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Autor Tópico: Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal  (Lida 655772 vezes)

gaia

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #140 em: 2014-06-10 15:57:04 »
A ler , mestre lê com atenção , a origem dos problemas vem do subprime ... 8)

http://joaorendeiro.com/wordpress/?p=1895
« Última modificação: 2014-06-10 15:58:25 por gaia »

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #141 em: 2014-06-10 17:55:25 »
A última crise, a do extenso conluio da banca desregulada,
a fechar os olhos aos incobráveis de créditos à plebe,
sobreexplorada por salários cada vez menores,
sem dúvida é a causa da débacle
dos bancos privados;

mas podes retroceder a 73,
e ver que o encarecimento
de todas as matérias-primas,
mudou toda a metodologia
dos negócios, forçando
as actividades a controlos
de custos muito apurados.

Essa necessidade favoreceu
a inventividade de elevar
astronomicamente
a produtividade
do terciário;

a ponto de, passar a ser possível
atravessar crises de vendas, sem
despedir grandes quantidades
de pessoal administrativo,
ainda não reformado,

porque a informática, as máquinas,
não só não ganham 13º nem 14º mês,
e tanto podem trabalhar como ficar inactivas
sem por isso terem de ser despedidas e indemnizadas.

O que tudo favoreceu a contenção geral de salários
forçando os assalariados a endividar-se para sustentarem
o seu, e o da suas famílias, nível de vida.

Daí  a crise, após anos recorrentes de diminuição
da parte salarial no rendimento nacional de cada país
capitalista ocidental.

A mim parece-me que as coisas têm de tomar
um rumo mais sério, retomando o controle
da moeda e do crédito por regulamento
apertado de merecimento económico
e controlo populacional e migratório.

Mario Balotelli

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #142 em: 2014-06-10 22:35:56 »
A ler , mestre lê com atenção , a origem dos problemas vem do subprime ... 8)

http://joaorendeiro.com/wordpress/?p=1895


O mestre "acha" que é mais um problema de tias...com tios...
" A ANA é que sabe disto e o resto é conversa"
BALOTELLI

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #143 em: 2014-06-10 22:51:12 »
Citar
Manuel Pinho negoceia reforma de 3,5 milhões com o grupo Espírito Santo

artigo: http://www.publico.pt/economia/noticia/manuel-pinho-negoceia-reforma-com-o-grupo-espirito-santo-1639342

gaia

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #144 em: 2014-06-10 22:59:48 »
A ler , mestre lê com atenção , a origem dos problemas vem do subprime ... 8)

http://joaorendeiro.com/wordpress/?p=1895


O mestre "acha" que é mais um problema de tias...com tios...


Não, deve ser algo mais grave , e deve vir do subprime nos EUA ,ou mais antigo , mas são as holdings  que são afetadas . Já vai uns bons 15 anos que o João Rocha publicou em todos os jornais , numa página inteira as  ligações dos BES com o grupo , não me lembro do conteúdo , mas nunca foi desmentido...

O caso de Angola é assustador ..... :o
« Última modificação: 2014-06-10 23:32:25 por gaia »

Mario Balotelli

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #145 em: 2014-06-10 23:11:56 »
A ler , mestre lê com atenção , a origem dos problemas vem do subprime ... 8)

http://joaorendeiro.com/wordpress/?p=1895


O mestre "acha" que é mais um problema de tias...com tios...


Não, deve ser algo mais grave , e deve vir do subprime nos EUA ,ou mais antigo , mas são as holdings  que são afetadas . Já vai uns bons 15 anos que o João Rocha publicou em todos os jornais , numa página inteira ligações dos BES com o grupo , não me lembro do conteúdo , mas nunca foi desmentido...

O caso de Angola é assustador ..... :o


Eu quando andei por lá (Angola) tive umas reuniões com uns "primos"...e aquilo era esquisito

O intragrupo serve para "encher" e atirar o lixo para debaixo do tapete...é preciso ter muito amigos para que ninguêm olhe para debaixo do tapete para ver se há pó ou lixo...às vezes nem é necessário levantar o tappete...ao passar es sobre o mesmo, se espirrares é sinal que há pó...
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gaia

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deMelo

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #147 em: 2014-06-10 23:25:31 »
Deve ser!

Alias parece-me que o dinheiro do desfalque no BESA já esta a ser aplicado na corrida ao BES.
 ;)

Admira-te!

É uma jogada mais requintada de como comprar um banco....
The Market is Rigged. Always.

gaia

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #148 em: 2014-06-10 23:36:18 »
Para bem do país , e  de todos , que os problemas estejam já diagnosticados e  resolvidos ....

itg00022289

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #149 em: 2014-06-13 11:54:39 »
Um bom "resumo" desta organização mafiosa que anda a tentar escolher um novo Corleone.
(impressiona a dimensão dos crimes e como, ainda assim, não há ninguém a ver o sol aos quadradinhos)

Citar
BES: "o banco de quem quer mais"
   
por Mariana Mortágua
7:00 Sexta feira, 13 de junho de 2014

"Neste sétimo Domingo seguido da viagem (...) vou mais contente a pensar que se os deuses nos foram propícios estarei aí no próximo domingo e poderei matar as saudades que já pesam no meu coração", escrevia Ricardo Espírito Santo Silva, avô de Ricardo Salgado e, como ele, presidente do BES, a António de Oliveira Salazar.

Longas e sólidas são as relações da família e do seu banco ao poder, ou melhor, aos poderes. Regimes mais ou menos despóticos, mais ou menos democráticos, mais ou menos liberais, mas sempre corruptos. Para o provar estão as contas off-shore de Pinochet no BES Miami.

O BES é uma família e é uma instituição, talvez por isso a sucessão seja tão ou mais sangrenta que em qualquer dinastia monárquica. Dois dos candidatos eram José Maria Ricciardi (presidente do BES Investimento) e Amilcar Morais Pires (diretor financeiro do BES), ambos constituídos arguidos num caso de tráfico de influências e abuso de informação envolvendo ações da EDP e REN. Esta investigação teve origem e faz parte do caso de branqueamento de capitais e fuga ao fisco conhecido por operação Monte Branco.

De acordo com o que é público, as operações de transação das ações da EDP e REN terão sido efetuadas através de sociedades offshore ligadas à Akoya Asset Management. A Akoya é uma empresa gestora de fortunas sediada na Suiça, que tem como principal acionista o angolano Álvaro Madaleno Sobrinho, apontado como o terceiro possível sucessor na liderança do BES.

Sobrinho é detentor de participações do Sporting (24%), Bom Petisco (80%), Cofina (Jornal de Negócios e Correio da Manhã, 15%), Impresa (3,2%),  e ainda da Espírito Santo International (3%), que controla a maior accionista do BES, a Espírito Santo Financial Group; e do BES Angola (BESA, 5%). Sobrinho é, de facto, um dos fundadores do banco angolano, detido na sua maioria por Ricardo Salgado, tendo sido seu presidente executivo até Outubro de 2012.

O Expresso deu a conhecer há dias o escândalo que envolve este banco, vencedor do prémio "Best Bank in Angola", atribuído pela World Finance Magazine. Foi revelado que o BESA terá na sua carteira 5700 milhões de dólares em créditos cujo destinatários, motivos ou garantias são desconhecidos ou insuficientes, e que estão em risco de não ser pagos. Desses, há 1624 milhões que estão minimamente identificados: terão ido para 5 empresas com ligações a Sobrinho. A partir delas, 40 milhões destinaram-se (alegadamente) à Pineview Overseas, uma empresa offshore propriedade de Sobrinho, que detém a Newshold, dona do jornal SOL. Adicionalmente, 913 milhões terão sido transferidos para outras 10 empresas. Desses, 840 milhões seriam destinados ao negócio de compra das Torres Sky à ESCOM sendo que, segundo o Expresso, só 360 milhões chegaram ao seu destino, os restantes foram desviados. Um dos beneficiários destas transferências terá sido Hélder Bataglia, na altura acionista e presidente executivo da ESCOM (Grupo Espírito Santo), administrador executivo do BESA, e imagine-se, accionista da Akoya Asset Management.

Vale a pena lembrar ainda que, durante todo este período, era administrador executivo do BESA Ricardo Abecassis, primo de Salgado, e seu (quarto) putativo sucessor.

A história vai longa, e nesta fase torna-se mais confusa, já que a própria venda da ESCOM, também envolvida também na Operação Furacão, é outro capítulo da Operação Monte Branco.

Segundo notícias na imprensa nacional, o Grupo Espírito Santo afirma que a empresa ESCOM foi vendida a capitais angolanos em 2010. O comprador conhecido era a Sonangol, liderada por Manuel Vicente, vice-presidente da República de Angola. O valor inicialmente proposto seria de 800 milhões. Como sinal, a Sonangol terá pago 15 milhões de euros, mas acontece que, além desse valor, foram encontrados mais 85 milhões (que estão a ser investigados pelo DIAP), depositados diretamente numa conta do Crédit Suisse através da ... Akoya. A partir daí a Sonangol ter-se-á recusado a fazer novas transferências, contestando até o valor de venda da ESCOM. Na prática, a venda não se concretizou.

Qual é a história de fundo? Bom, segundo a investigação apresentada no Donos Angolanos de Portugal (Costa et al, 2014, p.80, Bertrand), o BES terá usado o BESA para ir buscar 500 milhões de euros durante a crise de liquidez na Europa. A operação deixou o próprio BESA com problemas financeiros, tendo o banco sido salvo por uma injeção do Banco de Angola. Em troca, o governo Angolano terá feito pressão para que o Grupo Espírito Santo vendesse a ESCOM, por um valor que nunca conseguiu o acordo das duas partes. 

A introdução do Governo de José Eduardo dos Santos nesta teia ajuda, por fim, a explicar por que razão o último resolveu garantir os créditos mal parados do BESA com dinheiro dos contribuintes Angolanos.

A serem confirmados, os relatos desta complexa rede deixam transparecer uma tendência maior. São os pequenos passos de uma elite angolana, da qual Álvaro Sobrinho é exemplo, que se constitui como grande interesse capitalista. A acumulação faz-se através de fundos públicos, usados para cobrir os desfalques dentro do sistema bancário luso-angolano, com a conivência e benefício das fortunas portuguesas, como a dos Espírito Santo. 

Ao contrário da obra de George R. R. Martin, e salvo raras e até corajosas exceções, esta história tem cativado pouco interesse mediático. É pena. Bem vindos à Guerra dos Tronos do capitalismo moderno



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/bes-o-banco-de-quem-quer-mais=f875530#ixzz34Vyphjrt

Incognitus

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #150 em: 2014-06-13 12:03:28 »
Eventualmente empresas muito grandes são tão indesejáveis quanto estados muito grandes.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #151 em: 2014-06-13 12:11:14 »
A dificuldade é a de instilar concorrência
entre os grupos de poder.

Aparentemente, só por dissensão
interna ou enfraquecimento
de algum elo, se rompem
os equilíbrios...


Luisa Fernandes

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #152 em: 2014-06-15 15:48:18 »
Citar
Contabilista revela como as contas do GES eram manipuladas
Na edição desta sexta-feira, o semanário Expresso conta-lhe como a manipulação de contas foi feita no Grupo Espírito Santo. Segundo detalhes explicados pelo próprio técnico de contas.

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/contabilista-revela-como-as-contas-do-ges-eram-manipuladas=f875448#ixzz34idxqqit


Bem mais um buraco tipo BPN.
Onde mais uma vez a culpa irá ficar no contabilista.
Um buraco de 6 biliões de euros onde ninguém da administração irá ser considerado culpado.
E como sabemos quando se abre um "buraco" num banco, quem paga ? Quem é? Adivinhem... Adivinhem que vive acima das suas possibilidades!
Haaa e tal... a cena é em Angola e no Luxemburgo... veremos.
Quem não Offshora não mama...

Zel

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #153 em: 2014-06-15 16:33:23 »
Citar
Contabilista revela como as contas do GES eram manipuladas
Na edição desta sexta-feira, o semanário Expresso conta-lhe como a manipulação de contas foi feita no Grupo Espírito Santo. Segundo detalhes explicados pelo próprio técnico de contas.

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/contabilista-revela-como-as-contas-do-ges-eram-manipuladas=f875448#ixzz34idxqqit


Bem mais um buraco tipo BPN.
Onde mais uma vez a culpa irá ficar no contabilista.
Um buraco de 6 biliões de euros onde ninguém da administração irá ser considerado culpado.
E como sabemos quando se abre um "buraco" num banco, quem paga ? Quem é? Adivinhem... Adivinhem que vive acima das suas possibilidades!
Haaa e tal... a cena é em Angola e no Luxemburgo... veremos.


existe uma grande diferenca entre defender o mercado livre ou grandes empresas que vivem da mama como o BES, alias o BES faz aquilo com que sempre sonhaste a tua vida toda
« Última modificação: 2014-06-15 16:34:12 por Neo-Liberal »

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #154 em: 2014-06-15 20:27:01 »
Se bem que o mercado livre gera grandes empresas, e o estado, esse, tem de conseguir não tornar-se joguete das grandes empresas. O modo de atingir tal independência não dispensa cidadãos instruídos, esclarecidos e responsáveis. Cidadãos que, por seu turno, saibam opor-se a demagogos e destituir corruptos. Vale a pena investir na formação de cidadãos instruídos e autónomos.

Automek

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #155 em: 2014-06-16 00:23:13 »
Citar
Poirot e o BES
Pedro Braz Teixeira
14/6/2014, 13:25

Ricardo Salgado nega que tenha conhecimento, desde 2008, das dívidas escondidas no Grupo Espírito Santo, ao contrário do que diz o ex-contabilista. Olhemos para este diferendo na perspectiva que Hercule Poirot teria, usando as “celulazinhas cinzentas”.

No verão de 2007 rebentou a crise do sub-prime nos EUA, que não afectou directamente os bancos portugueses, não devido a qualquer superior sagacidade dos nossos banqueiros, mas simplesmente porque o sistema bancário português sofria de um enorme défice de recursos, colmatado no exterior, não sobrando fundos para investimentos mais criativos.

Aquela crise provocou estragos profundos no sistema financeiro mundial, tendo levado quase à falência o até então prestigiado banco de investimento Bear Sterns, salvo em Março de 2008. Em Setembro desse mesmo ano não foi possível evitar a falência de outro banco importante, o Lehman Brothers. A partir daí, a crise passou do sistema bancário para a economia, gerando-se a mais grave crise económica mundial desde o crash de 1929.
Os mercados monetários paralisaram, com todos os bancos a desconfiarem de que todos os outros também poderiam estar falidos. Neste contexto é totalmente improvável que tenha havido um único banqueiro no mundo que não tenha reavaliado, de fio a pavio, todos os seus activos e passivos, para se inteirar da verdadeira situaçãodo seu próprio banco e de todos os outros com quem mantinha relações comerciais.

A brusca queda de liquidez nos mais variados mercados, colocou o risco de fortíssimas desvalorizações de activos, sobretudo dos menos padronizados, e foi necessário definir cenários de cotações a partir das quais os bancos entrariam em situação de falência técnica.

É do domínio da mais risível implausibilidade imaginar que, em 2008, sob o espectro da falência, o BES e todas as empresas do grupo não tenham sido submetidas a um excepcional e exigentíssimo exame contabilístico. Em contrapartida se, por absurdo, Ricardo Salgado não tiver realizado esta verificação, isto seria razão – mais do que suficiente – para o declarar como o mais irresponsável e incompetente banqueiro português e a ser banido pelo Banco de Portugal, para o resto da vida, de exercer qualquer cargo num banco português.

Mas regressemos a Poirot e à sua pergunta chave: “qual o motivo?”. Que teria o contabilista a ganhar se escondesse à administração do grupo BES a verdadeira situação do grupo? Todos conhecemos casos de contabilistas que “embelezaram” as contas para se apropriarem indevidamente de dinheiro. Neste caso, o contabilista não é acusado de desviar um único euro. Não se descortina nenhum motivo que poderia ter levado o contabilista a agir isoladamente, porque não teria nenhum ganho significativo com isso.

Em contrapartida, o que teria Ricardo Salgado a ganhar de esconder a verdadeira situação do grupo? Tudo. Manteria o beneplácito dos accionistas do GES; manteria a supremacia dentro da família (verificamos como tem sido duramente contestada); ganharia muito mais exibindo lucros em vez de prejuízos; manteria clientes do BES, entre outros benefícios. Repare-se no que o grupo foi agora obrigado a fazer, inclusive perder o controlo do BES, para se perceber o gigantismo da motivação do banqueiro.

De tudo isto podemos concluir que a probabilidade de o contabilista estar a dizer a verdade é mil vezes superior à de o mesmo se passar com o banqueiro.

É preciso ser totalmente destituído de “celulazinhas cinzentas”, ou, em alternativa, ser patologicamente ingénuo para acreditar na mais do que inverosímil versão de Ricardo Salgado.

Para além de tudo isto, devemos lembrar que em inúmeros casos de corrupção que têm vindo a lume, tivemos quase sempre o envolvimento do BES, para além de um esquecimento de Ricardo Salgado de declarar rendimentos ao fisco, “distracção” que foi alvo de uma benevolência surpreendente.

Investigador do Nova Finance Center, Nova School of Business and Economics
http://observador.pt/opiniao/poirot-e-o-bes/

Automek

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #157 em: 2014-06-19 19:06:04 »
A mudança da administração é bom ou mau? Pelo comportamento da cotação nos últimos dias diria que é mau.

Incognitus

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #158 em: 2014-06-19 19:47:38 »
Como ninguém renuncia a tais posições numa boa situação ...
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Kin2010

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #159 em: 2014-06-20 03:17:53 »
O BES em si, segundo o que dizem, não está nada exposto a estes problemas e está numa situação muito sólida -- José Gomes Ferreira. Os buracos gigantes são nas empresas não financeiras do GES. A ESFG e outras do grupo vão ter que aumentar o capital brutalmente para cobrir as grandes perdas.