2012) a cerca de 398 milhões de euros e na sequência da desvalorização em bolsa da PT o banco exigiu um reforço de colaterais que resultou na entrega de ações da Ongoing TMT e do BES. O Banco Espírito Santo era outro financiador importante ao nível da tesouraria.


Rafael Mora foi um dos poucos a cara pela venda da PT Portugal, explicando que era o negócio possível

Nos últimos meses, foram saindo do grupo os quadros mais importantes. Em março, sai Rafael Mora que era mais do que um braço direito de Nuno Vasconcellos. Era apontado como o grande estratega da empresa. Mora continua a ser administrador da Pharol e da Oi.

Em abril, demite-se o diretor do Diário Económico. António Costa era administrador da Ongoing Media e foi o quadro que o grupo foi buscar para liderar o projeto Económico, logo a seguir à compra do título. Guilherme Drey terá entretanto também saído. Moniz trocou o grupo pela administração da SAD do Benfica já em 2012.

Irmã de Queiroz Pereira apanhada no colapso do BES

Mas se a Ongoing era um dano coleteral mais ou menos envidente, há outros casos menos óbvios. As dívidas e empresas da família Espírito Santo não foram as únicas a ficar presas no banco mau. O relatório do BES pós resolução mostra que deste lado ficaram ainda os créditos sobre duas empresas do grupo Imastogil e sobre a holding de Margarida Queiroz Pereira (MPQ), a irmã mais nova de Pedro Queiroz Pereira. O empréstimo de 87,2 milhões de euros tem uma imparidade (perda) associada elevada.

O financiamento à MPQ ficou no BES porque a resolução impõe que que “os direitos de crédito sobre a Espírito Santo International e seus acionistas, os acionistas da Espírito Santo Control” não passariam para o Novo Banco, esclareceu ao Observador o gabinete de relações com os investidores do Banco Espírito Santo. Os ativos e passivos das partes relacionadas (acionistas qualificados do banco e do grupo) ficaram no BES por ordem do Banco de Portugal.

Isto significa que a irmã de Queiroz Pereira, o empresário que entrou em guerra com Ricardo Salgado por causa da Semapa, é acionista do GES e nessa qualidade, uma perdedora com o colapso do grupo. Margarida Queiroz Pereira também chegou a constar da lista dos mais ricos em Portugal. A história da sua falência fez manchete no jornal Expresso.


Pedro Queiroz Pereira na comissão parlamentar de inquérito ao BES no final do ano passado

Segundo o jornal, a exposição da MPQ a investimentos acionistas no GES contribuiu para o descontrolo financeiro dos negócios de Margarida Queiroz Pereira que entrou no Grupo Espírito Santo na sequência de um conflito com o seu irmão, que lidera os destinos da Semapa desde os anos 90.

No início da década passada, MPG entregou a sua participação na holding ao GES, em troca de uma participação nas holdings de controlo do grupo, a Espírito Santo Internacional e a Espírito Santo Control. Foi este negócio feito nos bastidores que esteve na origem da guerra entre Queiroz Pereira e o então líder do BES, já que Ricardo Salgado recusou identificar os acionistas das sociedades offshore que ficaram com a participação da irmã mais nova na Semapa.

“Dr. Ricardo Salgado tem um problema: não lida maravilhosamente com a verdade. As offshores eram ele”.
Pedro Queiroz Pereira, na comissão parlamentar de inquérito ao BES, sobre quem era o dono das offshores acionistas da Semapa
A propósito deste episódio, fica famosa uma frase de Queiroz Pereira na comissão de inquérito ao BES: “Dr. Ricardo Salgado tem um problema: não lida maravilhosamente com a verdade. As offshores eram ele”. A confirmação desta ligação levou o dono da Semapa a acusar o ex-líder do BES de lhe querer roubar o controlo do grupo. O empresário temia que o seu grupo passasse a ser a nova PT.

A guerra sobe de tom quando Ricardo Salgado aparece ao lado de Maude Queiroz Pereira, a outra irmã “seduzida” pelo ex-líder do BES que contestou em tribunal algumas operações realizadas por PQP para assegurar o controlo da Semapa-

Pedro Queiroz Pereira, ele próprio acionista do GES, começou a exigir informação e relatórios sobre a situação financeira do grupo. Os dados que recolheu revelaram fragilidades financeiras do GES e chegaram ao Banco de Portugal na mesma altura que o supervisor já estava a investigar as contas da Espírito Santo Internacional. O resto é a história que já conhecemos.

Os danos dentro do GES


Os efeitos mais devastadores da queda do banco e da família são ao nível das empresas do Grupo Espírito Santo, a maioria dos quais enfrentava já problemas económicos e vivia na dependência do financiamento dado pelo banco ou obtido através dos clientes do GES.

Opway, Espírito Santo Hotéis, Tivoli Hotéis, Espírito Santo Property, Espírito Santo Irmãos, Espírito Santo Financial Portugal, fazem parte da lista de empresas do GES que avançou para o PER (Processo Especial de Revitalização) de empresas. As duas últimas foram declaradas insolventes. A lista de créditos reclamados somava 1.300 milhões de euros em maio, com a Caixa a liderar. Este número não inclui as dívidas das holdings do grupo — A Espírito Santo Internacional, a Rioforte e a Espírito Santo Financial Group — que foram declaradas insolventes pela justiça do Luxemburgo.

Os processos da Tivoli Hotéis e da Espírito Santo Property, dona de parte da Herdade da Comporta, receberam luz verde dos credores, mas o seu desenvolvimento está ainda pendente dos tribunais por causa do arresto de bens do GES decretado pelo tribunal. Os hotéis foram vendidos ao grupo tailandês Minor.

O arresto sobre o património imobiliário e turístico da herdade tem sido também um obstáculo à liquidação dos ativos da Rioforte que foi declarada insolvente no Luxemburgo.

O plano da construtora Opway, que foi comprada ao GES pelo seu presidente, Almerindo Marques, ainda está em apreciação. A Tranquilidade, a Espírito Santo Saúde e a ES Viagens foram vendidas logo após a queda do BES/GES no verão passado.

http://observador.pt/especiais/ongoing-tudo-a-pt-deu-e-tudo-a-pt-levou/

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1541 em: 2015-10-06 17:59:36 »
De certa forma é um marco para a gestão em Portugal

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Investimentos da PT no GES não respeitam “bons costumes de um diligente bom chefe de família”

A nova gestão da Pharol não poupa Granadeiro, Pacheco de Melo e Morais Pires numa ação judicial em que pede uma indemnização que pode superar mil milhões de euros pelos investimentos ruinosos no GES.


Henrique Granadeiro acumulou os cargos de chairman e CEO da PT desde Junho de 2013 até à sua saída em Agosto de 2014
© Hugo Amaral/Observador

Autor
Luis Rosa

Houve uma “violação grosseira de um conjunto de regras legais, contratuais e de atuação conforme aos bons costumes de um normal e diligente Bom Chefe de Família”; Houve “uma total e incompreensível falta de profissionalismo (…) gritante”; “Outras razões explicarão este ‘investimento’ altamente lesivo”. A ação de responsabilidade civil que os acionistas da Pharol (a sucessora da PT SGPS) interpuseram na sexta-feira contra Henrique Granadeiro, Luís Pacheco de Melo e Amílcar Morais Pires, enquanto ex-administradores da Portugal Telecom, pelo investimento ruinoso de 897 milhões de euros em papel comercial da RioForte (um dos motivos para a derrocada do Grupo Espírito Santo) é dura. Melhor dizendo, duríssima contra os ex-gestores.

As empresas cotadas raramente responsabilizam ex-gestores por alegados atos dolosos de má gestão. Só por isso ação da Pharol, anunciada ao mercado ao início da noite da sexta-feira, seria sempre uma ação judicial relevante. Mas esta entrará também definitivamente para os anais da história económica do país quando tomamos consciência do valor da indemnização que os accionistas da Pharol reclamam aos três gestores no Tribunal do Comércio de Lisboa: um valor que pode ser superior a mil milhões de euros se tivermos em conta os juros de mora e se a PT não conseguir recuperar parte das perdas no âmbito do processo de insolvência da Rio Forte.

A Pharol, representada pelos advogados Miguel Esperança Pina, André Gomes e Gonçalo Madeira do escritório Cuatrecasas, não poupa por isso nas palavras no texto da ação de responsabilidade civil, a que o Observador teve acesso. Melhor: retrata o ex-chairman e ex-presidente executivo da PT Henrique Granadeiro, o diretor financeiro da empresa de telecomunicações Pacheco de Melo e o ex-administrador executivo do BES Morais Pires da pior forma.

“Investimento totalmente desenquadrado do objecto social da PT”, “uma imprudência intolerável, elementar e repreensível a todos os níveis” que traduz “uma total e incompreensível falta de profissionalismo (…) gritante” de gestores que alegadamente praticaram atos de má gestão com “dolo ou negligência grave”. “Outras razões explicarão este ‘investimento‘ altamente lesivo para a Autora [a PT SGPS]” que causaram uma destruição de valor bolsista da empresa entre o dia 1 de junho de 2014 e 18 de julho de 2014, quando as ações da holding da PT passaram de 2,6 euros para 1,7 euros – são alguns dos mimos com que Granadeiro, Pacheco de Melo e Morais Pires são brindados.

Mas as frases mais demolidoras (e surpreendentes) acabam por ser estas:

[A decisão de investir na RioForte traduz uma] “violação grosseira de um conjunto de regras legais, contratuais e de atuação conforme aos bons costumes de um normal e diligente Bom Chefe de Família” (…) “imperou uma total e incompreensível falta de profissionalismo por parte dos réus, criticável a todos os níveis, ainda que os mesmos não fossem administradores eleitos para uma das sociedades abertas de maior capitalização bolsista do PSI 20 e remunerados de acordo com essa responsabilidade, que aceitaram assumir de gestores profissionais e especialmente habilitados para as funções”
Anatomia de um investimento falhado

Boa parte da prova recolhida pela Pharol tem por base a auditoria realizada o ano passado pela PricewaterhouseCoopers (PwC). Tal como os auditores tinham revelado, o Grupo PT (através das sociedades PT Finance, Bratel, PT Móveis e PT Portugal e da Fundação da operadora) começou a investir em papel comercial da Espírito Santo International (uma das holdings de controlo do Grupo Espírito Santo entretanto declarada insolvente) desde 2012 por “decisão dos réus Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo”, lê-se na ação.

Assim, e até 31 de dezembro de 2013, a PT International Finance BV, uma sociedade de direito holandês que geria as aplicações financeiras do Grupo PT, tinha investido 550 milhões de euros em aplicações emitidas pela Espírito Santo International (ESI), enquanto que a PT SGPS tinha colocado 200 milhões nas mãos do GES. Total: 750 milhões de euros em papel comercial, que vencia entre 29 de janeiro e 20 de fevereiro de 2014.

Segundo os advogados da Pharol, Ricardo Salgado convocou uma reunião no dia 27 de janeiro de 2014, a dois dias do vencimento da aplicação de 200 milhões de euros da holding da PT na ESI, para informar Pacheco de Melo de que “já não seria possível renovar o papel comercial da ESI. Propôs, em alternativa, a subscrição de papel comercial da Rio Forte”. Salgado terá dito ainda ao então CFO da PT de que “a RioForte era a nova holding do Grupo e que tinha passado a reunir os ativos financeiros e não financeiros” – informação esta que terá sido também prestada posteriormente a Henrique Granadeiro.

No mesmo dia, Pacheco de Melo ficou a par das operações propostas pela RioForte através de Isabel Almeida, mulher da total confiança de Amílcar Morais Pires e então responsável pelas operações em mercados do BES. Na PT, o responsável pela mesma área, Carlos Cruz, recebeu por email a proposta da nova holding do GES. Desconhecendo o que teria sido falado no almoço entre Ricardo Salgado e Pacheco de Melo, e concentrado que estava na operação de aumento do capital social da Oi que seria subscrito em parte pela PT, Cruz recusou a proposta do BES, afirmando preferir a entidade ESI para continuar a investir no GES.

A RioForte volta a insistir no dia 31 com Carlos Cruz, manifestando a disponibilidade para explicar os pormenores da operação numa reunião a calendarizar. A Pharol acusa agora Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo não terem sido diligentes em marcar essa reunião e de não terem solicitado informação pormenorizada sobre as operações propostas pela RioForte.

Pelo contrário, Granadeiro e Pacheco de Melo voltaram a falar com Ricardo Salgado a 3 de fevereiro de 2014, numa reunião em que esteve também presente Amílcar Morais Pires – que, recorde-se, assume neste processo a dupla função de CFO do BES com tutela do departamento financeiro do banco e com acesso a informação financeira do GES  e de administrador executivo da PT que aprovou estes investimentos. Nessa reunião, segundo a Pharol, “foi analisado e discutido o investimento na Rio Forte.” Para a nova dona da PT não há dúvida, assim, de que o investimento nas aplicações da RioForte “foi acordado entre Ricardo Salgado e os réus Henrique Granadeiro, Amílcar Pires e Luís Pacheco de Melo.”

Refira-se que desde dezembro de 2013 que o Banco de Portugal duvidava da saúde financeira do GES, tendo ordenado diversas ações preventivas para impedir que os problemas financeiros das holdings da família Espírito Santo afectassem o BES – facto que obviamente era do conhecimento de Ricardo Salgado e de Morais Pires. No momento em que Salgado fala com Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo já saberia que o Banco de Portugal duvidava da solvência da ESI (e de outras sociedades da família Espírito Santo) mas estaria desesperado por ‘dinheiro fresco’ que permitisse continuar a manter em funcionamento do GES, conclui a Pharol.

Os advogados da Pharol vão mais longe e dizem mesmo que no momento em que a PT investe na RioForte esta empresa já estava “numa situação de falência técnica”, logo seria improvável o reembolso do investimento.
Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo acabaram por ordenar, mesmo assim, um investimento total de 897 milhões de euros em papel comercial da RioForte entre 20 de fevereiro e 17 de abril de 2014.

A Pharol acusa Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo de nunca terem ordenado “uma análise de risco antes da realização de cada investimento para as aplicações da Rio Forte”, “nem se preocuparam em analisar as aplicações subscritas”, de não terem determinado uma “consulta ao mercado, de modo a apurar-se qual a aplicação mais adequada para (…) o Grupo PT e de terem concentrato um montante muito elevado “numa entidade que não detinha comprovada reputação de mercado, nem estava sujeita a qualquer tipo de rating conhecido”. Por outro lado, acrescentam os advogados da Pharol, “a decisão de investir em aplicações da RioForte teve sempre por base documentação desactualizada sobre esta sociedade”, visto que, em alguns casos, “as fichas técnicas e os prospectos foram enviados para a Autora [a PT SGPS] numa data posterior à realização do investimento”.

Ou seja, a PT “apenas teve conhecimento das condições gerais aplicáveis ao investimento que havia realizado, depois de o ter efectivamente realizado!”, lê-se no texto da ação. E mesmo essa informação só foi enviada a 30 de junho de 2014 quando o jornal Expresso já tinha noticiado os investimentos que a PT tinha realizado na RioForte.
Uma das mais graves acusações contra Grandeiro e Pacheco de Melo prende-se, segundo a Pharol, com a falta de prudência desses dois gestores ao concentrarem os investimentos financeiros do Grupo PT no GES, violando a política de aplicações de curto prazo da operadora.

Em 31/05/2014, as aplicações nos Grupos GES e BES e realizadas pelo Grupo PT representavam 98% do total das aplicações de tesouraria e as aplicações em títulos do GES representavam 54% do total de aplicações. Ou seja, os réus Henrique Granadeiro e Luís Pacheco de Melo não diversificaram o investimento” do Grupo PT (…), “nunca reportaram à Comissão de Auditoria nem submeteram a parecer a realização dos investimentos nas aplicações emitidas pela RioForte, como também não pediram aprovação do Conselho de Administração [da PT SGPS] para a realização do investimento. Pelo contrário, omitiram informação sobre esses investimentos, quer nas contas de 2013 que elaboraram quer na informação que fizeram constar nos tableaux de bord que eram apreciados na Comissão Executiva [da PT SGPS]”
PT teve de envidar-se para investir no GES

A Pharol acusa ainda Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo de terem obrigado a PT a financiar-se em “montantes que não seriam necessários se não tivesse sido realizado o investimento nas aplicações da Rio Forte”.

E aqui a operação de fusão com a Oi, aprovada em Assembleia-Geral a 27 de março de 2014, ganha um papel de destaque. Tal fusão implicava que a PT participasse no aumento de capital social da Oi “mediante a contribuição dos ativos que constituem a totalidade dos ativos operacionais detidos pelo Grupo Portugal Telecom e responsabilidades inerentes”. Isto é, na prática a Oi passou a deter o investimento de 897 milhões de euros que o grupo PT acabou por realizar no GES – e que naquela data desconhecia.

O problema, segundo a Pharol, é que a PT tinha informado a Oi, através do memorando de entendimento assinado em outubro de 2013, de que “não dispunha de quaisquer excedentes de tesouraria que carecessem de aplicação”. Por outro lado, a auditoria da PwC deixou claro que o grupo PT “endividou-se para poder investir nas aplicações ESI e Rio Forte” e “para poder fazer face a outros compromissos financeiros, o que não sucederia caso não tivesse investido em aplicações da Rio Forte”.

Segundo a Pharol, o grupo PT tinha obrigações financeiras em 2014 que totalizavam cerca de 1,7 mil milhões de euros:

Cerca de 1,5 mil milhões derivavam do acordo de fusão com a Oi, já que a PT tinha de despender a 5 de maio de 2014 essa quantia em obrigações convertiveis de subsidiárias da empresa brasileira
87 milhões em dividendos
100 milhões “relacionados com contingências resultantes de dívidas a bancos, a fornecedores, a funcionários e encargos com IRC”.
Para os advogados da dona da PT, a principal operadora nacional não teria de utilizar linhas de crédito junto do BES, Clube Deal [Bank of America Merrill Lynch] e Caixa Geral de Depósitos para satisfazer esses compromissos financeiros, “se os réus Henrique Granadeiro e Luís Pacheco de Melo não tivessem decidido continuar a financiar o GES no decurso do primeiro semestre de 2014”.
A PT foi obrigada entre abril e maio de 2014, segundo a Pharol, a aumentar em 400 milhões de euros a linha de crédito que possuía no BES, a contraír um novo financiamento com a Merrill Lynch no valor de 300 milhões de euros e a emitir papel comercial no valor de 155 milhões de euros através da Caixa Geral de Depósitos. Total da nova dívida: 855 milhões de euros.

Para a Pharol, estes factos demonstram que os investimentos na RioForte “não decorriam de uma necessidade de gerir excedentes de tesouraria, para mais em violação não só das regras internas, como do bom senso em termos de concentração e análise de risco”, acrescentando ainda que:

Não acorrendo a necessidades financeiras da Autora, visariam certamente suprir necessidades financeiras de outras entidades, em termos contrários aos interesses [da PT]”. Isto é, a Pharol acusa Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo de terem acudido às necessidades financeiras do Grupo Espírito Santo.
A “total inação de Morais Pires”

Amílcar Morais Pires teve, como já recordamos, um duplo papel. Não só era o braço direito de Ricardo Salgado e responsável pelo financiamento do BES e e de parte do GES enquanto chief financial officer (CFO) do banco da família Espírito Santo, como era o administador executivo da PT (fazendo inclusivé parte do comité de acompanhamento da fusão da PT com a Oi).

Para a Pharol não existem dúvidas que Morais Pires agiu em “conflito de interesses”. Mais:

O réu Amílcar Pires sabia que a RioForte se encontrava num estado de falência técnica e nada fez para que a Autora não investisse em aplicações das referidas sociedades.”
É por isso que aos advogados da Pharol dedicam um capítulo da ação entregue no Tribunal de Comércio de Lisboa ao ex-número 2 do BES intitulado: “Da total inacção do réu Amílcar Pires”.

A Pharol começa por elencar os primeiros avisos do Banco de Portugal dirigidos ao GES/BES sobre os problemas financeiros do grupo e a informação incorreta que constava dos balanços das principais sociedades da família Espírito Santo, nomeadamente os avisos emitidos pelo supervisor da banca a 26 de Novembro de 2013 sobre “a capacidade da ESI honrar as suas dívidas”. Isto é, dois meses antes de Ricardo Salgado comunicar a Henrique Granadeiro e a Pacheco de Melo que o GES não poderia renovar o papel comercial da ESI, solicitando a substituição pela RioForte.

A dona da PT afirma na ação que Morais Pires estava a par de todas as diligências que o Banco de Portugal tomou a partir de novembro de 2013, com destaque para o ring fencing que o supervisor tentou construir para proteger o BES, acrescentando que Pires era, além do mais, “o responsável máximo pela realização de operações de cash pooling de todas as entidades do Grupo GES, incluindo a RioForte. Logo, o réu Amílcar Pires tinha conhecimento da situação financeira do Grupo GES e, consequentemente, da ESI e da Rio Forte. E sabia que o Banco de Portugal tinha identificado uma situação patrimonial grave na ESI causada por um inusitado acréscimo do seu passivo financeiro. Na sua qualidade de administrador do BES, o réu Amílcar Pires sabia que o Banco de Portugal estava a impor especiais e draconianas restrições a essa instituição financeira, quanto à intermediação de instrumentos de dívida emitidos por entidades integrantes do Grupo Espírito Santo. Nessa medida, especiais deveres fiduciários de impedir o investimento em aplicações emitidas pela Rio Forte recaíam sobre o Réu Amílcar Pires, pelo menos desde 13/01/2014“, afirmam os advogados da Cuatrecasas subscritores da ação.

O que não aconteceu, apesar de, continua a Pharol, Amílcar Morais Pires ter participado nas “negociações realizadas, no primeiro trimestre de 2014, que visavam a subscrição das aplicações Rio Forte”.

Henrique Granadeiro, Pacheco de Melo e Amílcar Morais Pires têm agora cerca 30 dias para contestarem estas acusações da Pharol, indicarem as provas e testemunhas de defesa.

O Observador entrou em contato com o advogado de Amílcar Morais Pires para obter uma reacção à ação da Pharol mas até ao momento ainda não foi possível obter uma resposta. Também ainda não houve resposta ao contacto com Henrique Granadeiro. Não foi possível contatar Luis Pacheco de Melo.

http://observador.pt/2015/10/06/investimentos-da-pt-no-ges-nao-respeitam-bons-costumes-um-diligente-bom-chefe-familia/

Thorn Gilts

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1542 em: 2015-10-07 00:48:34 »

Houve uma “violação grosseira de um conjunto de regras legais, contratuais e de atuação conforme aos bons costumes de um normal e diligente Bom Chefe de Família” [GESTOR DILIGENTE E CRITERIOSO embora seja normal usarem o termo bonus pater familias aqui, na minha opinião, sempre errada]; Houve “uma total e incompreensível falta de profissionalismo (…) gritante”; “Outras razões explicarão este ‘investimento’ altamente lesivo”. A ação de responsabilidade civil que os acionistas da Pharol [a Pharol - foi a sociedade e não os accionsitas que moveram esta acção](a sucessora da PT SGPS) interpuseram na sexta-feira contra Henrique Granadeiro, Luís Pacheco de Melo e Amílcar Morais Pires, enquanto ex-administradores da Portugal Telecom, pelo investimento ruinoso de 897 milhões de euros em papel comercial da RioForte (um dos motivos para a derrocada do Grupo Espírito Santo) é dura. Melhor dizendo, duríssima contra os ex-gestores.

As empresas cotadas raramente responsabilizam ex-gestores por alegados atos dolosos de má gestão. Só por isso ação da Pharol, anunciada ao mercado ao início da noite da sexta-feira, seria sempre uma ação judicial relevante. Mas esta entrará também definitivamente para os anais da história económica do país quando tomamos consciência do valor da indemnização que os accionistas da Pharol reclamam aos três gestores no Tribunal do Comércio de Lisboa: um valor que pode ser superior a mil milhões de euros se tivermos em conta os juros de mora e se a PT não conseguir recuperar parte das perdas no âmbito do processo de insolvência da Rio Forte.

A Pharol, representada pelos advogados Miguel Esperança Pina, André Gomes e Gonçalo Madeira do escritório Cuatrecasas [porque será que não processam os não executivos???], não poupa por isso nas palavras no texto da ação de responsabilidade civil, a que o Observador teve acesso. Melhor: retrata o ex-chairman e ex-presidente executivo da PT Henrique Granadeiro, o diretor financeiro da empresa de telecomunicações Pacheco de Melo e o ex-administrador executivo do BES Morais Pires da pior forma.

“Investimento totalmente desenquadrado do objecto social da PT”, “uma imprudência intolerável, elementar e repreensível a todos os níveis” que traduz “uma total e incompreensível falta de profissionalismo (…) gritante” de gestores que alegadamente praticaram atos de má gestão com “dolo ou negligência grave”. “Outras razões explicarão este ‘investimento‘ altamente lesivo para a Autora [a PT SGPS]” que causaram uma destruição de valor bolsista da empresa entre o dia 1 de junho de 2014 e 18 de julho de 2014, quando as ações da holding da PT passaram de 2,6 euros para 1,7 euros – são alguns dos mimos com que Granadeiro, Pacheco de Melo e Morais Pires são brindados.

Mas as frases mais demolidoras (e surpreendentes) acabam por ser estas:

[A decisão de investir na RioForte traduz uma] “violação grosseira de um conjunto de regras legais, contratuais e de atuação conforme aos bons costumes de um normal e diligente Bom Chefe de Família” (…) “imperou uma total e incompreensível falta de profissionalismo por parte dos réus, criticável a todos os níveis, ainda que os mesmos não fossem administradores eleitos para uma das sociedades abertas de maior capitalização bolsista do PSI 20 e remunerados de acordo com essa responsabilidade, que aceitaram assumir de gestores profissionais e especialmente habilitados para as funções”
Anatomia de um investimento falhado

Boa parte da prova recolhida pela Pharol tem por base a auditoria realizada o ano passado pela PricewaterhouseCoopers (PwC). Tal como os auditores tinham revelado, o Grupo PT (através das sociedades PT Finance, Bratel, PT Móveis e PT Portugal e da Fundação da operadora) começou a investir em papel comercial da Espírito Santo International (uma das holdings de controlo do Grupo Espírito Santo entretanto declarada insolvente) desde 2012 por “decisão dos réus Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo”, lê-se na ação.

Assim, e até 31 de dezembro de 2013, a PT International Finance BV, uma sociedade de direito holandês que geria as aplicações financeiras do Grupo PT, tinha investido 550 milhões de euros em aplicações emitidas pela Espírito Santo International (ESI), enquanto que a PT SGPS tinha colocado 200 milhões nas mãos do GES. Total: 750 milhões de euros em papel comercial, que vencia entre 29 de janeiro e 20 de fevereiro de 2014.

Segundo os advogados da Pharol, Ricardo Salgado convocou uma reunião no dia 27 de janeiro de 2014, a dois dias do vencimento da aplicação de 200 milhões de euros da holding da PT na ESI, para informar Pacheco de Melo de que “já não seria possível renovar o papel comercial da ESI. Propôs, em alternativa, a subscrição de papel comercial da Rio Forte”. Salgado terá dito ainda ao então CFO da PT de que “a RioForte era a nova holding do Grupo e que tinha passado a reunir os ativos financeiros e não financeiros” – informação esta que terá sido também prestada posteriormente a Henrique Granadeiro.

No mesmo dia, Pacheco de Melo ficou a par das operações propostas pela RioForte através de Isabel Almeida, mulher da total confiança de Amílcar Morais Pires e então responsável pelas operações em mercados do BES. Na PT, o responsável pela mesma área, Carlos Cruz, recebeu por email a proposta da nova holding do GES. Desconhecendo o que teria sido falado no almoço entre Ricardo Salgado e Pacheco de Melo, e concentrado que estava na operação de aumento do capital social da Oi que seria subscrito em parte pela PT, Cruz recusou a proposta do BES, afirmando preferir a entidade ESI para continuar a investir no GES.

A RioForte volta a insistir no dia 31 com Carlos Cruz, manifestando a disponibilidade para explicar os pormenores da operação numa reunião a calendarizar. A Pharol acusa agora Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo não terem sido diligentes em marcar essa reunião e de não terem solicitado informação pormenorizada sobre as operações propostas pela RioForte.

Pelo contrário, Granadeiro e Pacheco de Melo voltaram a falar com Ricardo Salgado a 3 de fevereiro de 2014, numa reunião em que esteve também presente Amílcar Morais Pires – que, recorde-se, assume neste processo a dupla função de CFO do BES com tutela do departamento financeiro do banco e com acesso a informação financeira do GES  e de administrador executivo da PT que aprovou estes investimentos. Nessa reunião, segundo a Pharol, “foi analisado e discutido o investimento na Rio Forte.” Para a nova dona da PT não há dúvida, assim, de que o investimento nas aplicações da RioForte “foi acordado entre Ricardo Salgado e os réus Henrique Granadeiro, Amílcar Pires e Luís Pacheco de Melo.”

Refira-se que desde dezembro de 2013 que o Banco de Portugal duvidava da saúde financeira do GES, tendo ordenado diversas ações preventivas para impedir que os problemas financeiros das holdings da família Espírito Santo afectassem o BES – facto que obviamente era do conhecimento de Ricardo Salgado e de Morais Pires. No momento em que Salgado fala com Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo já saberia que o Banco de Portugal duvidava da solvência da ESI (e de outras sociedades da família Espírito Santo) mas estaria desesperado por ‘dinheiro fresco’ que permitisse continuar a manter em funcionamento do GES, conclui a Pharol.

Os advogados da Pharol vão mais longe e dizem mesmo que no momento em que a PT investe na RioForte esta empresa já estava “numa situação de falência técnica”, logo seria improvável o reembolso do investimento.
Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo acabaram por ordenar, mesmo assim, um investimento total de 897 milhões de euros em papel comercial da RioForte entre 20 de fevereiro e 17 de abril de 2014.

A Pharol acusa Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo de nunca terem ordenado “uma análise de risco antes da realização de cada investimento para as aplicações da Rio Forte”, “nem se preocuparam em analisar as aplicações subscritas”, de não terem determinado uma “consulta ao mercado, de modo a apurar-se qual a aplicação mais adequada para (…) o Grupo PT e de terem concentrato um montante muito elevado “numa entidade que não detinha comprovada reputação de mercado, nem estava sujeita a qualquer tipo de rating conhecido”. Por outro lado, acrescentam os advogados da Pharol, “a decisão de investir em aplicações da RioForte teve sempre por base documentação desactualizada sobre esta sociedade”, visto que, em alguns casos, “as fichas técnicas e os prospectos foram enviados para a Autora [a PT SGPS] numa data posterior à realização do investimento”.

Ou seja, a PT “apenas teve conhecimento das condições gerais aplicáveis ao investimento que havia realizado, depois de o ter efectivamente realizado!”, lê-se no texto da ação. E mesmo essa informação só foi enviada a 30 de junho de 2014 quando o jornal Expresso já tinha noticiado os investimentos que a PT tinha realizado na RioForte.
Uma das mais graves acusações contra Grandeiro e Pacheco de Melo prende-se, segundo a Pharol, com a falta de prudência desses dois gestores ao concentrarem os investimentos financeiros do Grupo PT no GES, violando a política de aplicações de curto prazo da operadora.

Em 31/05/2014, as aplicações nos Grupos GES e BES e realizadas pelo Grupo PT representavam 98% do total das aplicações de tesouraria e as aplicações em títulos do GES representavam 54% do total de aplicações. Ou seja, os réus Henrique Granadeiro e Luís Pacheco de Melo não diversificaram o investimento” do Grupo PT (…), “nunca reportaram à Comissão de Auditoria nem submeteram a parecer a realização dos investimentos nas aplicações emitidas pela RioForte, como também não pediram aprovação do Conselho de Administração [da PT SGPS] para a realização do investimento. Pelo contrário, omitiram informação sobre esses investimentos, quer nas contas de 2013 que elaboraram quer na informação que fizeram constar nos tableaux de bord que eram apreciados na Comissão Executiva [da PT SGPS]”
PT teve de envidar-se para investir no GES

A Pharol acusa ainda Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo de terem obrigado a PT a financiar-se em “montantes que não seriam necessários se não tivesse sido realizado o investimento nas aplicações da Rio Forte”.

E aqui a operação de fusão com a Oi, aprovada em Assembleia-Geral a 27 de março de 2014, ganha um papel de destaque. Tal fusão implicava que a PT participasse no aumento de capital social da Oi “mediante a contribuição dos ativos que constituem a totalidade dos ativos operacionais detidos pelo Grupo Portugal Telecom e responsabilidades inerentes”. Isto é, na prática a Oi passou a deter o investimento de 897 milhões de euros que o grupo PT acabou por realizar no GES – e que naquela data desconhecia.

O problema, segundo a Pharol, é que a PT tinha informado a Oi, através do memorando de entendimento assinado em outubro de 2013, de que “não dispunha de quaisquer excedentes de tesouraria que carecessem de aplicação”. Por outro lado, a auditoria da PwC deixou claro que o grupo PT “endividou-se para poder investir nas aplicações ESI e Rio Forte” e “para poder fazer face a outros compromissos financeiros, o que não sucederia caso não tivesse investido em aplicações da Rio Forte”.

Segundo a Pharol, o grupo PT tinha obrigações financeiras em 2014 que totalizavam cerca de 1,7 mil milhões de euros:

Cerca de 1,5 mil milhões derivavam do acordo de fusão com a Oi, já que a PT tinha de despender a 5 de maio de 2014 essa quantia em obrigações convertiveis de subsidiárias da empresa brasileira
87 milhões em dividendos
100 milhões “relacionados com contingências resultantes de dívidas a bancos, a fornecedores, a funcionários e encargos com IRC”.
Para os advogados da dona da PT, a principal operadora nacional não teria de utilizar linhas de crédito junto do BES, Clube Deal [Bank of America Merrill Lynch] e Caixa Geral de Depósitos para satisfazer esses compromissos financeiros, “se os réus Henrique Granadeiro e Luís Pacheco de Melo não tivessem decidido continuar a financiar o GES no decurso do primeiro semestre de 2014”.
A PT foi obrigada entre abril e maio de 2014, segundo a Pharol, a aumentar em 400 milhões de euros a linha de crédito que possuía no BES, a contraír um novo financiamento com a Merrill Lynch no valor de 300 milhões de euros e a emitir papel comercial no valor de 155 milhões de euros através da Caixa Geral de Depósitos. Total da nova dívida: 855 milhões de euros.

Para a Pharol, estes factos demonstram que os investimentos na RioForte “não decorriam de uma necessidade de gerir excedentes de tesouraria, para mais em violação não só das regras internas, como do bom senso em termos de concentração e análise de risco”, acrescentando ainda que:

Não acorrendo a necessidades financeiras da Autora, visariam certamente suprir necessidades financeiras de outras entidades, em termos contrários aos interesses [da PT]”. Isto é, a Pharol acusa Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo de terem acudido às necessidades financeiras do Grupo Espírito Santo.
A “total inação de Morais Pires”

Amílcar Morais Pires teve, como já recordamos, um duplo papel. Não só era o braço direito de Ricardo Salgado e responsável pelo financiamento do BES e e de parte do GES enquanto chief financial officer (CFO) do banco da família Espírito Santo, como era o administador executivo da PT (fazendo inclusivé parte do comité de acompanhamento da fusão da PT com a Oi).

Para a Pharol não existem dúvidas que Morais Pires agiu em “conflito de interesses”. Mais:

O réu Amílcar Pires sabia que a RioForte se encontrava num estado de falência técnica e nada fez para que a Autora não investisse em aplicações das referidas sociedades.”
É por isso que aos advogados da Pharol dedicam um capítulo da ação entregue no Tribunal de Comércio de Lisboa ao ex-número 2 do BES intitulado: “Da total inacção do réu Amílcar Pires”.

A Pharol começa por elencar os primeiros avisos do Banco de Portugal dirigidos ao GES/BES sobre os problemas financeiros do grupo e a informação incorreta que constava dos balanços das principais sociedades da família Espírito Santo, nomeadamente os avisos emitidos pelo supervisor da banca a 26 de Novembro de 2013 sobre “a capacidade da ESI honrar as suas dívidas”. Isto é, dois meses antes de Ricardo Salgado comunicar a Henrique Granadeiro e a Pacheco de Melo que o GES não poderia renovar o papel comercial da ESI, solicitando a substituição pela RioForte.

A dona da PT afirma na ação que Morais Pires estava a par de todas as diligências que o Banco de Portugal tomou a partir de novembro de 2013, com destaque para o ring fencing que o supervisor tentou construir para proteger o BES, acrescentando que Pires era, além do mais, “o responsável máximo pela realização de operações de cash pooling de todas as entidades do Grupo GES, incluindo a RioForte. Logo, o réu Amílcar Pires tinha conhecimento da situação financeira do Grupo GES e, consequentemente, da ESI e da Rio Forte. E sabia que o Banco de Portugal tinha identificado uma situação patrimonial grave na ESI causada por um inusitado acréscimo do seu passivo financeiro. Na sua qualidade de administrador do BES, o réu Amílcar Pires sabia que o Banco de Portugal estava a impor especiais e draconianas restrições a essa instituição financeira, quanto à intermediação de instrumentos de dívida emitidos por entidades integrantes do Grupo Espírito Santo. Nessa medida, especiais deveres fiduciários de impedir o investimento em aplicações emitidas pela Rio Forte recaíam sobre o Réu Amílcar Pires, pelo menos desde 13/01/2014“, afirmam os advogados da Cuatrecasas subscritores da ação.

O que não aconteceu, apesar de, continua a Pharol, Amílcar Morais Pires ter participado nas “negociações realizadas, no primeiro trimestre de 2014, que visavam a subscrição das aplicações Rio Forte”.

Henrique Granadeiro, Pacheco de Melo e Amílcar Morais Pires têm agora cerca 30 dias para contestarem estas acusações da Pharol, indicarem as provas e testemunhas de defesa.

O Observador entrou em contato com o advogado de Amílcar Morais Pires para obter uma reacção à ação da Pharol mas até ao momento ainda não foi possível obter uma resposta. Também ainda não houve resposta ao contacto com Henrique Granadeiro. Não foi possível contatar Luis Pacheco de Melo.
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itg00022289

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1543 em: 2015-10-07 10:49:34 »
Entretanto o Palha da Silva pretende comprar até 7.7% de acções próprias

http://observador.pt/2015/10/06/pharol-acionistas-vao-votar-compra-de-acoes-proprias-ate-77-do-capital/

Citar
“O preço de aquisição onerosa deverá conter-se num intervalo de 25% para menos e para mais relativamente à cotação mais baixa e média, respetivamente, das ações a adquirir no Euronext Lisbon, durante as três sessões de mercado regulamentado imediatamente anteriores à data de aquisição ou à constituição do direito de aquisição de ações, ou corresponder ao preço de aquisição resultante de instrumentos financeiros contratados”, adianta.


está a subir 16% para 0.34
(há cerca de mês e meio quando se começou a falar na possibilidade de recompra a cotação andava pelos 0.25-0.27)
« Última modificação: 2015-10-07 10:56:43 por itg00022289 »

strutch

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1544 em: 2015-10-08 10:50:44 »
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Continuo sem perceber esta jogada!  ???

Valendo a Pharol 27% da Oi e um eventual reembolso de parte do empréstimo da Rio Forte...

Fazendo as contas.. 27% da Oi (neste momento a cotar 3,80 Reais e EUR/BRL a 4,40) valem 22 centimos/ação.

Já a Rio Forte vale aprox. 1 centimo/ação por cada 1% recuperado.

Qual a lógica de andar a comprar acções próprias à bruta a estes valores?!?

Parece-me que ou a Oi dispara entretanto (com alguma noticia bombastica) ou a PT vai ter uma ressaca daquelas quando acabar a festa!  :-\

.
« Última modificação: 2015-10-08 10:59:34 por strutch »
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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1545 em: 2015-10-08 11:16:00 »
Eventualmente é uma decisão que é informada pelo "caiu muito", o que não abona muito pela gestão. Se existisse racionalidade comprariam mais Oi.
« Última modificação: 2015-10-08 11:16:22 por Incognitus »
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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1546 em: 2015-10-08 11:22:46 »
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Até a maneira como estão a fazer a compra é, a meu ver, absurda!

Poderiam ter colocado uma ordem de compra para segurar o titulo por exemplo a 30 centimos.

Andarem a comprar por 40 centimos algo que vale 25 ou 30 é que não se percebe!

Alem disso acho completamente irracional não comprarem acções da Oi em vez de Pharol.

Subia a Oi logo subia a Pharol (de forma consistente) e ainda aumentavam a posição na Oi.

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itg00022289

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1547 em: 2015-10-08 11:32:35 »
Citar
As acções da Pharol estão a subir 11,48% para 40,8 cêntimos, tendo chegado já a ganhar 15,30% para 42,2 cêntimos, o que corresponde a um máximo de 26 de Junho.
 
Esta é a quinta sessão de ganhos, período no qual a Pharol acumula um ganho de 54%, e sempre com uma liquidez elevada. Só na primeira hora e meia de negociação desta quinta-feira, 8 de Outubro, já trocaram de mãos cerca de 15,8 milhões de acções, quando a média diária dos últimos seis meses é de 8,59 milhões. E esta semana o número de acções transaccionadas foi sempre superior à média.
 
A justificar as subidas acentuadas das últimas sessões estão essencialmente dois factores. Por um lado o anúncio de compra de acções próprias, que é uma forma de remunerar os accionistas. Por outro as notícias de consolidação no mercado brasileiro, entre a Oi e a Tim, estão a catapultar os títulos da Pharol, que detém 27,5% da brasileira.
 
O jornal Estado de São Paulo noticiou esta quarta-feira, 7 de Outubro, que o BTG, que foi contratado pela Oi para avaliar potenciais cenários de fusão entre a Oi e a TIM, já elaborou uma série de possibilidades tendo em vista esta operação. O BTG Pactual revelou mesmo estar em conversações com o grupo LetterOne, do bilionário russo Kikhail Fridman, para avançar com o processo de consolidação entre a Oi e a TIM, segundo o mesmo jornal. Contudo, o BTG disse ainda não ter apresentado qualquer estudo ou cenários à Oi.
 
E foi precisamente isso que a brasileira revelou em comunicado na quarta-feira à noite, tendo desta forma desmentido as notícias que apontam para que esteja "perto de montar uma proposta de fusão com a TIM."
 
Em comunicado, a Oi "reitera que contratou o Banco BTG Pactual para desenvolver alternativas viáveis de estruturas e de financiamento para viabilizar um movimento de consolidação do sector no mercado brasileiro", mas acrescenta que, nesse sentido, "o BTG Pactual tem mantido conversas com terceiros em relação a uma possível operação", tendo informado a Oi que "até esta data, não recebeu qualquer proposta concreta visando a uma operação".
 
E estas movimentações estão também a animar as acções da Oi, que ontem subiram pela quarta sessão consecutiva, acumulando um ganho de 32,5% neste período. As acções, que ainda não iniciaram a negociação esta quinta-feira, fecharam a valer 3,67 reais.
 
A Pharol anunciou também na terça-feira um programa de recompra de acções próprias, que poderá atingir representar um desembolso de 20 milhões de euros. A empresa prevê comprar até 7,7% do seu capital, num processo que poderá ser realizado ao longo de 18 meses. Os accionistas vão votar esta proposta no próximo dia 4 de Novembro. Estas operações surgem como uma forma da empresa remunerar os seus accionistas.
Apesar das s
ubidas recentes importa salientar que a Pharol continua a acumular uma queda superior a 50% desde o início do ano.

strutch

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1548 em: 2015-10-13 11:21:54 »
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Tal como previa... a manobra do Sr. Silva teve como resultado um almoço grátis para os curtos.



E assim chegamos ao final da novela "compra de acções próprias"!!  :P

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Incognitus

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1549 em: 2015-10-13 11:35:32 »
É assustador que a gestão da Pharol aparentemente não saiba sequer qual a natureza do investimento que agora gere e que consiga logo fazer tal erro.
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karnuss

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1550 em: 2015-10-13 11:40:08 »
A qualidade da gestão em Portugal, sobretudo nas grandes empresas encostadas ao Estado, é assustadora :o. Faz lembrar o argumentário das abéculas que gerem as empresas públicas que se entalaram com os swaps:

Citar
“A equipa que defende as empresas públicas vai argumentar a favor da nulidade dos contratos. O primeiro argumento é o de que os gestores públicos não estavam capacitados para comprar aqueles produtos. Os advogados defendem que a lei só capacita os gestores públicos a tomar as acções necessárias para o cumprimento da sua missão, princípio que os swaps não respeitam já que, no entender da defesa, os swaps são especulativos, não vão ao encontro do interesse público e provocam dano à viabilidade económica e financeira das empresas. A defesa vai ainda argumentar que aqueles swaps correspondem a um jogo de azar e que são, por isso mesmo, ilegais. Além disso, consideram que o Santander não defendeu o interesse do cliente e falhou na obrigação de agir de boa fé e com honestidade.”

Vanilla-Swap

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Thorn Gilts

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1552 em: 2015-10-21 12:13:12 »
http://economico.sapo.pt/noticias/belmiro-e-paulo-azevedo-chamados-a-testemunhar-no-processo-de-socrates_232290.html

Isto sim, foi o verdadeiro problema da PT (a compra da Oi).

Socrates será implicado, algo que vinha a defender à muito tempo.

Acho que Vale do Lobo e PPS foi tudo areia para os olhos do MP para poder investigar com calma e consolidar as provas (obtidas no Brasil) contra o Socrates.
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Deus Menor

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1553 em: 2015-10-21 14:13:29 »
http://economico.sapo.pt/noticias/belmiro-e-paulo-azevedo-chamados-a-testemunhar-no-processo-de-socrates_232290.html

Isto sim, foi o verdadeiro problema da PT (a compra da Oi).

Socrates será implicado, algo que vinha a defender à muito tempo.

Acho que Vale do Lobo e PPS foi tudo areia para os olhos do MP para poder investigar com calma e consolidar as provas (obtidas no Brasil) contra o Socrates.


O negócio da venda da PT envolve todos: BES, Brasil, PT, CGD
Sendo assim a teoria de que este negócio é a caça grossa parece-me interessante.

strutch

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1554 em: 2015-10-26 11:57:29 »
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Parece que afinal o Palha da Silva andou a comprar accoes proprias com base em informacao privilegiada*...

* - avanços nas negociações para a fusao da Oi e Tim no Brasil.

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Incognitus

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1555 em: 2015-10-26 12:01:48 »
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Parece que afinal o Palha da Silva andou a comprar accoes proprias com base em informacao privilegiada*...

* - avanços nas negociações para a fusao da Oi e Tim no Brasil.

.

Mesmo que fosse o caso seria melhor comprar directamente OI a menos que estivesse de alguma forma impedido.
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Beruno

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1556 em: 2015-10-26 13:36:22 »
Isto é so uma proposta ou ja ha alguma certeza que se concretizará? As yields na divida da OI (emissoes da antiga PT) ainda mal refletiram esta noticia. A emissao para 2025 ainda ta acima dos 9%

strutch

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1557 em: 2015-10-26 13:55:18 »
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Parece que afinal o Palha da Silva andou a comprar accoes proprias com base em informacao privilegiada*...

* - avanços nas negociações para a fusao da Oi e Tim no Brasil.

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Mesmo que fosse o caso seria melhor comprar directamente OI a menos que estivesse de alguma forma impedido.


Acho que a representação (direitos de voto e assim) está limitada a 15%. Desconheço que a participação tenha limites.

.

@Beruno,
pelo que li parece-me apenas a formalização das intenções do fundo Russo sem sequer referirem as condições em concreto!

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strutch

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1558 em: 2015-11-04 00:22:54 »
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Afinal de contas..

 "Os accionistas aprovam, esta quarta-feira, o programa de compra de acções próprias da Pharol..."

Sendo assim (ainda) não foi o Palha da Silva que andou a comprar à bruta!  :P

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Automek

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Re: Pharol SGPS / Portugal Telecom (PTC) - Tópico principal
« Responder #1559 em: 2015-11-26 20:36:49 »
Houve uma discussão num painel em que estava a PT, NOS e Vodafone.
A NOS e a Vodafone atacaram a PT por, aparentemente, estar a procurar mudar o modelo actual de concorrência em que os conteúdos são idênticos para todos (e, portanto, em que é o serviço/experiência proporcionada ao cliente que determina a competitividade), para um modelo em que a vantagem é obtida também por conteúdos exclusivos. Falam inclusivamente das movimentações da PT, mas não sei a que se referem (canais exclusivos para o Meo ?).
À luz do mercado livre e havendo três players grandes parece uma conversa absurda, mesmo atendendo à dimensão do país.

http://www.jornaldenegocios.pt/multimedia/videos/detalhe/20151126apdcconteudos.html