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Geral => Política e Economia Política => Tópico iniciado por: vbm em 2013-11-08 15:25:33

Título: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-08 15:25:33
Redistribuição do rendimento

O núcleo do debate sobre o Estado Social posiciona-se na questão da sustentabilidade do sistema de reforma de velhice, assente no esquema de redistribuição de rendimento entre os trabalhadores no activo e os reformados.

O fundo incontornável do debate é simples: quer agora, quer sempre, quem não trabalha é, ex-post, sustentado por quem trabalha. Ex-ante, quais os limites sustentáveis do esquema?

´Aritmetizando’ a redistribuição do rendimento, propomos a seguinte equação inicial

(1)   d.a = p.(1-a)

sendo d, a contribuição percentual para a segurança social incidente sobre o salário; a, a percentagem da população no activo; e p, o valor unitário da pensão de reforma.

Deste modo, as retenções na fonte dos salários dos trabalhadores no activo – d.a -, são pagas como pensões aos reformados – p.(1-a).

Neste esquema, o equilíbrio existe desde que o rácio do número de reformados por activo – (1-a)/a -, iguale a proporção do desconto no salário para a pensão de reforma –d/p:

(1.1)         d/p = (1-a)/a

Assim, por exemplo, 0.3 de desconto do salário (d) com uma pensão média unitária (p) de 0.7 do salário apenas se equilibra com um rácio de reformados por activo – (1-a)/a – de 3 para 7, i.e., 3/7.

Contudo, é desigual a produtividade do trabalho nos diferentes sectores de produção de bens e prestação de serviços, por razão quer da diversa disponibilidade de recursos naturais e pela fecundidade variável da própria natureza, quer pelo grau de desenvolvimento tecnológico dos meios de produção utilizados, quer, finalmente, com o maior ou menor esforço e inteligência dos trabalhadores e o grau de civilização atingido pela sociedade.

A capacidade de redistribuição do rendimento é altamente potenciada com o aumento da produtividade do trabalho, como vamos observar aritmeticamente.

Dividamos, então, a população activa em dois segmentos de produtividade desigual: a, a proporção de emprego de maior produtividade; b, a de produtividade normal, i.e., o caso de profissões, – necessárias, não dispensáveis, criando valor procurado, por satisfazer necessidades humanas -, cuja produtividade de desempenho é mais ou menos constante, no tempo e no espaço; por exemplo, um corte de cabelo pouco tempo de execução terá diminuído ou aumentado desde o antigo Egipto ao presente! Muitos outros trabalhos e serviços necessários se equiparam ao deste exemplo, desde a actividade de ensino à enfermagem de doentes, de uma peça de teatro ao cuidado de crianças, etc.

O emprego do tipo b, porque necessário e valioso, será remunerado com o salário suficiente a que o respectivo empregado e sua família viva conforme o padrão histórico e social vigente na comunidade em causa. O emprego do tipo a é remunerado por um múltiplo de produtividade, k, do salário do tipo b.

Nestes termos, a equação de equilíbrio (1) reescreve-se como segue:   

(2)   d.(ak+b) = p.(1-a-b)

Assim, se parametrizarmos a proporção de activos de grande produtividade (a) em 0.1; mantivermos a taxa de desconto salarial (d) em 0.3; e a pensão unitária em 0.7 do salário base, i.e., o salário do tipo b, da produtividade normal, a equação (2) reflectirá o conjunto de pares de equilíbrio entre as variáveis b e k, ou, se designarmos a população reformada por r,

(2.1)    r = 1-a-b

mostramos a relação de equilíbrio entre a proporção de reformados (r) e a produtividade do trabalho (k)

(2.2)           r = 1/p . d.(ak+b)

Ou, com os valores numéricos dos parâmetros fixados, a função f(r,k):

(2.3)           r = 0.3/0.7*(0.1k+0.9-r)

Com as produtividades

K = 1, 3, 5, 7, 10;

a proporção de reformados (ou inactivos) sustentável é de

(2.4)          r = 0.30; 0.36; 0.42; 0.48; 0.57.

No entanto, esta redistribuição de rendimento é desincentivadora e injusta porque não diferencia o valor da pensão de reforma segundo a carreira contributiva de cada reformado durante a sua vida activa.

Tomando em consideração as prestações contributivas entre os assalariados do tipo a e b, e supondo que a percentagem dos reformados do tipo a é de 10% do total de reformados a equação (2) da redistribuição do rendimento reescreve-se como segue:

(3)       d.(ak+b) = p.r.(0.1k+0.9)

Ou, com os coeficientes numéricos assumidos, para d, p, e a

(3.1)           0.3*(0.1k+0.9-r) = 0.7*r*(0.1k+0.9)

Resolvendo r em função de k,

(3.1’)   r = (0.03*k+0.27)/(0.07k+0.93)

Com as produtividades

K = 1, 3, 5, 7, 10;

a proporção de reformados (ou inactivos) sustentável é de

(3.2)          r = 0.30; 0.32; 0.33; 0.34; 0.35.

Como se vê, comparando esta série (3.2) com a anterior (2.4), constata-se que o não ‘plafonamento’ das pensões reduz drasticamente a capacidade de a segurança social sustentar um volume significativo de trabalhadores reformados: - para o caso de 10% dos activos terem uma produtividade décupla da produtividade normal, a sustentabilidade do volume de reformados decai de 57% para 35%, sem um tecto para o valor máximo das reformas a conceder.

No entanto, continua a ser injusto não ponderar a carreira contributiva no valor da reforma a atribuir a cada reformado. Não é a mesma coisa ter sido quarenta anos barbeiro ou professor de física nuclear ou de filosofia contemporânea! Embora haja de convir-se que em ambos os casos as necessidades de um reformado são bem menores do que as sentidas durante a vida activa, pelo que não é razoável manter na reforma a mesma diferença salarial que existia na vida activa.

Propomos uma variação progressiva da reforma (p) com o aumento da produtividade (k) maximizada, em termos brutos (x), no triplo do salário base de produtividade normal atingido no caso de produtividade doze vezes superior à normal. A saber,

(4)       (1+x)^12 = 3

Ou,

(4.1)           x = 3^(1/12) - 1 = 0.0958

Pelo que a equação de redistribuição de rendimento se escreveria como segue:

(5)       d.(ak+b) = p.(1-a-b).[(1+x)^k .a + 1-a]

Fixando os parâmetros d, p, e a nos mesmos coeficientes numéricos anteriores e dando a x o valor referido em (4.1), teremos:

(5.1)          0.3*(0.1k+b) = 0.7*(0.9-b)*[1.0958^k*a+0.9]

Ou, explicitando b em função de r, conforme (2.1), temos

(5.2)         0.3*(0.1k+0.9-r) = 0.7*r*[1.0958^k*0.1+0.9]

Resolvendo r em função de k,

(5.2’)   r = (0.03*k+0.27)/(0.07*1.0958^k+0.93)

Com as produtividades

K = 1, 3, 5, 7, 10;

a proporção de reformados (ou inactivos) sustentável é de

(5.3)           r = 0.30; 0.35; 0.40; 0.45; 0.52.

Comparando estes resultados com os obtidos sem plafonamento, verifica-se quanto melhora a sustentabilidade da segurança social, que passa em equilíbrio, - no caso de 10% dos activos com uma produtividade décupla da normal -, da capacidade de financiar um volume de reformados de 35% para 52%, e isto com a justiça de alguma diferenciação das pensões segundo a carreira contributiva.

A falácia política na discussão pública deste tema consiste em propor, de facto, o plafonamento das pensões, mas aplicando-o também aos descontos para a segurança social durante a vida activa. Ora, tal perverte a eficácia e justiça social da redistribuição de rendimento.

Concluo com mais duas observações. No passado, os salários dos profissionais mais requestados asseguravam a existência de um vasto agregado familiar de avós, filhos e netos, quando não também, tias, sobrinhos, órfãos e afilhados. Inclusive, tais salários permitiam aquisição de casa própria para albergar todo o agregado familiar. Foi este sistema de respeito pela família e pela propriedade privada que o modelo da segurança social veio substituir, com a promessa de uma justiça social e protecção na velhice alargada a toda a população mediante a contribuição generalizada de todos os trabalhadores durante a vida activa. Cortar agora nas reformas é tão subversivo do estado de direito quanto o desrespeito do direito de propriedade privada e o confisco das poupanças dos cidadãos.

Outra observação é o facto temível, no nosso país, de a Banca e a Segurança Social tenderem a desempenhar o papel sucedâneo do banco emissor do antigo regime monetário, i.e., quando o Estado precisa de dinheiro em vez de o emitir por subscrição do capital do banco, aumentando a circulação monetária, emite obrigações de tesouro que constrange a banca e os fundos de pensões a subscrever, assim preparando as condições facilitadoras de um haircut da dívida tão confiscatório quanto a clássica inflação monetária.

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Quatro anos volvidos, ao reler o artigo postado,
reconheço ter descurado explicitar as proposições subentendidas
na validade do equilíbrio das grandezas equacionadas.


Observação 1. Na equação inicial, tenha-se presente que o desconto d para a segurança social incide sobre o salário unitário médio s (s=1) dos que trabalham, sendo a a proporção da populção activa na população adulta total unitária N  (N=1). Deduzindo do total populacional o número dos activos, obtém-se a população reformada (1-a), pelo que


(1)  N=1= a+ (1-a)  População adulta total compõe-se de activos e reformados.
(2)  s*a*N = Y = Rendimento total do trabalho.
(3)  d*s*a*N = Total de descontos para a segurança social
(4)  p*s*(1-a)*N = Total de pensões dos reformados
(5)  d*s*a*N = p*s*(1-a)*N --> descontos = pensões

e, como s=1 e N= 1, temos

(6)  d*a = p*(1-a)


Observação 2. A população activa, no momento analítico subsequente, divide-se em duas classes de trabalhadores: qualificados, a, e indiferenciados, b. O salário unitário médio, s, passa a referir-se ao pago pelo trabalho indiferenciado, sendo o qualificado remunerado, em média, por um múltiplo k do indiferenciado, ks. Explicitando as equações respectivas

     
(7)  d*s*(ak+b)*N = p*s*(1-a-b)*N
(8)  r = 1-a-b = proporção da população reformada, r, no total unitário da população adulta, N=1

pelo que, em proporções da unidade, N=1 e s =1, temos:

(9)  d*(ak+b) = p*r --> descontos = pensões


Observação 3. O bolo das pensões, o 2º membro da equação (9), – p*r –, para ser distribuído de forma diferenciada pelos reformados, deve correlacionar-se com a respectiva carreira contributiva durante a vida activa. À la longue, num estado estacionário da economia, a proporção, a' e b' de reformados qualificados e indiferenciados tende a igualar-se à partição dos activos, a e b. Mas, num sistema de pensões deste tipo, enquanto a for maior que a',– a>>a'–, os trabalhadores qualificados serão mais financiadores do sistema de reformas, do que quando a desproporção diminuir, a<<a'. As equações pertinentes em jogo são:


(10)  N = 1 = a + b + (a' + b') = a + b + r = a + b + (1- a - b) =1,
partição da população adulta entre activos (qualificados e indiferenciados) e reformados (qualificados e indiferenciados)

(11)  d*(ak+b) > = < p*r*(a'k+b'), descontos > = < pensões (distribuídas desigualmente segundo a carreira salarial)


No corpo do texto postado, – por uma espécie de 'elipse de pensamento'! –, considerei apenas uma partição igual de qualificados e indiferenciados na população de activos e de reformados, a'/b' = a/b, o que ao longo do percurso do sistema não acontecerá e assumirá proporções diferentes, com efeitos de sobre ou subfinanciamento das pensões por via da retenção na fonte das contribuições para a segurança social.


Observação 4. O último estádio de análise 'aritmetiza' simplesmente um plafond, um limite máximo ao quantitativo da pensão atribuível aos reformados melhor remunerados durante a vida profissional. É o meio apropriado para incluir um numero mais elevado de reformados para cada volume dado de contribuintes no activo. O participante de nick Zénith sugere a aplicação de uma curva em S na taxa de desconto (d) e de uma curva sem invertida na taxa da pensão (p) a atribuir, proporcionando um distribuição mais igualitária das reformas. Na análise simplificada apresentada exemplificámos a variação da pensão com a carreira contributiva segundo uma taxa de crescimento que no máximo proporciona uma pensão tripla da do indiferenciado reformado.
 


Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-08 15:34:28
Esboçou-se um debate sobre as pensões de reforma no Portugal Falido, onde pensei editar esta análise aritmética. Contudo, como a comunicação e o diálogo é muito vivo naquele tema do fórum, preferi 'exilar' esta análise num recanto mais 'isolado'. No  entanto, se algum participante, mesmo sem ler o post acima quiser comentar algo ou sugerir qualquer estudo sobre o assunto (que não seja muito complexo!) eu tenho algum (moderado) interesse.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Local em 2013-11-08 15:40:06
sendo um esquema ponzi e tendo em conta a natalidade nacional, o sistema de pensões tende sempre para o estoiro. Determinar a altura do estoiro é que é mais complicado.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-08 15:49:44
sendo um esquema ponzi e tendo em conta a natalidade nacional, o sistema de pensões tende sempre para o estoiro. Determinar a altura do estoiro é que é mais complicado.

Em sentido contrário, é provável que a mortalidade geriátrica tenda a aumentar substancialmente, causada pela diminuição do nível de vida e dos cuidados de saúde.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2013-11-08 15:53:22
Isso da produtividade é irrelevante, e equivalente a nem todos os salários contribuirem com uma taxa igual ou então a se taxarem outras coisas que não salários.

Além de que esse tipo de equações só torna o debate pior pois exige desde logo demasiado tempo para as descodificar. Para um debate melhor convém em vez dessa complicação toda especificares verbalmente quem é que é taxado e em quanto.


Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-08 16:30:19
Isso da produtividade é irrelevante, e equivalente a nem todos os salários contribuirem com uma taxa igual ou então a se taxarem outras coisas que não salários.

Além de que esse tipo de equações só torna o debate pior pois exige desde logo demasiado tempo para as descodificar. Para um debate melhor convém em vez dessa complicação toda especificares verbalmente quem é que é taxado e em quanto.


É taxado cada salário, seja na contribuição incidente sobre o empregado seja a paga pela entidade patronal e a do trabalhador por conta própria. Os salários k vezes superiores aos salários base, pagam a mesma taxa dos salários base. Não há plafond de descontos, mas há plafond de pensão de reforma, a qual cresce do simples ao triplo, do caso do salário base ao que lhe seja doze vezes maior.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zenith em 2013-11-08 18:24:57
Citar
(3)       d.(ak+b) = p.r.(0.1k+0.9)

Ou, com os coeficientes numéricos assumidos, para d, p, e a

(3.1)           0.3*(0.1k+0.9-r) = 0.7*r*(0.1k+0.9)

Parece-me que há aqui um erro. Para k=1 tem de coincidir com (2). deverá ser

d.(ak+b).(1-r) = p.r.(0.1k+0.9)

e os resultados serão identicos ao do caso inicial. Se os o que se a taxa de proporcionalide entre o que se recebe e o que se descontanõo há razão para haver diferenças relativamente aos valores derivados usando (1).
Tens de rever a notação, senão num dos dos lados das equações ficas com a+b=1 e no outro a+b=r.

Mas essencialmente o teu uso da palavra produtividade significa que queres ter uma taxa progressiva nos descontos para a reforma tal como acontece no IRS (em vez de ser fixa como atualmente).

Matematicamente podes tratar o problema do seguinte modo
1) Uso de uma curva em S na taxa de descontos e uso de curva em S invertida na taxa de recebimentos
Tal significa que quem mais ganha mais contribui e depois há redistribuição para tornar as reformas mais igualitarias.
Consoante os parâmetros da curva em S pode degenerar numa constante para os descontos e recta para os recebimentos que é a situação actual

2) Uso de uma curva em S invertida na taxa de descontos e na taxa de recebimentos
Esta é a situação em que toda a gente tem de contribuir uma taxa mínima para o bolo global que depois será redistribuido para promover igualdade. Acima da taxa mínima as pessoas descontam para onde quiserem. No caso limite e para o bolo da segurança social toda a gente recebe o mesmo que deverá ser considerado a pensão de sobrevivência.

Fazendo as contas pode-se parametrizar as curvas S apropriadamente.
Para casos simples as contas não são muito dificeis de fazer e quase tenho a certeza que  aparecem em livros espacializados nestes assuntos de reformas

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2013-11-08 18:46:25
Esboçou-se um debate sobre as pensões de reforma no Portugal Falido, onde pensei editar esta análise aritmética. Contudo, como a comunicação e o diálogo é muito vivo naquele tema do fórum, preferi 'exilar' esta análise num recanto mais 'isolado'. No  entanto, se algum participante, mesmo sem ler o post acima quiser comentar algo ou sugerir qualquer estudo sobre o assunto (que não seja muito complexo!) eu tenho algum (moderado) interesse.

Comecemos pela 1ª equação e mencionemos as suposições implícitas que inviabilizam o raciocínio:

(1)   d.a = p.(1-a)

d não é uma váriável independente, pois está limitado pelo que os a's ganham [G], ou dito de uma forma mais pungente, não podes taxar mais que G/a [e mesmo nesse caso tens a história do agricultor e do seu burro, com o 1º a dizer: agora que a habituar-te a não comer e a me começar a dar lucro é que tinhas de morrer!].

Naturalmente que p tb não é uma variável livre, pois no máximo é G/(1-a). Grosso modo G é proporcional ao número de trabalhadores [i.e. tb não é uma variável independente], consequentemente o máximo que os reformados podem receber num mês é

(2) p = k.a/(1-a).

Naturalmente que os reformados não podem receber esta soma, pois no mês seguinte não receberiam nada, já que as pessoas no activo teriam morrido todas à fome, pelo que a e p seriam iguais a zero. [Se a é pequeno, o esquema estoira na mesma.]

Depois exposto o pensamento mágico por detraz da equação (1), não há volta a dar à identidade: os reformados não podem ambicionar receber mais do que o que se produz e quanto mais reformados menos coisas há para se consumir neste vale de lágrimas.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zenith em 2013-11-08 18:53:33
d e p são taxas ou proporções, portantos nºs entre 0 e 1. Não há nada que inviabilize a equação. Claro que d e p não são independentes. Por isso é que estão na mesma equação.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2013-11-08 19:03:35
d e p são taxas ou proporções, portantos nºs entre 0 e 1. Não há nada que inviabilize a equação. Claro que d e p não são independentes. Por isso é que estão na mesma equação.

O problema principal está em que d=d(a) e p=p(a), i.e. dependem tb de a.

Ps. O propósito não era provar que a equação (1) estava errada. O propósito era expor o pensamento mágico de d e p serem variáveis independentes submetidas apenas à restrição da equação (1).
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zenith em 2013-11-08 19:10:12
A formula considera que toda a gente recebe a mesma reforma, mas entendi isso como sendo o ponto de partida considerando um caso muito simples.
Depois avançando consiera em que já há 2 tipos, que mesmo assim continua a ser uma grande simplicação, mas entendi que era para ir avançando gradualmente
o d também pode depender de a, mas neste momento e em PT é fixa (23,75%+11% acho eu)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zenith em 2013-11-08 19:27:05
Uma questão que tenho relativamente ao sistema actual de reformas

No sistema actual uma pessoa desconta uma quantidade D e depois recebe R (embora pago por outros). Para um sistema equilbrado (feitas as contas com taxa de desconto) deve ser R=D. No entanto as reformas são sujeitas a IRS e aquilo que o reformado recebe é R-I onde I são os impostos.

Quando se diz que o sistema não é sustentável, quer dizer o que?
1) D não cobre R
2) D não cobre R-I

porque se for 1) é um bocado desonesto dramatizar o problema dizendo que a SS é deficitária e necessita de  transferências do orçamento
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-08 19:44:08
Vi por alto, e com gosto, as intervenções.

Que me parece terem resposta sem alteração
de enunciados e cálculos. Mas tenho de as ver
com cuidado. E, ... passa-se que comprei
um computador novo que tem ainda
de receber algumas configurações.

Só posso participar mais tarde.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2013-11-08 20:19:27
Uma questão que tenho relativamente ao sistema actual de reformas

No sistema actual uma pessoa desconta uma quantidade D e depois recebe R (embora pago por outros). Para um sistema equilbrado (feitas as contas com taxa de desconto) deve ser R=D. No entanto as reformas são sujeitas a IRS e aquilo que o reformado recebe é R-I onde I são os impostos.

Quando se diz que o sistema não é sustentável, quer dizer o que?
1) D não cobre R
2) D não cobre R-I

porque se for 1) é um bocado desonesto dramatizar o problema dizendo que a SS é deficitária e necessita de  transferências do orçamento

Não é nenhum dos dois, que diga-se de passagem tem uma suposição implicita o número de activos e reformados não só é imutável como estão na relação de 1 para 1, além do D e do R serem fixos.

O problema [insustentantabilidade do sistema] é que quando diminui o número de pessoas no activo [é um facto devido à redução da natalidade desde a década de 70] o número crescente de reformados [de décadas anteriores, onde a natalidade estava a aumentar aliado ao aumento da esperança de vida] não é compatível com a manutenção dos valores pagos pelas pessoas no activo e recebidos pelos reformados [ambos os valores no agregado, i.e. quantidades totais] a prazo.

Resumindo, os reformados se querem ter netos terão de se habituar a trabalhar até mais tarde ou a receberem menos reforma, a menos que ao contrário de Abraão queiram sacrificar os seus descedentes.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Elias em 2013-11-08 21:35:26
vbm, o teu raciocínio não leva em consideração o facto de as retenções não serem apenas para pagar reformas, mas também subsídios de desemprego, pensões de sobrevivência, pensões de invalidez e rendimentos sociais de inserção. E estes últimos não se calculam apenas com base na demografia, mas sim em factores conjunturais nem sempre previsíveis.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: valves1 em 2013-11-09 16:15:11
eu volto a frisar aquilo que ha uns tempos referi  que existem paises dito desenvolvidos ( do G8 ) onde aquilo que conhecemos como reforma nao existe; O estado paga qualquer coisa apartir de uma certa idade mas nao aquilo que sequer se possa chamar uma pensao de reforma.
as pessoas tem a opcao de gastarem ou pouparem o rendimento que auferem ; Nem a sequer a inclusao das  pessoa em esquemas  fundos de pensoes privados tem caracter obrigatorio apesar de ser evidentemente encorajado pelo estado;
e evidente que nesses paises as pessoas conseguem poupar, coisa que nao e muito possivel em Portugal no entanto o sistema de pensoes em Portugal se nao for apartir de certa altura financiado de fora vai esbarrar  na insustentabilidade
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: valves1 em 2013-11-09 19:09:15
Ja agora uma noticia mais abaixo  bem mais  explicita   que as formulas de matematica ou textos  aqui apresentados  :

 reparem que mesmo que a populacao  nao activa jovem no futuro   represente apenas  20  %, da populacao  se contarmos com +  10 %  que nao descontem e /ou que sejam recebedorea  liquidos  via subvencoes sociais diversas
 provavelmente teremos uma pessoa a descontar para quase duas num futuro nao muito longinquo ...
baseado nos valores dos descontos atuais o sistema por si so  nao vai ser capaz de financiar os compromissos  ja assumidos



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População portuguesa com mais de 65 anos quase que duplica até 2050
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1 de Outubro, 2013
Portugal tem actualmente 26,6% da população com mais de 65 anos, mas até 2050 esse valor deverá ultrapassar os 40%, razão pela qual aparece em 34.ª posição no "Índice Global de Envelhecimento 2013", divulgado hoje.
O relatório "Índice Global de Envelhecimento 2013" elaborado pela organização HelpAge International com o financiamento do Fundo Mundial de População das Nações Unidas (UNFPA, sigla em inglês) é o primeiro índice que mede a qualidade de vida e de bem-estar das pessoas idosas em todo o mundo.

A apresentação do estudo coincide com o Dia Internacional das Pessoas Idosas, que se assinala hoje.

Nos dados específicos sobre Portugal, o relatório aponta que o país tem já uma elevada percentagem (26,6%) de pessoas idosas, sendo expectável que esse valor aumente para 40,4% até 2050 e fazendo com que Portugal passe de oitavo para segundo lugar relativamente à população idosa, entre 195 países.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Luisa Fernandes em 2013-11-09 19:38:10
O debate na SIC Noticias, em que participou com muito mérito a presidente da APRe, permitiu esclarecer as justificações com que o governo pretende pôr em causa os compromissos assumidos com os credores mais antigos do Estado: os pensionistas.


A razão repetida constantemente pelo governo é de um hipotético deficit de 4,4 mil milhões de euros na Caixa Geral de Aposentações-CGA, deficit que teria de ser pago por todos os portugueses e iria cair sobre os ombros dos mais novos.


No debate ficou evidente que a justificação fundamental não é a que os cálculos, corrigidos ao longo dos anos, para garantir receitas  que assegurassem a sustentabilidade do sistema de pensões estavam errados. Ninguém demonstrou que se o fundo da CGA fosse  fechado e por exemplo administrado autonomamente, e o Estado tivesse vindo a colocar  a parte que lhe competia e fazia parte do contrato com os trabalhadores, esse fundo  estaria agora deficitário.


Nessa entrevista percebemos onde está a GRANDE FALSIFICAÇÃO: CONSIDERAR PARA UMAS COISAS A CGA COMO UM FUNDO FECHADO E PARA OUTRAS  UM FUNDO ABERTO GARANTIDO PELO ESTADO.


Esta prestidigitação de classificações contraditórias serve agora para tentar manipular a opinião pública, virar os jovens contra os velhos  e tentar atacar mais uma vez os reformados deixando incólumes os grandes interesses financeiros.


A justificação fundamental baseia-se afinal  num pequeno truque contabilístico:

-  Considerar que as dívidas do Estado a um fundo virtual não são exactamente isso, dívidas,  isto é, verbas que têm de ser repostas . Aliás, como foi reconhecido, essa reposição foi sempre feita ao longo do tempo, assegurando o pagamento das pensões, pois não é uma dívida para pagar totalmente e de imediato, como agora foi feito por exemplo com os swaps (para isso já houve dinheiro, mais de mil milhões duma assentada). Pelo facto de a parte do Estado-23,75%  entre 1993 e 2003-  não ter sido lançada na rubrica respectiva, evidentemente que o saldo teria de ser negativo. Escamotear uma dívida é fazer contas de forma fraudulenta.

-  Esconder que se a CGA deixou de receber contribuição dos funcionários públicos a partir de 2006, esse dinheiro continuou a entrar para os cofres do Estado, mas agora  para  outra entidade administrativa, a Segurança Social,   aumentando evidentemente o suposto desequilíbrio contabilístico da CGA
.

-  Esconder que a reforma feita em 2006, integrada no reestruturação do sector público permitiu ao Estado fazer enormes poupanças resultantes da diminuição dos funcionários que ao serem reformados passaram a deixar de constar de outras entidades administrativas e passaram a constar da folha de pagamentos da CGA. No seu computo geral o Estado beneficiou com essa reforma, aliás na altura elogiada nacional e internacionalmente, mas usando o truque de considerar para este efeito  a CGA como um fundo fechado, o resultado é assim apresentado como  prejudicial para o Estado e não benéfico como foi unanimemente considerado por gente dos mais variados quadrantes políticos.


Faça-se um paralelo com o que se passa num banco. O cliente deposita  as suas poupanças num depósito a prazo. O banco entretanto aplica esse dinheiro, e pode legalmente  emprestar ou aplicar  muito mais do que o montante dos depósitos efectuados. Se qualquer banco adoptasse esta lógica fraudulenta  do governo, bastava contabilisticamente fazer o mesmo: criava uma conta chamada “depósitos a prazo e aplicações e empréstimos” da qual retirava as aplicações e empréstimos feitos. Essa conta seria astronomicamente deficitária e seria então exibida ao cliente que viesse levantar as suas economias. Diria então o banqueiro: “como vê a situação é muito má, e tem muita sorte se lhe der 90% do que depositou e isto sem quaisquer juros. Quer que sejam os outros clientes a pagar um problema da sua conta?”.


Ora este truque contabilístico em que o Estado começa por perdoar a si mesmo a dívida que fazia parte do contrato assumido com os funcionários públicos foi há muito desmontado pelo economista da CGTP Eugénio Rosa:

“Só no período 1993-2003 se o Estado tivesse pago à CGA 23,75% das remunerações, a CGA com o excedente obtido, rentabilizado à taxa de 4%, teria agora uma reserva de 12.623 milhões €“

Ver http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2012/9-2013-Sustentabilidade-Seg-Social-C.pdf (http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2012/9-2013-Sustentabilidade-Seg-Social-C.pdf)


Enquanto o Secretario de Estado  Helder Rosalino fala de 4,4 mil milhões negativos Eugénio Rosa fala de mais de 12 mil milhões positivos!


A mistificação é demasiado grosseira e parte como se disse de manobrar as contas considerando quando convêm  que o fundo é aberto e que portanto as dívidas anteriores do Estado não  podem ser contabilizadas, e  depois que é um fundo fechado  que tem um enorme deficit .

Duas classificações contraditórias, um pequeno truque contabilístico e aquilo que seria um fundo  com dotação idênticas ao da Segurança Social –mais de 12 mil milhões positivos – passa a ser um calvário que terá de ser pago por todos os portugueses, nomeadamente pelos mais novos.


O passo seguinte, se este governo não for travado é fazer qualquer outra manobra com os fundos da Segurança Social, que para já foram usados em grande parte para comprar dívida do Estado.


 Mistificar,  dividir os portugueses e avançar para o seu empobrecimento galopante é a conclusão que podemos tirar do debate no programa Expresso da Meia Noite na SIC Noticias de 13/9/2013.


José Cavalheiro



P.S. –  Já depois deste texto estar escrito verifiquei que Eugénio Rosa apresenta uma resposta técnica ás manipulações que ontem ouvimos do membro do governo no programa referido. Ver:

 http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2013/42-2013-Manipulacao-expresso-noite.pdf (http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2013/42-2013-Manipulacao-expresso-noite.pdf)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2013-11-09 22:44:24
Então não há dinheiro é de fazer o quê? Carregar mais nos que ganham menos fora do Estado para manter essas reformas? O Estado "fazer os descontos" = alguém pagar para existir esse dinheiro.

Luísa, em que é que é de carregar?
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2013-11-09 23:02:55
Dir-se-ía que é a eugenia rosa: é necessário sacrificar o ecossistema para que dentro do estado não haja falta de caviar à mesa, nem que para isso se tenha de matar todos os esturjões, bem como imolar a descendência de Abraão.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Mystery em 2013-11-09 23:25:45
Tendo em conta que hoje o rácio de contribuintes líquidos / pensionista é de 4 para 1 e em 2050 será de apenas 2 para 1, é exactamente isso que eles pretendem fazer.

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2013-11-10 00:19:24
contribuintes da seguranca social e CGA: 4.2 milhoes + 0.53 Milhoes
reformados = 3.6 milhoes
subsidios de desemprego = 0.4 milhoes
rsi= 0.42 milhoes, mas vamos retirar o que tem menos de 25 anos: 0.42 - 0.2 = 0.22 milhoes


racio contribuintes/reformados = 1.31

racio contribuintes/(reformados + desempregados a receber) = 1.18

racio contribuintes/(reformados+desempregados+rsi) = 1.12

nao sei se o ultimo racio faz todo o sentido pois pode haver sobreposicao dependendo das condicoes do subsidio

se virem algum erro nas contas digam, alguns dos dados do pordata nao sao completamente claros a que se referem.mas bate certo com outra forma de fazer as contas: 5.5 milhoes populacao activa *.84 da praticamente o mesmo numero de contribuintes liquidos
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2013-11-10 13:41:15
O que ainda safa o sistema é que muitos dos recipientes obtêm montantes muito baixos do sistema (reformados, rsi). Não fosse isso e a coisa estoiraria agora mesmo.

Mas é curioso como a Luísa se preocupa imenso é com os que obtêm montantes elevados.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2013-11-10 15:53:22
os que obtem rendimentos elevados como sao muito poucos nao fazem diferenca para a viabilidade do sistema, se a luisa diz essas coisa e' porque nao sabe fazer contas e nao aprendeu a faze-las na escola publica onde estudou  :D
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-10 17:48:56
Citar
(3)      d.(ak+b) = p.r.(0.1k+0.9)
Ou, com os coeficientes numéricos assumidos, para d, p, e a
(3.1)           0.3*(0.1k+0.9-r) = 0.7*r*(0.1k+0.9)
Parece-me que há aqui um erro. Para k=1 tem de coincidir com (2). deverá ser
d.(ak+b).(1-r) = p.r.(0.1k+0.9)



A passagem da expressão (3) para (3.1), assume uma premissa hipotética nova, - expressa no parágrafo do texto imediatamente anterior à equação (3) -, de a população reformada, r, i.e., (1-a-b), ser composta de 10% de ex-activos de produtividade que auferiam na vida activa k salários base e 90% de ex-activos de produtividade 1. 

Assim, a expressão (3.1) reporta no 2ºmembro a repartição das pensões p=0.7 pela população reformada, r, dividida em duas componentes: uma de 0.1, cuja reforma será k vezes a de base; a outra, de 0.9, que aufere a pensão base.

Quanto ao 1º membro, a expressão (ak+b) é igual a (0.1k+0.9-r), pois r=1-a-b, o que dá b=0.9-r

De qualquer modo, tu tens razão, devia ter diversificado a notação porque o a da fórmula (1) é toda a população activa; na (2) já só é a de maior produtividade que apenas somada a b dá o total primitivo de (1); por fim, para distinguir pensões nos casos (3) e (5) tive de hipostasiar 0.1 de reformados com melhores pensões, e 0.9 dos restantes o que dá uma repartição igual à dos salários dos activos o que pode baralhar a compreensão…

Nota que, em todos os casos, (1), (3) e (5), para k=1, o equilíbrio no sistema de descontos de 30% e pensões de 70% só ocorre com 70% de contribuintes para 30% de reformados, como é evidente.


Noutro post, abordo outras questões que colocaste.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-10 18:33:26
Mas essencialmente o teu uso da palavra produtividade significa que queres ter uma taxa progressiva nos descontos para a reforma tal como acontece no IRS (em vez de ser fixa como atualmente).

Não. A taxa (d) de desconto dos salários é fixa; só o total descontado é proporcional ao salário auferido. A "palavra" produtividade, utilizada no cálculo, apenas se reflecte em salários desiguais - supostos naturalmente, correlacionar-se com a importância do trabalho profissional.

Eu apliquei d=0.3 e p=0.7, apenas para ir ver o que tal exigia em termos de reformados por activo - ou o inverso, activos por reformado, uma espécie de "quota de co-propriedade" do activo por conta de cada reformado, assim do tipo de direitos de "passe de um jogador de futebol", em cada trespasse de clube :).

Vi na net. No caso de Portugal, a TSU patronal é de 23 3/4% e a do empregado 11%.

Também, como disseste ao hermes, a, b, p são proporções, parâmetros de 0 a 1, e k maior ou igual a 1. Portanto, estas variáveis paramétricas implicitamente a um salário base unitário per capita da população activa e reformada. Estes coeficientes multiplicados pelos respectivos valores absolutos da população e remuneração base per capita, dão os fluxos totais de equilíbrio ou desequilíbrio entre as contribuições e as reformas.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-10 19:52:02
Citação de: author=Zenith link=topic=2232.msg91264#msg91264 date=1383935097

Matematicamente podes tratar o problema do seguinte modo

1) Uso de uma curva em S na taxa de descontos e uso de curva em S invertida na taxa de recebimentos

Tal significa que quem mais ganha mais contribui e depois há redistribuição para tornar as reformas mais igualitarias.

Consoante os parâmetros da curva em S pode degenerar numa constante para os descontos e recta para os recebimentos que é a situação actual

2) Uso de uma curva em S invertida na taxa de descontos e na taxa de recebimentos

Esta é a situação em que toda a gente tem de contribuir uma taxa mínima para o bolo global que depois será redistribuido para promover igualdade. Acima da taxa mínima as pessoas descontam para onde quiserem. No caso limite e para o bolo da segurança social toda a gente recebe o mesmo que deverá ser considerado a pensão de sobrevivência.

Fazendo as contas pode-se parametrizar as curvas S apropriadamente.

Para casos simples as contas não são muito difíceis de fazer e quase tenho a certeza que  aparecem em livros especializados nestes assuntos de reformas


O que é uma curva em S? É a logística?

É uma boa ideia. A logística invertida, começando alto acabando baixo, parece-me bem, excepto que na fase alta, de descontos, prefiro-os a taxa proporcional igual para todos, sejam altos ou baixos os salários. No pagamento de pensões é que admito um plafond máximo - o triplo da pensão para os vencimentos doze ou mais vezes superiores ao de base, e decrescendo desse patamar até à base, i.e., de 3 a 1, consoante as remunerações contributivas históricas se hajam posicionado decrescentemente de 12 à base 1.

Concordo com o caso 2), só com a diferença de todos contribuírem com a taxa proporcional máxima, igual para todos, e depois a pensão máxima não ultrapassar um dado plafond do qual desce até à pensão base auferida pelos detentores de uma carreira contributiva de produtividade normal (k=1). Foi o cálculo que imaginei no caso (5) com plafond; utilizei a taxa fixa da fórmula (4.1), a raiz índice 12 do triplo da produtividade 3^(1/12)=9.58%.

Os profissionais de alta produtividade pagam como os demais para a segurança social. E como ganham muito mais do que os outros, se quiserem podem aplicar as suas possíveis vultuosas poupanças nos fundos de investimento ou apólices de seguro que melhor entendam proteger a sua fortuna para a velhice e ou benefício dos herdeiros!

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-10 20:12:30
Uma questão que tenho relativamente ao sistema actual de reformas

No sistema actual uma pessoa desconta uma quantidade D e depois recebe R (embora pago por outros). Para um sistema equilbrado (feitas as contas com taxa de desconto) deve ser R=D. No entanto as reformas são sujeitas a IRS e aquilo que o reformado recebe é R-I onde I são os impostos.

Quando se diz que o sistema não é sustentável, quer dizer o que?
1) D não cobre R
2) D não cobre R-I

porque se for 1) é um bocado desonesto dramatizar o problema dizendo que a SS é deficitária e necessita de  transferências do orçamento


:)

O d cobrado ao contribuinte é retirado de um salário que suporta também um imposto, como o suporta a pensão do reformado. Penso que este sistema de computar salários brutos de impostos como despesas e os impostos como receitas do Tesouro público nasceu para dar tratamento uniforme aos assalariados públicos e privados, facilitador de comparações. Porque antigamente, os funcionários públicos não pagavam impostos nenhuns. Recebiam os líquidos, simplesmente. Como aliás todos fazemos: recebemos os líquidos, sejam salários, pensões, juros ou rendas. Grave é apenas que o sistema de segurança social, - iniciado aliás pelo Marcello Caetano -, generalizou-se convencendo os cidadãos que já não precisavam de acautelar a sua velhice com as poupanças que eram de uso, porque, justamente, a segurança social cuidaria de todos e até substituiria com vantagem as precauções naturais que a propriedade privada acautelava no passado... É clamoroso o desrespeito pelos cidadãos. Mas, é facto, historicamente sempre as populações foram confiscadas quando inevitavelmente necessário.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zenith em 2013-11-10 20:41:09
Citação de: author=Zenith link=topic=2232.msg91264#msg91264 date=1383935097

Matematicamente podes tratar o problema do seguinte modo

1) Uso de uma curva em S na taxa de descontos e uso de curva em S invertida na taxa de recebimentos

Tal significa que quem mais ganha mais contribui e depois há redistribuição para tornar as reformas mais igualitarias.

Consoante os parâmetros da curva em S pode degenerar numa constante para os descontos e recta para os recebimentos que é a situação actual

2) Uso de uma curva em S invertida na taxa de descontos e na taxa de recebimentos

Esta é a situação em que toda a gente tem de contribuir uma taxa mínima para o bolo global que depois será redistribuido para promover igualdade. Acima da taxa mínima as pessoas descontam para onde quiserem. No caso limite e para o bolo da segurança social toda a gente recebe o mesmo que deverá ser considerado a pensão de sobrevivência.

Fazendo as contas pode-se parametrizar as curvas S apropriadamente.

Para casos simples as contas não são muito difíceis de fazer e quase tenho a certeza que  aparecem em livros especializados nestes assuntos de reformas



O que é uma curva em S? É a logística?

É uma boa ideia. A logística invertida, começando alto acabando baixo, parece-me bem, excepto que na fase alta, de descontos, prefiro-os a taxa proporcional igual para todos, sejam altos ou baixos os salários. No pagamento de pensões é que admito um plafond máximo - o triplo da pensão para os vencimentos doze ou mais vezes superiores ao de base, e decrescendo desse patamar até à base, i.e., de 3 a 1, consoante as remunerações contributivas históricas se hajam posicionado decrescentemente de 12 à base 1.

Concordo com o caso 2), só com a diferença de todos contribuírem com a taxa proporcional máxima, igual para todos, e depois a pensão máxima não ultrapassar um dado plafond do qual desce até à pensão base auferida pelos detentores de uma carreira contributiva de produtividade normal (k=1). Foi o cálculo que imaginei no caso (5) com plafond; utilizei a taxa fixa da fórmula (4.1), a raiz índice 12 do triplo da produtividade 3^(1/12)=9.58%.

Os profissionais de alta produtividade pagam como os demais para a segurança social. E como ganham muito mais do que os outros, se quiserem podem aplicar as suas possíveis vultuosas poupanças nos fundos de investimento ou apólices de seguro que melhor entendam proteger a sua fortuna para a velhice e ou benefício dos herdeiros!




Qualquer curva que tenha uma forma em S. A curva logistica é a mais comum, mas podem ser definidas várias

http://en.wikipedia.org/wiki/Sigmoid_function (http://en.wikipedia.org/wiki/Sigmoid_function)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: valves1 em 2013-11-10 20:45:33
Citar
O que ainda safa o sistema é que muitos dos recipientes obtêm montantes muito baixos do sistema (reformados, rsi). Não fosse isso e a coisa estoiraria agora mesmo
.

mas mesmo  esses montantes muito baixos tenderao a subir, porque essas pensoes resultam do facto de muita gente nao ter descontado no passado enquanto cidadaos activos,   o que se passa e que apesar de tudo hoje existem mais pessoas incluidas no sistema como contribuintes e portanto com direitos teoricos a pensoes superiores no futuro.

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-10 22:05:40

[ ]
Depois exposto o pensamento mágico por detrás da equação (1), não há volta a dar à identidade: os reformados não podem ambicionar receber mais do que o que se produz e quanto mais reformados menos coisas há para se consumir neste vale de lágrimas.

É, este "vale de lágrimas"
está cheio de "consumações". Lol

Mas quanto ao pensamento mágico,
não vejo magia nenhuma.

E não confundas identidade com igualdade!

Aquela reporta a singularidade da equivalência
de uma mesma natureza. Já uma igualdade
equacionada ocorre na condição da solução
de um conjunto dado de valores das variáveis.

Assim, a equação descontos dos empregados
versus pensões dos reformados
é mais uma potencial inequação
de maior/menor um do outro,
do que equação resolvida.

Em todo o caso, o equilíbrio é-o à la longue,
e não em cada ano específico: embolsa-se
mais nuns anos, desembolsa-se mais
noutros. Mas verdade histórica
e geográfica universal
é a de que,

quem não trabalha,
vive à custa de quem trabalha
.


Sem remissão da lei de Malthus,
e da que tu próprio mencionaste:

- quem não come morre! -;

o que confere com o pensamento
matemático-economicista de Nuno Crato:

- Se estivermos um ano sem comer,
conseguimos pagar a dívida
,

e, já agora, acrescentamos nós,
conseguimos também resolver
o problema dos reformas,
porque deixamos todos
de existir.

lol



 
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-10 22:16:32
vbm, o teu raciocínio não leva em consideração o facto de as retenções não serem apenas para pagar reformas, mas também subsídios de desemprego, pensões de sobrevivência, pensões de invalidez e rendimentos sociais de inserção. E estes últimos não se calculam apenas com base na demografia, mas sim em factores conjunturais nem sempre previsíveis.

Sei, claro.
Mas só quis compulsar o impacto
da produtividade, reflectida em salários
altos e descontos a condizer, na capacidade
de financiamento de reformados, que se eleva
substancialmente.

Falácia política é a dos que defendem o plafond de reformas
- o que é obviamente necessário e inescapável -,
mas o que exigem igualmente é plafond
descontos, o que compromete
o sistema de pensões para
a larga maioria
da população.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-10 22:22:37
eu volto a frisar aquilo que ha uns tempos referi  que existem paises dito desenvolvidos ( do G8 ) onde aquilo que conhecemos como reforma nao existe; O estado paga qualquer coisa apartir de uma certa idade mas nao aquilo que sequer se possa chamar uma pensao de reforma.
as pessoas tem a opcao de gastarem ou pouparem o rendimento que auferem ; Nem a sequer a inclusao das  pessoa em esquemas  fundos de pensoes privados tem caracter obrigatorio apesar de ser evidentemente encorajado pelo estado;
e evidente que nesses paises as pessoas conseguem poupar, coisa que nao e muito possivel em Portugal no entanto o sistema de pensoes em Portugal se nao for apartir de certa altura financiado de fora vai esbarrar  na insustentabilidade


Há só um pequeno "pormenor":
- os cidadãos foram "pastoreados"
para o regime do estado segurança
social, até fazendo-os crer que já nem
precisavam de ter propriedade com a qual
acautelar o seu futuro.

Deste modo, o embuste nem precisou
de confiscar os cidadãos ou negar-lhes
o direito de propriedade: foi tão perfeito
que os próprios até desistiram de a ter,
porque lhes "dariam" uma pensão condigna!

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-10 22:31:37
O debate na SIC Noticias, em que participou com muito mérito a presidente da APRe, permitiu esclarecer as justificações com que o governo pretende pôr em causa os compromissos assumidos com os credores mais antigos do Estado: os pensionistas.

[ ]

Por muito que se debata, proteste ou lamente
este descalabro financeiro do sistema de pensões,
do orçamento do estado e da balança de pagamentos,

o ponto é que a esquerda tem razão, sim senhor,
mas apenas em exigir que todos participem
na resolução das dificuldades,
com equidade de sacrifícios,

e não em simplesmente protestar
lunática e subversivamente
na maior ignorância e
irresponsabilidade.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-10 22:37:20
[ ]
Qualquer curva que tenha uma forma em S. A curva logistica é a mais comum, mas podem ser definidas várias

[url]http://en.wikipedia.org/wiki/Sigmoid_function[/url] ([url]http://en.wikipedia.org/wiki/Sigmoid_function[/url])


Hei-de ir lembrar essas funções.
Obrigado.

(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/88/Logistic-curve.svg/320px-Logistic-curve.svg.png)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2013-11-11 13:08:58
O debate na SIC Noticias, em que participou com muito mérito a presidente da APRe, permitiu esclarecer as justificações com que o governo pretende pôr em causa os compromissos assumidos com os credores mais antigos do Estado: os pensionistas.

[ ]

Por muito que se debata, proteste ou lamente
este descalabro financeiro do sistema de pensões,
do orçamento do estado e da balança de pagamentos,

o ponto é que a esquerda tem razão, sim senhor,
mas apenas em exigir que todos participem
na resolução das dificuldades,
com equidade de sacrifícios,

e não em simplesmente protestar
lunática e subversivamente
na maior ignorância e
irresponsabilidade.

Mesmo "exigir que todos participem na resolução das dificuldades, com equidade de sacrifícios," é debatível se nos períodos anteriores se tiverem criado situações injustas sem sentido que fazem parte do problema, como reformas e salários excessivos em topo de carreira no Estado. Nesse caso faria sentido, antes de todos partilharem dos sacrifícios, eliminar esses excessos. É contra isso que a Luísa luta, porque claramente é uma recipiente dos excessos.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-11 16:49:14
Mesmo "exigir que todos participem na resolução das dificuldades, com equidade de sacrifícios," é debatível se nos períodos anteriores se tiverem criado situações injustas sem sentido que fazem parte do problema, como reformas e salários excessivos em topo de carreira no Estado. Nesse caso faria sentido, antes de todos partilharem dos sacrifícios, eliminar esses excessos. É contra isso que a Luísa luta, porque claramente é uma recipiente dos excessos.

A Luísa está errada, essa correcção é justa, faz parte da equidade intertemporal de sacrifícios. Eu tenho esperança que o Tribunal Constitucional aprove o orçamento de estado nessa medida de reequilíbrio do emprego público e privado, e também das pensões dos dois sistemas, porque o Tribunal sabe que o Executivo tem a obrigação de governar, o que exige medidas drásticas de reequilíbrio radical.

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2013-11-11 17:34:43
Mesmo "exigir que todos participem na resolução das dificuldades, com equidade de sacrifícios," é debatível se nos períodos anteriores se tiverem criado situações injustas sem sentido que fazem parte do problema, como reformas e salários excessivos em topo de carreira no Estado. Nesse caso faria sentido, antes de todos partilharem dos sacrifícios, eliminar esses excessos. É contra isso que a Luísa luta, porque claramente é uma recipiente dos excessos.

A Luísa está errada, essa correcção é justa, faz parte da equidade intertemporal de sacrifícios. Eu tenho esperança que o Tribunal Constitucional aprove o orçamento de estado nessa medida de reequilíbrio do emprego público e privado, e também das pensões dos dois sistemas, porque o Tribunal sabe que o Executivo tem a obrigação de governar, o que exige medidas drásticas de reequilíbrio radical.

Totalmente de acordo consigo, porém duvido que as pessoas do Tribunal Constitucional concordem, pois a concordância é-lhes dolorosa.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Lucky Luke em 2013-11-12 18:06:45
Mesmo "exigir que todos participem na resolução das dificuldades, com equidade de sacrifícios," é debatível se nos períodos anteriores se tiverem criado situações injustas sem sentido que fazem parte do problema, como reformas e salários excessivos em topo de carreira no Estado. Nesse caso faria sentido, antes de todos partilharem dos sacrifícios, eliminar esses excessos. É contra isso que a Luísa luta, porque claramente é uma recipiente dos excessos.

A Luísa está errada, essa correcção é justa, faz parte da equidade intertemporal de sacrifícios. Eu tenho esperança que o Tribunal Constitucional aprove o orçamento de estado nessa medida de reequilíbrio do emprego público e privado, e também das pensões dos dois sistemas, porque o Tribunal sabe que o Executivo tem a obrigação de governar, o que exige medidas drásticas de reequilíbrio radical.

Totalmente de acordo consigo, porém duvido que as pessoas do Tribunal Constitucional concordem, pois a concordância é-lhes dolorosa.
o tribunal constitucional tem de concordar com a constituição
é pena que o tribunal constitucional tenha virado bode expiatório das muitas responsabilidades deste governo e da troika
é pena que não se diga que elementos do tribunal nomeados pelo governo têm votado "contra" o governo...porque será ?
há quem se esqueça que a nossa constituição é, no essencial, muito parecida com as outras constituições
o que se quer é suspender o Estado de Direito
porque não interviu/falou Barroso quando das decisões do tribunal constitucional alemão ?
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2013-11-12 18:14:46
Mesmo "exigir que todos participem na resolução das dificuldades, com equidade de sacrifícios," é debatível se nos períodos anteriores se tiverem criado situações injustas sem sentido que fazem parte do problema, como reformas e salários excessivos em topo de carreira no Estado. Nesse caso faria sentido, antes de todos partilharem dos sacrifícios, eliminar esses excessos. É contra isso que a Luísa luta, porque claramente é uma recipiente dos excessos.

A Luísa está errada, essa correcção é justa, faz parte da equidade intertemporal de sacrifícios. Eu tenho esperança que o Tribunal Constitucional aprove o orçamento de estado nessa medida de reequilíbrio do emprego público e privado, e também das pensões dos dois sistemas, porque o Tribunal sabe que o Executivo tem a obrigação de governar, o que exige medidas drásticas de reequilíbrio radical.

Totalmente de acordo consigo, porém duvido que as pessoas do Tribunal Constitucional concordem, pois a concordância é-lhes dolorosa.
o tribunal constitucional tem de concordar com a constituição
é pena que o tribunal constitucional tenha virado bode expiatório das muitas responsabilidades deste governo e da troika
é pena que não se diga que elementos do tribunal nomeados pelo governo têm votado "contra" o governo...porque será ?
há quem se esqueça que a nossa constituição é, no essencial, muito parecida com as outras constituições
o que se quer é suspender o Estado de Direito
porque não interviu/falou Barroso quando das decisões do tribunal constitucional alemão ?

Lucky, as decisões do Tribunal Constitucional têm-se apoiado em princípios gerais para defender os interesses de alguns, só isso.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2013-11-12 19:16:25
Mesmo "exigir que todos participem na resolução das dificuldades, com equidade de sacrifícios," é debatível se nos períodos anteriores se tiverem criado situações injustas sem sentido que fazem parte do problema, como reformas e salários excessivos em topo de carreira no Estado. Nesse caso faria sentido, antes de todos partilharem dos sacrifícios, eliminar esses excessos. É contra isso que a Luísa luta, porque claramente é uma recipiente dos excessos.

A Luísa está errada, essa correcção é justa, faz parte da equidade intertemporal de sacrifícios. Eu tenho esperança que o Tribunal Constitucional aprove o orçamento de estado nessa medida de reequilíbrio do emprego público e privado, e também das pensões dos dois sistemas, porque o Tribunal sabe que o Executivo tem a obrigação de governar, o que exige medidas drásticas de reequilíbrio radical.

Totalmente de acordo consigo, porém duvido que as pessoas do Tribunal Constitucional concordem, pois a concordância é-lhes dolorosa.
o tribunal constitucional tem de concordar com a constituição
é pena que o tribunal constitucional tenha virado bode expiatório das muitas responsabilidades deste governo e da troika
é pena que não se diga que elementos do tribunal nomeados pelo governo têm votado "contra" o governo...porque será ?
há quem se esqueça que a nossa constituição é, no essencial, muito parecida com as outras constituições
o que se quer é suspender o Estado de Direito
porque não interviu/falou Barroso quando das decisões do tribunal constitucional alemão ?

Eu não estou a fazer do Tribunal Constitucional um bode espiatório, apenas estou a observar [i.e. não estou a fazer nenhuma campanha para os forçar a fazer alguma coisa, estou sim a analisar os seus interesses pessoais para adivinhar o que vão fazer... percebes a diferença? :D] que os humanos não costumam a dar murros em si próprios [com a excepção dos masoquistas... e decisões passadas permitem a inferência com elevada confiança de que juizes do TC não têm tal atributo] e a tirar as devidas ilações sobre a descisão dos juizes em causa própria.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-15 17:14:00
[ ]
Além disso, não se pode ignorar a realidade do desemprego tecnológico e o facto de que muitos empregos atuais podem ser pefeitamente desempenhados por máquinas e robôs. Essa é a tendência inevitável no futuro, pois a finalidade do labor humano reside não no trabalho braçal mas sim no desempenho intelectual e criativo. Isto implica igualmente uma educação cada vez mais centrada nos interesses dos estudantes e na sua capacidade de pensamento crítico e independente.
[ ]


É verdade que o desenvolvimento técnico-científico do sistema de produção de bens e serviços gera desemprego tecnológico e transfere importante volume de emprego para outro tipo de actividade, mais intelectual e criativo. Este género de trabalho, é também de produtividade dificilmente aumentável. Na medida em que se revele de facto útil e necessário, terá procura e valor social - desejavelmente, bem distincto do trabalho(-vígaro), sem valor nenhum objectivo, apenas impingido a populações alienadas, à base do marketing abusivo e desrespeitador das pessoas - pelo que será remunerado pelo nível de salário que sustente o trabalhador e a sua família, nos padrões históricos atingidos por cada sociedade.

Dentro de um sistema lógico como o da repartição acima descrita, a produtividade do trabalho gera os recursos suficientes para o bem-estar de uma sociedade progressiva.

Acontece porém, que a capitalização da produção agroindustrial e o comércio de serviços financeiros globalizou-se pelos cinco continentes, de tal forma que se tornou possível deslocalizar indústrias inteiras de um continente para outro, sem transumância de populações.

Por efeito deste último movimento, o desemprego tecnológico dos  países desenvolvidos tende a não ser reabsorvido tão celeremente quanto desejável em novos tipos de trabalho de produtividade normal, por as mais-valias do capital industrial se aplicarem predominantemente na prossecução deste tipo de  investimentos deslocalizados, altamente rentáveis.

Até ao momento em que a pura acumulação lucros contabilísticos redunde ou em aplicações de juros cada vez menores, ou em juros nominais cada vez maiores, mas reflexo de puro risco de incobráveis, transaccionáveis no mercado do casino bolsista, em que o ganho de uns poucos é a ruína da maioria.

É o caso da China, - e a Alemanha a caminho -, na acumulação de divisas a desvalorizarem-se e créditos sobre estados e devedores em pré-falência, salvo o ouro ainda retido no Ocidente, e o entretanto entesourado na China e na Arábia. O Japão, não sei, mas gostava de saber, porque a deflação tende a galopar, não obstante a emissão monetária do ‘quantative easing’ nipónico, se realmente for isso que estiver a passar-se, que eu não sei, em boa verdade.

De qualquer modo, eu tenho de fechar sempre  estas ‘cosmovisões’ do nosso planeta terrestre, reafirmando teimosamente com Malthus: há gente a mais! Contenhamo-nos na população mundial de 1950: três milhões e meio de pessoas, e abriremos o paraíso na Terra.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2013-11-17 04:29:05
Esse rendimento, se for elevado o suficiente, simplesmente não funciona. Não funciona porque o rendimento não serve de nada se não existirem coisas para comprar - coisas produzidas pelos outros. E "os outros" não são estúpidos para produzirem em troco de coisa nenhuma.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: SrSniper em 2013-11-17 12:29:50
"Subir salário mínimo é estragar a vida aos pobres"

http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3537405 (http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3537405)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Thorn Gilts em 2013-11-17 13:16:46
Esse rendimento, se for elevado o suficiente, simplesmente não funciona. Não funciona porque o rendimento não serve de nada se não existirem coisas para comprar - coisas produzidas pelos outros. E "os outros" não são estúpidos para produzirem em troco de coisa nenhuma.

Eu aceito o Rendimento básico incondicional, acompanhado de trabalho basico incondicional.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2013-11-17 14:08:28
"Subir salário mínimo é estragar a vida aos pobres"

[url]http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3537405[/url] ([url]http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3537405[/url])


O salário mínimo em Portugal, parecendo baixo, já é provavelmente elevado o suficiente para estar a provocar desemprego. Qualquer posto de trabalho tem que exceder um lucro de pelo menos uns 780 euros/mês para fazer sentido criar um posto de trabalho com as regras do SMN actuais. É concebível que muitos postos de trabalho já falhem em produzir mais de 780 euros/mês de lucro "ex-trabalho".

Um exemplo de que subir o SMN nem sempre corre bem ocorreu na Samoa Americana, onde uma subida devido a legislação nos EUA provocou imenso desemprego. Subidas adicionais foram congeladas.

http://finance.yahoo.com/news/congress-oks-american-samoa-minimum-wage-freeze-203732823.html (http://finance.yahoo.com/news/congress-oks-american-samoa-minimum-wage-freeze-203732823.html)

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-17 15:24:44
É verdade que um salário mínimo maior do que o valor de transacção do seu produto marginal não pode proporcionar emprego laboral. A população activa desempregada por esta razão económica ou não sobrevive, ou vive da assistência pública/particular ou é dirigida para trabalhos de utilidade pública - por exemplo, como alvitra João Salgueiro, limpar matas, ruas e jardins -, pagos por impostos arrecadados. Haverá ainda uma quarta saída, para esse tipo de desempregados: emigrar ou criar o seu próprio emprego em prestação de serviços ou produção vendável.

De qualquer modo, isto é uma verdade estrictamente económica. Politicamente, uma proporção elevada de desempregados pode mobilizar-se para derrubar governos através de eleições ou sublevação militar, e mudar de seguida os estratos sociais de desfavorecidos em beneficiados e vice-versa.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2013-11-17 17:41:30
De qualquer modo, isto é uma verdade estrictamente económica. Politicamente, uma proporção elevada de desempregados pode mobilizar-se para derrubar governos através de eleições ou sublevação militar, e mudar de seguida os estratos sociais de desfavorecidos em beneficiados e vice-versa.

Tal afirmação negligencia as duas dinâmicas que jogam contra ela e ou que impedem que ela seja duradoura ao supor erroneamente que:
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2013-11-17 18:51:30
É verdade que um salário mínimo maior do que o valor de transacção do seu produto marginal não pode proporcionar emprego laboral. A população activa desempregada por esta razão económica ou não sobrevive, ou vive da assistência pública/particular ou é dirigida para trabalhos de utilidade pública - por exemplo, como alvitra João Salgueiro, limpar matas, ruas e jardins -, pagos por impostos arrecadados. Haverá ainda uma quarta saída, para esse tipo de desempregados: emigrar ou criar o seu próprio emprego em prestação de serviços ou produção vendável.

De qualquer modo, isto é uma verdade estrictamente económica. Politicamente, uma proporção elevada de desempregados pode mobilizar-se para derrubar governos através de eleições ou sublevação militar, e mudar de seguida os estratos sociais de desfavorecidos em beneficiados e vice-versa.

Os estratos sociais não mudam. Os que servem os outros economicamente tenderão a estar melhor, o resto o que muda são as pessoas que se adaptam melhor ao sistema.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-17 19:53:04
Tal afirmação negligencia as duas dinâmicas que jogam contra ela e ou que impedem que ela seja duradoura ao supor erroneamente que:
  • Quem detém o capital não aprendeu nada com a história [recente], nem aprendeu como minorar os efeitos.
  • Esses estratos não vivem num mundo fechado e têm mobilidades diferentes.

Concordo com ambas as reservas opostas,
passíveis de contrariar e até obstar
à sublevação ou revolução
dos proletarizados.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-17 20:09:40
[ ] Os estratos sociais não mudam. Os que servem os outros economicamente tenderão a estar melhor, o resto o que muda são as pessoas que se adaptam melhor ao sistema.

Concordo. Uma mudança de classe dominante e dirigente beneficia prima facie os que a servem. E os que se adaptam à nova ordem política e económica singram mais rápido na sociedade. Todos temos presente o que sucedeu em Portugal nestes quarenta anos de regime. Só não sei como há de agora mudar para sobreviver e menos vejo quem a dirija.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Thorn Gilts em 2013-11-17 20:34:24
Isso de um salario minimo igual para todos os sectores de actividade é que é estupido. Há que tratar de forma igual na medida em que se desiguala.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-20 12:31:47
A atribuição de um rendimento base de inserção a cada cidadão adulto numa sociedade politicamente dirigida por um governo deve requerer uma série ainda não inventariada de condições de sucesso a garantir. Olhai, por exemplo, todo e qualquer salário compor-se-ia de duas parcelas: i. o dito rendimento base, trabalhe-se ou não; ii. o salário remunerador do trabalho, livre e não-escravo, prestado, maior ou menor consoante a produtividade, e basicamente suficiente para a vida do trabalhador e sua família, nos padrões históricos da  sociedade dada.

Ora, entre as condições de sucesso deste esquema está, não só a produtividade do trabalho, possibilitada pela inteligência, conhecimento e grau de civilização alcançado, como a fecundidade da natureza, e a limitação demográfica da população a níveis compatíveis com o planeta - 3.5 MM habitantes, como em 1950, é o meu palpite.

Sem a engenhosidade e grande mestria política da razão humana, preferível é não avançar para o enorme descalabro da desumanidade a dirigir a humanidade; preferível mil vezes a hegemonia e a ordem cega da natureza, mãe e madrasta, independente da nossa vontade. Para comparação, por exemplo, veja-se o capitalismo regulado pelo padrão-ouro, uma ordem cega, rigorosa e violenta, e o capitalismo pós-Bretton Woods, desregulado e descerebrado.

O rendimento base de inserção é possível só depois de garantidas as condições da sua aplicação que não estão todas equacionadas. Não basta dizer que vai absorver o subsídio de desemprego, de doença, etc., que simplifica a burocracia, que mantém o incentivo ao trabalho e até compactua com a droga!? é uma pergunta, algo  a equacionar no dirigismo colectivista da sociedade versus a  liberdade individual e a garantia da propriedade privada, i.e., a independência face à clique-partido governante.

Uma outra coisa gira da economia, que se o souber fazer talvez me abalance a editá-lo, é equacionar ou descrever a  redistribuição de rendimento do próprio rendimento não-salarial das classes possidentes, a tal questão da lógica do juro e da produtividade, do capital, do crescimento e do emprego.
Título: Re:Básico significa mínimo!
Enviado por: Incognitus em 2013-11-20 12:57:04
Esse rendimento, se for elevado o suficiente, simplesmente não funciona. Não funciona porque o rendimento não serve de nada se não existirem coisas para comprar - coisas produzidas pelos outros. E "os outros" não são estúpidos para produzirem em troco de coisa nenhuma.


O que é que são as chamadas "necessidades básicas"? São aquelas condições mínimas que têm de ser satisfeitas para a sobrevivência da pessoa, como é muito fácil de entender.

Obviamente não faz sentido que o RBI tenha um valor para além do estritamente necessário para permitir a qualquer pessoa viver no denominado "limiar de pobreza (relativa)"... e há quem nem a esse patamar consiga chegar! Em Portugal, calcula-se que um tal montante anda pelos 5000€ anuais, ou cerca de 360€ mensais (incluindo os meses extra das férias e do natal).

Algo muito interessante a respeito do RBI é que uma tal proposta é transversal às correntes políticas... e tanto a favor como contra! Por exemplo, a conhecida "coletivista" Raquel Varela opõe-se ao Rendimento Básico, por razões que têm muito a ver com o "direito ao trabalho". Eis a sua entrevista ao Dinheiro Vivo - "Sou contra o Rendimento Básico Incondicional" ([url]http://www.dinheirovivo.pt/Pesquisa/index.html?searchText=raquel%20varela[/url])

Muito do que ela diz é correto, mormente quando afirma que "os diversos rendimentos mínimos, tecnicamente, aumentam a concorrência entre trabalhadores". Esse parece ser um ponto que não está a ser tomado em consideração por quem aqui alinha ao lado da professora da UNL (ainda que por motivos muito diferentes), pois já expliquei antes que com o RBI desaparece automaticamente a obrigatoriedade do salário mínimo, o qual deixa de fazer sentido! Ou seja, em termos práticos esse rendimento passa a equivaler ao SMN, representado talvez algo como 75-80% do seu valor atual. É que, ao contrário do que sucede hoje em dia, quem tem emprego pode acumular o salário com o Rendimento Básico... daí ele ser "incondicional"!

Mais ainda, quase TODAS as diversas prestações sociais avulsas deixam de existir, incluindo o subsídio de desemprego (pelo menos, na fatia correspondente ao valor do RBI). Isto significa uma forte redução na burocracia do Estado Social com todas as vantagens daí decorrentes. Importa notar, porém, que um indivíduo que aufira rendimentos acima de um certo montante vai devolver, parcial ou totalmente, o RBI nos impostos. Logo, em teoria todos o recebem mas talvez só metade desfrutem dele na totalidade.

Recapitulando mais uma vez: com ou sem RBI, os diversos esquemas de proteção social do "welfare state" já redistribuem uma fatia considerável das "coisas produzidas pelos outros"... é esse o papel dos impostos! Aquilo que se propõe é apenas uma enorme simplificação na tremenda barafunda e complexidade que as ajudas sociais atualmente implicam, dando origem a casos de chocante desigualdade em que mais trabalho pode equivaler a menor rendimento disponível... o que é imoral, desmotivador e não faz sentido! Com um RBI igual para toda a gente - e sem mais apoios, salvo casos específicos - quem trabalha é quem mais ganha... simple as that!

Por fim, volto também a salientar que o conceito de "trabalho humano produtivo" (sobretudo o labor manual) da Era Industrial está cada vez mais desadequado às necessidades do labor criativo que a Era da Informação e do Conhecimento requer. Não é no futuro que as máquinas podem substituir a maior parte do trabalho humano - em quase todo o setor primário e secundário e grande parte do terciário - pois muita dessa tecnologia está disponível agora e é justamente a noção arcaica do "mercado de trabalho" mais o "desemprego" que vem travando a inovação e consequente produtividade económica, mais a libertação do "trabalho escravo", mecânico e rotineiro.

É certo que existem muitos outros aspetos a discutir em tudo isto, mas não é com posições conservadoras e imobilistas - tanto à direita como à esquerda! - que as transformações sociais acontecem. Repito que os fundos públicos para o RBI não são problema e a questão se põe sobretudo em termos de escolha e filosofia política e económica, não apenas ao nível dos países individualmente mas também do coletivo das nações industrializadas.


«A ideia de que o RBI pode incentivar à preguiça corresponde sobretudo a um preconceito cultural e social, e não a uma verdade empiricamente comprovada. Os estudos empíricos realizados em vários países com o objectivo de averiguar a objectividade desta concepção, demonstraram que entre as pessoas que recebem um RBI e têm um trabalho remunerado apenas um número reduzido opta por mudar de trabalho e as que o fazem é com o objectivo de encontrar um trabalho que corresponda mais às suas capacidades e gostos.» - Roberto Merrill


Obviamente o falhar do RBI dependeria do seu montante, sendo baixo o suficiente não provocaria o colapso da produção.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2013-11-28 12:33:32
mas ninguem quer ganhar menos, acho que preferem a infelicidade

ainda agora viu-se isso com a possibilidade de horario reduzido dos FPs, que qs ninguem escolheu
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-28 22:53:47
Trabalhar menos horas por dia não é propriamente o ideal que Agostinho da Silva defendia e propunha. Era bem o contrário: não trabalhar nada ou, às vezes, em sendo o caso, trabalhar umas dezoito horas diárias. No fundo, isto: ser criativo, dar e receber, ser-se apreciado e necessário por e para dar o que outros precisem e assim conseguir viver positivamente. A economia deveria justamente contribuir para este tipo de pleno emprego, porque por muito que a mecanização progrida e aumente a produtividade, nunca o artefacto estandardizado se compara ao produto afeiçoado ao utente, e a arte suprema é da singularidade sem preço. Sempre me lembro, o conto de um artista do sertão brasileiro a quem um turista queria comprar um trio de quadros, que ele só vendia por três mil cruzeiros. O turista achou caro e que não dava mais de dois mil. Então, o autóctone, queimou um dos quadros, e o turista preparava-se para pagar dois mil, ao que ele reagiu e de novo exigiu três mil pelos dois. Não aceitou; queimou mais um quadro. - «E porquanto me vende esse?», perguntou o turista. - «Três mil», foi a resposta. Já não lembro, se o estrangeiro aceitou dar-lhe os três mil por um só dos quadros, ou se foi simplesmente embora. Sei, é que a arte tanto vale o simples como o múltiplo, como nada, porque simplesmente não tem preço, é única e singular.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2013-11-28 23:05:45
A arte como tudo o resto vale o que alguém quiser pagar por ela. (para coisas não vendíveis, o que alguém estiver disposto a prescindir em troca, para ter ou manter algo)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2013-11-29 10:43:40
O valor da arte está na mente do comprador, se achares o contrário, tenho aqui umas artes para te vender. :D
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2013-11-29 12:30:16
Eu gosto de ir à foz do rio lógico da economia.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2013-11-29 16:49:44
Basta ver que uns rabiscos não valem um caracol até ao dia em que se descobre que foram pintados pelo Picasso.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: karnuss em 2013-11-29 17:52:54
Isso quer simplesmente dizer que a marca "Picasso" tem um valor enorme.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-01-04 16:13:07
É curioso que haja quem se surpreenda com a situação frequente de a taxa de juro ser inferior à da inflação ou, quando não é o caso, pouco lhe ser superior. No fundo, essa perplexidade decorre de não se entender o que é o dinheiro, o capital e o juro.

Conceptualizo-os assim: o dinheiro, primitivamente uma mercadoria como outras, mas de aceitação universal no espaço e no tempo, é actualmente um instrumento politicamente imposto como meio de pagamento e liquidação de dívidas, dada a emissão das moedas soberanas ser inconvertível em ouro e os bancos, receptores de depósitos e credores de empréstimos, serem nacionalizados e resgatados por impostos sobre os contribuintes antes e em vez de falirem.

A troco de um juro baixo, os emissores de moeda inconvertível – estados e bancos – operam no mercado aberto de títulos de dívida através da emissão e, ou, amortização de obrigações quer do Tesouro quer de empresas, públicas ou privadas, bancárias ou não, arrecadando ou lançando papel-moeda em circulação ou, nas operações das empresas, diminuindo ou aumentando a liquidez dos depositantes dos bancos em troca de obrigações, i.e., compromissos de reembolso em data futura dos empréstimos contraídos, mediante o pagamento de um juro periódico a dada taxa incidente sobre o valor da obrigação. Essa taxa de juro é maior ou menor consoante a avaliação, em cada tipo de operação, do risco de incumprimento do mutuário.

O processo financeiro parece assim incrementar o dinheiro (D) no decurso do tempo (t) segundo uma taxa de crescimento, o juro (i) por unidade de tempo,

(1)   D(i,t) = D*(1+i)^t

Se o dinheiro se desvalorizar pela inflação a determinada taxa (d), esta será descontada da taxa nominal i para compor a capitalização ao juro real,

(2)   D(i,t,d) = D*(1+i)^t*(1+d)^-t

Ainda que este algoritmo de capitalização do dinheiro formule o respectivo cálculo não explica nem fundamenta o fenómeno do crescimento do dinheiro pelo simples decurso do tempo. Em si, o empréstimo a juros parece ser um mero locupletamento à custa alheia, uma usura injustificada e infundada.

Ora o núcleo do esquema de circulação de capital – e por capital (K) designa-se não só dinheiro acumulado, como tudo o que lhe equivalha por representar poder de aquisição ou dação em pagamento, seja stocks de bens de consumo ou de produção – é justamente o que o faz circular, a saber a capacidade de, aplicando-o num processo de trabalho produtivo adequado (T), criar valor e enriquecer (K´>K) – individual ou colectivamente conforme a ordem jurídica consagre ou não o direito de propriedade privada. 

(3)     K ---> T ---> K’   (circulação de capital)

Sendo assim, o rendimento é precisamente todo o valor criado (K’-K) pelo trabalho produtivo o qual remunera distributivamente o trabalho actual, vivo, prestado pelos assalariados no processo produtivo, coadjuvados pelo trabalho pretérito, engenhado e incorporado nos meios de produção que os trabalhadores utilizam na respectiva produção de bens e serviços.

O rendimento originado pelo valor criado na produção é apropriado pelos detentores dos meios de produção, – matérias-primas, equipamento, instalações –, que são igualmente quem contrata os trabalhadores – a força de trabalho viva aplicada na produção –, a quem pagam os salários que remuneram o compromisso do trabalho a que se obrigam. A diferença entre o valor da produção realizada e a soma dos salários com as demais despesas de materiais, fornecimentos e desgaste de equipamento, é o lucro, se o houver, de que o proprietário, o capitalista ou o responsável da iniciativa de produção (empresário), jurídica e legalmente se apropria.
 
Deste modo, o valor criado em cada período (K´-K) gera o correspondente rendimento distribuível (Y), no pressuposto da utilidade objectiva do produto obtido como bem vendível, – note-se, contudo que a economia não distingue entre utilidade real e fictícia dos bens produzidos ou serviços prestados.

Assim, o rendimento distribui-se pelas duas classes intervenientes na relação de produção, os trabalhadores e os proprietários dos meios de produção (capitalistas), os factores de produção, trabalho e capital, na forma de salários (W), e lucro (L).

(4)   Y = W + L = (1 + L/W)*W

A dupla natureza material e financeira do conceito de capital é fulcral para o genuíno entendimento do capitalismo como sistema económico e social quer este assuma uma componente dominante privada, colectiva ou mista. O conceito de capital está assim no centro do textuário explicativo da actividade económica dos indivíduos em sociedade, seja enquanto governantes seja como governados.

A produção de valor em que o trabalho e o capital se aplicam, só gera o rendimento distribuído a esses factores pela transacção dos respectivos bens entre quem os produz e quem os procura e compra, pagando por eles o preço acordado, que tende a nivelar-se em equilíbrio com o custo de produção mais elevado da última, marginal, quantidade produzida e efectivamente vendável ao preço que vigore no mercado.

É esse estado de produção equilibrada com a procura que proporciona a sustentável distribuição do correspondente rendimento pelo capital e pelo trabalho.

Antes de desenvolvermos a temática da redistribuição do lucro entre os detentores de capital, advirta-se que, na classe trabalhadora coexistem diversos e muito diferenciados tipos de trabalho, cuja desigual qualificação, produtividade e responsabilidade, fundamenta a desigual remuneração dessas distintas categorias de trabalho, seja na forma de prémios de produtividade, participação nos lucros, fringe benefits ou compensações diversas. De modo geral, a intensidade capitalística do processo produtivo, pode exigir maior qualificação da mão-de-obra para operar o equipamento, e, sobretudo, na indústria de produção dos próprios equipamentos e meios de produção, que são engenhados para causar os efeitos planeados com a sua utilização no fabrico de bens.

Assim, se o quisermos, podemos relevar no rendimento criado a produtividade remunerada (v) do próprio factor-trabalho:

(5)   Y = W + L = (1 + v)*W + L = (1 + v + L/W) * W      

Se todo o valor emerge da combinação produtiva do trabalho e capital própria da actividade económica, como surge então o juro, enquanto categoria distinta do rendimento criado pelo trabalho, mas autónoma na globalidade do lucro? Surge como consequência do reconhecimento social e jurídico do direito à propriedade privada não só de bens de consumo mas igualmente do dinheiro economizado, dos bens produzidos e dos meios da sua produção, ou seja do conjunto do capital.

É o que vamos mostrar.

O empreendedor que tome a iniciativa de produzir e colocar no mercado uma dada produção reunirá os meios para o conseguir (K) – instalações, bens de equipamento, mão-de-obra habilitada à produção em vista – a partir do que iniciará uma corrente de gastos e receitas periódicas segundo os custos e proveitos da produção transaccionada (ml).

Denomina-se taxa interna de rentabilidade (r) do investimento K, aquela a que o fluxo de rendimento líquido futuro gerado na actividade do empreendimento recupera os gastos efectuados:

(6)   - K + Somatório ml*(1+r)^-t = 0    (t = 0, 1, 2, …, n)

Ora, a reunião dos capitais necessários requer ou a prévia poupança da totalidade do dinheiro a investir ou parte dele, a ser completada por sócios do empreendedor ou por financiadores que se disponham a emprestar o capital em falta. No primeiro caso, os lucros líquidos do investimento repartir-se-ão segundo a comparticipação de cada sócio; no caso de empréstimo, o juro, o prazo e o calendário de reembolso são acordados entre o mutuante e o mutuário.

Genericamente, um investimento só é vantajoso se a taxa interna da rentabilidade esperada for superior à taxa de juro praticada no mercado (r>i), para operações de prazo semelhante, de forma a compensar o maior risco incorrido numa operação de investimento de longo prazo.

Na modalidade do mútuo de fundos para a realização de investimentos produtivos, temos uma primeira redistribuição dos rendimentos de capital, na distinção entre juros e lucros distribuídos aos sócios, aqueles menos incertos que estes.

Iremos mostrar como os detentores de capital estão submetidos aos efeitos da lei dos rendimentos decrescentes a qual exibe a irredutibilidade das situações menos eficientes de monopólio, – que são a única garantia de rendimento sem trabalho –, embora sujeito à eventual baixa tendencial da taxa de lucro do capital acumulado.

Antes de o provar, porém, saliente-se liminarmente que todo o rendimento é criado pelos produtores, condicionado à utilidade dos bens e serviços produzidos, que é o fundamento da respectiva procura. No entanto, deve observar-se que a produtividade do trabalho aumenta com a adequação dos instrumentos de trabalho e dos meios de produção aplicados no processo produtivo. É à fecundidade da natureza e à inteligência e conhecimento engenhados nos meios de produção e utensílios de trabalho, – para causar os efeitos programados com a sua utilização adequada –, que se deve a grande produtividade do trabalho humano na fase actual da civilização, e não a qualquer noção abstracta de capital financeiro ou ficção fetichista de capital técnico.

Como surge então o lucro puro e se forma a renda de monopólio?     

Em economia, designa-se por acumulação primitiva o fenómeno da reunião de capitais nas mãos de um indivíduo ou grupo de indivíduos, seja qual for a proveniência de tais capitais e a sua natureza: dinheiro, ouro, jóias, gado, terras, casas, escravos; roubo, jogo, embuste, guerra, pirataria, casamento, herança ou donativo. Em economia, o ponto é o que o detentor de tal riqueza vai fazer com ela: conservar o seu tesouro, gastá-lo, ou aplicá-lo produtivamente? No primeiro caso, o entesouramento torna estéril a respectiva fortuna; no caso do consumo sumptuário alguma animação no sector de bens de luxo pode sobrevir; no último caso, o do investimento produtivo, há aumento do volume e valor da produção da sociedade.

O enriquecimento causado pelo mero empobrecimento doutrem, o chamado locupletamento à custa alheia, é um fenómeno social e jurídico distinto da origem económica genuína do enriquecimento individual ou colectivo que vamos mostrar, através do exemplo aritmético abaixo editado.

O exemplo é o de um hipotético sector de produção composto de três tipos de empresa: (1) empresa intra-marginal, que opera com os mais baixos custos unitários; (2) empresa média, normal ou representativa que opera com custos unitários médios do sector; (3) empresa marginal que labora com os custos unitários mais elevados.

Por hipótese, as empresas concorrem entre si; a quantidade total produzida é vendida e corresponde à procura global dos consumidores, isto é, mesmo a produção da empresa marginal é necessária à satisfação do nível de consumo existente.

Nestas condições, o custo unitário da empresa marginal iguala o preço corrente do mercado, pelo que o lucro líquido da empresa é zero. Se a curva da procura dos consumidores se deslocar em sentido descendente, a empresa marginal ou abre falência ou passa a praticar salários mais baixos aos seus empregados. No caso contrário, de deslocação ascendente da curva, o preço de venda mais elevado proporciona algum ganho adicional à empresa marginal – e, às demais empresas do sector – ou algum aumento de salários, e incentiva a entrada de novos produtores no mercado.

De qualquer modo, enquanto coexistirem estes três tipos de empresa em concorrência, a do primeiro tipo, a empresa intra-marginal, beneficia de um lucro supra-normal por comparação com a empresa média do sector. Esta situação pode ser temporária ou não, estável ou precária, mas enquanto existir define e compõe uma renda de monopólio, um lucro puro, a favor da empresa mais produtiva, mais eficiente, a que labora com menores custos comparativos.

É verdade que, pode considerar-se que nada é estático, nada perdura sem mudança. De facto, os ganhos de produtividade devidos a novas tecnologias, a inovação de processos de fabrico, acaba por se generalizar a todas as empresas, reduzindo a vantagem pioneira da invenção, – a sua renda de monopólio –, à percepção de alguns royalties ou franchising de algum modelo de negócio.

Contudo, é também comum, o sector evoluir de concorrencial para monopolista, oligopolista ou de concorrência monopolista. Em todos estes casos, as empresas intra-marginais consolidam, estabilizam e aumentam os seus lucros supra-normais, rendas de monopólio – que essa é a sua verdadeira natureza –, restringindo a produção, incrementando o preço de venda, concertando entre si essas práticas ilegais, ou simplesmente publicitando à outrance a (discutível) excelência dos seus produtos de marca, face aos sucedâneos da concorrência.

Todas estas situações de mercado são menos eficientes no plano económico porque se apropriam de recursos sem contrapartida de valor criado.

Conceda-se que os exemplos mais flagrantes de captura de rendas de monopólio são a prática oligopolista de restrição da extracção de petróleo dos países da OPEP, de modo a impelir o aumento do preço do crude, e o arrendamento e cotação de terrenos e do imobiliário nos espaços urbanos e suburbanos das grandes metrópoles e das simples cidades.

No caso do petróleo, o custo de extracção nos poços da Arábia Saudita é, imagino, três, quatro ou cinco vezes menor do que o da extracção no Mar do Norte ou no Golfo do México. Ora, como a produção total que vai ao mercado é toda necessária ao nível de consumo existente, a cotação do petróleo nunca é inferior à do custo marginal, mais elevado, da extracção no alto mar. E mesmo que este puro constrangimento natural não existisse, precisamente os oligopolistas da OPEP encarregar-se-iam, como de facto o fizeram no passado, por concertar entre si o preço pretendido de venda, restringindo a extracção pelo quantum necessário ao efeito.

O arrendamento, compra e venda de terrenos e imobiliário é tão sobejamente conhecido que nem vale a pena exemplificar com nenhum caso específico. Talvez, a contrariu sensu, reflectir sobre o que sucedeu em Portugal, décadas a fio, com o congelamento das rendas, imposto pela Iª República, mantido por Salazar e só agora liberalizado o regime de arrendamento urbano. Envelheceu sem manutenção todo o edificado habitacional das cidades, rarefez-se a oferta de casas para alugar, os trespasses comerciais de lojas arrendadas atingiram sempre altos preços compensadores dada a economia proporcionada pelo baixo encargo do aluguer, ou seja, a ilustração óbvia de captura de rendas de monopólio, neste caso invertido, não pelos senhorios mas pelos inquilinos favorecidos pelo dito congelamento das rendas.

Abaixo, listo as variáveis e símbolos do sector de produção hipotético, composto pelos referidos três tipos de empresa e mostro os resultados numéricos dos fluxos e rácios económicos de cada exploração sempre pela ordem fixa seguinte:

{(Somatório)Total do sector; (1) – e. intra-marginal; (2) – e. média; (3) – e. marginal}

No nosso exemplo, a taxa interna de rentabilidade (r) do sector e das empresas é a da sequência seguinte:

(7)   (r) = { 9.0%; 11.5%; 7.3%; 2.2%}

Para esta grandeza de rentabilidade esperada, o valor actual líquido (net present value) de cada empresa variará em função da taxa de juro (i) em vigor no mercado.

À sequência de taxas de juro (i) seguinte:

(8)   (i) = {8%; 6%; 4%; 2%; ¼%; -1.5%},

corresponde a sequência de cotações do capital da empresa intra-marginal (npv) como segue:

(9)   (npv) = {336; 579; 871; 1224; 1595; 2036};

Se quisermos evidenciar as variações de cotação tomando para base 100 o valor actual líquido à taxa de juro de 4%, teremos a sucessão

(10)    (npv) = {39; 66; 100; 141; 183; 234}

Este exemplo hipotético ilustra à perfeição qual o grande operador de redistribuição das rendas de monopólio, os também chamados rendimentos de capital: - o mercado primário e secundário de emissão e subscrição de acções e obrigações, e sua ulterior transacção de compra e venda no mercado bolsista.

A descida das taxas de juro, o aumento da moeda em circulação, da concessão de crédito e da amortização da dívida pública anima o mercado bolsista das acções, elevando-lhes a cotação. O aumento das taxas de juro, a redução do quantitative easing, a emissão de dívida pública, impelindo à restrição do crédito, deprime a cotação das acções, tornando mais atractiva a colocação do aforro em títulos de rendimento fixo.

Em que sentido opera este mecanismo de repartição de rendimento (rendas monopolistas)?

Não é fácil destacar-lhe um sentido inequívoco. Aparentemente, muitos parecem «ganhar dinheiro» comprando e vendendo, incessantes lotes de títulos segundo os boatos correntes na praça… No entanto, as estatísticas parecem permitir inferir que nos tempos de maior crise, são as grandes fortunas que mais enriquecem, não constando um grande florescimento entre os pequenos aforradores.

Sobre a eventual tendência à baixa da taxa média de lucro do capital acumulado, também não parece possível afirmá-lo de modo definido. Há tendências e contra tendências a actuar. Cada onda de inovações permite a reanimação de ganhos vultuosos, mas, por outro lado, os gastos em investigação e desenvolvimento não originam necessariamente quaisquer invenções práticas, e podem redundar em puro desperdício de recursos sem qualquer proveito. O mesmo aliás se diga do esforço de guerra, expressão eloquente de desinvestimento e redução de capital acumulado, como de resto o são também as falências dos devedores nos períodos de depressão económica.

Até ao momento, o que se conhece é a tendência cíclica de fases de euforia e depressão de negócios, cada qual com os seus efeitos benéficos e nefastos. O problema político ou de economia política tal como o formulou David Ricardo é o da redistribuição do rendimento, designadamente, a tributação redistributiva da renda de monopólio.

As experiências colectivistas da Rússia e da China acabaram por resumir-se à constituição de uma nomenklatura de Estado que concentrou ditatorialmente o poder económico e político, acelerando o desenvolvimento rápido da indústria de bens de equipamento, de meios de produção, e contendo a de bens de consumo à satisfação das necessidades básicas da população, assegurando-lhe, contudo, a instrução pública generalizada. Estes regimes acabaram finalmente por desembocar num capitalismo misto, estadual e privado, onde rapidamente se formaram monopólios das anteriores empresas públicas, privatizadas por preços muito abaixo do valor de mercado a “camaradas” da anterior nomenklatura.

No Ocidente, os Estados Unidos continuam com a sua economia pilotada pelos grandes monopólios da banca, das multinacionais da indústria, material de guerra, exploração do espaço, investigação e desenvolvimento, informática, etc. No software informático é notável o caso exemplar da Microsoft: sem que se lhe averbem quaisquer invenções próprias – tudo foi descoberto e desenvolvido por outros – a empresa de Bill Gates soube apoderar-se e consolidar a sua posição monopolista no domínio do software estandardizado, praticando dumping contra as tentativas de concorrentes, distribuindo as suas soluções a preço-zero e embutindo-as de erros aleatórios ao coexistirem com outros programas. Hoje, a fortuna do fundador ascende várias dezenas de milhares de milhões de euros, a maior do planeta de um só accionista. 

Já na Europa, ignora-se como resolver a conflitualidade objectiva do desigual desenvolvimento dos estados do norte e os do sul, por não existir qualquer orçamento comum embora haja um desejo de união. O mundo mediterrânico, dividido entre duas culturas distintas, cristã e islâmica, pode desequilibrar-se quer por razões económicas quer políticas. Tal como na Bolsa, ninguém sabe o que o futuro traz, mas todos fazem a sua aposta. Com história ainda só no futuro, restam África e a América Hispânica, e como diria Hobbes, «Future is not yet».
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-01-04 16:17:00
Lista de variáveis e símbolos:

1        Matérias primas e outros consumos         MP
2        Salários                                                 W
3        Capital circulante (1+2)  Ac
4        Equipamento e out. meios de produção  Af (Qa)
5        Custo dos factores de produção (3+4)    K

6        Produção física                                    Q
7        Volume de emprego (HAno)                 N

8        Prazo de reintegração do equipamento   n
9        Prazo de rotação do Fundo de maneio    r
10      Valor residual do equipamento              vr
           
11      Indicadores de economicidade:     

12      Produtividade do trabalho                   Q/N

13      Salário per capita                               W/N

14      Intensidade tecnológica                      Af/N

15      Economicidade de consumos              MP/Q

   
16      Preço de venda unitário                       p

17      Valor total de vendas                       V= p.Q

18      Lucro (17-5)          L = V-K

19      Taxa de lucro                                  l = L/V

20      Repartição do rendimento                   L/W

             
21      Meios Libertos (Cash-flow):

22      ano 0                                            -Af-r*Ac
23      anos intermédios                           ML=L+Qa
24      último ano                                  vr*Af+ML+Ac
25      Total do Cash-flow  (22+23+24)     

           
26      Taxa interna de rentabilidade               TIR
27      Valor actual da actividade (à taxa x%)  VAL


------------------------- // -------------------------

Fluxos e rácios económicos:

MP = 480 = 250 + 160 +  70

W  = 220 = 66 +  88 +  66

Ac = 700 = 316 + 248 + 136

[Af] Qa = 300 = 170 + 100 +  30

K = 1000 = 486 + 348 + 166

                           
Q = 114 = 60 + 38 + 16

N = 55 = 11 + 22 + 22

n = 10                       

r  = 1                       

vr = 5%                       

                             
Q/N = 2,1 --->  5,5; 1,7; 0,7

W/N  = 4 --->   6; 4; 3

Af/N  = 5,5 ---> 15,5; 4,5; 1,4

MP/Q = 4,21 --->  4,17; 4,21; 4,38

                               
P =     10,71 

V = p.Q = 1 221 = 643 + 407 + 171

L = V-K = 221 = 157 + 59 + 5

l = L/V = 18,1% ---> 24,4%; 14,5%; 3,2%

L/W = 1,0 ---> 2,4; 0,7; 0,1

                                   
CxFlow ano 0 = -Af-r*Ac = -3 700 = -2 016 -1 248 -436

CxFlow ano 1 a 9 = ML = L+Qa = + 521 = + 327 + 159 + 35

CxFlow ano 10 = vr*Af+ML+Ac = + 1 371 = + 728 + 457 + 186

CxFlow ano 0 a 10 = + 2 364 = + 1 653 + 641 + 69


                                   
TIR = 9,0% ---> 11,5%; 7,3%; 2,2%

Val à taxa de 6% = 612 ---> 613; 90; -91

Vide:- Renda de monopólio-spreadsheet (https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0Avcr4rLbA7jjdHVrMTJDQ04ydTIzNDBhVkkzVm1PUUE#gid=0)


Observação 1: Noto que a ligação à folha de cálculo da net para a exploração-tipo da empresa intra-marginal, a de tipo médio e a da empresa marginal, assim como o valor global e da exploração anual do sector já não está acedível. Só tenho essa folha de cálculo no meu próprio computador e não sei editá-la na web de modo a ser visitada a partir do fórum por qualquer participante. Os números acima transcritos são os calculados para, respectivamente em cada item, o valor total do sector e os valores próprios da empresa intra-marginal, média e marginal.

Observação 2: Nova ligação ao spreadsheet (https://onenote.com/webapp/pages?token=RgVQ-bmLO57RO2XQA3Oiv_bfIQRsfl45G1CRloiM8nPhhH-ffRVaPzIDWp8McxX0KjjZ8nj2dsW2qHd_W3FyolT1-ZKTIT6K0&id=636460170970824319) de renda de monopólio.



Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-01-29 20:25:02
Mas,
assim como ao princípio os homens puderam,
com instrumentos naturais,
embora dificultosa e imperfeitamente,
fazer certas coisas muito fáceis, e,
conseguidas estas, levaram a cabo outras difíceis
com menor trabalho e maior perfeição,
e passando desta forma gradualmente
de artefacos muito simples aos instrumentos
e dos instrumentos a outros artefactos e instrumentos,
chegaram ao ponto de realizar muitas coisas e tão difíceis com pequeno esforço,

assim também o entendimento, por sua força inata,
produz para si instrumentos intelectuais,
através dos quais alcança outras forças para outras obras intelectuais
e, destas obras outros instrumentos, ou seja,
o poder de levar mais longe a investigação,
progredindo assim gradualmente até atingir
a culminância da sabedoria.

(Espinosa, Tratado da reforma do entendimento, § 31)

--------------- // ---------------

Belíssimo, este texto de Espinosa.

Sem dúvida, a produtividade do trabalho
depende primordialmente da fecundidade da natureza,
da inteligência humana e do conhecimento acumulado
na evolução histórica das civilizações.

No entanto, só pelo trabalho dos produtores, as sociedades
criam a riqueza, o bem-estar e o domínio da natureza,
por obediência inteligente às leis físicas que a governam.

Assim se desenvolvem os povos e as nações.

Todo o rendimento provém da criação de valor pelos produtores.

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: amsf em 2014-02-05 10:20:16
Citar
o Estado, para ser justo, deve ser moralmente neutro entre os estilos de vida que as pessoas querem adoptar: não deve dar prioridade aos que querem trabalhar sobre os que querem uma vida de lazer.

Rui Vaz

Absurdo!
As pessoas não querem "trabalhar", algumas pessoas querem obter aquilo que o "trabalho" proporciona, outras, ainda no estado de "pensamento mágico" querem obter essas mesmas "coisas" sem trabalhar. Por mais que fosse possível viver de "amor e uma cabana" seria necessário haver uma percentagem significativa de pessoas que se realizassem a construir "cabanas" e essas pessoas simplesmente não existem. Mesmo que neste preciso momento houvesse pessoas suficientes a se realizarem na construção de "cabanas", perante a nova realidade, aprenderiam a realizar-se ainda mais a fazer "amor". "Amor" tem aqui o significado de actividades que não respondem às necessidades físicas do ser humano. É importante "filosofar" mas só o podemos fazer se estiver-mos vivos e para o estar temos que nos alimentar, vestir, etc, etc.

É assim tão díficil de perceber?!
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-02-05 13:34:08
Citar
o Estado, para ser justo, deve ser moralmente neutro entre os estilos de vida que as pessoas querem adoptar: não deve dar prioridade aos que querem trabalhar sobre os que querem uma vida de lazer.

Rui Vaz

Absurdo!
As pessoas não querem "trabalhar", algumas pessoas querem obter aquilo que o "trabalho" proporciona, outras, ainda no estado de "pensamento mágico" querem obter essas mesmas "coisas" sem trabalhar. Por mais que fosse possível viver de "amor e uma cabana" seria necessário haver uma percentagem significativa de pessoas que se realizassem a construir "cabanas" e essas pessoas simplesmente não existem. Mesmo que neste preciso momento houvesse pessoas suficientes a se realizarem na construção de "cabanas", perante a nova realidade, aprenderiam a realizar-se ainda mais a fazer "amor". "Amor" tem aqui o significado de actividades que não respondem às necessidades físicas do ser humano. É importante "filosofar" mas só o podemos fazer se estiver-mos vivos e para o estar temos que nos alimentar, vestir, etc, etc.

É assim tão díficil de perceber?!

O Estado "ser neutro" em relação a quem trabalha e a quem quer uma vida de lazer significa não redistribuir rigorosamente nada dos que trabalham para os que querem uma vida de lazer. O Rui Vaz está mesmo num "pensamento mágico". Quer um Estado "neutro" mas "redistribuidor". A redistribuição não é neutra, favorece que recebe e penaliza quem paga. E por o fazer é que deve ser algo de último recurso, quando mais nada funciona.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-02-05 14:43:44
A redistribuição em si não é neutra.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-02-05 15:34:38
Quer a "versão" "stockholder society" quer a do "basic income" operam pelo menos parcialmente nas sociedades capitalistas ocidentais; não na forma de igualação material do ponto de partida, mas sim na do ponto de "chegada", i.e., no envelhecimento e, com a morte, a igualdade é plena.

Veja-se que os fundos de pensões são grandes detentores de acções e obrigações, de empresas e de estados de todo o mundo. Por outro lado, no ocidente, os cidadãos carenciados além de assistência pública ou religiosa, de que beneficiam, têm direito a rendimento social de inserção se desprovidos de recursos, de emprego, de subsídio de desemprego ou de pensão de velhice.

Quanto à igualação material do ponto de "partida" ela cumpre-se - e deve melhorar-se continuamente e aprofundar-se - pela instrução pública e pelo serviço de saúde, tendencialmente gratuito e universal.

Outrossim, a sociedade deve privilegiar o mérito e a competência no mundo do trabalho, assim como o espírito cívico nas relações sociais, a par de, correspondentemente, destituir a ética e os comportamentos que lhe sejam contrários. Produzir e assegurar o seu próprio sustento e o da sua família é o dever de honra de cada cidadão, sendo aliás o maior dos poderes cada um governar-se a si próprio.

Para tanto, o estado e a sociedade deve favorecer a iniciativa individual, igualando à partida as oportunidades materiais dos cidadãos através da instrução pública generalizada, gratuita ou subsidiada, e privilegiar a política económica tendente ao pleno emprego produtivo dos recursos humanos e materiais da sociedade.

Cuidada atenção, vigilância e independência devem os governantes e os governados prestar aos agentes económicos que tendem a mobilizar-se para reforçar os seus ganhos monopolistas, os quais limitam o livre desenvolvimento económico da sociedade e são a causa principal da desigualdade crescente das sociedades capitalistas contemporâneas.

Nota:- Uma palavra sobre a demografia e o controlo da natalidade. De pouco serve pugnar pela instrução pública se na sociedade não impera a responsabilidade cívica do controlo da natalidade. Veja-se a Índia: o maior monopolista contemporâneo, o cidadão mais rico do mundo, Bill Gates, selecciona agora para a direcção executiva do seu império, a Microsoft, um informático da Índia, república que prima pelo cuidado na instrução pública. Esse carácter positivo de acção política acompanha-se da inacção político-religiosa no controlo demográfico, o que constitui a censura mais veemente que pode lançar-se àquele sub-continente, desgraçadamente emulado nesse erro político pela África e pela América católica.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-02-23 16:18:37
A Bolsa, há duzentos anos atrás!



«Desde a paz de 1815, o Nucingen compreendera aquilo que nós, hoje em dia, não compreendemos: que dinheiro é um poder quando existe em quantidades desproporcionadas. Tinha secretamente ciúmes dos irmãos Rosthschild. Possuía cinco milhões e queria dez! [ ] Resolveu, portanto, pôr em prática uma terceira liquidação!

O grande homem sonhava, então, pagar aos credores com valores fictícios, guardando o dinheiro para si. [ ] O Nucingen podia ter sido alvo de suspeitas, mas usou da maior esperteza: fez com que fosse outro a ficar à frente dessa máquina destinada a desempenhar o papel de Mississipi no sistema de Law.

O que era característico no Nucigen era fazer com que as pessoas hábeis acabassem por servir os seus próprios desígnios sem nada lhes comunicar. Então o Nucingen deixou escapar, perante o du Tillet, a ideia piramidal e vitoriosa da criação de uma empresa por  acções com um capital bastante forte para poder beneficiar os seus accionistas com grandes dividendos durante os primeiros tempos.

Lançada, pela primeira vez, num momento em que abundavam os capitais dos tolos, esta combinação devia provocar uma subida nas acções, e por consequência um benefício para o banqueiro que as emitia. [ ]

Era a infância da arte! Não se fazia sequer intervir a publicidade através desses anúncios gigantescos com que se estimulam as imaginações, enquanto se vai pedindo dinheiro a toda a gente… [ ]

– Enfim, a concorrência nessa espécie de empresas não existia – prosseguiu Bixiou. – [ ] Os belos negócios por acções, como diz o Couture, que tão ingenuamente se divulgam, apoiados por relatórios de peritos (os príncipes da Ciência!), tratavam-se vergonhosamente no silêncio e na sombra da Bolsa. [ ]

Progrediam [ ], com ligeiros murmúrios acerca das vantagens do negócio, ditos de ouvido para ouvido. Só exploravam o paciente, o  accionista, no domicílio, na Bolsa ou em sociedade, através desse rumor habilmente criado e que crescia até ao tutti de uma quota de quatro algarismos…

– No meu entender [– respondeu Couture], o novo método é infinitamente menos pérfido, mais leal, menos assassino que o antigo. A publicidade permite a reflexão e o exame. Se algum accionista é comido, ele foi lá propositadamente, e ninguém lhe vendeu gato por lebre. A indústria…   


– Pronto! Lá vem a indústria!... – interveio Bixiou

– A indústria ganha com isso – continuou Couture, sem ligar importância à interrupção. – Qualquer governo que se mete no comércio e não o deixa livre faz uma asneira que lhe custa caro: chega ao maximum ou ao monopólio. Segundo penso nada está mais de acordo com os princípios da liberdade do comércio que a sociedade por acções! Mexer nisso é querer ficar fiador do capital e dos lucros, o que é estúpido!

Em qualquer negócio os benefícios estão em proporção com os riscos! Que importa ao estado a maneira como se obtém o movimento rotativo do dinheiro, desde que ele esteja em perpétuo movimento? Que importa quem é rico, quem é pobre, se existe sempre a mesma quantidade de ricos colectáveis? [ ] Aliás, [ ], as sociedades por acções [ ] estão em moda no país mais comercial do mundo: a Inglaterra. E lá tudo se contesta! [ ]

– É uma bela cura para os cofres cheios!... – exclamou Bixiou. – Com artimanhas!...

– Ora essa!... – respondeu Couture, inflamado. – [ ] Senhores, confessemos entre nós que as pessoas que protestam são hipócritas desesperadas por não terem nem a ideia para um negócio, nem o poder de a lançar, nem a sensatez de a explorar. A prova não se fará esperar.

Dentro de pouco tempo verão a  aristocracia, as pessoas da corte, as que fazem parte dos ministérios descendo em colunas compactas à especulação, e avançando com as mãos aduncas e ideias mais tortuosas que as nossas, sem terem a nossa superioridade.

Que cabeça é preciso para iniciar um negócio numa época em que a avidez do accionista é igual à do inventor! [ ] Sabeis qual é a moral disto? O nosso tempo não vale mais do que nós próprios! Vivemos numa época de avidez em que ninguém se importa com o valor da coisa, desde que possa ganhar com ela transmitindo-a ao vizinho, e faz-se isso porque a avidez de um accionista que acredita num lucro é igual à do criador que lho propõe!

– É lindo o Couture, uma beleza! – chasqueou Bixiou dirigindo-se a Blondet. – Vai exigir que lhe erijamos uma estátua como a um benfeitor da humanidade.

– Será necessário, apenas, levá-lo a concluir que o dinheiro dos tolos é, por direito divino, o património dos espertos! – exclamou Blondet.

– Meus senhores – continuou Couture –, riamos aqui para compensar a seriedade que vamos manter quando ouvirmos falar dos respeitáveis idiotas que consagram as leis feitas de improviso.

– Ele tem razão! Que época, meus senhores!... – disse Blondet. – Uma época onde desde que o fogo da inteligência surge, se faz com que se extinga rapidamente pela aplicação duma lei circunstancial.


Os legisladores, quase todos provenientes dum pequeno bairro onde estudaram a sociedade através dos jornais, abafam agora o fogo graças à máquina. Quando a máquina rebenta surgem o choro e o ranger de dentes!

Um tempo em que apenas se fazem leis fiscais e penais! A grande definição do que se está passando, querem saber qual é? Já não há religião no estado!

– Ah! – proferiu Bixiou. –Bravo, Blondet! Puseste o dedo na chaga da França! O sistema fiscal conseguiu roubar mais conquistas ao nosso país que os vexames da guerra.

No ministério, onde cumpri sete anos de galés, a par com burgueses, havia um funcionário, homem de talento, que resolvera mudar todo o sistema das finanças…

Ah! Bom!... Despedimo-lo lindamente! A França teve muita sorte. Divertir-se-ia a reconquistar a Europa e nós agimos no interesse da tranquilidade das nações. Dei cabo desse [funcionário] com uma caricatura!»
 

Honoré de Balzac, “A Casa Nucingen” in
A Comédia Humana, VII Volume (Cenas da Vida
da Província), Livraria Civilização,
Lisboa, 1980, pp. 556-60.

 
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-03-17 19:59:55
Ainda Balzac, hoje como há duzentos anos

«Se as pessoas ricas à maneira do barão de Nucingen têm mais ocasiões do que as outras de perder dinheiro, têm também mais ocasiões de o ganhar, mesmo quando se entregam às suas loucuras.

Embora a política financeira da famosa casa Nucingen se encontre explicada em outro lado, não é inútil fazer notar que fortunas tão consideráveis não se adquirem, não se constituem, não se avolumam, não se conservam, no meio das revoluções comerciais, políticas e industriais da nossa época, sem que haja imensas perdas de capitais ou, se quiserem, tributações lançadas sobre as fortunas particulares.

Muito poucos são os novos valores vertidos no tesouro comum do globo. Qualquer nova acumulação de riquezas representa nova desigualdade na repartição geral. O que o Estado pede ele o restitui. Mas o que uma casa Nucingen recebe guarda-o.
[ ]

Forçar os Estados europeus a contrair empréstimos a 20% ou 10% por cento, ganhar esses 10% ou 20% com os capitais do público, expoliar à grande as indústrias, apoderando-se das matérias-primas, lançar ao fundador de um negócio uma corda para omanter fora de água até pescar a sua empresa asfixiada, enfim, todas essas batalhas de francos ganhos constituem a alta política do dinheiro.

Decerto deparam-se riscos ao banqueiro, como riscos há para o conquistador. Mas são tão escassas as pessoas em situação de se meterem em tais combates que as ovelhas nada têm aí que ver. Essas grandes coisas passam-se entre pastores.

Assim como os executados (o termo consagrado na gíria da bolsa) são culpados de terem querido ganhar em demasia, muito pouco o público se interessa pelas desgraças causadas pelas maquinações dos Nucingen.

Que um especulador dê um tiro nos miolos, que um corretor de câmbios se ponha em fuga, que um notário leve consigo as poupanças de cem famílias, o que é pior do que matar um homem; que um banqueiro declare bancarrota; todas essas catástrofes, esquecidas em Paris em poucos meses, em breve são cobertas pela agitação quase marítima desta cidade.

As fortunas colossais dos Jacques Coeur, dos Médicis, dos Anjos de Dieppe, dos Auffredi de La Rochelle, dos Fuggers, dos Tiepolos, dos Corners, foram outrora lealmente conquistadas pelos privilégios resultantes da ignorância em que se vivia das proveniências de todas as mercadorias preciosas.

Mas hoje as noções geográficas penetraram de tal modo nas massas, a concorrência limitou a tal ponto os lucros, que toda a fortuna rapidamente feita é: ou obra de um acaso e de uma descoberta, ou resultado de um roubo legal.

Pervertido por escandalosos exemplos, o pequeno comércio tem respondido, sobretudo nestes últimos dez anos, à perfídia das concepções do grande comércio, com atentados odiosos sobre as matérias-primas. Por toda a parte onde se pratica a química não se bebe mais vinho.

Por isso, a indústria do vinho está a sucumbir. Vende-se sal falsificado, para escapar ao fisco. Os tribunais estão estupefactos com esta improbidade geral. Enfim, o comércio francês é suspeito aos olhos do mundo inteiro e a Inglaterra desmoraliza-se também.»

------ // ------

«– Então, meu caro senhor – exclamou o duque Grandlieu –, comprou, ao que se diz, as terras Rubempré. Felicito-o. É uma resposta àqueles que o diziam cheio de dívidas. Quanto a nós, podemos, como a França e a Inglaterra, ter uma Dívida Pública. Mas, veja bem, as pessoas sem haveres, os principiantes, não se podem dar a esse luxo…»

Honoré de Balzac, Esplendores e Misérias das Cortesãs – I,
Publicações Europa-América, Lisboa, 1977, Colecção
Livros de Bolso nº 166, pp.187-8;244.

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-04-10 18:53:57
Progressão geométrica da desigualdade distributiva do rendimento

Pretendo exemplificar aritmeticamente a alteração da desigualdade da distribuição do rendimento no tempo, segundo a diferença que exista nas taxas de crescimento do rendimento disponível nas duas classes da população num país: a classe rica e a classe média, pobre ou remediada.

Seja uma sociedade distinguível em duas classes de rendimento, A e B(=1-A), com taxas de crescimento anual, a e b, repartindo-se a produção anual, e consequente rendimento líquido, pelas ditas classes nas proporções, A/(A+B) e B/(A+B); tomando o rendimento líquido (Y) distribuído pela unidade (Y=1), reportaremos todos os resultados em fracção da unidade; assim, A e (1-A) compõem o rendimento unitário (1=Y).

Podemos imaginar, para ilustração aritmética da evolução que a repartição de rendimento conhecerá no decorrer do tempo, que a situação 0, ponto de partida, seja por exemplo, 20% do rendimento (A=.2) seria obtida por 5% da população activa e o rendimento restante, 80%, (B=.8), seria distribuído por 95% dos activos. Neste estado de repartição, o rendimento médio percebido por cada 1 por cento da classe rica atinge 4 por cento do rendimento total (.2/.05=4), enquanto cada 1 por cento da classe B, equivale a 0.8 por cento do rendimento total (.8/.95=.84211). Assim, o leque de rendimento entre as duas classes é superior a 4.2 vezes (4/.84211=4.24579).

A questão interessante é a de simular a alteração da repartição de partida no decorrer do tempo, segundo a taxa de crescimento médio do produto em dado período e consoante a diferença que ocorra entre a taxa de crescimento do rendimento (produto) da classe A e a da classe B.

Partimos da partição do produto acima, A=.2; B=1-A=.8. Analisamos o resultado ao cabo de um período n, de 30 anos (n=30). Supomos uma taxa, r, de crescimento médio anual do produto Y(=1) de 4.5% (r=.045), que assumirá a grandeza a, para a classe, possidente, A e, a grandeza b, para a classe B de menores rendimentos.

Calculamos quatro casos, dois com a taxa a>r, e outros dois com a taxa a<r, ou seja, com a taxa b>r. (Vide cálculos dos casos 1 a 4, abaixo indicados)

Teremos, assim:

(1)   Y = (1+r)^n = A . (1+a)^n + (1-A) . (1+b)^n
(2)   Y1 = A . (1+a)^n
(3)   Y2 = B . (1+b)^n
(4)   Y = (1+r)^n = Y1 + Y2

Dados:  r = .045; n = 30; A =.2; B = 1-A = .8; Y = 1.045^30 = 3.74532 = Y1 + Y2

Com estes dados, a conclusão é a seguinte:

i)   quando a taxa de crescimento da classe afluente ultrapassa a do crescimento do produto (a>r), a proporção de repartição inicial de 20% e 80%, respectivamente das classes de maiores (Y1) e menores (Y2) rendimento passa a 23% e 77%, com a=5%; e, a 21% e 79%, com a=4.75%.

ii)   quando a taxa de crescimento da classe possidente é inferior à do crescimento do produto (a<r), o que, complementarmente, equivale à taxa (b), a da população de menores rendimentos ser maior que a do crescimento do produto (b>r), a partição entre as classes passa dos iniciais 20% e 80% para 14 e 86%, com b=4.75%; e, a 16% e 84%, com b=4.65%.

Para entender o que vem sucedendo na economia desde o último quartel do século XX, o forista Lark, no tema do “Portugal Falido ou no de Krugman et alter”, p.67 (http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,172.msg112826.html#msg112826), editou alguns artigos de Thomas Pickety, Krugman e Thomas B. Edsall que melhor abordam a evolução da repartição do produto obtido com a combinação dos factores de trabalho e capital, geradores do rendimento total, ou seja, salários e lucros, a contrapartida remuneratória dos produtores, i.e., da população activa, trabalhadores e empresários.

Parece-me algo ousada a conclusão surpreendente de Picketty de que só no período de 60 anos, de 1913 a 1973, é que historicamente sucedeu a taxa de crescimento do rendimento dos detentores de capital (= mercadorias, stocks, equipamentos, edifícios, terra, dinheiro) ter sido inferior à do crescimento do produto, e isso tomando em consideração as duas guerras mundiais com as enormes perdas de capital que ocasionaram, assim como a Grande Depressão de 1929-33, o New-Deal, a inflação monetária, e o poder dos sindicatos. Fora desse período excepcional, sempre as classes possidentes conheceram taxas de crescimento da fortuna bem superiores às das classes dependentes do trabalho assalariado e classe média.

Penso isto exagerado, e só sustentável em causas extraeconómicas, de carácter político e militar. Porque, o facto é os rendimento monopolistas (rendas, juros, direitos de autor e de patentes, etc.), assim como os de natureza de lucros sobre-normais, não podem eternizar-se e  absorver em excesso a normal produtividade dos produtores (trabalhadores independentes, assalariados e empresários).

De qualquer modo, é admirável que finalmente alguém, tal Thomas Picketty, regressa aos clássicos e elege a repartição do produto como o problema genuinamente económico, tal como o fizeram Quesnay, Adam Smith, Ricardo, Malthus e Marx.
 

Cálculos de repartição do rendimento em 4 casos de taxas de crescimento diferenciadas

Dados:  r = .045; n = 30; A =.2; B = 1-A = .8; Y = 1.045^30 = 3.74532 = Y1 + Y2

1º caso) a = .05 > r

Y1 = .2 x 1.05^30 = .86439
Y2 = Y - Y1 = 2.88093 = .8 x (1+b)^30
b = 3.60116^(1/30) – 1 = 4.363%
Y1 / Y = 23.079%
Y2 / Y = 76.921%

2º caso) a = .0475 > r

Y1 = .2 x 1.0475^30 = .80473
Y2 = Y - Y1 = 2.94059 = .8 x(1+b)^30
b = 3.67574^(1/30) – 1 = 4.435%
Y1 / Y = 21.486%
Y2 / Y = 78.514%

3º caso) b = .0475>r

Y2 = .8 x 1.0475^30 = 3.21893
Y1 = Y – Y2 = .53639 = .2 x (1+a)^30
a = 2.63197^(1/30) – 1 = 3.278%
Y1 / Y = 14.055%
Y2 / Y = 85.945%

4º caso) b = .0465>r

Y2 = .8 x 1.0465^30 = 3.12800
Y1 = Y – Y2 = .61732 = .2 x (1+a)^30
a = 3.08660^(1/30) – 1 = 3.828%
Y1 / Y = 16.482%
Y2 / Y = 83.518%

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-04-12 09:18:51
Bolsa, anos 10. século XXI

«A major change occurred in markets around the turn of this century: most trading [ ] on the stock exchange was done by computers trading with other computers, using certain algorithms. Offers to buy and sell were based not on market research, on informed news about the prospects of [this or that industry or particular company], but rather on extracting information from the pattern of prices and trades, and on whatever other information a computer could absorb and processo n the fly. Offers to buy and sell were held open for a nanosecond. [ ] Of course, the prices that were determined in those nanoseconds were of no relevance to any real decision taking. [ ]

The algorithmic traders claimed that they were making markets more liquid (“deeper”), but it was a liquidity that disappeared when it was needed,when a real disturbance occurred to which the market needed to adjust. The result was that the market began to exhibit unprecedented volatility. [ ]

In fact, there are reasons to believe that flash trading actually makes markets not just more volatile but also less “informative”. Computers attempt to use complex mathematical algorithms to extract whatever information is in the market, in a modern and more sophisticated version of front runnnig, the old-style ilegal activities by which brokers try to use information they glean from thos placing orders to enhance their own profits. (obs. - negrito, meu)

Of course, market participants know this. If some market researcher discovered that some company was going to do well (had just made a valuable discovery), he might rush, placing a large order. But the computer traders would immediately sense this and try to use his information for their own purpose. Today, of course, the first trader knows the game he’s playing, so he would never place alarge order, but would place a myriad of small orders.   

There´s been an arms race, where those doing the hard work of research try to keep their information away from the algorithms traders, and the algorithms traders try to break their code. One might say it’s just a waste of resources – a fight over the rents associated with early information. But it’s worse than that.

To the extent that the algorithmic traders succeed in outwitting those who do the real research, the returns to research fall; there will be less investment in information, and markets actually will convey less of the information that we care about.»   


Joseph Stiglitz, The Price of Inequality,
Penguin Books, London, 2013, pp. 206-8

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-04-12 09:32:38
Pastoreados pastores pastoreiam
fora e dentro do mercado

By Michael Santoli (http://finance.yahoo.com/blogs/michael-santoli/market-selloff-will-stop-when-the--smart-money--quits-selling-152313335.html), 11.4.14

The stock market will stop quaking when the smart money is through selling.

That might sound glib or obvious — something that’s more or less true by definition of each market drop. But it’s a particularly fitting observation now, because the current market tremors are more a matter of Wall Street’s elephants running from risk than the ground giving way underneath the economic recovery.

The dominant themes of the sharp pullback have been a reversal of the winning investment trades of 2013 (which got very crowded and expensive), a rush by startup-backers and buyout artists to jam stock offerings into new investors’ hands, and heavy selling of shares by corporate insiders.

This is all on the up-and-up, and all are typical features of a bull market. Yet there was just too strong a sense in recent weeks that those early to many winning ideas were done pressing their bets and wanted to – or were forced to – cash them in.

Consider:

The first quarter saw the highest volume of initial public offerings since 2000, with 70% of debuting companies having yet to turn profitable. About a third of the deals in the past month had traded below their offer price, a sign that supply was swamping demand or that the quality of the companies was slipping.  The offering for Ally Financial Inc. (ALLY), while a relative victory for the U.S. government, which rescued it with a big investment during the financial crisis, has sagged in its first two days on the market, a decent example of supply-driven action. For good measure, Kenneth Moelis, the veteran investment banker who began at Michael Milken's Drexel Burnham Lambert ion the 1980s, is looking to take his 7-year-old advisory firm Moelis & Co. public at a $1.5 billion valuation.

Private-equity firms have been exiting rapidly from companies they bought in recent years. According to data tracker Dealogic, buyout firms have raised $13 billion this year in 31 IPOs of their portfolio companies, a record level to this point in any year. Blackstone Group’s secondary offering of 15 million SeaWorld Entertainment Inc. (SEAS) shares  — about one-sixth of all outstanding equity — as the company reported weak results further sent a message of the sharp guys ringing the register.

Corporate insiders have been selling heavily in recent months, as executives take advantage of all-time highs in many stocks and the big indexes. While this isn’t a great market-timing indicator – and selling always tends to be active ahead of the tax deadline following a great year for stocks, as 2013 was – it fits neatly with the story that those with the best knowledge of businesses are not seeing good value in their shares.

Perhaps most important to the day-to-day action, certain popular hedge-fund positions — no doubt amplified by margin-borrowing balances at all-time highs — have been upended. Merrill Lynch global strategist Michael Hartnett points out that the winners so far in 2014 (emerging-markets stocks, bonds and gold up) match exactly last year’s losers and vice versa (with the Nasdaq, Japan and the U.S. dollar suffering).

Michael Block, chief strategist of Rhino Trading, points out some telltale behavior in certain instruments makes it obvious some big players were caught badly offside as momentum trades faltered.

The exchange-traded fund for Brazilian stocks, iShares MSCI Brazil (EWZ), has been almost perfectly negatively correlated with the U.S. Standard & Poor’s 500 index this week, as if they sat on opposite ends of a seesaw. Brazil has been a popular short, and the S&P 500 and Nasdaq’s growth stocks very trendy longs, and liquidation on some level is washing over it all. Similarly, Facebook Inc. (FB) has traded as the virtual inverse of Petrobras Argentina SA (PZE).

Another odd move? The surge in the price of nickel on the London Metals Exchange, another seeming beneficiary of desperate speculators being chased from bearish commodity bets, perhaps as their brokers demand they curtail risk exposures and investors withdraw funds.

As Block puts it: “This is all about pain. Managers came into this long growth stocks, and short things like emerging markets and metals. When someone yells fire, crowded positions take on a life all their own.  I fear that we will hear more about certain managers taking losses in [the first quarter] and April in the coming days.  There’s no two ways about it.  Prime brokers are tightening reins, as are fiduciaries. That’s what this is. Trying to rationalize any of this by citing fundamentals is a dangerous wild goose chase.”

This doesn’t mean fears of a first-quarter lull in U.S. economic growth and a stalling housing recovery are irrelevant, or that China’s weak export data and broader slowdown signs are meaningless. Sure, the market is reassessing its expectations for a growth acceleration come spring and summer.  Yes, there is nervousness about Federal Reserve intentions as it slowly dials down its asset purchases and eyes frothy financial markets. Long-term Treasury yields have receded while short-term rates have held steady, flattening the yield curve, which implies slower growth and/or marginally less-easy money down the road.

No dramatic real-economy developments

Yet none of these real-economy developments are particularly dramatic or new enough to account for the degree and character of this selloff. The corporate-credit markets have remained firm through all this, which likely wouldn’t be the case if markets were sniffing out the makings of a nasty economic shock or higher risk of U.S. recession.

That’s the good news. The bad news is that so many market sectors – especially the ones that led the push to new highs in late 2013 and early this year, such as Internet, biotech and small-cap stocks  – had appreciated dramatically more than the pace of economic or earnings growth did. So there arguably could be plenty of room for the hottest, growth-iest parts of the market to re-price lower before this corrective market action is through.

Just in the past couple of days, the weakness broadened to other areas such as banks and large-cap industrial stocks that were being used as havens. That’s healthy, as are the emerging signs that individual investors are registering more fear about the declines.

These are the prerequisites for an enduring recovery, but plenty of damage to the uptrend has been done already. Before sounding an “all-clear,” investors should look for signs that stocks can react reasonably well to earnings news in coming weeks, which would indicate expectations have been pounded low enough. And they should hope for the IPO window to narrow or close, insiders to quit selling and the trendy hedge-fund trades to stabilize.

In the past year-and-a-half, this market has seen pullbacks halted a bit before all the signs of capitulation have lined up. We’ll soon see if this is yet another 2013 pattern that is now working in reverse.

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2014-04-15 01:59:31
vamos todos para a praia !  :D
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-04-15 02:05:36
Sim, vamos todos para a praia com o rendimento mínimo assegurado.
 
Os Chineses que produzam e nos sirvam.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-04-15 14:28:01
Rendimento mínimo garantido é ideia sem significado na sua isolada assertividade.
Nem em associado à noção de progresso científico e tecnológico ele ganha corpo.
Nem o ganha ainda juntando-lhe o equilíbrio ecológico.
Requererá uma civilização superior à nossa e
uma demografia controlada
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-04-15 14:48:42
Não necessita de uma civilização superior. Necessita é de uma civilização inferior, pois requer uma população de escravos.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-04-15 15:06:48
Não necessita de uma civilização superior. Necessita é de uma civilização inferior, pois requer uma população de escravos.

Também o receio.

Porque toda a concentração de poder
é vulnerável à tirania e sem liberdade
não há dignidade nem civilização.

E, a liberdade requer o poder
de cada um se governar a si próprio.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Mystery em 2014-04-15 18:06:58
Bolsa, anos 10. século XXI

«A major change occurred in markets around the turn of this century: most trading [ ] on the stock exchange was done by computers trading with other computers, using certain algorithms. Offers to buy and sell were based not on market research, on informed news about the prospects of [this or that industry or particular company], but rather on extracting information from the pattern of prices and trades, and on whatever other information a computer could absorb and processo n the fly. Offers to buy and sell were held open for a nanosecond. [ ] Of course, the prices that were determined in those nanoseconds were of no relevance to any real decision taking. [ ]

The algorithmic traders claimed that they were making markets more liquid (“deeper”), but it was a liquidity that disappeared when it was needed,when a real disturbance occurred to which the market needed to adjust. The result was that the market began to exhibit unprecedented volatility. [ ]

In fact, there are reasons to believe that flash trading actually makes markets not just more volatile but also less “informative”. Computers attempt to use complex mathematical algorithms to extract whatever information is in the market, in a modern and more sophisticated version of front runnnig, the old-style ilegal activities by which brokers try to use information they glean from thos placing orders to enhance their own profits. (obs. - negrito, meu)

Of course, market participants know this. If some market researcher discovered that some company was going to do well (had just made a valuable discovery), he might rush, placing a large order. But the computer traders would immediately sense this and try to use his information for their own purpose. Today, of course, the first trader knows the game he’s playing, so he would never place alarge order, but would place a myriad of small orders.   

There´s been an arms race, where those doing the hard work of research try to keep their information away from the algorithms traders, and the algorithms traders try to break their code. One might say it’s just a waste of resources – a fight over the rents associated with early information. But it’s worse than that.

To the extent that the algorithmic traders succeed in outwitting those who do the real research, the returns to research fall; there will be less investment in information, and markets actually will convey less of the information that we care about.»   


Joseph Stiglitz, The Price of Inequality,
Penguin Books, London, 2013, pp. 206-8


Em abono da verdade, a maioria dos algoritmos surgiu na sequência da regulamentação que foi criada para fragmentar os mercados (e que tinha como objectivo “proteger os investidores”). Regra geral, quanto mais fragmentado é um mercado, maior é o peso dos algoritmos.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-04-15 19:49:38
Em abono da verdade, a maioria dos algoritmos surgiu na sequência da regulamentação que foi criada para fragmentar os mercados (e que tinha como objectivo “proteger os investidores”). Regra geral, quanto mais fragmentado é um mercado, maior é o peso dos algoritmos.

E o que dizes à manipulação da colocação de uma miríade de ordens de compra ou de venda para camuflar uma informação (assimétrica) de negócio?
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2014-04-16 09:54:37
Em abono da verdade, a maioria dos algoritmos surgiu na sequência da regulamentação que foi criada para fragmentar os mercados (e que tinha como objectivo “proteger os investidores”). Regra geral, quanto mais fragmentado é um mercado, maior é o peso dos algoritmos.

E o que dizes à manipulação da colocação de uma miríade de ordens de compra ou de venda para camuflar uma informação (assimétrica) de negócio?

É tal e qual a manipulação de pôr uma porta com fechadura na tua casa para que terceiros não se aproveitem. :D
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Thorn Gilts em 2014-04-16 09:56:24
Em abono da verdade, a maioria dos algoritmos surgiu na sequência da regulamentação que foi criada para fragmentar os mercados (e que tinha como objectivo “proteger os investidores”). Regra geral, quanto mais fragmentado é um mercado, maior é o peso dos algoritmos.

Exactamente
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-04-16 15:31:49
Em abono da verdade, a maioria dos algoritmos surgiu na sequência da regulamentação que foi criada para fragmentar os mercados (e que tinha como objectivo “proteger os investidores”). Regra geral, quanto mais fragmentado é um mercado, maior é o peso dos algoritmos.

E o que dizes à manipulação da colocação de uma miríade de ordens de compra ou de venda para camuflar uma informação (assimétrica) de negócio?

É tal e qual a manipulação de pôr uma porta com fechadura na tua casa para que terceiros não se aproveitem. :D

Claro que é.

Excepto que
não há casa nem porta nenhuma.

E sim, uma soma de títulos,
pagos ou em dívida,
sobre os quais,

quem mais sabe,

vai ganhar apenas
o que os outros perdem
ou menos ganham.


Mas, o mais deplorável,
- afora eventualmente ficar-se arruinado -,

é empregar tanto tempo precioso de vida,

numa pura e escrava dependência
da observação e análise
de gráficos e cálculos!

...
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-05-05 13:35:48
É uma ideia interessante (para reduzir a burocracia e injustiça), mas é uma ideia que só teria hipóteses de funcionar se o montante atribuído fosse altamente, ALTAMENTE desconfortável. No fundo algo ao nível do RSI que já existe em Portugal (e mesmo esse está no limite, pois como se vê já existem pessoas a basearem-se nele para viverem por opção, que é o que se quer totalmente evitar, até porque os restantes que providenciam os produtos e serviços que esses vão comprar não têm que deles ser escravos).
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: AmigosdaBolsa em 2014-05-06 16:45:18
Julgo que a vantagem desse rendimento é que uma pessoa mesmo que trabalhasse teria direito a receber, certo?
Ou seja, recebia o salário mais o UBI.

A diferença que existe deste com o RSI é que para muita gente a diferença entre o salário que podem auferir e o RSI (pois as duas não são acumulativas) não justifica terem que trabalhar.

Por outro lado temo o mesmo que o INC, pois há o risco de se o valor for elevado e que dê para viver dele confortavelmente sem ter que contribuir para a sociedade, muita gente opte por nada fazer.

Mas mesmo assim será que ao mais gente ter dinheiro o consumo e os preços poderiam aumentar, com isso a necessidade de mão de obra aumentava juntamente com os salários o que para muitos justificaria o acumular dos dois rendimentos?
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-05-06 18:56:51
Julgo que a vantagem desse rendimento é que uma pessoa mesmo que trabalhasse teria direito a receber, certo?
Ou seja, recebia o salário mais o UBI.

A diferença que existe deste com o RSI é que para muita gente a diferença entre o salário que podem auferir e o RSI (pois as duas não são acumulativas) não justifica terem que trabalhar.

Por outro lado temo o mesmo que o INC, pois há o risco de se o valor for elevado e que dê para viver dele confortavelmente sem ter que contribuir para a sociedade, muita gente opte por nada fazer.

Mas mesmo assim será que ao mais gente ter dinheiro o consumo e os preços poderiam aumentar, com isso a necessidade de mão de obra aumentava juntamente com os salários o que para muitos justificaria o acumular dos dois rendimentos?

Embora a lógica seja essa, só os recipientes praticamente sem rendimentos receberiam líquido, os outros teriam que voltar a pagar tudo em impostos.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-05-11 18:04:50
Antes de ir pedir dinheiro ao banco
ou emitir um empréstimo obrigacionista
:

(http://www.ionline.pt/sites/default/files/styles/910x282_dilbert_slide/public/dilbert/dia_28_0.jpg?itok=gthrqKcP)

LOL
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: bezanas em 2014-05-11 23:05:17
isso do rendimento minimo garantido por defeito  é um bocado complicado... depois deixava de haver gamanço o people achantrava-se  e tal e a bófia e os advogados e juizes e tal  sem movimento... misericordias e jonets etc etc  ;)  ná sei..  8)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-08-10 17:01:19
Um texto de há um ano,
suponho não editado.

Mantem-se actual.


(http://www.odiario.info/b2-img/grafc1.jpg)

A propósito de as populações
dos estados capitalistas ocidentais

andarem aflitas...

E os capitalistas-aforradores,
não andarão também?

Convém não perder de vista a condicionalidade
de todo o sistema capitalista

Aqui deixo um texto tacteante dessa realidade:

O clamor geral da aflição das populações faz-me divagar para uma "narrativa" de hecatombe a nível de rendimentos de capitais.
Não sei a pertinência deste eventual 'contra-texto', pouco reexaminado, que avanço sem me comprometer a não o apagar!


Ei-lo:

Bem, não vejo que um banco central tenha mais força do que o Governo (USA) ou Governos (UE), dado que políticos são os governantes, que o são de países com exércitos, e não os bancos centrais. O banco central compra, conserva e, ou, vende títulos em função da política monetária adequada à regulação económica.

Sei que “as pessoas” “bradam” imenso contra o lucro dos bancos centrais nacionais, que contraem empréstimos no Banco de Frankfurt (BCE) a 1%

e põem o dinheiro logo a render a 3 e 4 e a 5% ao comprarem obrigações do Estado que vendem – um pouco abaixo do nominal – mal precisem de dinheiro, engrossando assim a sua conta de lucros sem perdas!

Mas isto não tem nada de especial, nem é censurável no modo como as pessoas o imaginam e julgam, e pode circunstancialmente ser o meio de evitar que os bancos caiam na insolvência e no descalabro da bancarrota ao restituirem os depósitos do público.

O que pode censurar-se, sim, é a porventura escandalosa ou excessiva distribuição de lucros dos bancos comerciais aos seus accionistas e gestores,

isto é a indivíduos, a particulares, agravando a tolerável desigualdade social na distribuição de rendimento, e não propriamente

o facto de as instituições terem lucros e ganharem dinheiro, o que parece muito fácil, — pagar juros a 1% e cobrar a 4% —,

mas esquece o conjunto da actividade bancária: imparidades, incobráveis, falências, moratórias nos empréstimos à actividade económica e a responsabilidade de satisfazer os levantamentos de depósitos.

Embora os bancos “joguem” com algum dinheiro próprio — o dos accionistas — movimentam, sobretudo, capitais alheios, das famílias, dos cidadãos, das empresas, capitais que circulam nas inúmeras transacções intersectoriais e no pagamento de salários, além das poupanças globais de fundos de pensões, e fundos soberanos, em busca de um rendimento mínimo, ou apenas de algum rendimento, seja ele qual for e, se negativo, o menos negativo possível.

As “pessoas” não percebem estas questões dos lucros e dos juros, dos salários e dos impostos… E, contudo, as explicações têm mais de duzentos anos! :)

Examine-se o tema da chamada taxa média de lucro dos capitais.

O juro, não é simplesmente o que o mutuante cobra do mutuário pelo tempo de duração do mútuo. Isso é a descrição jurídica do contrato, que se cumpre ou incumpre, o que não depende do contrato em si. Não há juro nenhum se o devedor nada pagar. As coisas, portanto, passam-se segundo uma causalidade extra-jurídica.

Quem trabalha no sector produtivo de bens e serviços, — cuja utilidade garante o interesse da população em os possuir e consumir —, consegue uma fonte de receita que lhe dá não só para pagar os custos em que incorre para obter a produção como ainda lhe sobra dinheiro para o que bem entender: esbanjar, poupar, sustentar parentes e amigos, doar,  etc., tudo, claro, depois de pagar impostos que o Estado cobra.

Esta margem líquida de lucro, este excedente do valor da produção sobre os consumos produtivos (salários, materiais, equipamentos) requeridos à sua formação anual, é apropriada pelos diferentes agentes económicos e redistribuída socialmente.

Nesta redistribuição intervêm o juro e a taxa média de lucro.

O “filme” é assim: O empresário X ou o sector de actividade Y qualificável de altamente lucrativo seja porque explora alguma invenção, seja porque satisfaz a necessidade de algum bem ou recurso, de súbito, altamente procurado ou qualquer outra situação de vantagem comparativa;

Quem opera num sector de negócio assim próspero, depressa recebe propostas para trespassá-lo. O que facilmente conseguirá por um preço vantajoso que, ainda assim, proporcionará ao novo empresário beneficiar de um rendimento esperado acima da rendibilidade média do investimento noutras opções de actividade e bem acima da taxa de juro média do mercado de capitais.

E aqui se processa uma primeira redistribuição de capitais e cuja taxa de rendimento — a chamada eficiência marginal do capital —, tenderá a nivelar-se pela taxa média de juro de empréstimo de capitais, através da variação da cotação do capital-acções das sucessivas transacções do mesmo em bolsa.

A maior “anormalidade” bolsista, não apenas a queda geral de cotações, mas a perspectiva de depressão prolongada, leva os investidores ao ponto de aceitarem taxas de juro negativas para colocarem os seus capitais ao abrigo de maiores perdas ainda na bolsa, para supostos países com economias mais confiáveis de segurança. Bem entendido, uma remuneração negativa de capitais é ainda um rendimento positivo se comparado com uma perda receada de capital ainda mais gravosa!

Portanto, nem o próprio juro, seja de emissão de obrigações públicas ou de empresas privadas, tem mais certeza do que qualquer outro negócio, porque sempre o futuro é incerto e só o efectivo crescimento económico viabiliza e garante a normal remuneração de poupanças investidas.

Para concluir que,

embora em termos individuais, a nível de particulares, alguns possam ganhar muito dinheiro, — e a justiça redistributiva deve zelar para só tolerar as desigualdades de rendimento que correspondam a vantagens líquidas para o bem-estar colectivo —,

a pressão é a de baixa tendencial da taxa média de lucro,
estrito resultado da lei dos rendimentos decrescentes,

com o equilíbrio de longo prazo a consolidar-se
quando os investimentos se compatibilizam 
com níveis adequados de consumo 

em conformidade com

o grau de tecnologia, ciência e civilização alcançado,
o controlo demográfico apropriado e adequada
redistribuição do rendimento. 
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2014-08-10 17:17:54
grande parte da pobreza dos paises ocidentais nao tem solucao, o problema eh que grande parte dos pobres ou nao querem trabalhar ou nao conseguem ja para nao falar dos reformados, cuja tendencia eh serem relativamente pobres dado o seu elevado numero

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-08-10 17:25:52
Há gente a mais. No Ocidente e no Resto do Mundo.

3 500 milhões de habitantes,
a população em 1950;

poderia, deveria, ser a de 2050.


Ao invés, prevê-se 7 000 milhões!

Censuráveis: Índia, África, América Católica, Países Muçulmanos.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2014-08-10 17:26:54
acho que se preve 10 ou 11 mil milhoes
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-08-10 17:29:57
Só "ouvi-vi" falar 7 000 milhões.
E neles, o tsunami bantu,
mais de 1 000 milhões!
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2014-08-10 17:33:48
Só "ouvi-vi" falar 7 000 milhões.
E neles, o tsunami bantu,
mais de 1 000 milhões!

7MM eh a populacao presente
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-08-10 17:38:59
7MM eh a populacao presente

Tens razão. Enganei-me.
Mas suponho que ainda seja a de 2050.

Só que 3 500 milhões de habitantes
seriam o ideal hoje e
depois de amanhã.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zenith em 2014-08-10 17:51:56
è fazer aqui um inquerito a ver se há candidatos ao suicídio para preservar equilibrio do planeta e bem estar das gerações futuras  ;D
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-08-10 19:01:31
Mais de metade dos que estão,
já cá não estarão em 2050.

Não vale a pena suicidarem-se.
Morrem mesmo.

A questão põe-se
é aos que  ainda cá não estão!
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Kin2010 em 2014-08-10 21:19:40
Há uma solução que resolve estes problemas muito eficientemente:

O CANIBALISMO!  ;)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-08-10 21:59:02
Há uma solução que resolve estes problemas muito eficientemente:

O CANIBALISMO!  ;)

Seria só meia solução.

Porque metade dos que vão estar
a mais, ainda não nasceram!

A teoria é que não nasçam;
outra é que morram os
que já nasceram!



Mas, como dizia Goethe:

«Entre duas teorias não está
a solução do problema,
está o problema.»


:)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-22 22:22:24
Este é o gráfico de Piketty, que mostra ter a distribuição de rendimento dos 10% mais ricos ter sido limitada a 35% do total do produto nos EUA no período dos anos 40 aos anos 80. Antes e depois desse intervalo, aquela fracção dos mais ricos ultrapassou a arrecadação de 40%, e até 50%, do total do produto.

Ainda não li o livro de Piketty, e não sei exactamente o que ele infere deste facto. Mas tentando identificar o que terá causado essa limitação do enriquecimento no período de 40 a 80 do século 20, presumo que haja sido a guerra e os acordos de Bretton Woods que regularam o sistema bancário internacional, que antes não existiam como constrangimento e, depois dos anos 80, foram desmantelados com a desregulação e livre circulação de capitais.

O que imagino passou a acontecer foi a infinda concessão de crédito para transação de acções em bolsa, permitir agilizar a busca de oportunidades de rendabilidade diferencial a tal ponto que, pelo  jogo subsequente de animação da procura, acaba por inflacionar exagerada e ilusoriamente a cotação dos títulos, gerando com isso ulteriores revisões negativas de rendabilidade esperada dos negócios, o que torna instável e volátil o próprio equilíbrio entre a taxa de crescimento da produtividade, a correspondente taxa de lucro do capital produtivo e a taxa de juro do dinheiro, que passa a flutuar em torno de valores vizinhos do 0+ e 0-, posto que o potencial de cada negócio é logo apropriado (abocanhado) à partida em operações bolsistas especulativas e espoliativas da própria actividade produtiva!

(http://4.bp.blogspot.com/-4c9vKJLRVvk/UySDwMkTgfI/AAAAAAAAAgM/-6PfSd0uY_4/s1600/Piketty+USA+1%25.png)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2014-10-23 00:22:42
as desigualades hoje em dia sao muito inferiores aos anos 20, o erro esta no focus puramente monetario e nao naquilo que o dinheiro realmente compra.

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-10-23 00:53:57
as desigualades hoje em dia sao muito inferiores aos anos 20, o erro esta no focus puramente monetario e nao naquilo que o dinheiro realmente compra.

Concordo.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-23 14:16:10
as desigualades hoje em dia sao muito inferiores aos anos 20, o erro esta no focus puramente monetario e nao naquilo que o dinheiro realmente compra.

Os dados são valores relativos de distribuição do rendimento nacional (USA) e é provável que incidam sobre grandezas meramente monetárias, cujo poder de compra antes da guerra e depois da desregulação dos bancos, é possivelmente muito diferente.

Nesse plano, concordarei convosco, tanto  mais que o mercado de bens de consumo de hoje em dia, está inundado de gadgets - i.e., "porcarias" sem interesse nenhum - e antes da guerra não era assim, o consumo era-o de bens úteis e de real valor.

O notável na concentração actual de rendimento - admitámo-lo, concentração de riqueza monetária, de capital-dinheiro, de títulos de propriedade nominalmente valiosos, mas provávelmente 'bichados' de fortes 'imparidades' – está na tensão depressiva provocada pelas massa enorme de capital financeiro, arrecadada nas mais-valias bolsistas – reverso da medalha, do esboroamento de poupanças de pequenos aforradores – , que não consegue qualquer aplicação segura senão a taxas de juro zeradas ou até negativas, as únicas que o capital produtivo pode enfrentar para o financiamento do processo produtivo.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Vanilla-Swap em 2014-10-23 15:22:41
alguém tem um gráfico da redistribuição do rendimento na europa ?
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Vanilla-Swap em 2014-10-23 15:41:45
Está aqui.

http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/Income_distribution_statistics/pt (http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/Income_distribution_statistics/pt)


Em 2010, 16,4 % da população da UE-27 foi considerada em risco de pobreza após transferências sociais (ver Gráfico 1). Esta percentagem, calculada como a média ponderada dos resultados nacionais, esconde variações consideráveis entre os Estados-Membros da UE. Em seis países, designadamente, a Letónia, (21,3 %), Roménia (21,1 %), Bulgária (20,7 %), Espanha (20,7 %), Lituânia (20,2 %) e Grécia (20,1 %), mais de um quinto da população era considerada em situação de risco de pobreza.. As percentagens mais baixas de pessoas em risco de pobreza foram observadas nos Países Baixos (10,3 %) e na República Checa (9,0 %). A Noruega (11,2 %) e a Islândia (9,8 %) também comunicaram percentagens relativamente baixas de risco de pobreza das respetivas populações.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2014-10-23 17:23:00
"O limiar de pobreza (igualmente indicado no Gráfico 1) corresponde a 60 % da mediana do rendimento disponível equivalente em cada país."

LOL, muito comico
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-23 19:27:51
"O limiar de pobreza (igualmente indicado no Gráfico 1) corresponde a 60 % da mediana do rendimento disponível equivalente em cada país."

LOL, muito comico

Se o rendimento per capita mediano de uma população é aquele em que metade da população ganha menos do que esse rendimento mediano e a outra metade ganha mais; qualificar em estado de pobreza o grupo de pessoas que aufira menos de 60% do rendimento mediano, o que tem de especial? Não sei qual é o rendimento mediano do cidadão  português, mas supondo que é x% acima do salário mínimo (s), o limiar de pobreza (l) ultrapassar-se-ia para os valores inferiores a l < 0.6*(1+x). Com s=€ 485.00, para x=10%; 15%; 20%, teríamos l=€320.00; €335.00; €349.00. Não vejo o que isto tenha de especial, nem onde esteja a graça.

Mas o interessante na distribuição do rendimento é a concentração de mais de 40% do rendimento total em 10% da população! Esta situação acarreta uma acumulação de capital-dinheiro, ou quase-dinheiro, ou poder imediato de decidir sobre quase tudo que, a meu ver, torna muito difícil conseguir rendabilidades mesmo que mínimas,  salvo se o sistema financeiro fizer o que faz: criar a ilusão de que continua a ganhar dinheiro nas aplicações onde imagina ser possível e estar a acontecer!

Aqui digo eu, LOL. Porque é tudo ilusório, é tudo imparidades, é tudo 'hecatombes de meia-noite'! Não há seriedade na escrita. Não há probidade no cálculo económico. É tudo tirar do bolso de um cidadão e pôr no de outro(s), especialmente no de carteirista(s).
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2014-10-23 19:46:52
o que tem graca eh que nao mede a pobreza, mede outra coisa qualquer
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-23 19:55:21
Realmente, é capaz de ser pouco conclusivo. Tanto mais quanto há desmedida proletarização das populações suburbanas das cidades e no campo o dinheiro não é vital para sobreviver... O desemprego deveria ser absorvido pela lavoura dos campos e por esquemas de trabalho urbano com mistos remuneração em dinheiro e em espécie (o que nalguma medida suponho se faz).
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: karnuss em 2014-10-24 10:31:23
o que tem graca eh que nao mede a pobreza, mede outra coisa qualquer


Mede pobreza relativa, e não pobreza absoluta: http://www.poverty.org.uk/summary/social%20exclusion.shtml (http://www.poverty.org.uk/summary/social%20exclusion.shtml)

Segundo a wikipedia, nos países desenvolvidosa pobreza relativa é um indicador melhor do que a pobreza absoluta.

Citar
Relative poverty

This graph shows the proportion of world population in extreme poverty 1981–2008 according to the World Bank.
Relative poverty views poverty as socially defined and dependent on social context, hence relative poverty is a measure of income inequality. Usually, relative poverty is measured as the percentage of population with income less than some fixed proportion of median income. There are several other different income inequality metrics, for example the Gini coefficient or the Theil Index.

Relative poverty is the "most useful measure for ascertaining poverty rates in wealthy developed nations."[43][44][45][46][47] Relative poverty measure is used by the United Nations Development Program (UNDP), the United Nations Children’s Fund (UNICEF), the Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) and Canadian poverty researchers.[43][44][45][46][47] In the European Union, the "relative poverty measure is the most prominent and most–quoted of the EU social inclusion indicators."[48]

"Relative poverty reflects better the cost of social inclusion and equality of opportunity in a specific time and space."[49]

"Once economic development has progressed beyond a certain minimum level, the rub of the poverty problem – from the point of view of both the poor individual and of the societies in which they live – is not so much the effects of poverty in any absolute form but the effects of the contrast, daily perceived, between the lives of the poor and the lives of those around them. For practical purposes, the problem of poverty in the industrialized nations today is a problem of relative poverty (page 9)."[49][50]

In 1776 Adam Smith in the Wealth of Nations argued that poverty is the inability to afford, "not only the commodities which are indispensably necessary for the support of life, but whatever the custom of the country renders it indecent for creditable people, even of the lowest order, to be without."[51][52]

In 1958 J. K. Galbraith argued that, "People are poverty stricken when their income, even if adequate for survival, falls markedly behind that of their community."[52][53]

In 1964 in a joint committee economic President's report in the United States, Republicans endorsed the concept of relative poverty. ”No objective definition of poverty exists... The definition varies from place to place and time to time. In America as our standard of living rises, so does our idea of what is substandard."[52][54]


Children of the Depression-era migrant workers, Arizona, 1937
In 1965 Rose Friedman argued for the use of relative poverty claiming that the definition of poverty changes with general living standards. Those labelled as poor in 1995, would have had "a higher standard of living than many labelled not poor" in 1965.[52][55]

In 1979, British sociologist, Peter Townsend published his famous definition, "individuals [...] can be said to be in poverty when they lack the resources to obtain the types of diet, participate in the activities and have the living conditions and amenities which are customary, or are at least widely encouraged or approved, in the societies to which they belong (page 31)."[56]

Brian Nolan and Christopher T. Whelan of the Economic and Social Research Institute (ESRI) in Ireland explained that, "[P]overty has to be seen in terms of the standard of living of the society in question."[57]

Relative poverty measures are used as official poverty rates by the European Union, UNICEF and the OEDC. The main poverty line used in the OECD and the European Union is based on "economic distance", a level of income set at 60% of the median household income.[58]
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-10-24 10:50:08
Mas é um conceito que impede a inexistência de pobres seja qual for o nível de vida dos mesmos (a menos que se queira que a sociedade seja comunista ou algo assim).

Seria mais justo definir um conjunto de bens e serviços aos quais se uma pessoa acedesse não seria pobre. Isso faria com que a sociedade ao evoluir conseguisse eliminar toda a pobreza. A partir daí, teriam que ser as pessoas a procurar melhorar o seu nível de vida pela sua própria iniciativa, e não pendurando-se no esforço da restante sociedade, para lhes garantir um nível de vida superior.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2014-10-24 11:57:13
Mas é um conceito que impede a inexistência de pobres seja qual for o nível de vida dos mesmos (a menos que se queira que a sociedade seja comunista ou algo assim).

Seria mais justo definir um conjunto de bens e serviços aos quais se uma pessoa acedesse não seria pobre. Isso faria com que a sociedade ao evoluir conseguisse eliminar toda a pobreza. A partir daí, teriam que ser as pessoas a procurar melhorar o seu nível de vida pela sua própria iniciativa, e não pendurando-se no esforço da restante sociedade, para lhes garantir um nível de vida superior.

eh um conceito maleavel e que defende a instalada industria social dos pobres
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-24 13:24:48
O cabaz específico mínimo de bens e serviços cujo acesso o cidadão não possa alcançar define com propriedade e pertinência a situação de pobreza, carecida de assistência social colectiva. É forçoso que o custo periódico de tal cabaz seja inferior ao salário mínimo (se o houver, por lei). A assistência aos pobres deve ser discreta. Os drogados devem ser internados em estabelecimentos de saúde até se desintoxicarem e ficarem curados ou morrerem como se fazia antigamente com os tuberculosos. Os governantes sem a lucidez de promoverem com sucesso razoável o pleno emprego da população do território sob seu governo, devem ser substituídos por políticos mais hábeis e eficazes no governo do povo. Fora disto, sem o respeito destas traves mestras, tudo é ilusão e embuste.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Local em 2014-10-24 13:26:49
internar drogados contra a sua vontade não promove a sua cura.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-10-24 13:27:45
O cabaz específico mínimo de bens e serviços cujo acesso o cidadão não possa alcançar define com propriedade e pertinência a situação de pobreza, carecida de assistência social colectiva. É forçoso que o custo periódico de tal cabaz seja inferior ao salário mínimo (se o houver, por lei). A assistência aos pobres deve ser discreta. Os drogados devem ser internados em estabelecimentos de saúde até se desintoxicarem e ficarem curados ou morrerem como se fazia antigamente com os tuberculosos. Os governantes sem a lucidez de promoverem com sucesso razoável o pleno emprego da população do território sob seu governo, devem ser substituídos por políticos mais hábeis e eficazes no governo do povo. Fora disto, sem o respeito destas traves mestras, tudo é ilusão e embuste.

Mas não é esse o caso, ao definir pobreza como sendo abaixo de 60% do rendimento mediano ou algo assim. É perfeitamente possível que os 60% ultrapassem um cabaz mínimo de bens e serviços.

Agora a coisa ser relativa não lembra a ninguém ... se "os outros" produzem 10 batatas, um tipo que não produza nada é pobre quando só tem 5 ("por exemplo"). De repente os outros esforçam-se mais e conseguem produzir 20 batatas, e o tipo já é pobre tendo 10 mesmo sem produzir nada? É absurdo. A sociedade quanto muito deveria garantir um nível mínimo fixo, não um nível relativo e móvel que se pendura no esforço dos restantes.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-24 13:39:08
Tu tens razão no conceito-procedimento que propuseste.

E um governo lúcido atentará também nas diferenças regionais
do que é e não é ser pobre e carecido de assistência.

Fora do que se deduza do que enunciei
há ilusão e embuste.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2014-10-24 13:43:57
Confunde-se sempre desigualdade com pobreza. São conceitos muito, muito, muito diferentes.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-10-24 13:46:16
Se anda tudo de Mercedes um tipo de Renault sente-se pobre.

Não pode ser.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2014-10-24 13:58:17
A própria evolução da sociedade faz com que as pessoas se sintam pobres. Repare-se na definição de pobreza da UE:

Citar
The indicator adopted by the Social protection committee measures the percentage of the population that cannot afford at least three of the following nine items:

    to pay their rent, mortgage or utility bills;
    to keep their home adequately warm;
    to face unexpected expenses;
    to eat meat or proteins regularly;
    to go on holiday;
    a television set;
    a washing machine;
    a car;
    a telephone.
[url]http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/Glossary:Material_deprivation[/url] ([url]http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/Glossary:Material_deprivation[/url])


Há coisas na lista, como o telefone, maquina de lavar loiça, automóvel ou televisão que nem sequer existiam há 100 anos e que agora são consideradas essenciais, ao ponto de serem incluídas num índice de pobreza (conclui-se, portanto, que quase toda a humanidade viveu em estado de pobreza, mesmo reis, Rothchilds e companhia).
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: karnuss em 2014-10-24 14:10:50
Há os dois conceitos, pobreza relativa e pobreza absoluta. Ambos são válidos e ambos são utilizados. E é natural, e até mesmo desejável, que o limiar de pobreza relativa (quer em valor - 60% medianas ou outra medida qualquer, quer em "cabaz de bens") vá evoluindo com o desenvolvimento da sociedade. Senão o que é que andamos aqui a fazer? A Sociedade desenvolve-se para quê? Não é para todos terem acesso a mais, a uma vida mais confortável e melhor que a dos pais e dos avós?

Citar
Mas é um conceito que impede a inexistência de pobres seja qual for o nível de vida dos mesmos (a menos que se queira que a sociedade seja comunista ou algo assim).

Eu acho que o objectivo implícito (e não declarado) é mesmo esse, esbater ao máximo as desigualdades. Não diria obter um regime comunista cheio de pobres, mas no fim ter 6 mil milhões de cidadãos de classe média, após redistribuição. gora se resulta, isso já é outra conversa :)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-10-24 14:15:23
Bem, a sociedade não existe para uma parte dessa sociedade se esforçar e produzir, e a outra parte ter direito a uma fatia dessa produção constante - de forma a usufruir de mais e mais à medida que se produz mais.

Dito de outra forma, um tipo não se levanta da cama às 6:30 da manhã para ir produzir para os outros sem contrapartida.

Como acreditamos num nível de solidariedade e bondade, é defensável que um mínimo fixo seja providenciado a quem não consegue (ou talvez mesmo não quer) produzir para os outros. Um mínimo fixo desconfortável, de forma a que:
* Não exceda o que o pior dos produtores e contribuintes obtém;
* Não seja opção consciente para alguém, não produzir.

(outra coisa, a redistribuição não vai meter pessoas na classe média - a classe média vai ser contribuinte líquida para a redistribuição)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: karnuss em 2014-10-24 14:32:22
Bem, a sociedade não existe para uma parte dessa sociedade se esforçar e produzir, e a outra parte ter direito a uma fatia dessa produção constante - de forma a usufruir de mais e mais à medida que se produz mais.

Dito de outra forma, um tipo não se levanta da cama às 6:30 da manhã para ir produzir para os outros sem contrapartida.

Como acreditamos num nível de solidariedade e bondade, é defensável que um mínimo fixo seja providenciado a quem não consegue (ou talvez mesmo não quer) produzir para os outros. Um mínimo fixo desconfortável, de forma a que:
* Não exceda o que o pior dos produtores e contribuintes obtém;
* Não seja opção consciente para alguém, não produzir.

(outra coisa, a redistribuição não vai meter pessoas na classe média - a classe média vai ser contribuinte líquida para a redistribuição)

Obviamente que a malta que define os indicadores de pobreza e das organizações transnacionais que a definem e combatem não quer que o mundo se divida em madraços e trabalhadores explorados pelos primeiros, eles não são palermitas. O que esperam é que toda a gente se levante para trabalhar (não necessita ser ás 6:30, isso é cedo demais e interfere negativamente com a qualidade de vida das pessoas :) ) e produzir algo útil aos outros e à sociedade onde se inserem, e que no final o fruto do trabalho de todos dê para haver uma gigante classe média, após redistribuição de rendimentos. É utópico? Provavelmente sim.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-10-24 14:42:10
É utópico, sim. A esmagadora maioria das pessoas trabalha porque TEM que o fazer para obter dos outros a produção. Se existisse uma garantia de teres 60% do rendimento mediano (ou seja, de não existirem pobres) a produção implodiria.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-24 22:20:36
Assim como a pobreza, em todo o caso, situa-se no aquém de alguma proporção do rendimento mediano, assim a alta burguesia se situa no além de uma certa proporção de tal rendimento. A desigualdade extrema das classes de rendimento distribuído, ainda que porventura não desestimule a população de trabalhar, particularmente se tiver esperança de elevação de status social, torna altamente estéril a acumulação do capital líquido nas mãos da classe possidente, por estagnação ou quase impossibilidade de aplicação de recursos a finalidades produtivas rentáveis, pelo que o desentesouramento de tais fortunas escoa-se para gastos de ostentação, arte, mecenato e beneficência.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Kin2010 em 2014-10-25 01:27:12
É utópico, sim. A esmagadora maioria das pessoas trabalha porque TEM que o fazer para obter dos outros a produção. Se existisse uma garantia de teres 60% do rendimento mediano (ou seja, de não existirem pobres) a produção implodiria.

Como já tenho vindo a dizer, a evolução da robotização + IT + Internet poderá alterar isto a médio prazo. Poderemos caminhar para um mundo em que imensa gente não precisa de trabalhar, continuando a viver bem. Mais, poderá até ser mais rentável pôr certas categorias de pessoas em casa sem nada fazer e pagando-lhes, do que tê-las a trabalhar.


Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-10-25 01:28:47
Talvez, mas esse mundo ainda não é agora.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-25 13:37:04
Poderemos caminhar para um mundo em que imensa gente não precisa de trabalhar, continuando a viver bem. Mais, poderá até ser mais rentável pôr certas categorias de pessoas em casa sem nada fazer e pagando-lhes, do que tê-las a trabalhar.

Temos de individuar o que é segundo o que há.

No que há, nada vislumbro que se  dirija para esse modo de ser
sem trabalhar, sem ter trabalhado ou sem haver
quem trabalhe para quem não trabalha.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-26 22:00:29
Como já tenho vindo a dizer, a evolução da robotização + IT + Internet poderá alterar isto a médio prazo. [ ]

Eu penso que se depositam erradas expectativas nas tecnologias da informação e na instantânea comunicação em rede do pensamento. Se ponderarmos friamente, a tecnologia automatiza procedimentos e mecaniza o pensamento. Ora a ciência, ou melhor a investigação científica da razão de ser e da causa das coisas requer uma grande liberdade de idear explicações do que haja de experimentar-se para apurar se as coisas resultam como se preveem segundo o que se pressupõe. Por outro lado comunicar, e comunicar instantaneamente, acaba por reduzir-se a aludir a 'estados de alma', e isso 'comunica-se' sem telemóvel nem computador... De modo que, o que me parece urgente e imperioso imagino termos de o aprender bem por fora de quaisquer procedimentos técnicos, onde tantos depositam as maiores esperanças. Redundarão em nada sem sabermos pensar.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Thunder em 2014-10-28 15:15:34
Durante a semana passada houve discussão acessa sobre estas questões, dado o teto que o governo deseja impor.
Os partidos mais à esquerda usam um emaranhado de definições entre os diversos tipos de apoio que o estado concede para oporem-se a esse teto.
No final de toda a teoria, acho que tudo vai desaguar ao que foi discutido aqui. O rendimento total de quem recorre a apoios (seja eles quias forem) estatais é superior ao rendimento de quem está inserido no mercado de trabalho?
Caso a resposta seja sim, estamos obviamente a brincar com o fogo, pois a prazo a degradação do sector produtivo será inexorável
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2014-10-28 15:29:31
É estranho a esquerda ser contra uma coisa tão básica e moral. Não se está a colocar em causa apoios, apenas se coloca em causa que acumulem apoios para lá do que alguém a trabalhar obtém.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Thunder em 2014-10-28 15:37:38
É estranho a esquerda ser contra uma coisa tão básica e moral. Não se está a colocar em causa apoios, apenas se coloca em causa que acumulem apoios para lá do que alguém a trabalhar obtém.

O argumento é que se colocares a economia a crescer (muito) e não existirem desvios de capital (que na sua optica apenas vão para o "grande capital") que será possível redistribuir em níveis muito superiores aos actuais.
Sabes tão bem como eu como este argumento é demagógico e com premissas erradas  ;)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2014-10-28 15:42:15
É estranho a esquerda ser contra uma coisa tão básica e moral. Não se está a colocar em causa apoios, apenas se coloca em causa que acumulem apoios para lá do que alguém a trabalhar obtém.
A Manuela Ferreira Leite até disse que isso é um atentado à privacidade porque não é aceitável que o estado ande a cruzar quantas vezes a pessoa foi comer a uma cantina social. É pagar e calar.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Thunder em 2014-10-28 16:05:55
Não poder cruzar se recebe duma Santa Casa e depois duma autarquia e dum governo central é um atentado?
Mas então andar a esmiuçar os rendimentos dum cidadão "que trabalha", tentar ver se ele anda a declarar rendimentos à menos, se não tem uma actividade ilegal, se herdou ou não algo, etc, ect, não é também um atentado á privacidade? Haja coerência!
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-28 20:06:12
Se o índice geral de preços, na Europa, tender a não aumentar ou até a diminuir, o stock de dinheiro em circulação (moedas, notas, depósitos bancários) tornar-se-á mais valioso com a passagem do tempo, i.e., o seu poder de compra aumenta, não  diminui. Nesta circunstância, pagar dívidas no futuro é mais desvantajoso para o devedor do que pagá-las já! A manter-se - e a confirmar-se o  pendor deflacionista do euro - convirá pouco andar a reestruturar dívidas para pagá-las mais tarde. Mas a manter-se a tendência, também ninguém vai querer dinheiro já, pois quanto mais tarde o receber, mais recebe! De modo que, o único que eu vejo a querer fugir de saber como gerir este estado novo de coisas é mesmo o Draghi a tentar despejar créditos à ordem a tudo e para todos... a ponto de, os próprios Estados Unidos estarem cada vez mais interessados em juntar a divisa deles à da Europa! Eu precisava que viessem aqui explicar e desdobrar qual a lógica por que se deva estudar esta enorme redistribuição de rendimentos que está em curso sem estarmos a perceber como tudo isto é, ou vai ser.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Kin2010 em 2014-10-29 00:33:39
Como já tenho vindo a dizer, a evolução da robotização + IT + Internet poderá alterar isto a médio prazo. [ ]

Eu penso que se depositam erradas expectativas nas tecnologias da informação e na instantânea comunicação em rede do pensamento. Se ponderarmos friamente, a tecnologia automatiza procedimentos e mecaniza o pensamento. Ora a ciência, ou melhor a investigação científica da razão de ser e da causa das coisas requer uma grande liberdade de idear explicações do que haja de experimentar-se para apurar se as coisas resultam como se preveem segundo o que se pressupõe. Por outro lado comunicar, e comunicar instantaneamente, acaba por reduzir-se a aludir a 'estados de alma', e isso 'comunica-se' sem telemóvel nem computador... De modo que, o que me parece urgente e imperioso imagino termos de o aprender bem por fora de quaisquer procedimentos técnicos, onde tantos depositam as maiores esperanças. Redundarão em nada sem sabermos pensar.

Há um mal entendido aqui. Eu não disse que as IT + Internet + robots poderiam substituir todo o trabalho criativo humano. Provavelmente uma parte do trabalho mais criativo terá sempre que ser feito por humanos (terá? Não é claro.). O que eu disse é que elas estão a substituir humanos muito rapidamente no trabalho não criativo. Passo nos aeroportos por ex, e o check in automático com máquinas está a espalhar-se. Há muitos mais exemplos. Se continuarem a substituir assim, acabaremos por ter sociedades com imensa gente sem trabalhar. E isso, potencialmente, não é nenhuma tragédia, porque a produção de bens e serviços estará ou na mesma ou maior, logo chega para todos, mesmo para os que não trabalham. Era só isso que eu queria dizer. Concordo com o Inc que ainda falta muito para se ter a maioria das pessoas sem trabalhar.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: JoaoAP em 2014-10-29 11:24:52
vbm,

Normalmente também não leio as tuas "doideiras de versos" ... mas aqui deu bem para ler...

E se eu te disser que que estás bem enganado relativamente a "Redundarão em nada sem sabermos pensar."?
E quando Kin diz "trabalho criativo humano"... pois existem neste momento projectos nesta área...quanto mais os que ele referiu!

Há projectos de virtualização de muitas tarefas humanas, quiçá o criativo... e ... com melhor desempenho que... em testes...

Quando é que estes projecto chegarão ao quotidiano?... já faltaram mais...
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-29 11:48:25
Há um mal entendido aqui. Eu não disse que as IT + Internet + robots poderiam substituir todo o trabalho criativo humano. [ ]

Realmente, é factual: se um dispositivo cibernético procedimenta uma sequência de actuações até aí desempenhadas por um trabalhador humano, é claro que a produtividade desse antigo trabalho vivo aumenta enormemente, desde que esse mecanismo trabalhe sem interrupção de energia e posto que isento de erros. No entanto, esse robot tem de ser construído, e desgastar-se-á com o uso. Tal custo tem de reintegrar-se, para lá da normal manutenção do robot e o custeio de um standard de vida normal para os que engenham o tipo de programas substitutos de trabalho humano de rotina (o qual era primordial e sociologicamente desempenhado pelas classes médias).

O que me parece de enfatizar, nesta tendência para a robotização crescente de todas as rotinas de trabalho vivo, é a nova servidão que tenderá a prevalecer na maneira dos homens raciocinarem, agirem e inteligirem a realidade objectiva em sociedade. É que a robotização 'congela', 'solidifica' os a acção em procedimentos fixos, rígidos, não simplesmente 'habituais', como no caso do trabalho manual, mas na alta precisão exacta de uma geometria sem desvios. Ora, precisamente  é isso mesmo que se pretende com a programação dos procedimentos. Mas esse resultado não  irá estiolar a motivação para o aprofundamento de detalhes, o esmero no aperfeiçoamento até à obra prima, a facilitação da indiferença pelo que nunca foi inventado, nem imaginado, pelo desconhecido tout court?
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-29 12:14:42
vbm,

Citar
Normalmente também não leio as tuas "doideiras de versos" ... mas aqui deu bem para ler...

É. Eu sei que é uma estupidez, voejar na planilha deste rectângulo de respostas. Mas que tu queres!? Também o (des)Acordo Ortográfico é estúpido, e eu até gostava de ver um informático a programar a estupidez a ver o que de  lá sairia. :)) De qualquer modo, vou tentar não abusar da escrita 'coleante' lol

Citar
Em se eu te disser que que estás bem enganado relativamente a "Redundarão em nada sem sabermos pensar."?
E quando Kin diz "trabalho criativo humano"... pois existem neste momento projectos nesta área...quanto mais os que ele referiu!

Há projectos de virtualização de muitas tarefas humanas, quiçá o criativo... e ... com melhor desempenho que... em testes...

Quando é que estes projecto chegarão ao quotidiano?... já faltaram mais...

Sim. Ouço dizer que sim. Mas programar é muito possível que exaure as forças e o viço de descobrir e inventar da maioria dos programadores. Quanto ao dispositivo cibernético de inventar por si... não vislumbro como escolherá sendas teleológicas mais fecundas ou mais convenientes. Mas pode ser que sim. Não sei é como. E era o que eu gostava de ouvir falar.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Mystery em 2014-10-29 13:09:50
Tudo aponta para que pensamento humano seja mecanizado, simplesmente o entendimento desses processos não é conhecido.

E a robotização não acontece por desígnio. Uma coisa que aprendemos com outras industrias é que assim que os custos e facilidade de acesso alcançam um determinado patamar, regista-se uma explosão na utilização da tecnologia.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: aos_pouquinhos em 2014-10-29 13:23:53
Tudo aponta para que pensamento humano seja mecanizado, simplesmente o entendimento desses processos não é conhecido.

E a robotização não acontece por desígnio. Uma coisa que aprendemos com outras industrias é que assim que os custos e facilidade de acesso alcançam um determinado patamar, regista-se uma explosão na utilização da tecnologia.

E consequentemente uma carga fiscal sobre tudo quando é generalizado.
Chegando a muita gente, o Estado aproveita para espetar o seu jugo.

Cumprimentos
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2014-10-31 09:02:51
Como tenho procurado mostrar, o mercado bolsista opera uma importante redistribuição de rendimento, equalizando os lucros das diferentes actividades produtivas num dominante lucro médio, pouco maior do que a taxa de juro módica do dinheiro mutuado. Tudo ocorre pela imediata capitalização do lucro ou prejuízo expectável de cada negócio, processo que converte, posteriormente, o sobrelucro de um negócio na rendabilidade média do capital por remunerar de um activo que arca já com uma mais-valia embolsada por outrem. O que é interessante é a consequência desse facto, ou seja, essa redistribuição opera uma maior concentração de fortunas, que obviamente vai de par com a pauperização geral dos pequenos aforradores e com a vida mais difícil para os pequenos e médios produtores.

A este propósito, ontem, numa  das entrevistas no canal do Económico - TV, ouvi a linha claríssima de raciocínio do modus operandi das grandes empresas cotadas em bolsa para se apropriarem das mais-valias imediatas que o banco central da Reserva Federal Americana proporciona ao intervir com  as suas operações de open market na compra de obrigações emitidas pelas empresas.

As grandes empresas, factuais monopolistas na apropriação prioritária do crédito, contraem empréstimos a juro baixo, emitindo obrigações que a Reserva Federal compra na execução da sua política de dinheiro fácil, o chamado quantitative easing. Na posse dessa liquidez, o que os monopolistas fazem de imediato, - posto que não têm nenhum outro negócio lucrativo em vista, uma vista sempre de muito curto prazo, para lucros imediatos, futuro incerto e ignoto -, é recomprarem acções próprias - único negócio que conhecem, onde arriscam, por nesse risco já estarem imersos até ao pescoço -, as quais operam uma redução de facto do capital social, elevando concomitantemente a capacidade de distribuição de dividendos e remuneração do capital accionista.

A rendabilidade marginal, deduzido o juro das obrigações emitidas, é em si logo vantajosa e não podemos censurar o procedimento porque é essa a lógica do mercado, é desse modo que ele opera. O único óbice é o objectivo da política do  quantitative easing ser o de animar as pequenas e médias empresas da economia real, e esse efeito ser esterilizado pela apropriação de mais valias dos grandes monopolistas industriais e financeiros, pelo menos numa primeira fase.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2015-01-31 08:03:21
Seja para que lado for a seta, o único dinheiro positivo para poupar é o que não pode ser imprimido.

Assim, não importa quem controla a impressora e a quem dá o dinheiro.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-02-01 16:39:07
Mas o problema parece ser o de poupar demais, a ponto de os próprios juros terem de ser negativos por não haver produção que os remunere! Por outro lado, por excessiva que possa estar sendo a produção de bens e a prestação de serviços que não interessam a ninguém, muita gente continua sem ter nenhuma actividade produtiva, para lá da capacidade de produção instalada estar aplicada a bens sem interesse e invendáveis por falta de utilidade e de procura. De modo que, utilizar dinheiro impresso pelo Banco e creditado ao Estado para fomento de bens e utilidades de valor, enriqueceria as pessoas e o país. Por fim, posto que os bens e o bem estar dos cidadãos e da sociedade aumentariam em proporção superior á do ouro detido pelos bancos e pelos particulares, o ouro continuaria a valorizar-se porque à quantidade dada de ouro, maior numero de bens lhe corresponderia. Que tal esta prospectiva? Aumenta o dinheiro em circulação, aumenta a produção de bens, baixam ou contêm-se os preços, valoriza-se o  ouro, a poupança continua estimulada! Há erro neste incurso previsional?
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-24 00:10:07
Um rebater da teoria de Picketty que está bastante bom:

http://falkenblog.blogspot.co.at/2014/07/pikettys-terrifying-dystopia_27.html (http://falkenblog.blogspot.co.at/2014/07/pikettys-terrifying-dystopia_27.html)

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-24 08:59:01
Deve ser interessante.

Picketty não parece explicar
propriamente as coisas, mas
apenas descrevê-las numa
dinâmica impossível
de subsistir!

Vou ler.

(Mas realmente ainda não ousei
passar de ler o que sobre ele se diz,
em vez de o ler, directo, no livro...)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-24 19:41:50
Um rebater da teoria de Picketty que está bastante bom:

[url]http://falkenblog.blogspot.co.at/2014/07/pikettys-terrifying-dystopia_27.html[/url] ([url]http://falkenblog.blogspot.co.at/2014/07/pikettys-terrifying-dystopia_27.html[/url])


Ainda sobre isto, é engraçado quando por vezes determinadas interpretações são parecidas com aquelas a que chegámos de forma independente:

Citar
The anthropologist Harold Schneider studied hunter gatherers and noted they had an almost absence of hierarchy, which he saw as the resulting from the maxim that ‘all men seek to rule, but if they cannot, they seek to be equal.' It's a reasonable solution for a society without division of labor.  Unfortunately many progressives see the world the same way, and thus like the Rawlsian solution that everyone has the same outcome regardless of one's talents or wealth. Now, that's fine for a camping trip, but in modern society unnecessarily.


Parece uma variante dos meus "pré-agrários".
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-24 20:40:53
Do que li de Rawls, ele não diz que os rendimentos
devam ser iguais, mas sim que a desigualdade
que exista deve ter por efeito
uma vantagem maior
para a sociedade,
do que se não
existir.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-24 23:37:39
Do que li de Rawls, ele não diz que os rendimentos
devam ser iguais, mas sim que a desigualdade
que exista deve ter por efeito
uma vantagem maior
para a sociedade,
do que se não
existir.


Uma coisa importante em alguns destes conceitos, é que existem coisas que não são possíveis de saber, nomeadamente isso que aí está a bold. E quando algo não é possível de saber, transforma-se numa opinião arbitrária que pode ser usada com qualquer objectivo.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-25 08:45:08
Compreendo a refutação.
Mas tem um defeito.

Pode não ser possível saber,
e ela deveras ser verdade!

Algo valioso pode estar
a perder-se.

Como fazer?
Ser prudente.
Tactear. Experimentar.

Avançar,  petit à petit.

Nota que o que deve inclinar-nos
a que Rawls tenha razão
são factos indubitáveis
comezinhos como o deste exemplo:

'um bom cirurgião muito bem pago
é melhor para a sociedade
do que n cirurgiões
menos bons,
mal pagos.'

Ou este, 'um indivíduo rico, independente
crítico e opositor político de um governo
vale mais para a sociedade
do que n serventuários,
paus mandados de
quem manda.´
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-25 12:19:26
Como não se pode saber, o melhor é só quem der importância à coisa ver os seus recursos comprometidos pela mesma.

Não é justo que as preocupações de um grupo de pessoas comprometam o esforço de outro grupo que não as partilha. Da mesma forma que não é justo que as preocupações do segundo grupo comprometam os recursos do primeiro quando o primeiro não as partilha.

Mas isto são coisas subtis. O que acaba por vencer será uma opção qualquer, arbitrariamente, sobre as outras. Os humanos são dados a esse tipo de resolução, à ideia de falsos consensos, etc. Isso vê-se em muitos outros campos. Tratam-se hipóteses como certezas.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-25 14:38:21
Não concordo. E há uma coisa que diminuis
na justificação para nenhuma preferência
ser formulada: o conhecimento adquirido
que permite hierarquizar teorias,
testar hipóteses, optar
por probabilidades
mais altas do
que seja
certo.

Perante esta alternativa,
um 'amigo do saber'
submeter-se à
ignorância
do vulgo

é estultícia.


Não só!
Se politicamente interveniente,
abster-se do recomendável
é desprezível governação.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-25 15:45:19
Não concordo. E há uma coisa que diminuis
na justificação para nenhuma preferência
ser formulada: o conhecimento adquirido
que permite hierarquizar teorias,
testar hipóteses, optar
por probabilidades
mais altas do
que seja
certo.

Perante esta alternativa,
um 'amigo do saber'
submeter-se à
ignorância
do vulgo

é estultícia.


Não só!
Se politicamente interveniente,
abster-se do recomendável
é desprezível governação.

O conhecimento adquirido tem muitas limitações em muitos campos que não os mais cientificamente experimentáveis.

Quando toca a ciências sociais, então, as certezas caem fortemente. E aquilo em que nos estamos a focar tem essencialmente a ver com esse tipo de conhecimento.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-25 16:10:07
Discordo.

Governar é dirigir com a ciência adquirida
e não com base em saber ultrapassado.

A ciência acumulada pode, em várias áreas,
ter só por fundamento probabilidades
de acerto maiores. Elas devem
guiar a governação.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-25 16:23:20
Discordo.

Governar é dirigir com a ciência adquirida
e não com base em saber ultrapassado.

A ciência acumulada pode, em várias áreas,
ter só por fundamento probabilidades
de acerto maiores. Elas devem
guiar a governação.

E quem é que discorda disso?

O problema está em que para muito daquilo em que achas que o Estado deve "governar", não existe ciência fiável.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-25 17:41:04
Entre a ciência que existe
com o grau de fiabilidade
que apresenta sem
o falsear

e

a ignorância plural da opinião,
pública, corporativa ou de grupos,
um estadista que tenha de optar

não deve seguir opiniões
infundadas, mas
decidir com
a ciência
que há.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-25 18:11:44
Entre a ciência que existe
com o grau de fiabilidade
que apresenta sem
o falsear

e

a ignorância plural da opinião,
pública, corporativa ou de grupos,
um estadista que tenha de optar

não deve seguir opiniões
infundadas, mas
decidir com
a ciência
que há.

A ciência "menos que hard" tem sempre um risco grande de já ser a advocacia de algo. Excepto quando é usada em larga escala com resultados visíveis (em vez de o ser apenas para defender uma dada posição específica).

Aliás, até a ciência "hard" já é usada da mesma forma. Que fará a fofinha.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-25 21:09:17
Isso passa-se com os interesses relacionados com a ciência
e faz parte das actividades de toda a espécie de lobbies.

Um estadista, um político competente, decide
doutrinaria e ilustradamente para além
do que os lobbies queiram ou não,
segundo a visão que propôs
ao eleitorado lutar por
alcançar, para o seu
país e o seu povo.

O resto, é música, e
música sem interesse nenhum.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-25 22:36:05
Isso passa-se com os interesses relacionados com a ciência
e faz parte das actividades de toda a espécie de lobbies.

Um estadista, um político competente, decide
doutrinaria e ilustradamente para além
do que os lobbies queiram ou não,
segundo a visão que propôs
ao eleitorado lutar por
alcançar, para o seu
país e o seu povo.

O resto, é música, e
música sem interesse nenhum.

Fossem as coisas tão simples. O próprio entendimento que o Estadista faz da realidade é-lhe transmitido por lobbies. Ele não nasce ensinado para as milhares de vertentes da realidade.

Aliás, o lobbying potencialmente até nem faz mais que isso. Só lhe passa uma visão do mundo ... na perspetiva do lobby. Basta que não esteja lá a visão alternativa para isso ter consequências. Não é como se todo o lobbying implicasse corrupção ou algo do género.

Ou seja, o teu Estadista JÁ está a actuar de uma forma que ele acha, muito provavelmente, justa. Já está a actuar como tu desejarias que actuasse. Mesmo quando sob a influência dos lobbies.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-25 22:50:44
Claro que podes ter razão nessas observações que fazes.

Mas a mim, o que me interessa, é privilegiar e dar valor
aos que sabem e se esforçam por acertar e ser justos.

O resto deve ser depreciado, envergonhado,
destituído da relevância pública
que possam ter.

É esse o efeito que busco se generalize
na sociedade: espírito crítico sempre!
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-26 01:50:24
Claro que podes ter razão nessas observações que fazes.

Mas a mim, o que me interessa, é privilegiar e dar valor
aos que sabem e se esforçam por acertar e ser justos.

O resto deve ser depreciado, envergonhado,
destituído da relevância pública
que possam ter.

É esse o efeito que busco se generalize
na sociedade: espírito crítico sempre!

Como podes imaginar, os lobbies passam para os governantes uma tese que será baseada na bondade e justeza. Será um "bom motivo". Como já disse uns bons milhares de vezes (e não foi por acaso).
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-26 07:44:48
É mais fácil de prever a inconveniência de adoptar
medidas propostas pelos lobbies do que possas imaginar.

O critério é simplesmente perspectivar em quê tais medidas
contribuem para o progresso do conhecimento 
e desenvolvimento das pessoas ou não,
análise em que a retórica se evapora.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-26 12:40:06
Não, vbm. Tu vês as medidas dos lobbies como sendo uma coisa potencialmente má. Quanto mais não seja porque não vão de encontro aos teus interesses, ao que tu achas que deveria ser feito.

Mas os lobbies vêem essas medidas como uma coisa boa, porque as vêem da mesma forma que tu vês os teus interesses, logo como uma coisa boa, porque vai ao encontro dos SEUS interesses.

Mas a forma como os teus interesses ou os interesses dos lobbies seriam apresentados a um governante, seria como sendo uma coisa boa para a sociedade, compreendes? AMBOS apresentariam os SEUS interesses como sendo um bom motivo para fazer as coisas de determinada forma. Aos olhos do governante, seria assim que ele veria a coisa, porque seria assim que a coisa lhe seria apresentada.

É claro, os lobbies chegam ao ponto de apresentar a sua perspectiva. E tu não chegas.

-----------

É por este fenómeno se dar, mesmo sem qualquer corrupção, que eu digo que o colectivismo é intrinsecamente exposto a isto e portanto, intrinsecamente corrupto.

É claro, também há coisas boas, existem coisas tão óbvias que não vale muito a pena um lobby tentar modificar a direcção de um governante. Mas repara que mesmo aí podem acontecer coisas excepcionais. Por exemplo, é perfeitamente óbvio que a posição mais justa para o Estado ao nível da educação é apoiar igualmente TODAS as crianças da mesma forma, independentemente da sua escolha de escola. E no entanto lobbies da educação pública conseguem que a educação de crianças em escolas privadas, mesmo ao mesmo custo, NÃO seja apoiada -- isto mesmo quando tal FURA o princípio base de apoiar todas as crianças.

Imagina se frequentar um templo religioso tivesse um custo elevado e a Igreja Católica conseguisse igual posição. Seria gratuito ir a uma Igreja Católica, e seria extremamente custoso frequentar um templo de qualquer outra religião. É claro, dir-te-iam que eras "livre de escolher". Mas serias FORTEMENTE penalizado se não escolhesses o que o lobby queria.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-26 15:41:12
Como é bom de ver, mostras como argumento uma descrição psicologista de como actuam os lobbies corporativos aos quais contrapões políticos idiotas formados nas juventudes partidárias ou religiosas. Mas, eu não 'compro' esse cenário decisional, ao qual contraponho um estadista no poder e homens de ciência e cultura ao seu lado, e o povo confiante nos que o governam.

Nestoutro cenário, qualquer propagandista de "compre isto e aquilo" tem a sorte que tinham os fornecedores e empreiteiros estrangeiros que, ano a ano, se abeiravam de Salazar para que lhes comprasse coisas... Pois, que voltassem no ano seguinte, com novas ideias, novos produtos, porque o dinheiro valia mais do que o que lhe queriam vender! E, claro, no ano seguinte, voltavam, porque se ele comprasse, pagava a pronto, pois ninguém nos emprestava dinheiro.

«Dito isto», - como soem dizer os pseudopolíticos e pseudojornalistas e pseudocomentadores da nossa praça -, por certo, um estadista pode errar no que entenda ser o que convém ao seu povo, mas sempre será prudente, e não é o primeiro, nem o segundo, nem o terceiro 'vendedor de projectos-banha-da-cobra' que lhe atirará poeira para os olhos da mente que são os da demonstração matemática e científica do mundo, incluindo o saber acumulado da economia e da história política.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-26 15:45:54
Como é bom de ver, mostras como argumento uma descrição psicologista de como actuam os lobbies corporativos aos quais contrapões políticos idiotas formados nas juventudes partidárias ou religiosas. Mas, eu não 'compro' esse cenário decisional, ao qual contraponho um estadista no poder e homens de ciência e cultura ao seu lado, e o povo confiante nos que o governam.

Nestoutro cenário, qualquer propagandista de "compre isto e aquilo" tem a sorte que tinham os fornecedores e empreiteiros estrangeiros que, ano a ano, se abeiravam de Salazar para que lhes comprasse coisas... Pois, que voltassem no ano seguinte, com novas ideias, novos produtos, porque o dinheiro valia mais do que o que lhe queriam vender! E, claro, no ano seguinte, voltavam, porque se ele comprasse, pagava a pronto, pois ninguém nos emprestava dinheiro.

«Dito isto», - como soem dizer os pseudopolíticos e pseudojornalistas e pseudocomentadores da nossa praça -, por certo um estadista pode errar no que entenda ser o que convém ao seu povo, mas deve sempre ser prudente, e não será o primeiro 'vendedor de projectos-banha-da-cobra' que lhe atirará poeira para os olhos da mente que são os das demonstrações matemáticas e científicas, incluindo o saber acumulado da economia e da história política.

Não, não assumi nada disso. O decisor pode ser inteligente e culto sem problema nenhum. Não será nunca omnisciente. Necessitará sempre de outros, especialistas, que lhe digam como as coisas são em cada área. E é nesse ponto que o lobbying actua.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-26 16:20:36
Não, não assumi nada disso. O decisor pode ser inteligente e culto sem problema nenhum. Não será nunca omnisciente. Necessitará sempre de outros, especialistas, que lhe digam como as coisas são em cada área. E é nesse ponto que o lobbying actua.

Por essa ideia, o melhor antídoto contra um lobby
de um projecto tão magnífico que difícil seja resistir-lhe 

será porventura operar uma demonstração
por redução ao absurdo, fazendo ver
que, sem gastar um tostão,
o país está melhor
sem o projecto
do que com
ele irá ficar.



Depois, se começarem a baixar muito o preço,
é bom de concluir que se  tratava de banha-da-cobra.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-26 16:42:12
Não, não assumi nada disso. O decisor pode ser inteligente e culto sem problema nenhum. Não será nunca omnisciente. Necessitará sempre de outros, especialistas, que lhe digam como as coisas são em cada área. E é nesse ponto que o lobbying actua.

Por essa ideia, o melhor antídoto contra um lobby
de um projecto tão magnífico que difícil seja resistir-lhe 

será porventura operar uma demonstração
por redução ao absurdo, fazendo ver
que, sem gastar um tostão,
o país está melhor
sem o projecto
do que com
ele irá ficar.



Depois, se começarem a baixar muito o preço,
é bom de concluir que se  tratava de banha-da-cobra.

Não se trata apenas de projectos, trata-se também de legislação para as mais diversas áreas.

Por exemplo, recentemente o governo cedeu claramente a dois lobbies:
* O lobby das farmacêuticas/tabaqueiras no caso dos cigarros electrónicos, espetando-lhes com um imposto absurdo;
* O lobby da SPA no caso da nova taxa sobre dispositivos com capacidade de armazenagem electrónica.

Em ambos os casos terão sido avançados argumentos e bons motivos para assim ser, claro.

O antídoto a isto é uma filosofia de como as regras devem ser, que evite este género de influência, que passe a decisão para o indivíduo, etc. Mas esta é uma tendência muito difícil de contraria simplesmente porque os interesses dos indivíduos adaptam-se sempre aos sistemas e optimizam a sua actuação junto destes.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-26 21:17:02
Citas dois casos em que os lobbies
deveriam retroceder de rickshaw
sem grandes contemplações
tão óbvio era o interesse
particular dos cuidadores
de saúde e da cultura,
em detrimento do
cidadão comum.


Mas concordo, as coisas têm apreciar-se
de uma pluralidade de razões atendíveis;
na dúvida, privilegiar-se-á,
em boa geometria social,
o cidadão qualquer.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Deus Menor em 2015-03-26 21:54:26

Por exemplo, recentemente o governo cedeu claramente a dois lobbies:
* O lobby das farmacêuticas/tabaqueiras no caso dos cigarros electrónicos, espetando-lhes com um imposto absurdo;
* O lobby da SPA no caso da nova taxa sobre dispositivos com capacidade de armazenagem electrónica.

Em ambos os casos terão sido avançados argumentos e bons motivos para assim ser, claro.


Discordo da visão:
o Estado foi taxar de forma discricionária, só.

Não favoreceu Farmacêuticas nem Tabaqueiras que viram os seus produtos perder margem através de, no primeiro caso
diminuição de preços por decreto e no segundo por aumento da carga fiscal no preço final.
No caso dos cigarros electrónicos foram taxar um produto que tem aumentado as vendas.
No caso da SPA, trata-se de mais um estratagema de dupla tributação , o valor é acrescentado ao preço antes do IVA,
e o Estado fica com uma fatia gorda em relação ao que entrega à SPA.

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-27 01:30:45

Por exemplo, recentemente o governo cedeu claramente a dois lobbies:
* O lobby das farmacêuticas/tabaqueiras no caso dos cigarros electrónicos, espetando-lhes com um imposto absurdo;
* O lobby da SPA no caso da nova taxa sobre dispositivos com capacidade de armazenagem electrónica.

Em ambos os casos terão sido avançados argumentos e bons motivos para assim ser, claro.


Discordo da visão:
o Estado foi taxar de forma discricionária, só.

Não favoreceu Farmacêuticas nem Tabaqueiras que viram os seus produtos perder margem através de, no primeiro caso
diminuição de preços por decreto e no segundo por aumento da carga fiscal no preço final.
No caso dos cigarros electrónicos foram taxar um produto que tem aumentado as vendas.
No caso da SPA, trata-se de mais um estratagema de dupla tributação , o valor é acrescentado ao preço antes do IVA,
e o Estado fica com uma fatia gorda em relação ao que entrega à SPA.

O imposto não vai gerar grandes receitas, vai sim destruir o mercado dos cigarros electrónicos e torná-lo muito menor. E o lobby das farmacêuticas era o mais afectado.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Deus Menor em 2015-03-27 11:43:54
O imposto não vai gerar grandes receitas, vai sim destruir o mercado dos cigarros electrónicos e torná-lo muito menor.

A política fiscal nunca foi de previsões, para eles se o mercado aumenta : taxa-se.
Dizia-se que o aumento do preço do tabaco era por motivos de Saúde , que as pessoas
deixavam de fumar por causa do preço...mas o importante é o imposto colectado já.
Nada tem que ver com racional é "esgravatar" para ir buscar mais uns tostões.

E o lobby das farmacêuticas era o mais afectado.

Em que medida? ainda não percebi onde seria afetada a Industria Farmacêutica?
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 12:10:40
As farmacêuticas prosperam com a má saúde da população.
Os criativos culturais prejudicam-se com o copianço sem freio.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Deus Menor em 2015-03-27 12:24:58
As farmacêuticas prosperam com a má saúde da população.
Os criativos culturais prejudicam-se com o copianço sem freio.

As Farmacêuticas investem milhares de milhões em mão d'obra altamente
qualificada, tirando a Industria Aeronautica, é a Industria mais tecnológica do planeta.
A esperança de vida tem vindo a aumentar devido aos , cada vez melhores cuidados de Saúde,
conseguimos estancar a epidemia de HIV e até já curamos pessoas com Hepatite C.

As Farmacêuticas tem a solução para os defeitos do corpo humano, alguém investe
para criar um produto que aumenta a esperança de vida eu acho fantástico.
Muitas pessoas fazem créditos para comprar carros de 50 mil Euros , queixando-se depois
dos 100 euros do Dentista, do Médico, da Farmácia ou do Hospital que é caro...

Os criativos culturais, não curam nenhuma doença, não colocam pão na mesa de nenhuma casa e comem à mesa do orçamento. A maioria dos espetáculos são de festas de Autarquias, logo dinheiros públicos.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 12:35:33
O facto de os bens terem utilidade
não deve implicar, no domínio da economia,
que eles sejam oferecidos num quantitativo menor
do que o requerido para a sua utilidade marginal
igualar o correspondente custo de produção.


Ora, é essa prática restritiva da concorrência
que deve politicamente contrariar-se,
embora reconheça que tal se faça
numa perspectiva de equilíbrio
de longo prazo, ou seja,
tomando em linha
de conta

os investimentos de investigação e inovação.
(Schumpeter ensina)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Deus Menor em 2015-03-27 12:39:29
O facto de os bens terem utilidade
não deve implicar, no domínio da economia,
que eles sejam oferecidos num quantitativo menor
do que o requerido para a sua utilidade marginal
igualar o correspondente custo de produção.


Ora, é essa prática restritiva da concorrência
que deve politicamente contrariar-se,
embora reconheça que tal se faça
numa perspectiva de equilíbrio
de longo prazo, ou seja,
tomando em linha
de conta

os investimentos de investigação e inovação.
(Schumpeter ensina)

Ninguém é obrigado a usar medicamentos, podem curar-se com "ervas medicinais"
e homeopatia , claro que não curam nada , mas estão bastante em voga , sobretudo
em pessoas de maiores qualificações Académicas.

Ou podem sempre curar as suas doenças com música , leitura, ou qualquer
uma dessas atividades culturais.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 12:45:30
Admira-te que não sejam porventura
as farmacêuticas a subsidiarem
as ervanárias e gadgets
de música, filminhos
e you tubes,

só para encarecer os seus produtos
sem muitos 'aleijados' a protestarem!
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Deus Menor em 2015-03-27 12:52:43
Admira-te que não sejam porventura
as farmacêuticas a subsidiarem
as ervanárias e gadgets
de música, filminhos
e you tubes,

só para encarecer os seus produtos
sem muitos 'aleijados' a protestarem!

O amigo continua a não me explicar como curar uma doença grave sem
medicação, se souber pode partilhar .

Responder com "cortinas de fumo" faz-me
pensar que é uma pessoa limitada em termos de conhecimentos básicos.

Em qualquer dos casos conte comigo para lhe explicar, terei todo o gosto nisso.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 12:57:39
O amigo continua a não me explicar como curar uma doença grave sem
medicação, se souber pode partilhar .

Responder com "cortinas de fumo" faz-me
pensar que é uma pessoa limitada em termos de conhecimentos básicos.

Em qualquer dos casos conte comigo para lhe explicar, terei todo o gosto nisso.

Ó Deus Menor!
Relê devagar o que eu digo.
Ou lê umas quantas vezes.

Onde está a ideia que as farmacêuticas não curam?
Pois se justamente prosperam com a falta de saúde das populações!
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Deus Menor em 2015-03-27 13:06:00

Relê devagar o que eu digo.
Ou lê umas quantas vezes.



Basta-me ler uma vez para entender o que foi escrito , e foi demonstrado
que as Farmacêuticas diminuem a morbilidade, promovendo o aumento da Saúde.

O argumentário do amigo pode classificar-se : entre a brincadeira para passar o tempo
e a provocação desinformada...

(http://gifsec.com/wp-content/uploads/GIF/2014/03/Deal-with-it-GIF_4.gif) 
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-27 13:10:27
O imposto não vai gerar grandes receitas, vai sim destruir o mercado dos cigarros electrónicos e torná-lo muito menor.

A política fiscal nunca foi de previsões, para eles se o mercado aumenta : taxa-se.
Dizia-se que o aumento do preço do tabaco era por motivos de Saúde , que as pessoas
deixavam de fumar por causa do preço...mas o importante é o imposto colectado já.
Nada tem que ver com racional é "esgravatar" para ir buscar mais uns tostões.

E o lobby das farmacêuticas era o mais afectado.

Em que medida? ainda não percebi onde seria afetada a Industria Farmacêutica?

A indústria de patches e produtos associados para deixar de fumar é ainda mais afectada do que os cigarros tradicionais. Esses patches e afins têm taxas de sucesso muito baixas, e os cigarros electrónicos têm taxas de sucesso muito elevadas, além de serem comparativamente mais baratos.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-27 13:12:53
As farmacêuticas prosperam com a má saúde da população.
Os criativos culturais prejudicam-se com o copianço sem freio.

É verdade.

E os agricultores prosperam com a fome do pessoal. E os tipos do petróleo com a vontade e necessidade do pessoal de se mover.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Deus Menor em 2015-03-27 13:18:32

A indústria de patches e produtos associados para deixar de fumar é ainda mais afectada do que os cigarros tradicionais. Esses patches e afins têm taxas de sucesso muito baixas, e os cigarros electrónicos têm taxas de sucesso muito elevadas, além de serem comparativamente mais baratos.

As terapias substitutivas de nicotina tem eficácia reduzida, só poderíamos
incluir "liquidos" para cigarros eletrónicos nicotin-free nesse raciocínio .
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2015-03-27 13:18:38
em geral a cultura das farmaceuticas eh aquilo a que se chama uma "sales culture", eh muito pouco etica

esconder ou aldrabar resultados de estudos eh normal
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-27 13:46:49

A indústria de patches e produtos associados para deixar de fumar é ainda mais afectada do que os cigarros tradicionais. Esses patches e afins têm taxas de sucesso muito baixas, e os cigarros electrónicos têm taxas de sucesso muito elevadas, além de serem comparativamente mais baratos.

As terapias substitutivas de nicotina tem eficácia reduzida, só poderíamos
incluir "liquidos" para cigarros eletrónicos nicotin-free nesse raciocínio .

Possivelmente, mas mais do que deixar a nicotina, o objectivo é deixar os cigarros tradicionais, onde a nicotina é o menor dos males.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: kitano em 2015-03-27 13:54:34
Pior que as opiniões do vbm, é o vbm julgar-se cool por as professar.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-27 14:35:25
O amigo continua a não me explicar como curar uma doença grave sem
medicação, se souber pode partilhar .

Responder com "cortinas de fumo" faz-me
pensar que é uma pessoa limitada em termos de conhecimentos básicos.

Em qualquer dos casos conte comigo para lhe explicar, terei todo o gosto nisso.

Ó Deus Menor!
Relê devagar o que eu digo.
Ou lê umas quantas vezes.

Onde está a ideia que as farmacêuticas não curam?
Pois se justamente prosperam com a falta de saúde das populações!

Todos os bens e serviços que alguém oferece prosperam com as necessidades e desejos das populações relacionadas com esses bens e serviços... e visam precisamente suprir essas necessidades e desejos.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 15:00:56
As farmacêuticas prosperam com a má saúde da população.
Os criativos culturais prejudicam-se com o copianço sem freio.

É verdade.

E os agricultores prosperam com a fome do pessoal. E os tipos do petróleo com a vontade e necessidade do pessoal de se mover.

Exactamente.
Axiomas para a economia!
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: tommy em 2015-03-27 15:05:31
Exactamente.
Axiomas para a economia!

Ó vbm, deixa de ser hipócrita, tu disseste aquilo com o intuito de criticar o capitalismo e não de constatar um axioma. E depois explicaram-te o básico da economia: qualquer atividade económica visa suprir necessidades da sociedade. Tu próprio deves beneficiar do "mal de alguém" dependendo do teu trabalho. A não ser que sejas um estado-dependente. E aí sim provavelmente não fazes nada em troco de um ordenado/subsídio.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 15:05:50
Todos os bens e serviços que alguém oferece prosperam com as necessidades e desejos das populações relacionadas com esses bens e serviços... e visam precisamente suprir essas necessidades e desejos.

É a parte axiomática da economia.

No entanto, toda a estagnação no ponto
sub-óptimo de produção que assegure
preço de venda maior que o custo
marginal, é monopólio ou
monopólio disfarçado
com vantagens
fantasiosas.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 15:09:54
Pior que as opiniões do vbm, é o vbm julgar-se cool por as professar.

Oi, kitano!

Por acaso, é verdade.
Gosto de me 'armar'! :)

Mas não para magoar ninguém, especificamente.
Só genericamente, onde note roubalheira pela certa!

Mas posso dar má impressão, de facto.
E oxalá, - assim espero -, não passe de má impressão.
Porque gosto de me 'armar'! Prefiro ser apreciado.

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 15:14:22
Ó vbm, deixa de ser hipócrita, tu disseste aquilo com o intuito de criticar o capitalismo e não de constatar um axioma. E depois explicaram-te o básico da economia: qualquer atividade económica visa suprir necessidades da sociedade. Tu próprio deves beneficiar do "mal de alguém" dependendo do teu trabalho. A não ser que sejas um estado-dependente. E aí sim provavelmente não fazes nada em troco de um ordenado/subsídio.

Boa, tommy.
Persiste, rapaz.

Se leres Valéry,
aprenderás que não há como
persistir num ponto de investigação
até conseguir «aprofundar as suspeitas».
E o ideal até é mesmo prender o «suspeito».
Mas eu não faço isso com o 'carlos alexandre', note-se.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-27 15:31:21
A verdade, vbm, é que se nota amiúde uma tendência anti-capitalista em muito do que escreves, incluindo o veres monopólios em todo o lado. Nota-se também amiúde uma ideia de que isto ser tudo dirigido segundo as opiniões de alguns é algo que parece agradar-te.

Mas depois estranhamente também pareces advogar posições liberais, pelo que se torna difícil entender o que defendes realmente.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2015-03-27 15:58:19
Mais ou menos assim:
1. É essencial ter serviço público de televisão.
2. Deve haver 'sábios competentes' para escolher os 'melhores' programas
3. Quando escolhem o Preço Certo para a grelha é porque os 'sábios competentes' não prestam. Temos de arranjar outros.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: tommy em 2015-03-27 16:15:48
Mais ou menos assim:
1. É essencial ter serviço público de televisão.
2. Deve haver 'sábios competentes' para escolher os 'melhores' programas
3. Quando escolhem o Preço Certo para a grelha é porque os 'sábios competentes' não prestam. Temos de arranjar outros.

 :D :D :D
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 19:19:47
Olha, Incognitus

é capaz de ser mais ou menos
como o automek diz! No entanto,
eu não valorizo grandemente olhares
psicologistas sobre as coisas e as pessoas,
de modo que é possível eu variar entre liberalismo
e autoritarismo sem me fixar num sistema...
especialmente porque essencial é:
criticar o que não se justifique.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 19:36:11
Automek!

No entanto, o meu pensamento determinante
sobre a televisão está neste livro da Antígona:
 Quatro Argumentos Para Acabar com a Televisão (http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,2966.msg148011.html#msg148011)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-03-27 19:40:40
Automek!

No entanto, o meu pensamento determinante
sobre a televisão está neste livro da Antígona:
 Quatro Argumentos Para Acabar com a Televisão ([url]http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,2966.msg148011.html#msg148011[/url])


O próprio titulo é retardado e mostra uma incompreensão sobre como funciona a nossa sociedade. A menos que o titulo seja negado dentro do livro, a coisa não abona.

A TV acaba "nunca" sejam quais forem os argumentos, desde que existam consumidores interessados nela.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-27 19:51:02
Acredita que é uma crítica
que tem valor conhecer.

No fundo, o substracto,
a tese valiosa está aqui:

«A consequência mais arrepiante da televisão
consiste em esta se interpor entre o ser humano
e as respectivas imagens do mundo exterior.»

Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-03-30 23:04:29
Um rebater da teoria de Picketty que está bastante bom:
[url]http://falkenblog.blogspot.co.at/2014/07/pikettys-terrifying-dystopia_27.html[/url] ([url]http://falkenblog.blogspot.co.at/2014/07/pikettys-terrifying-dystopia_27.html[/url])


Comecei a ler. Julguei que fosse mais analítico. Parece antes uma crítica política. Eu realmente também acho de recear a demagogia do protesto fácil contra o empreendorismo dinâmico da produção e dos mercados. A pequena burguesia é, sempre foi, uma presa fácil de todos os fascismos. De modo que é sempre um perigo das democracias, a queda na ditadura. Mas, dê por onde der, um país, uma união de países não tem a mínima chance de sobrevivência com desemprego em massa e incultura política. Porém ainda me falta ler o artigo todo. Já levantou o véu a algumas aparentes e falsas provas do marasmo que o Picketty teme, no entanto está a centrar-se mais no receio de demagogia política.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-04-01 10:27:29
Bom, o artigo continua  num repúdio político das medidas de Piketty. É possível que um defeito frequente dos raciocinadores dos encadeamentos das coisas, fluxos, económicos seja a petição de princípio, outras vezes conclusões que independem das premissas evocadas, regressões sem fim, etc.

Julguei que Falkenstein iria por aí, mas derivou para o medo do Estado na economia. Eu até posso compreender esse receio, mas a direcção da sociedade pela simples tendência dos negócios (= actividades produtivas e comerciais lucrativas) concentra poder em monopólios, que desafiam a lei, a colectividade e o direito, e não contribuem para a maximização do bem estar nem do bem comum colectivo.

Além disso, a desigualdade r>g, rendimento do capital > crescimento do valor da produção, não é sustentável pelo que os Estados apressam-se a convertê-la em papel-moeda sem poder de compra e assim delapidarem as pseudo-mais-valias do capital como delapidarem o valor das economias dos fundos de pensões, ambas irreais e insustentáveis. De modo que, os alertas de Piketty, como os de Stiglitz, são reais independentemente de se gostar ou não da 'má notícia' de que o sistema não presta e de como se há de remendá-lo ou reformá-lo.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-04-01 11:19:18
O texto entre outras coisas dá um bom exemplo de como o U observado na desigualdade e rendimento do capital pode ser simplesmente devido a problemas nos dados (rendimento não declarado quando as taxas marginais de imposto eram elevadíssimas)
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-04-01 11:48:44
Ou seja, que essa desigualdade já existia, não se  agravou.
E deduz ele daí que ela é sustentável e benéfica? Prova-o?

Não deduz, nem prova. Antes, o que noto, é a necessidade
de provocar uma grande descapitalização dos fundos de
pensões através do facilitismo da emissão monetária
e, enquanto isso não atinge o pleno, e no receio
do aforro-precaução dos que trabalham,
impõe juros negativos no depósitos
com garantia de devolução!

Logo, o sistema não está mal.
Está péssimo.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-04-01 12:31:24
Ou seja, que essa desigualdade já existia, não se  agravou.
E deduz ele daí que ela é sustentável e benéfica? Prova-o?

Não deduz, nem prova. Antes, o que noto, é a necessidade
de provocar uma grande descapitalização dos fundos de
pensões através do facilitismo da emissão monetária
e, enquanto isso não atinge o pleno, e no receio
do aforro-precaução dos que trabalham,
impõe juros negativos no depósitos
com garantia de devolução!

Logo, o sistema não está mal.
Está péssimo.

Se a desigualdade se mantiver então não é insustentável.

Mas de resto o próprio sistema tem encerrado em si o reequilíbrio da desigualdade. Infelizmente como o faz é via crises profundas (já que os detentores da riqueza têm que passar a consumidores da mesma, e os detentores da dívida correspondente têm que passar a produtores líquidos).

É claro, se o poder político evita essas crises profundas então o reequilíbrio não se dá e mantém-se o "status quo".

Já agora, outra coisa que elimina o desequilíbrio são os herdeiros estroinas que tendem a consumir sem produzir. Mas o povo não gosta desses. O povo tem que se decidir, portanto. (é claro que a decisão "fácil" é dizer "existe desequilíbrio, bora lá roubar" em vez de produzir para vender a esse desequilíbrio).


--------

Se pensares numa economia com 10 pessoas em vez de 10 milhões, rapidamente compreendes o que é o desequilíbrio, as várias formas de ele se voltar a equilibrar, as formas justas e injustas, etc.
Título: Re:Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-04-01 13:29:21
Se a desigualdade se mantiver então não é insustentável.
_____________________________________________________

Manteve-se, mas mudou de sector. De público a privado. "Os trinta gloriosos" recompuseram-se da guerra nacionalizando indústrias e tributando altos rendimentos com o que investiram no esforço hercúleo da reconstrução do pós-guerra. Depois, optaram pelo malabarismo-soft da emissão monetária desligada de valor e os 'empreendedores' privados desataram a produzir gadgets, comprar trabalho feito à China, jogar na roleta viciada da bolsa (via grandes manipuladores do mercado), e acabam agora a depauperar pensionistas e pequenos aforradores com estrondosas falências semi-fraudulentas, semi-estúpidas.

                                                 ---- // ----

Mas de resto o próprio sistema tem encerrado em si o reequilíbrio da desigualdade. Infelizmente como o faz é via crises profundas (já que os detentores da riqueza têm que passar a consumidores da mesma, e os detentores da dívida correspondente têm que passar a produtores líquidos).
______________________________________________________________________


Essas 'crises' são bem vindas porque o saudável é consumir bens e pagar dívidas.

                                                           ---- // ----

É claro, se o poder político evita essas crises profundas então o reequilíbrio não se dá e mantém-se o "status quo".
_________________________________________________________________________


Justamente, que não  evite!
                                                            ---- // ----

Já agora, outra coisa que elimina o desequilíbrio são os herdeiros estroinas que tendem a consumir sem produzir. Mas o povo não gosta desses. O povo tem que se decidir, portanto. (é claro que a decisão "fácil" é dizer "existe desequilíbrio, bora lá roubar" em vez de produzir para vender a esse desequilíbrio).
___________________________________________________________________________

Os estroinas são parvos e o povoléu também.

                                                          ---- // ----

Se pensares numa economia com 10 pessoas em vez de 10 milhões, rapidamente compreendes o que é o desequilíbrio, as várias formas de ele se voltar a equilibrar, as formas justas e injustas, etc.
_________________________________________________________________________

É uma verdade metodológica. Os fisiocratas fizeram-no com três classes, salvo erro, os agricultores, os proprietários da terra e a classe estéril (a do comércio); Ricardo reduziu-as a duas: os trabalhadores e os capitalistas; Schumpeter, manteve a distinção entre os proprietários e os capitalistas (Ricardo também fez isso), juntou o trabalho, mas distinguiu dinamicamente o trabalho intelectual e inventivo dos inovadores, justificativo de lucros supranormais temporários. Por fim Keynes, acoimado pela estagnada depressão dos anos trinta, descobriu o Estado como investidor público e empregador, fosse útil ou não o que se investisse! Um modelo com dez pessoas, talvez se justifique mas só se for para individuar uns quantos monopolistas além do próprio Estado! (Não resisti a falar dos monopólios, lol, mas concordo que a macroeconomia vislumbra-se melhor se a simplificarmos sem a desvirtuar.)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-04-29 23:00:40
http://youtu.be/OY3Qxm6BoUI?t=948 (http://youtu.be/OY3Qxm6BoUI?t=948)

Qualquer economia sem pleno emprego,
é nota zero para o respectivo governo;
e prova insofismável de monopólios
a explorar trabalhadores, famílias.
consumidores.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-04-29 23:10:24
Nem por isso, se as regras impõem que tanto salários como despedimentos são rígidos.

E penso que tu concordarás com ambas as regras (dificuldade em reduzir salários, dificuldade em despedir).

Com essas regras, estar em pleno emprego acontece mais por sorte do que por qualquer outra coisa (é necessária uma expansão contínua).
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-04-29 23:21:54
Compreendo o raio de acção que a flexibilidade laboral/salarial permite à obtenção do emprego pleno de recursos. Mas, penso que cumpre ao governo, sob cuja supervisão e coordenação económica a iniciativa privada age, completar por investimento público útil a plena exploração dos recursos disponíveis e impedir, tributar ou expropriar os sobrelucros monopolistas da economia cartelizada. Menos que o pleno e diversificado emprego total dos recursos é pura exploração do homem pelo homem e dos países deficitários pelos superavitários-monopolistas. O desequilíbrio intra-europeu das balanças comerciais comercial é inadmissível e existe por bloqueio monopolista dos países exploradores-aforradores.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-04-29 23:50:10
Se o governo "complementar" com iniciativa pública o que falta de iniciativa privada nessas condições, daí a algum tempo não tens iniciativa privada. Isto porque o Governo para "complementar" com actividades não-lucrativas tem que ir buscar impostos a actividades lucrativas. Pelo que acabas no final com menos actividades lucrativas, menos local onde ir buscar dinheiro para sustentar actividades não-lucrativas, e menos emprego no geral. A menos que, claro, acabes também com salários muito mais baixos, de modo a que consigas ter mais trabalhadores pelo mesmo preço.

Não é solução.

As actividades monopolistas que vês por todo o lado são raras, a maioria resulta de monopólios legais, e a exploração do homem pelo homem é a única forma de gerar emprego. Isto porque para alguém contratar outra pessoa, tem que obter mais valor do que o que paga. O que é "exploração".
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-04-30 00:06:31
Respeito as duas objecções que apresentaste. Contorno-as, limitando a acção do governo ao nível de impostos suportável pela economia. A exploração é um nome, o facto é o trabalho combinado com os recursos naturais e tecnológicos (ambos modelados pelo engenho humano) gerar produção, que é o rendimento dos produtores. O que nos remete para a exploração real que se dá sempre que não há concorrência entre os produtores o  que possibilita aos cartelizados cobrar sobrepreços da quantidade que regulam produzir, embolsando lucros supranormais que nem conseguem  rentabilizar, vegetando a economia em volumes de emprego inferiores ao possível. Ou por tributação ou expropriação, os estados podem resolver estes cancros económicos. Quanto ao último factor de miséria que indiquei, não objectaste nada: os países com excedente comercial, querem mantê-lo ad eternum, e nada compram aos deficitários, nem neles investem recursos. Logo, não formam união europeia nenhuma, mas sim desunião crescente.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-04-30 04:49:32
Muitas das maiores margens são merecidas. Margens da Apple, da Microsoft, Facebook, etc.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-04-30 10:35:45
Muitas das maiores margens são merecidas. Margens da Apple, da Microsoft, Facebook, etc.

Se temporárias, não requerem medidas especiais, o próprio mercado secundário provoca a erosão das margens iniciais, não censuráveis, aliás.

Porém, há rendas de monopólio bem mais persistentes e substantivas, mesmo que porventura pareçam ocultar a sua natureza na dispersão dos seus beneficiários pela população em geral.

Penso, p.e., nos prédios urbanos de inúmeras famílias, cujos rendimentos e mais-valias de transacção são aliás tão vultuosos que o próprio fisco já descobriu que o melhor é ser 'rentista' também e cobra à volta de cinquenta por cento de tais ganhos.

Antigamente, pela inflação, as mais-valias monetárias eram meramente redistribuídas entre particulares, e o congelamento de rendas operava também esse efeito entre os cidadãos, inquilinos e senhorios.

Agora, com os processos deflacionários em curso, o estado 'acautela-se' tributando na origem os rendimentos e os ganhos de capital. Tudo são rendas monopolistas, deduzidos os encargos induzidos.

Mas quem cita a propriedade, urbana ou rural, pode apontar também todo e qualquer negócio (= negação de ócio = actividade produtiva, vendável, útil) a cuja entrada de novos operadores haja obstáculo. São rendas de monopólio, que subtraem rendimentos oriundos de outras fontes de produção, em troca de nada!

Claro, se me objectarem que essa «poupança forçada» financia outros empreendimentos que, esses sim, mobilizam os recursos inactivos disponíveis e promovem o pleno emprego, eu aceitá-lo-ia - embora com reservas, por os monopólios actuantes, em vez de enfraquecerem, fortalecer-se-iam -; mas não é o que vemos acontecer.

Pois os bancos limitam-se a gerir capitais de mútuo por emissão de moeda de papel, e se alguma actividade, negócio, anima é somente o de mais-valias de casino, de bolhas especulativas, a competir por moeda de papel, e negócios de esbulho de trespasse de propriedades reais já existentes, em que o que um ganha o outro perde.

E o desemprego, grassa. A inovação, cessa. A economia, regride.
Nem o estado, nem a iniciativa privada, promove um novo estado de coisas.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2015-04-30 11:52:11
Muitas das maiores margens são merecidas. Margens da Apple, da Microsoft, Facebook, etc.

Se temporárias, não requerem medidas especiais, o próprio mercado secundário provoca a erosão das margens iniciais, não censuráveis, aliás.

Porém, há rendas de monopólio bem mais persistentes e substantivas, mesmo que porventura pareçam ocultar a sua natureza na dispersão dos seus beneficiários pela população em geral.

Penso, p.e., nos prédios urbanos de inúmeras famílias, cujos rendimentos e mais-valias de transacção são aliás tão vultuosos que o próprio fisco já descobriu que o melhor é ser 'rentista' também e cobra à volta de cinquenta por cento de tais ganhos.

Antigamente, pela inflação, as mais-valias monetárias eram meramente redistribuídas entre particulares, e o congelamento de rendas operava também esse efeito entre os cidadãos, inquilinos e senhorios.

Agora, com os processos deflacionários em curso, o estado 'acautela-se' tributando na origem os rendimentos e os ganhos de capital. Tudo são rendas monopolistas, deduzidos os encargos induzidos.

Mas quem cita a propriedade, urbana ou rural, pode apontar também todo e qualquer negócio (= negação de ócio = actividade produtiva, vendável, útil) a cuja entrada de novos operadores haja obstáculo. São rendas de monopólio, que subtraem rendimentos oriundos de outras fontes de produção, em troca de nada!

Claro, se me objectarem que essa «poupança forçada» financia outros empreendimentos que, esses sim, mobilizam os recursos inactivos disponíveis e promovem o pleno emprego, eu aceitá-lo-ia - embora com reservas, por os monopólios actuantes, em vez de enfraquecerem, fortalecer-se-iam -; mas não é o que vemos acontecer.

Pois os bancos limitam-se a gerir capitais de mútuo por emissão de moeda de papel, e se alguma actividade, negócio, anima é somente o de mais-valias de casino, de bolhas especulativas, a competir por moeda de papel, e negócios de esbulho de trespasse de propriedades reais já existentes, em que o que um ganha o outro perde.

E o desemprego, grassa. A inovação, cessa. A economia, regride.
Nem o estado, nem a iniciativa privada, promove um novo estado de coisas.

O congelamento das rendas foi um absurdo que destruiu o mercado de arrendamento por muitos anos.

A iniciativa privada investe quando vê o potencial de ganho em servir terceiros. Não investe se não vir o potencial de ganho. O Estado tudo o que pode fazer é criar condições para ser mais fácil obter o ganho. Regra geral a iniciativa privada investirá para servir algo desejado ou necessitado pela população - a menos que consiga investir segundo o princípio abaixo.

O Estado investe quando lhe apresentam bons motivos. Os bons motivos que lhe apresentam muitas vezes não coincidirão com o motivo real, que será providenciar um ganho a um interesse particular mesmo que esse ganho não corresponda a nada de útil, desejado ou necessitado pela população em geral.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-04-30 16:25:08
Há potenciais de ganho que requerem
investimento de infraestrutura, só
possíveis pelo sector público, e
que requerem decisões
ulteriores de investi-
mento privado,
com lucros
impossíveis
no imediato.

Poucos privados
se abalançam a tanto!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-05-09 12:11:42
(http://www.ritholtz.com/blog/wp-content/uploads/2011/04/capgains041411413112_big.gif)

Gostava de perceber este gráfico
e de entender a pergunta inversa:
«Do The Budget Deficit Drive The Capital Gains?»

É que dá-me a impressão que sim!

Os gastos do estado superiores
aos impostos cobrados

parecem compor as mais-valias
notadas na capitalização esperada
                              dos rendimentos!


Mas também não percebo - e já nem tenho presente
o que signifique - a correlação entre as duas séries,
negativa até ao crash de 1987 e positiva depois!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: D. Antunes em 2015-05-11 19:49:00
Parece que temporalmente os défices Vêm atrás, o que inviabiliza que os défices sejam a causa direta.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-05-11 20:11:29
Parece que temporalmente os défices Vêm atrás, o que inviabiliza que os défices sejam a causa direta.
´

Dizes: os défices públicos ocorrem depois dos ganhos de capital?
No gráfico parecem-me contemporâneos. Mas, se ocorrem depois,
talvez se consiga inferir o título do gráfico: a alta das bolsas
causa os défices públicos... Por que intermediação?

Emissão de dívida para arrecadar liquidez
e acalmar a euforia de mais-valias
elevando os juros da dívida
de Estado? Será?

Eu não sei.
Precisava de aulas
de macroeconomia!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-05-27 15:44:19
Gostava de construir um índice de custo de vida simples, adequado  ao meu cabaz típico de compras. Não sei bem como se faz. Imagino assim, mas não sei se terá sentido. Agradeço ajuda.

Por categoria ou classe de gasto, observo o preço em 2014 de um ou dois artigos tipo dessa classe. Divido o gasto do ano por esse preço e obtenho a quantidade consumida em 2014 em termos daquele  artigo. O recíproco dessa quantidade é o poder de compra de € 1.00 em termos daquele produto.

A seguir como faço?

Calculo a % de gasto daquela classe de bens em relação ao gasto corrente total do ano, e uso essa % como coeficiente de ponderação do poder de compra do euro naquela classe de bens; somando este resultado com os que obtenho por igual procedimento para os demais tipos de bens, com a respectiva ponderação no gasto total, os coeficientes ponderados de cada preço  totalizando a unidade, 100%.

Será assim?

É que eu precisava de saber se ando a ganhar ou a perder, e quanto!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Pip-Boy em 2015-05-27 16:00:17
Saber se andas a ganhar ou perder é simples:

Se ainda há salário no fim do mês, estas a ganhar!
Se ainda há mês no fim do salário, estas a perder!

:D
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2015-05-27 16:01:02
:)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-13 19:09:08
Este é o meu tema económico predilecto! Aprendi-o em Smith e Ricardo. A par da optimização das escolhas com recursos limitados, desenvolver a riqueza da sociedade e distribuir a produção é a essência do que se ocupa a economia. E a ideia ressurgiu-me, logo após o protesto táxis/Uber. Eis a doutrina:

Sempre que algo 'mexe'(*) aí vai a banca, o fisco e os arrendadores de espaço, cobrar a sua parte de <rendimento sem trabalho actual>, como se explicava antiga e eufemisticamente entre os docentes da economia clássica!

Mas é bem verdade que hoje em dia, com a produtividade alcançada pela engenhosidade da ciência e da tecnologia, e pela fertilidade controlada da natureza, o núcleo da questão económica

centra-se na forma de explorar com eficácia o trabalho vivo, e no modo de redistribuir os sobrelucros usurários do capital pela população activa e inactiva, sem aniquilar, pela homogeneização cultural, a diversidade de cada vida individual.
 
(*) 'mexe', age, actua, nega-o-ócio, negócio, actividade (produção; transporte; comércio).
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zenith em 2016-10-13 19:18:44
O vbm voltou do exílio.
Welcome back
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-13 19:30:24
lol
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-10-13 20:01:44
"Sempre que algo 'mexe'(*) aí vai a banca, o fisco e os arrendadores de espaço, cobrar a sua parte de <rendimento sem trabalho actual>, como se explicava antiga e eufemisticamente entre os docentes da economia clássica!"

A banca só cobra se voluntariamente chamada, e até segue um processo para evitar emprestar.

O fisco, esse taxa tudo o que mexe.

Os arrendadores de espaço só cobram se alguém lhes arrendar voluntariamete o espaço ...

-------

Onde vês o problema de alguém propor um serviço, e esse serviço ser aceite voluntariamente por outra pessoa? Dos três acima, apenas o fisco não é voluntário.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-13 22:02:29
Não vejo  problema nenhum. Justamente, isso que acontece quando algo 'mexe' é que está certo. Como quererias tu remunerar todos os que pensam, sabem, organizam e governam os que executam e trabalham!? Quando algo 'mexe', alguém o põe a mexer, e para ter sucesso, nada se consegue sem a produtividade do capital e a fertilidade da natureza. Contraprova? Em Marte, nada mexe, nem prolifera. Trabalho vivo tudo agita. Toda a ciência está na boa e adequada distribuição do produto do trabalho: salário e sobre-salário (lucro). Zera o salário, e a produção extingue-se, ninguém a consome. Zera o sobre-salário e voltamos à idade da pedra, esta único capital, a utilizar na caça! Simples! Un point, c'est tout.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Thunder em 2016-10-16 19:45:37
É bom ver-te novamente vbm :)

Para mim este é um tema que nunca terá uma resposta final. Haverá sempre discórdia.
Cada pessoa terá um nível diferente daquilo que acha que seja um nível justo de redistribuição.
E isso é amplamente explorado na clivagem entre "direita" e "esquerda".

Eu vejo a coisa da seguinte forma: em que ponto uma sociedade deve ficar entre o conceito "original" de contrato social e uma sociedade "socialista"?
Ou seja; quanto queremos ir além dum estado que está implementado para garantir a ordem pública e o cumprimento dum estado de direito. Queremos ir muito além disso? Queremos ficar nesse ponto?

A maioria soma ao contrato social por exemplo a educação e a saúde. Mas até na execução dessa forma de estado social e dessa forma de redistribuição há receptores diferentes (e em graus diferentes) que complicam a análise. Se somarmos a infinidade de áreas em que o conceito expandiu e o tema fica uma complexidade enorme. É por isso que existem livros e livros escritos sobre o tema; debates infindáveis, etc.

Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-16 22:07:39
Eu fixo-me no tema da redistribuição, mas sei muito bem que logo se pensa em socialismo quando a questão económica da distribuição do rendimento não tem nada a ver com socialismo e sim com economia e com política, i. e., de justiça e equidade.

É até uma questão de contabilidade tout court, quer empresarial quer macroeconómica: produto é valor acrescentado, desdobrável em salário do trabalho e sobre-salário do trabalho, i.e., lucro, distribuível enquanto juro, renda, imposto, e lucro do empreendedor da actividade produtiva. Disto não se sai, por muitas voltas que se dê.

Daí que redistribuição de rendimento esteja muito longe de ser apenas a divisão do produto (Y) em salário (W) e lucro (L), pois quer o primeiro se distribui por diferentes categorias de trabalho, quer o segundo pelos empresários, e proprietários de bens e dinheiro.

Por exemplo, - como bem lembrou o Castelbranco a propósito da crise económica do princípio dos anos 80 - a desregulação do sistema bancário por Tatcher e Reagan, autorizando os bancos de investimento a receber e gerir depósitos, teve razão de ser, e a crise pôde evitar-se porque, - disse Castelbranco -, a população ainda estava a crescer, os juros estavam muito altos, e as empresas consideraram preferível aumentar o capital próprio dos seus negócios a recorrer a empréstimos com juros tão altos: a iniciativa teve aceitação e sucesso no grande público que acorreu a subscrever as emissões de acções que assim tornearam os juros excessivos.

Ora, isto chama-se redistribuição de rendimento. Claro que, depois, a perversão instaurou-se nos mercados financeiros, e a grande depressão de 2008 só não descambou numa hecatombe de falências e corridas aos bancos, por os estados terem proporcionado toda a liquidez que foi necessária para evitar a bancarrota. O ridículo é os estados, depois disso, terem ficado subjugados aos interesses dos salvados da bancarrota.

Há temas clássicos da economia, todos implicados na distribuição do rendimento, desde a tendência à concentração monopolista da riqueza, - e das decisões económicas -, ao equilíbrio entre necessidades colectivas (sector público) e iniciativa e liberdade individual, a aplicação da tecnologia nos processos mecânicos e administrativos de trabalho, o crescimento demográfico e o comércio internacional.

Escusam muitos vir com a lengalenga que primeiro interessa produzir e só depois distribuir. Falso! A distribuição está desde logo embutida na produção, é a sua razão de ser, sendo até verdadeiro que isso de produzir é uma questão técnica de engenharia, agronómica ou mecânica ou química; o que produzir e distribuir, isso sim tem a ver com escolhas económicas - e com política.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-10-16 22:41:43
Escusam muitos vir com a lengalenga que primeiro interessa produzir e só depois distribuir. Falso! A distribuição está desde logo embutida na produção, é a sua razão de ser, sendo até verdadeiro que isso de produzir é uma questão técnica de engenharia, agronómica ou mecânica ou química; o que produzir e distribuir, isso sim tem a ver com escolhas económicas - e com política.
A última coisa em que pensa alguém que vai produzir é na distribuição da sua produção. Foca-se em encontrar um produto que poderá vender, como há-de produzir o produto, como o vai entregar, facturar, reparar, etc.
A distribuição dessa produção aparece-lhe sob a forma compulsiva de impostos ou, posteriormente, de forma voluntária, a quem ele entender que é merecedor dessa produção (além do obrigatório parceiro estado).
A distribuição não é a razão de ser da produção. É uma consequência e, na maioria dos casos, compulsiva e contra a vontade do produtor.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-16 22:46:54
[ ] A distribuição não é a razão de ser da produção. [ ]

«Não é da bondade do homem do talho, do cervejeiro
ou do padeiro que podemos esperar o nosso jantar,
mas da consideração em que eles têm
o seu próprio interesse.»

(Adam Smith)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-10-16 22:53:09
[ ] A distribuição não é a razão de ser da produção. [ ]

«Não é da bondade do homem do talho, do cervejeiro
ou do padeiro que podemos esperar o nosso jantar,
mas da consideração em que eles têm
o seu próprio interesse.»

(Adam Smith)
Exactamente. A produção decorre do egoísmo de cada um em satisfazer as suas próprias necessidades (produzindo para outros).
A distribuição, quando compulsiva via impostos, não é mais do que uma apropriação dessa produção, muitas vezes sem a concordância do produtor. Para amaciar esta apropriação chamam-lhe solidariedade.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-17 06:56:37
Exactamente. A produção decorre do egoísmo de cada um em satisfazer as suas próprias necessidades (produzindo para outros).
A distribuição, quando compulsiva via impostos, não é mais do que uma apropriação dessa produção, muitas vezes sem a concordância do produtor. Para amaciar esta apropriação chamam-lhe solidariedade.

Errado. Há necessidades colectivas que só podem resolver-se de um modo público. Por exemplo, estradas (vide, império romano), justiça (idem), defesa (id.), higiene e saúde (id. - termas), instrução (nisto, os romanos eram medíocres: falavam latim, e as populações que os entendessem), etc.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-10-17 08:01:17
Não invalida o que eu disse vbm. Essas estradas "para o bem comum" só são contrariadas porque alguém se levanta da cama de manhã para as ir construir.
E levanta-se da cama para vender a sua produção (trabalho), não a pensar que o vbm e o automek têm de andar de carro (bem comum), mas sim porque precisam de sobreviver.
O mundo move-se sempre pelo egoísmo da satisfação das necessidades de cada pessoa e não com as pessoas a pensarem que têm de ir produzir para o bem comum.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-17 08:07:55
Concordo, automek. Boas premissas são o melhor contributo para uma política acertada. O mais só não é destituível porque não é proibido desejar o bem. Mas política é realismo, e a economia, como a natureza, não é violável sem sanção.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-10-17 08:24:27
Só para finalizar, o que nós vemos são sociedades que se apropriam mais ou menos da produção individual de cada pessoa. Mas, mesmo dentro disso, há sociedades mais ou menos liberais.

Concretizando:
- Vemos a Suécia que tem uma apropriação bastante grande da produção individual, através de impostos altos, mas depois permite que as pessoas tenham uma liberdade grande na utilização do valor que lhes foi retirado (por exemplo dando liberdade de escolha na saúde, escola, etc.). Grande apropriação, grande liberdade.

- Vemos Portugal que também tem uma apropriação bastante grande da produção (o estado fica com 50% da economia) mas em que as pessoas são forçadas a usar o SNS e a escola pública. Grande apropriação, pouca liberdade.

- E, finalmente, temos países como os EUA (já não são o que eram, mas ainda assim servem de exemplo), em que a apropriação (impostos) é menor e promove nas pessoas um sentimento de obrigação moral para a dádiva voluntária. É bastante comum o americano dar para um conjunto enorme de instituições que acha úteis à sua comunidade. Eu gosto particularmente deste sistema porque obriga a que as instituições beneficiárias tenham mérito e utilidade, ao invés de receberem um subsidio só porque alguém assim o determina compulsivamente. Eu, ao contrário de ti, não acredito na sapiência de governantes mas sim no que emerge das escolhas individuais de cada um (não vamos meter aqui ao barulho o sistema de saúde america porque isso era uma coisa que não servia de exemplo a país nenhum).
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-17 09:36:45
Sem dúvida tem de praticar-se um sábio doseamento
da iniciativa particular com a política de estado.

Há razões de queixa do sector privado
quando se apropriam de sectores de actividade
que bloqueiam a concorrência com procedimentos
monopolistas que asseguram sobre-rendas
economicamente injustificadas.

Também, o comércio internacional é fértil
na miserabilização de países menos desenvolvidos,
o que tem de contrariar-se politicamente.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-10-17 11:49:56
Há razões de queixa do sector privado
quando se apropriam de sectores de actividade
que bloqueiam a concorrência com procedimentos
monopolistas que asseguram sobre-rendas
economicamente injustificadas.

Isso só acontece com ajuda da intervenção estatal e não por acção individual e livre das pessoas.

Também, o comércio internacional é fértil
na miserabilização de países menos desenvolvidos,
o que tem de contrariar-se politicamente.

Essa é uma mensagem muito difundida mas que está errada. Graças à globalização, centenas de milhões de pessoas melhoraram a sua vida, vendendo a sua produção (trabalho).
Pobreza extrema cai para 10% da população pela primeira vez, diz Banco Mundial (http://economia.uol.com.br/noticias/efe/2015/10/04/pobreza-extrema-cai-pra-10-da-populacao-pela-primeira-vez-diz-banco-mundial.htm)

Não alinhes naquela retórica de "não compres essa tshirt porque é feita por um desgraçado no vietname que trabalha 14 horas por dia". Eu digo, "compra, sim, porque estás a ajudar a que aquele desgraçado possa trabalhar 14 horas por dia e não morrer à fome".

Eu sei que estamos a a falar entre duas alternativas más, mas graça à acção individual da pessoa esse tipo deixou de morrer à fome e passou a ter uma refeição. Querer que a coisa evolua mais depressa é um passo para a desgraça ou seja, dizer "agora não compro para castigar os exploradores". Com isso o desgraçado, realmente, deixa de ter fome porque morreu.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-10-17 12:14:22
Citar
Também, o comércio internacional é fértil
na miserabilização de países menos desenvolvidos,
o que tem de contrariar-se politicamente.

O comércio internacional dá aos países menos desenvolvidos a única coisa que os pode tornar mais desenvolvidos: procura para aquilo que produzem.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-17 13:13:28
O comércio internacional dá aos países menos desenvolvidos a única coisa que os pode tornar mais desenvolvidos: procura para aquilo que produzem.

Têm de dar o que vem a seguir:
- deixar produzir o que precisam.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-10-17 13:25:56
O comércio internacional dá aos países menos desenvolvidos a única coisa que os pode tornar mais desenvolvidos: procura para aquilo que produzem.

Têm de dar o que vem a seguir:
- deixar produzir o que precisam.

Ninguém impede ninguém de produzir coisa nenhuma, excepto com programas como a PAC Europeia, que ao se destinar a proteger agricultores Europeus, lhes permite competir mais facilmente com agricultores de países subdesenvolvidos.

Ou seja, só coisas com "boas intenções" e "bons motivos" -- e não o normal funcionamento do mercado, produzem aquilo que criticas.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-17 13:37:09
Tem de cuidar-se do ordenamento territorial;
não deve uma larga extensão de espaço
habitável ficar despovoado a par
d'outras áreas sobrepovoadas.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-10-17 13:41:29
Tem de cuidar-se do ordenamento territorial;
não deve uma larga extensão de espaço
habitável ficar despovoado a par
d'outras áreas sobrepovoadas.

Porque não, se for o que as pessoas desejam?

Logo à partida, parece melhor para o ambiente ...
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-10-17 13:42:06
Tem de cuidar-se do ordenamento territorial;
não deve uma larga extensão de espaço
habitável ficar despovoado a par
d'outras áreas sobrepovoadas.
Com que direito é que impedimos alguém de vir encavalitar-se no Barreiro e o mandamos ir viver para Monção ? Porventura temos uma capacidade superior de decidir a vida dele, melhor do que ele próprio ?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-10-17 13:47:18
Isto do povoamento do interior é quase tão antigo como o próprio pais.

Basta recordar que existiam os coutos de homiziados, que obrigavam ao cumprimento de penas judiciais no interior como forma de fixação de população no interior. A verdade é que o interior sempre foi preterido ao litoral e se essa é a vontade individual e livre das pessoas, não há razão para a impedir.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Kaspov em 2016-10-17 15:33:44
E, no entanto, no litoral sempre houve o problema dos ataques dos piratas...  ;D
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Local em 2016-10-17 15:44:03
O Apartheid é um exemplo como o controlo de fluxos migratórios não é solução.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-17 17:25:07
Parecem-me reações traumáticas ao ordenamento territorial, como se tratasse deslocações de populações em massa a fugir da guerra!

E não é nada disso, o que se busca atingir
com o ordenamento territorial.

Sim, coisas tão saudáveis como
plantar carvalhos entre outras
espécies florestais...!

Assim, antes de as pessoas,
- que julgam desejar migrar
para as cidades - onde acabam
por infernalizar a sua vida-,

convém que tenham alguma hipótese
de trabalhar e viver na sua terra,
no Porto, por exemplo, em vez
de ter de vir prá política em Lisboa!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-10-17 18:46:27
O que é que sugeres para que as pessoas "tenham alguma hipótese de trabalhar e viver na sua terra" ?
Quotas obrigatórias de instalação de empresas no interior, decididas por um burocrata ?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-17 19:20:22
O que é que sugeres para que as pessoas "tenham alguma hipótese de trabalhar e viver na sua terra" ?  Quotas obrigatórias de instalação de empresas no interior, decididas por um burocrata ?

Nada disso! Algo mais subtil.

P.e., lei de arrendamento urbano
na cidade, diferente do de Lisboa,
como forma de a capital ser preterida.

Área metropolitana com mais poderes,
de modo a nela habitarem melhores
cabeças do que na capital.

Coisas deste género; competição,
atracção dos melhores, de modo
a dispersa-los saudável
e reprodutivamente
pelo território
nacional.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Europeu em 2016-10-17 19:36:29
A redistribuição de rendimentos em Portugal é a população pobre do norte (quer interior quer litoral) pagar impostos para que os funcionarios publicos de lisboa ganhem cada vez mais e seja cada vez mais ricos.
é o socialismo.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-17 19:38:51
O que está mal deve contrariar-se.

Mas a capital é Lisboa,
não Madrid, nem
Bruxellas
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Kaspov em 2016-10-18 14:51:09
Então talvez a capital devesse ser transferida para algum (ou outro) desses locais...  ;D
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-18 14:54:39
Prefiro Lisboa, reformada!

Com menos impostos.

Ou com os que tem
e melhor sector
público!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: jeab em 2016-10-21 10:26:10
A realidade é esta o resto é conversa da treta
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Kaspov em 2016-10-21 14:48:05
São verdadeiramente amigos dos pobres...  ;D
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-25 20:47:05
O Kin lembrou-me o significado de:

«EV / EBITDA equals a company's enterprise value divided by earnings before interest, tax, depreciation, and amortization. Enterprise Value to EBITDA, or EV / EBITDA, is a measure of the cost of a stock which is more frequently valid for comparisons across companies than the price to earnings ratio.»

Ao que observei, superficialmente, - «Imaginaria normal algo entre 4 a 8; ou 5 a 10; ou 6 a 12! ...»

---------- // ----------

Fiquei a pensar um pouco nisto. A tentar ver as coisas ‘aritmeticamente’ e ao nível da  macroeconomia de um país... Acho que só tacteei ‘banalidades’! Que, no entanto, são incontornáveis, talvez mais descritivas do que explicativas, mas que teimosamente se centram na questão estricta de economia: a da distribuição do rendimento. 

A produção anual de um país (P), o denominado produto interno bruto, é o resultado da actividade do trabalho aplicado com os conhecimentos e os meios de produção à natureza. Deste modo, a grandeza do produto (P) representa um valor que se pode comparar com o dos meios de produção implicados na sua produção, i.e., o capital activo do país (A): terrenos, edifícios, máquinas, ferramentas, projectos, programas, manuais de execução detrabalho, etc.

Assim sendo, a produção anual represenatrá sempre um certo grau de rotação (p) do capital activo (meios de produção), o qual pode ser menor, igual ou maior que a unidade, 1.

(1)   P = p*A   (com p < = > 1)

Bom de ver que se a capacidade de produção não estiver totalmente utilizada, a produção, P, pode aumentar no curto prazo, sem investimento  adicional  em meios de produção, antes, empregando mais pessoal no trabalho da organização, das máquinas , etc.

A produção é a de bens consumo (C) e meios de produção (I), quer materiais quer intangíveis, e a sua aquisição opera-se pelos meios de pagamento, - moeda -, pagos aos que participam na actividade produtiva quer pelo trabalho quer pela cedência da utilização dos meios de produção (E), de que auferem o respectivo rendimento periódico (Y), composto de salários (W) e sobre-salários , também desigando excedente económico (E)

(2)   p*A  = P = C + I = Y = W + E

O excedente económico, E, é a diferença entre o rendimento total , Y e o  total dos salários pagos à sua produção (W), e distribui-se pelos titulares da propriedade dos meios de produção:  rendas  e alugueres de terrenos, edifícios, máquinas (R), juros de capitais de emprestimo (J), impostos (T) e lucros (L), esta sendo quantía residual de rendimento que sobeje depois de pagos os salários, as rendas, os juros e os impostos.

Temos, então,

(3)   E = Y – W = R + J + T + L

Tacteei encontrar estes agregados no Prodata, e, claro, nada vi que  percebesse... Mas recolhi estes valores em milhares de milhões de euros, € 10^9, no ano 2015:

   P = 179
   I = 15% *P = 27
   W = 100
   T = 18 (impostos s/ os rendimentos)

De que resultaria,

   E = P – W = 179 – 100 = 79
   R + J + L = E – T = 79 – 18 = 61

Não lembro como os impostos indirectos são tratados nos agregados macroeconómicos, possivelmente pela diferença de cômputo do PIB a preços dos factores e a preços de mercado, estes incluindo a tributação indirecta, se as grandezas acima decorrerem de cálculo a preços de factores... não sei. Supondo que sim, os chamados rendimentos de capital, – R + J + L –, atingiriam 61 mil milhões. Já a repartição percentual do  rendimento, Y, por salários, W, e excedente económico, E, será como se segue:

(4)   Y = W + E = 100 + 79 = 179
e
(5)   1 = W/Y + E/Y = w + e = 100/179 + 79/179 = 56% + 44% = 1

A minha esperança era encontrar nos números globais uma noção do valor empírico do rácio EV / EBITDA, nos valores de A/E... mas, claro, não há nenhuma avaliação do activo fixo de um país... Partindo de E = 79, um EV / EBITDA ou A/E de

A/E  4; 5; 6; ...; 10; 11; 12,

teríamos para

A  316; 395; 474; ... ; 790; 869; 948,

o que representaria graus de rotação do activo fixo para o PIB (valor acrescentado bruto do país) de P = 179 mil milhões (em 2015)

P/A = p  .56; .45; .38; ...; .23; .21; .19

De modo que nada sei concluir, nem se colhi os valores adequados dos agregados que aritmetizei... Se alguém puder dar uma achega de qual seja o valor agregado do capital fixo total do país e emendar o que aqui esteja errado, agradeço.

Dizem: a dívida pública do país é de 129 % do PIB, e a privada é tripla da pública. Isso dá um passivo de 516 mil milhões... Bom, se isto não excedesse o nosso activo total, antes o igualasse, o grau de rotação seria de .35, e o A/E ou EV / EBITDA, de 516 / 79 =7...

Nada concluo. Excepto que, devemos muito dinheiro e valemos por certo muito mais do que o que devemos, e sobretudo que só pagaremos o que devemos com o que produzamos e os outros comprem, sem que permitamos desvalorizem o que produzimos e vendemos.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Jsebastião em 2016-10-25 22:38:10
A realidade é esta o resto é conversa da treta

Isto só pode ser o partido Marxista/colectivista que está no poder a querer acelerar o processo que leva, naturalmente, à luta de classes e à revolução.  :D :D :D
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2016-10-25 22:42:27
quem mais recebe sao CGA 

muitos sao comunistas  tem boas pensoes  ;D


http://www.pordata.pt/Portugal/Pens (http://www.pordata.pt/Portugal/Pens)ão+média+anual+da+Segurança+Social+total++de+sobrevivência++de+invalidez+e+de+velhice-706

https://www.publico.pt/economia/noticia/cerca-de-80-dos-pensionistas-recebem-reforma-media-de-364-euros-1624499 (https://www.publico.pt/economia/noticia/cerca-de-80-dos-pensionistas-recebem-reforma-media-de-364-euros-1624499)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-26 07:40:50
Hoje de manhã, logo ao acordar :), apercebi-me de uma omissão importante nas parcelas do excedente económico, E, na fórmula (3): - esqueci-me da quota de amortização e depreciação (D) que se inclui no valor bruto do excedente bruto, apenas se exclui do excedente e do rendimento líquidos! Assim, (3) tem de corrigir-se para

(3') E = Y - W = R + J + T + D + L

Esta correcção permite uma via para estimar o capital fixo do sistema produtivo, utilizando um valor médio de vida útil dos meios de produção depreciáveis a que deve somar-se os terrenos não amortizáveis, ónus monopolista puro incidente na actividade económica, mas juridicamente garante da segurança e da liberdade relativa dos cidadãos face ao poder soberano, pelo menos num estado de direito - como o instituído no império romano e alargado ou agilizado pelo código napoleónico à facilidade de livre contratação, venda e compra que consagra uma das divisas da revolução do terceiro estado (nobreza, clero, povo): liberdade - igualdade - fraternidade.

Conclusão: o dito - e afirmado - no postado anteriormente está incompleto, requer dados sobre a duração do capital fixo e estimativa da sua vida económica útil.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-26 22:56:24
Vi algures, - creio referido em estatística de uma prova de exame escrito! :) -, que o volume de amortizações brutas terá sido em 2014, € 55*10^9. Para um idade média de vida, n, do capital fixo postulada em 15 anos, teríamos para o seu valor global, A (sem cálculo de terrenos, não depreciáveis)

(6)   A = n*D = 15*55 = € 825*10^9 (oitocentos e vinte e cinco mil milhões de euros

o que, para um excedente económico bruto, E, de 79 mil milhões, cf. (4), daria

(7)   A/E = EV / EBITDA = 825 / 79 = 10

como rácio médio global em Portugal...
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-10-28 17:52:40
Ora, é interessante deslocar o sentido da avaliação de cotação de acções no mercado de títulos,  para os respectivos ramos de actividade (neg-ócio) e neles tomar em consideração os graus e tempos de rotação dos activos fixos, assim como as proporções de custos de produção em salários  e encargos não-salariais.

Assim, a capitalização do excedente económico, equivale à proporção do activo fixo em relação ao excedente económico na unidade de tempo (ano)

(9)             EV / EBITDA = A/E

o que significa o número de anos necessário para que o cumulado de excedentes económicos iguale o investimento efectuado em capital fixo.

Para observarmos como tal proporção é afectada pelo volume de produção anual, a grandeza do activo fixo e a repartição dos custos em salários e encargos não-salariais, desdobramos o rácio como segue:

(10)   A/E = A/P * P/E ;

e dado que, cf. (2) p*A  = P, temos

(11)   A/E = A/(p*A) * P/E = 1/p * P/E ;

e como, por (2) P = W+E, vem:

(12)   A/E = 1/p * (1+W/E)


Assim, o rácio EV / EBITDA, o valor da empresa avaliada pelo número de anos de excedente económico médio bruto que a sua actividade gera, equivale ao tempo de rotação do seu capital fixo pela produção anual (1/p = A/P) e é tanto menor quanto maior for, ceteris paribus, o custo salarial em relação ao excedente do valor da produção (P) – obtido pela sua venda, segundo a procura do mercado (E = P-W).

Deste modo, fica evidenciado que o valor de uma empresa decorre das condições técnicas da sua actividade produtiva (ou comercial) – 1/p – do preço dos seus factores de produção – W/E – e da procura do mercado – L = P–W–R–J–T>=<0.
 
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-11-28 18:33:25
No eixo das abcissas o rendimento. Para uma análise exacta provavelmente seria mais correcto ter a uma função pesada de toda a fortuna com peso maior no ultimo ano de rendimento, mas só serviria para complicar a explicação.
Considerando então o rendimento considere-se que há duas pessoas com rendimentos R1 e R2 correspondentes a utilidades U1 e U2. Com imposto proporcional pontos de rendimento deslocam-se  para R'1 e R'2 e utilidades para U'1 e U'2. Se U1 > U2 e a função for côncava a a variação relativa (U2-U'2)/U2 é maior que a (U1-U'1)/U1.

Vou ter de aritmetizar a concavidade da utilidade decrescente com o rendimento líquido crescente, de molde a que a penosidade da taxa do imposto sobre o rendimento tenda a equiparar-se para os baixos e altos rendimentos, igualização conseguida à base da progressividade do imposto. Hei-de ver as desigualdades que enuncias, que suponho estarem nas situações de rendimento antes e depois dos valores mínimos da curva da utilidade.

Zénith!

Fui hoje desenhar a curva côncava da «dôr do imposto», e da respectiva desigualdade, no caso de imposto proporcional. Usei uma régua de desenhar curvas em papel milimétrico, num eixo cartesiano (R, U) – rendimento (líquido), sua utilidade – e apliquei um imposto de 10% aos dois rendiementos R1 e R2, com R1 < R2.

É certo que o imposto que incida sobre rendimentos baixos subtrai uma utilidade maior do que aquele que, à mesma taxa, incida sobre um rendimento maior porque a utilidade do poder de compra decresce com o aumento do rendimento (líquido). Mas não é preciso que a curva da utilidade utrapasse qualquer mínimo, - de decrescente para crescente -, para que tal se verifique. Mesmo num ramo decrescente isso logo ocorre, numa curva côncava de utilidade.

(Se utilizasse uma parábola simétrica em relação ao eixo  vertical do rendimento com a ordenada de utilidade mínima, um imposto progressivo, para causar ao contribuinte afortunado o mesmo dano  que sofre um pobre teria de ter uma taxa quase confiscatória que o pusesse com um rendimento líquido semelhante ao do pobre!)

Desenhada a curva, apliquei aos dois rendimentos a mesma taxa de imposto e fui ler o resultado no eixo das ordenadas da utilidade. Usei os números seguintes:

T = 10% (imposto):
R’i = rendimento líquido
R1 = 6;  R’1 = 5.4;
R2 = 8;  R’2 = 7.2;


(Leitura dos) valores de U (utilidade de R, antes do imposto)
e U’ (utilidade do R’, i.e., rendimento após imposto),
na curva desenhada:

U1 = 2.9 ; U’1 = 3.4; (U1 – U’1) = - 0.5;
U2 = 1.9; U’2 = 2.1;  (U2 – U’2) = - 0.2;


Cálculo da taxa de penosidade do imposto:

(U1 – U’1)  / U1 = - 0.5 / 2.9 = - 17%
(U2 – U’2) / U2 = - 0.2 / 1.9  = - 10%

Conclusão:

O contribuinte com  o rendimento mais baixo sofre uma perda de utilidade do seu rendimento de 17%, enquanto o  de rendimento mais elevado, se tributado pela mesma taxa de imposto, apenas perde 10% da utilidade do seu rendimento após o  imposto.

Se a «curva da dôr» que desenhei fosse a aplicável, o imposto que o contribuinte 2 deveria pagar para lhe «doer» tanto quanto o imposto  «dói» ao  contribuinte 1, a taxa deveria ser de 30%, mas aqui o cálculo no papel milimétrico é algo impreciso por causa da largura do crayon do meu lápis, lol.

No thread de «Colectivismo e Individualismo», p.40, houve a troca de ideias acima que me interessei continuar a ‘aritmetizar’, linearmente, para tactear toda essa ideia de «dor do imposto» :)), porque, por muito que a dor não seja mensurável nem comparável - Huxley mostra-o – um economista nunca desiste de justificar, levar ao fundo, as suas premissas lógicas. E entre elas, jamais pode deixar de utilizar-se a noção de utilidade de bens, serviços, dinheiro, rendimentos, etc. Como o tema é pertinente para alguma justiça na aplicação da progressividade do imposto com efeitos na redistribuição de rendimento, insiro-o aqui e prossigo n’aritmética.

A elasticidade, e, da utilidade do rendimento à variação deste, equaciona-se como segue:

1)   e = dU/U : dR/R,

sendo dR = R – R’, com R´ designando o rendimento líquido após o imposto T, ou seja:

2)   dR = R – (R-R.T) = R.T,

e,  dU = U – U’ , a variação da utilidade dos bens e serviços adquiríveis com o rendimento bruto e com o rendimento líquido, após imposto.

Deste modo, 1) reescreve-se:

3)   e = dU/U : T

Como vimos, anteriormente, no caso de imposto proporcional de T = 10% aplicado aos dois rendimentos, R1 e R2, de 6 e 8, respectivamente, a curva desenhada de utilidade reportava as grandezas U1 e U2, do rendimento bruto e U’1 e U’2, do líquido, mais os correspondentes diferenças de utilidade, dU1 e dU2, pelas grandezas seguintes:

U1 = 2.9 ; U’1 = 3.4;  dU1  = - 0.5;
U2 = 1.9; U’2 = 2.1;   dU2  = - 0.2;

As elasticidades e, registadas para T = 0.1, são cf. 3), as seguintes:

4)   e1 = -0.5/2.9 : 0.1 = -0.5/2.9*0.1  = - 1.72
5)   e2 = -0.2/1.9 : 0.1 = -0.2/1.9*0.1  = - 1.05

Se quiséssemos igualar a penosidade do imposto dos dois contribuintes, teríamos de elevar o imposto sobre o rendimento R2, abandonando a proporcionalidade e passando à progressividade do impostosobre o rendimento, a saber:

6)   dU1 = dU2 = - 0.5;

o que requer equacionar o imposto T, seguinte:

7)   e2 = -0.5/1.9*T = 1.05; ou, -0.5 = 1.05*1.9*T; ou,

8)   T = -0.5/1.05*1.9 = 0.25 = 25%,

i.e., o imposto deveria subir para 25% para que o esforço de o pagar equivalesse ao de pagar 10% no caso do rendimento menor.

Comparemos os rendimentos bruto e líquido de ambos os contribuintes com o imposto progressivo:

R2 = 8/6 R1 = 1.33*R1
R’1 = 0.9 *R1; ou R1 = 1.11 R’1; de onde:

9)   R’2 = 0.75*R2 = 0.75*1.33*R1 = 0.75*1.33*1.11*R’1 = 1.11*R’1

Ou seja, o leque de rendimentos diminui de R2 / R1 = 1.33 para R’2 / R’1 = 1.11
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-11-28 19:08:39
Claro que é discutível 'funcionar' com uma curva de 'utilidade' arbitrária, mas poderíamos buscar uma correlação razoável na percepção  da importância de que um salário (W) mínimo se reveste para quem ele seja o seu rendimento total (Y) e graduar o decréscimo dessa utilidade com a grandeza crescente do rendimento Y >> W.

Por exemplo, graduar a utilidade máxima de U para o caso de Y=W; baixá-la de 1 para 0.7, para os rendimentos de 1 a 4 salários; de 0.7 para 0.4, para os rendimentos de 4 a 10 salários; de 0.4 a 0.2, para os rendimentos de 10 a 16 salários; e de 0.2 a 0.05, para os rendimentos de 17 a 20 salários.

Y --> 1 a 4 W; U --> 1 a 0.7 W;

Y --> 4 a 10 W; U --> 0.7 a 0.4 W;   

Y --> 10 a 16 W; U --> 0.4 a 0.2 W;

Y --> 16 a 20 W; U --> 0.2 a 0.05 W;

Para rendimentos Y inferiores a W ou superiores a 20 W, excluiriam-se da curva de utilidade por corresponderem a situações pré ou hipercapitalistas, de economia de dom e de afectos e de puras operações de transacções  patrimoniais, que já nada têm a ver com rendimentos de actividade produtiva. A nível macroeconómico a proporção W/Y oscilará porventura entre 0.45 a 0.65, ou outra proporção - se li bem uma referência às contas nacionais do PIB de 2015, teria sido W=€ 79*10^9 para Y=€179*10^9 , ou seja W/Y = 0.44. A nível microeconómico, graduar-se-iam as diferenças de rendimento de 1 a 20 vezes o salário mínimo e a utilidade inversa do rendimento de 1 a 0.05, correspondentemente...
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-11-30 15:24:26
Por se relacionar com o tema de redistribuir rendimento, a seguir transcrevo o que a socióloga Raquel Varela defendeu num programa de televisão - na esteira do pensamento de Thomas Pickety, bem como o comentário que me apraz acrescentar - na esteira do pensamento de John Rawls:

«Qual foi a parte da frase «nunca houve tanto dinheiro» que não perceberam?. Há 2 mil bilionários, o dobro do que havia; se se mantiver o valor de transferências de salários para concentração de capitais em rendas, títulos, etc. dentro de 5 anos haverá...3 mil bilionários. Não sou eu que o digo, é o Credit Suisse. Estes, os bilionários, são os que realmente decidem os destinos da produção mundial - são uma pequena fatia de outra pequena fatia, os 1% que detêm hoje 51% da riqueza mundial. Para se estar dentro dos 1% basta ser proprietário de um imóvel sem dívidas no centro de uma cidade europeia, ou seja, ter um património não endividado de 800 mil euros. Vivemos na barbárie. O capitalismo pós 45 tinha oferecido uma equação - desenvolvimento mais criação de emprego = bem estar. Ruiu. Tudo o que Marx sustentou está aí: pauperização geral; desemprego em massa; salários abaixo da reprodução biológica, proletarização dos sectores médios. E, crises de regime (ausência de estabilidade governativa) e, por último, mas não em último, revoluções.» (Raquel Varela)

eu: - Contudo, <criação de emprego> não pode significar mera criação de subemprego («desemprego oculto»). Os bilionários só se justificam se a pauperização decrescer, a sociedade se desenvolver. Tal não sucedendo, provado fica ser nocivo favorecer o enriquecimento que não contribui para o desenvolvimento das pessoas em cada sociedade. De modo que, a política tem de gerir desenvolvimento, contenção demográfica e preservação climática do meio ambiente.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-11-30 17:41:34
Citar
"udo o que Marx sustentou está aí: pauperização geral; desemprego em massa; salários abaixo da reprodução biológica, proletarização dos sectores médios."

Lixo óbvio, porque é que lês lixo óbvio? Não tens capacidade de discernir lixo óbvio, vbm?

A pobreza mundial está a reduzir-se aceleradamente, como seria de esperar com o aumento de produção em países emergentes. E nos países desenvolvidos, esmagadoramente ser-se pobre não significa nada do que significava em 1945.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-11-30 18:11:58
Citar
"Tudo o que Marx sustentou está aí: pauperização geral; desemprego em massa; salários abaixo da reprodução biológica, proletarização dos sectores médios."

Lixo óbvio, porque é que lês lixo óbvio? Não tens capacidade de discernir lixo óbvio, vbm?

A pobreza mundial está a reduzir-se aceleradamente, como seria de esperar com o aumento de produção em países emergentes. E nos países desenvolvidos, esmagadoramente ser-se pobre não significa nada do que significava em 1945.

Percebi logo que aquele enunciado (da Raquel Varela) omitia o aspecto importante da globalização económica, que ainda que haja empobrecido a Europa, melhorou a vida na Ásia! Mas mesmo assim, é revoltante a estagnação dos últimos trinta anos europeus, choca o empobrecimento relativo da população europeia, pior qualidade de vida e desesperança para futuro. É verdade que este tipo de problema, diferenças de desenvolvimento de umas regiões versus outras, tem ou deve resolver-se pelo comércio internacional que, correcto, sem entorses, equilibrará os povos num desenvolvimento moderado, mas saudável. Só que isso não se faz, não acontece, e tudo parece desarranjar-se sem se vislumbrar como desenvolver os países atrasados sem malbaratar os menos atrasados...
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-11-30 18:32:14
Citar
"Tudo o que Marx sustentou está aí: pauperização geral; desemprego em massa; salários abaixo da reprodução biológica, proletarização dos sectores médios."

Lixo óbvio, porque é que lês lixo óbvio? Não tens capacidade de discernir lixo óbvio, vbm?

A pobreza mundial está a reduzir-se aceleradamente, como seria de esperar com o aumento de produção em países emergentes. E nos países desenvolvidos, esmagadoramente ser-se pobre não significa nada do que significava em 1945.

Percebi logo que aquele enunciado (da Raquel Varela) omitia o aspecto importante da globalização económica, que ainda que haja empobrecido a Europa, melhorou a vida na Ásia! Mas mesmo assim, é revoltante a estagnação dos últimos trinta anos europeus, choca o empobrecimento relativo da população europeia, pior qualidade de vida e desesperança para futuro. É verdade que este tipo de problema, diferenças de desenvolvimento de umas regiões versus outras, tem ou deve resolver-se pelo comércio internacional que, correcto, sem entorses, equilibrará os povos num desenvolvimento moderado, mas saudável. Só que isso não se faz, não acontece, e tudo parece desarranjar-se sem se vislumbrar como desenvolver os países atrasados sem malbaratar os menos atrasados...

Nem a Europa empobreceu. Continua lixo óbvio. Aquio não tem salvação e eu nem fazia ideia que fosse da Raquel Varela. É apenas lixo óbvio.

O comércio internacional não vai equilibrar povos. Existem povos mais aptos e menos aptos para produzir maior ou menor valor, e isso vai-se sempre reflectir nos seus níveis de vida, pelo menos até se passar à automatização geral.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Jsebastião em 2016-11-30 19:28:45
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho (http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho)

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-11-30 20:29:34
Nem a Europa empobreceu. Continua lixo óbvio. Aquio não tem salvação e eu nem fazia ideia que fosse da Raquel Varela. É apenas lixo óbvio.

O comércio internacional não vai equilibrar povos. Existem povos mais aptos e menos aptos para produzir maior ou menor valor, e isso vai-se sempre reflectir nos seus níveis de vida, pelo menos até se passar à automatização geral.


A Europa empobreceu. A classe de titulares de rendimentos médios, - o tesouro do cardeal Mazarino do financeiro Colbert :) -, virou classe pré-indigente, sem bens nem emprego. Todos os povos  são aptos para viverem as suas vidas, sem precisarem de se empenhar a explorar ou escravizar terceiros. Apenas é necessário que a medicina opere a um melhor equilíbrio de taxas de natalidade, fecundidade feminil e mortalidade das populações; a par de um comércio justo e equilibrado sem a vigarice de gadgets sem interesse nenhum e a genuína apreciação da diversidade criativa de povos distintos entre si. Quanto à automatização geral, ela que comece pela ideia luminosa de substituir monopolistas de recursos como o do petróleo (árabes; russos) e inove em energias mais abundantes e baratas!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Tridion em 2016-11-30 21:03:07
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

[url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url] ([url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url])

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?


É realmente uma vergonha. Agora imagina que a Nestlé e a Unilever deixavam de comprar a esses produtores de países em vias de desenvolvimento, como é que achas que ficavam as populações locais, melhor ou pior?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Jsebastião em 2016-11-30 21:08:44
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

[url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url] ([url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url])

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?


É realmente uma vergonha. Agora imagina que a Nestlé e a Unilever deixavam de comprar a esses produtores de países em vias de desenvolvimento, como é que achas que ficavam as populações locais, melhor ou pior?


1. Mas será essa a única alternativa?

2. E como foi que as coisas chegaram a este ponto?

Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Tridion em 2016-11-30 21:33:54
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

[url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url] ([url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url])

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?


É realmente uma vergonha. Agora imagina que a Nestlé e a Unilever deixavam de comprar a esses produtores de países em vias de desenvolvimento, como é que achas que ficavam as populações locais, melhor ou pior?


1. Mas será essa a única alternativa?


Ou é isso ou pressionar as multinacionais a saírem de lá e com isso condenar adultos e crianças à miséria extrema e fome. Quem somos nós europeus, gordos e anafados, para dizer a criança indonésias de 8 anos que não podem trabalhar nas plantações de palma e com isso condená-los morte?  À medida que as sociedades vão evoluindo, as economias amadurecendo, a riqueza distribuida, a situação vai melhorar.  Segunda a Fundação a Bill & Melinda Gates prevêem que em 2035 já não existam países pobres em África, ou seja, vão ser países capazes de gerar riqueza suficiente para se sustentarem. Isto não quer dizer que não existam pessoas pobres, mas as nações deixarão de ser pobres.

2. E como foi que as coisas chegaram a este ponto?


As coisas nunca estiveram tão boas no Mundo. Não só porque a pobreza está a diminuir a olhos vistos, mas mesmo em termos em guerra temos muito menos países em conflito aberto, estando a instabilidade muito circunscrita ao médio oriente. África, América do Sul e, mesmo, Europa estão muito mais calmas do que nos anos 80s e 90s.

Sebastião, tens que ter mais esperança. Nunca foi tão bom ser humano no planeta Terra. Talvez falte alguns desenvolvimentos em termos ambientais, mas mais uma vez só o investimento na inovação tecnológica é que nos vai lá levar. E para isso é preciso poupança, investimento e lucro, porque se não ninguém vai mexer uma palha. Temos que apostar numa maior liberdade comercial.  :D
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-11-30 21:47:10
Nós, ocidentais, queremos que os outros passem AUTOMATICAMENTE a ter o mesmo nível que nós, que erradiquem as doenças, o trabalho infantil, a mortalidade, etc.
Isso são utopias. Deve-se combater, claro, na medida do possível, mas esperar que isto ocorra de um dia para o outro é esperar um milagre.

Há 30/40 anos também havia trabalho infantil em Portugal. Era um mal necessário para a sobrevivência das famílias e a mudança não se deu de repente. Foi uma coisa gradual tal como vai ser nestes países. Querer que seja de repente é condenar as pessoas a morrerem à fome, com diz o Tridion.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Jsebastião em 2016-11-30 22:31:51
É realmente uma vergonha. Agora imagina que a Nestlé e a Unilever deixavam de comprar a esses produtores de países em vias de desenvolvimento, como é que achas que ficavam as populações locais, melhor ou pior?

1. Mas será essa a única alternativa?

Ou é isso ou pressionar as multinacionais a saírem de lá e com isso condenar adultos e crianças à miséria extrema e fome. Quem somos nós europeus, gordos e anafados, para dizer a criança indonésias de 8 anos que não podem trabalhar nas plantações de palma e com isso condená-los morte?  À medida que as sociedades vão evoluindo, as economias amadurecendo, a riqueza distribuida, a situação vai melhorar.  Segunda a Fundação a Bill & Melinda Gates prevêem que em 2035 já não existam países pobres em África, ou seja, vão ser países capazes de gerar riqueza suficiente para se sustentarem. Isto não quer dizer que não existam pessoas pobres, mas as nações deixarão de ser pobres.

Mas não há um meio termo minimamente aceitável que valha a pena sugerir (exigir?)? As multinacionais continuarem "lá", e fazerem o necessário para erradicar estas formas de exploração.  Eu percebo que isto não se pode "exigir" a ninguém, e que toda e qualquer tentativa que interfira na criação de lucro nestas multinacionais vai ser recebida com "maus modos", mas será então que nada deva ser feito? Nem denunciar, nem condenar, nem sugerir (nem boicotar, já agora). Como a sociedade mundial está no bom caminho, fechemos os olhos aos abusos, que lá para 2035 ainda serão mais raros. É essa a tua proposta?


Citar
2. E como foi que as coisas chegaram a este ponto?

As coisas nunca estiveram tão boas no Mundo. Não só porque a pobreza está a diminuir a olhos vistos, mas mesmo em termos em guerra temos muito menos países em conflito aberto, estando a instabilidade muito circunscrita ao médio oriente. África, América do Sul e, mesmo, Europa estão muito mais calmas do que nos anos 80s e 90s.

Sebastião, tens que ter mais esperança. Nunca foi tão bom ser humano no planeta Terra. Talvez falte alguns desenvolvimentos em termos ambientais, mas mais uma vez só o investimento na inovação tecnológica é que nos vai lá levar. E para isso é preciso poupança, investimento e lucro, porque se não ninguém vai mexer uma palha. Temos que apostar numa maior liberdade comercial.  :D


Eu aprecio bastante a tua atitude positiva e optimismo em relação aos aspectos definidores do ser humano enquanto agente social e socializador, e até me identifico muito com tal postura, apesar do meu pessimismo corrosivo crónico (honest!), mas eu não me referia ao estado das coisas no mundo em geral, referia-me à situação concreta dos atropelos aos direitos humanos e à semi-escravtura que se regista nestes casos agora denunciados. Como é que tais multinacionais, que exibem cara lavada e milhões de lucro em terras prósperas, orientam as suas políticas para chegarem a este tipo de exploração humana em terra não prósperas? Isto não são obviamente ações ingénuas e desinformadas de gestores que não fazem ponta de ideia daquilo que se passa no fundo da pirâmide produtiva das empresas que administram.

Sinto-me como o vulgar cidadão anónimo no filme Soilent Green: a comer alegremente a ração social sem me aperceber de onde vem...
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Jsebastião em 2016-11-30 22:35:34
Nós, ocidentais, queremos que os outros passem AUTOMATICAMENTE a ter o mesmo nível que nós, que erradiquem as doenças, o trabalho infantil, a mortalidade, etc.
Isso são utopias. Deve-se combater, claro, na medida do possível, mas esperar que isto ocorra de um dia para o outro é esperar um milagre.

Há 30/40 anos também havia trabalho infantil em Portugal. Era um mal necessário para a sobrevivência das famílias e a mudança não se deu de repente. Foi uma coisa gradual tal como vai ser nestes países. Querer que seja de repente é condenar as pessoas a morrerem à fome, com diz o Tridion.

Não é resolver de um dia para o outro, nem esperar milagres, é começar, de facto, a combater e a resolver. Um primeiro passo será expor, denunciar, e sugerir alternativas que não causem cenários ainda mais catastróficos.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2016-11-30 22:56:13
ha paises sao estados falhados aquilo  e mesmo mau nao ha grande coisa fazer...


depois tens  paises normais pobres que com tempo  ficam melhores   tipo china   desde  multinacionais la estao  salarios sobem.

e tudo o resto mais proteçao etc 
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-12-01 00:56:24
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

[url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url] ([url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url])

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?


É a ética de melhorar qualquer coisa, ainda que mais lentamente do que o desejável.

Porque se ninguém é obrigado a essa exploração, então ela representa uma melhoria face à alternativa.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-12-01 00:57:31
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

[url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url] ([url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url])

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?


É realmente uma vergonha. Agora imagina que a Nestlé e a Unilever deixavam de comprar a esses produtores de países em vias de desenvolvimento, como é que achas que ficavam as populações locais, melhor ou pior?


1. Mas será essa a única alternativa?

2. E como foi que as coisas chegaram a este ponto?


Existem alternativas piores.

Chegaram a este ponto a partir de pontos piores.

------

A solução para melhorarem ainda mais, é mais entidades irem para lá explorar. E os locais também decidirem explorar em concorrência com essas entidades exploratórias.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-12-01 01:00:26
É realmente uma vergonha. Agora imagina que a Nestlé e a Unilever deixavam de comprar a esses produtores de países em vias de desenvolvimento, como é que achas que ficavam as populações locais, melhor ou pior?

1. Mas será essa a única alternativa?

Ou é isso ou pressionar as multinacionais a saírem de lá e com isso condenar adultos e crianças à miséria extrema e fome. Quem somos nós europeus, gordos e anafados, para dizer a criança indonésias de 8 anos que não podem trabalhar nas plantações de palma e com isso condená-los morte?  À medida que as sociedades vão evoluindo, as economias amadurecendo, a riqueza distribuida, a situação vai melhorar.  Segunda a Fundação a Bill & Melinda Gates prevêem que em 2035 já não existam países pobres em África, ou seja, vão ser países capazes de gerar riqueza suficiente para se sustentarem. Isto não quer dizer que não existam pessoas pobres, mas as nações deixarão de ser pobres.

Mas não há um meio termo minimamente aceitável que valha a pena sugerir (exigir?)? As multinacionais continuarem "lá", e fazerem o necessário para erradicar estas formas de exploração.  Eu percebo que isto não se pode "exigir" a ninguém, e que toda e qualquer tentativa que interfira na criação de lucro nestas multinacionais vai ser recebida com "maus modos", mas será então que nada deva ser feito? Nem denunciar, nem condenar, nem sugerir (nem boicotar, já agora). Como a sociedade mundial está no bom caminho, fechemos os olhos aos abusos, que lá para 2035 ainda serão mais raros. É essa a tua proposta?


Citar
2. E como foi que as coisas chegaram a este ponto?

As coisas nunca estiveram tão boas no Mundo. Não só porque a pobreza está a diminuir a olhos vistos, mas mesmo em termos em guerra temos muito menos países em conflito aberto, estando a instabilidade muito circunscrita ao médio oriente. África, América do Sul e, mesmo, Europa estão muito mais calmas do que nos anos 80s e 90s.

Sebastião, tens que ter mais esperança. Nunca foi tão bom ser humano no planeta Terra. Talvez falte alguns desenvolvimentos em termos ambientais, mas mais uma vez só o investimento na inovação tecnológica é que nos vai lá levar. E para isso é preciso poupança, investimento e lucro, porque se não ninguém vai mexer uma palha. Temos que apostar numa maior liberdade comercial.  :D


Eu aprecio bastante a tua atitude positiva e optimismo em relação aos aspectos definidores do ser humano enquanto agente social e socializador, e até me identifico muito com tal postura, apesar do meu pessimismo corrosivo crónico (honest!), mas eu não me referia ao estado das coisas no mundo em geral, referia-me à situação concreta dos atropelos aos direitos humanos e à semi-escravtura que se regista nestes casos agora denunciados. Como é que tais multinacionais, que exibem cara lavada e milhões de lucro em terras prósperas, orientam as suas políticas para chegarem a este tipo de exploração humana em terra não prósperas? Isto não são obviamente ações ingénuas e desinformadas de gestores que não fazem ponta de ideia daquilo que se passa no fundo da pirâmide produtiva das empresas que administram.

Sinto-me como o vulgar cidadão anónimo no filme Soilent Green: a comer alegremente a ração social sem me aperceber de onde vem...

As multinacionais PODEM ser pressionadas pela opinião pública. Porém também se corre o risco, para essas populações, que sem as condições muito más outras populações sejam mais competitivas. O custo não é a única variável, e essas populações "exploradas" estarão longe de serem as mais produtivas.

A principal alternativa é ir lá e contratar em melhores condições. Os locais não estão estúpidos, e rapidamente mudam para quem oferecer melhor.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-12-01 01:02:57
Nós, ocidentais, queremos que os outros passem AUTOMATICAMENTE a ter o mesmo nível que nós, que erradiquem as doenças, o trabalho infantil, a mortalidade, etc.
Isso são utopias. Deve-se combater, claro, na medida do possível, mas esperar que isto ocorra de um dia para o outro é esperar um milagre.

Há 30/40 anos também havia trabalho infantil em Portugal. Era um mal necessário para a sobrevivência das famílias e a mudança não se deu de repente. Foi uma coisa gradual tal como vai ser nestes países. Querer que seja de repente é condenar as pessoas a morrerem à fome, com diz o Tridion.

Não é resolver de um dia para o outro, nem esperar milagres, é começar, de facto, a combater e a resolver. Um primeiro passo será expor, denunciar, e sugerir alternativas que não causem cenários ainda mais catastróficos.

Não, essa é a alternativa imaginária que pode nem produzir resultados ou produzir resultados negativos.

A alternativa real é investir lá, contratar lá, oferecer melhor do que os que já oferecem alguma coisa. Os cenários mais catastróficos são essencialmente aqueles em que essa exploração não ocorre.

Adivinha nos seguintes países, quais é que não estão sujeitos a tais explorações manhosas das multinacionais. E quais é que estão ou estiveram sujeitos a essas explorações crescentes.

Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Tridion em 2016-12-01 11:12:06


Mas não há um meio termo minimamente aceitável que valha a pena sugerir (exigir?)? As multinacionais continuarem "lá", e fazerem o necessário para erradicar estas formas de exploração.  Eu percebo que isto não se pode "exigir" a ninguém, e que toda e qualquer tentativa que interfira na criação de lucro nestas multinacionais vai ser recebida com "maus modos", mas será então que nada deva ser feito? Nem denunciar, nem condenar, nem sugerir (nem boicotar, já agora). Como a sociedade mundial está no bom caminho, fechemos os olhos aos abusos, que lá para 2035 ainda serão mais raros. É essa a tua proposta?

Eu aprecio bastante a tua atitude positiva e optimismo em relação aos aspectos definidores do ser humano enquanto agente social e socializador, e até me identifico muito com tal postura, apesar do meu pessimismo corrosivo crónico (honest!), mas eu não me referia ao estado das coisas no mundo em geral, referia-me à situação concreta dos atropelos aos direitos humanos e à semi-escravtura que se regista nestes casos agora denunciados. Como é que tais multinacionais, que exibem cara lavada e milhões de lucro em terras prósperas, orientam as suas políticas para chegarem a este tipo de exploração humana em terra não prósperas? Isto não são obviamente ações ingénuas e desinformadas de gestores que não fazem ponta de ideia daquilo que se passa no fundo da pirâmide produtiva das empresas que administram.

Sinto-me como o vulgar cidadão anónimo no filme Soilent Green: a comer alegremente a ração social sem me aperceber de onde vem...

E não olhes para as multinacionais como trituradores de pessoas só para atingir os lucros exorbitantes. Os lucros exorbitantes das multinacionais são parte importante dos fundos de protecção social que pagam as pensões/reformas/saúde dos ocidentais. Se esses lucros descerem muito, as seguranças sociais/fundo de pensões deste mundo ficarão com problemas de rentabilidade e as multinacionais com falta de investidores. Desemprego massivo nas multinacionais e insolubilidade dos fundos de protecção poderão ser a máxima consequência.

Estamos todos no mesmo barco, mas em patamares diferentes.

A tendência de futuro é que os abusos no países em vias de desenvolvimento diminua. No futuro, a escravatura será decidida entre devedores e credores e nesse aspecto Portugal, ou seja, nós estamos f@d....  :'(
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-12-01 15:25:38
E não olhes para as multinacionais como trituradores de pessoas só para atingir os lucros exorbitantes. Os lucros exorbitantes das multinacionais são parte importante dos fundos de protecção social que pagam as pensões/reformas/saúde dos ocidentais. Se esses lucros descerem muito, as seguranças sociais/fundo de pensões deste mundo ficarão com problemas de rentabilidade e as multinacionais com falta de investidores. Desemprego massivo nas multinacionais e insolubilidade dos fundos de protecção poderão ser a máxima consequência. [ ]

Não são poucos os que nenhuma consciência têm de que os juros e dividendos distribuídos pelas grandes multinacionais, monopólios e trusts da grande indústria e comércio são-no de títulos detidos por grandes fundos de pensões, de cujo rendimento e cotação bolsista depende o próprio pagamento de pensões às populações envelhecidas do Ocidente desenvolvido. No entanto, o que eu acho particularmente relevante de destacar é ninguém se revoltar com taxas de crescimento demográfico que tendem a totalizar uma população humana de dez mil milhões de pessoas, quando a de três mil e quinhentos milhões de 1950 era já um belo número redondo sustentável para habitarmos num planeta feliz. E ninguém diz nada sobre isto, como se não pudéssemos ter enriquecido todos da mesmíssima maneira pela qual cresceu a produção e o comércio mundial do mundo, nos últimos setenta anos, sem precisar para nada de mais seis mil e quinhentos milhões de viventes a habitar a Terra! Porquê só 'eu' penso isto, e desde pelo menos 1955? Sou eu o único discípulo de Thomas Malthus!? Não acredito. Tanto mais que a farmacologia anticonceptiva já existe pelo menos há sessenta anos! Coisas que eu não percebo... e vou atirando as culpas à américa católica, aos árabes e negros muçulmanos, aos hindus anormais, aos farmacêuticos dos antibióticos, fomentadores do tsunami bantu que aí vem a caminho pelo rombo que provocam na estabilidade demográfica d'áfrica, acabando com a mortalidade infantil que assegura ou assegurava o crescimento à idade adulta de três ou quatro filhos saudáveis por casal, sem nenhumas condições para equilibrar outros resultados! Será que, simples e naturalmente, teremos de depender da adaptação dos vírus à totalidade dos antibióticos produzidos pela indústria!? Triste miséria evitável...
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Jsebastião em 2016-12-03 13:03:15
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

[url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url] ([url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url])

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?


É a ética de melhorar qualquer coisa, ainda que mais lentamente do que o desejável.

Porque se ninguém é obrigado a essa exploração, então ela representa uma melhoria face à alternativa.


Voltamos sempre à velha discussão sobre os fins e sobre os meios --- transversal todas as discussões que se vão mantendo por aqui.

Parece-me que estamos a debater coisas diferentes, ou então que me estão a dar respostas a uma questão que não levantei, evitando falar daquela que realmente expus.

Para clarificar: eu não critico a presença ou a entrada de multinacionais em países do terceiro mundo (algo que considero benéfico). O que critico é a forma como algumas destas multinacionais se aproveitam da extrema pobreza nessas comunidade para criarem condições de semi-escravatura e de exploração do trabalho infantil - tal como a expostas no relatório da AI.

As crianças em questão não têm qualquer hipótese de escolha: os pais certamente as obrigam a ir trabalhar para melhorarem o sustento da família. Em vez de as colocarem na escola ou as deixarem brincar. Porque as multinacionais permitem (e se calhar incentivam) esta possibilidade.

A mesma coisa com os salários miseráveis, mas para essa discussão não dou por agora mais esmola --- foi tudo debatido há poucos dias e as posições são conhecidas.

Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Jsebastião em 2016-12-03 13:05:08
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

[url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url] ([url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url])

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?


É realmente uma vergonha. Agora imagina que a Nestlé e a Unilever deixavam de comprar a esses produtores de países em vias de desenvolvimento, como é que achas que ficavam as populações locais, melhor ou pior?


1. Mas será essa a única alternativa?

2. E como foi que as coisas chegaram a este ponto?


Existem alternativas piores.

Chegaram a este ponto a partir de pontos piores.

------

A solução para melhorarem ainda mais, é mais entidades irem para lá explorar. E os locais também decidirem explorar em concorrência com essas entidades exploratórias.


Claro que existem alternativas piores - a morte é sempre pior. Não está em causa. Está em causa é haverem altenativas melhores (não empregarem crianças) que não são implementadas porque isso iria diminuir uma fração dos lucros milionários de tais empresas.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Jsebastião em 2016-12-03 13:14:40
E não olhes para as multinacionais como trituradores de pessoas só para atingir os lucros exorbitantes. Os lucros exorbitantes das multinacionais são parte importante dos fundos de protecção social que pagam as pensões/reformas/saúde dos ocidentais. Se esses lucros descerem muito, as seguranças sociais/fundo de pensões deste mundo ficarão com problemas de rentabilidade e as multinacionais com falta de investidores. Desemprego massivo nas multinacionais e insolubilidade dos fundos de protecção poderão ser a máxima consequência.


Parece-me que a tua primeira frase é depois confirmada por todas as seguintes. Apenas estás a encontrar um pretexto que nos é "cómodo", de uma situação de que não queremos abdicar (nós - países "colonialistas"), para justificar tal trituração.

Citar
Estamos todos no mesmo barco, mas em patamares diferentes.

Certo, o que não torna ético que continuemos a enganar e a explorar os que estão nos patamares abaixo - assim como não o devamos ser pelos que estão acima


Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Zel em 2016-12-03 13:47:59
ha uma grande compenente de psicologia na divisao dos rendimentos, isto vai bem para la da mera procura e oferta do mercado
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-12-03 18:18:50
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

[url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url] ([url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url])

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?


É realmente uma vergonha. Agora imagina que a Nestlé e a Unilever deixavam de comprar a esses produtores de países em vias de desenvolvimento, como é que achas que ficavam as populações locais, melhor ou pior?


1. Mas será essa a única alternativa?

2. E como foi que as coisas chegaram a este ponto?


Existem alternativas piores.

Chegaram a este ponto a partir de pontos piores.

------

A solução para melhorarem ainda mais, é mais entidades irem para lá explorar. E os locais também decidirem explorar em concorrência com essas entidades exploratórias.


Claro que existem alternativas piores - a morte é sempre pior. Não está em causa. Está em causa é haverem altenativas melhores (não empregarem crianças) que não são implementadas porque isso iria diminuir uma fração dos lucros milionários de tais empresas.


Não, o não empregar crianças é algo que tem que ser decidido localmente, e as razões para existir dificilmente serão por imposição de multinacionais. Multinacional nenhuma quer ser surpreendida com notícias de empregar crianças. A diferença de custo e margens é uma coisa ínfima, face ao impacto mediático.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Incognitus em 2016-12-03 18:19:40
Mas nem tudo é "lixo", e nem tudo pode ser silenciado:

[url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url] ([url]http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-11-30-Unilever-e-Nestle-entre-as-nove-marcas-globais-que-contribuem-para-a-exploracao-no-trabalho[/url])

Independentemente dos povos serem menos ou mais "aptos a produzir", onde está a ética que orienta estas escolhas?


É a ética de melhorar qualquer coisa, ainda que mais lentamente do que o desejável.

Porque se ninguém é obrigado a essa exploração, então ela representa uma melhoria face à alternativa.


Voltamos sempre à velha discussão sobre os fins e sobre os meios --- transversal todas as discussões que se vão mantendo por aqui.

Parece-me que estamos a debater coisas diferentes, ou então que me estão a dar respostas a uma questão que não levantei, evitando falar daquela que realmente expus.

Para clarificar: eu não critico a presença ou a entrada de multinacionais em países do terceiro mundo (algo que considero benéfico). O que critico é a forma como algumas destas multinacionais se aproveitam da extrema pobreza nessas comunidade para criarem condições de semi-escravatura e de exploração do trabalho infantil - tal como a expostas no relatório da AI.

As crianças em questão não têm qualquer hipótese de escolha: os pais certamente as obrigam a ir trabalhar para melhorarem o sustento da família. Em vez de as colocarem na escola ou as deixarem brincar. Porque as multinacionais permitem (e se calhar incentivam) esta possibilidade.

A mesma coisa com os salários miseráveis, mas para essa discussão não dou por agora mais esmola --- foi tudo debatido há poucos dias e as posições são conhecidas.


Criança nenhuma vai ser empregue directamente por uma multinacional ... as multinacionais não são quem cria isso.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-12-03 20:10:33
Um governo que acolhe no seu território uma multinacional a empregar, directamente ou por intermédio de subempreiteiros, mão-d'obra infantil pode entender-se com governos vizinhos no sentido de todos tributarem igualmente as ditas multinacionais de molde a realizar uma política de melhoramento das condições de trabalho dessas crianças; ou simplesmente condicionar a autorização da actividade no seu território à criação de condições sanitárias, abrigo, horários  e protecção da dita mão-d'obra infantil. É só questão de combinar com os governos vizinhos; mandar prender funcionários e polícias corruptos; e começar por arranjar governantes incorruptos. Politicamente, a autoridade militar e policial pode impor o cumprimento do que determine se faça, perante o que as entidades económicas simplesmente obedecem, desde que ainda tenham lucro.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-12-03 21:10:44
vbm, o interesse do país é competir para captar as fabricar e deixar de ter pessoas desempregadas e famintas.
o último interesse deles é o de fazer acordos com vizinhos para depois haver um terceiro que rompe o acordo (à moda da OPEP) ou haver outro país, noutra zona geográfica, que lhes apanha o negócio.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Tridion em 2016-12-03 22:49:24
E não olhes para as multinacionais como trituradores de pessoas só para atingir os lucros exorbitantes. Os lucros exorbitantes das multinacionais são parte importante dos fundos de protecção social que pagam as pensões/reformas/saúde dos ocidentais. Se esses lucros descerem muito, as seguranças sociais/fundo de pensões deste mundo ficarão com problemas de rentabilidade e as multinacionais com falta de investidores. Desemprego massivo nas multinacionais e insolubilidade dos fundos de protecção poderão ser a máxima consequência.


Parece-me que a tua primeira frase é depois confirmada por todas as seguintes. Apenas estás a encontrar um pretexto que nos é "cómodo", de uma situação de que não queremos abdicar (nós - países "colonialistas"), para justificar tal trituração.

Citar
Estamos todos no mesmo barco, mas em patamares diferentes.

Certo, o que não torna ético que continuemos a enganar e a explorar os que estão nos patamares abaixo - assim como não o devamos ser pelos que estão acima

Os abusos são efectuados localmente e dificilmente controlados pelas multinacionais. Até em Portugal, basta teres um patrão com problemas de auto-estima para sentires abusos. Se trabalhares para a Autoeuropa, não me parece que a Volkswagen na Alemanha saiba ou possa faz alguma coisa.

Mas é estranho uma pessoa ocidental sentir-se incomodado com o modo de vida ocidental, especialmente quando os povos dos países em vias de desenvolvimento querem atingir esses patamares de desenvolvimento.

Individualmente podes optar por não consumir essas marcas, reduzir o consumo e ter um estilo de vida mais frugal. Em último caso, podes ir para um país mais pobre onde a rat race não se faça sentir tanto e onde não te sintas tão "colonialista".
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Tridion em 2016-12-03 23:05:21
Nem a propósito.

(https://pbs.twimg.com/media/CynWmDgUcAAvnx2.jpg:large)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2016-12-03 23:37:23
Esse gráfico é uma ameaça a quem precisa de fazer (boa) vida à custa da pobreza.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Jsebastião em 2016-12-04 00:11:05
Óptimo site, Tridion.  :)

Já agora, deixo o URL: https://ourworldindata.org

Citar
Our World In Data was founded and is run by Dr. Max Roser. I started working on this in 2011 and built this online publication over the course of several years until we received donations and support from foundation that allowed us to work together as a team. I am an economist working at the University of Oxford and my work is split in two closely related parts: partly I do research on poverty, health, and the distributions of incomes and partly I work on this online publication. The close link between these two parts is the focus on studying the long-term growth and the distribution of living standards. I want to understand how the world is changing and why.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2016-12-04 00:59:14
[ ] o último interesse deles é o de fazer acordos com vizinhos para depois haver um terceiro que rompe o acordo (à moda da OPEP) ou haver outro país, noutra zona geográfica, que lhes apanha o negócio.

Não o escrevi, mas havia-o pensado.
Acordo atraiçoado, declaração de guerra.
Entre soberanos, é paz, guerra ou bloqueio.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-02-02 23:13:25
Gosto da aritmética de fracções!
Designadamente, da aritmética distributiva.

Seja y a fracção do rendimento total
de uma economia, auferido pelo número
restricto dos mais ricos

(1)  y = y/1

Os menos favorecidos, recebem o rendimento
restante, a saber,

(2) 1-y = (1-y)/1

Se incrementarmos o rendimento dos menos favorecidos
na proporção

(3) k = k/1

tal corresponderá a um aumento em proporção
do rendimento total, de

(4) (1-y)*k = (1-y)*k/1.

No caso de nenhum aumento global da produção,
o aumento (4) requer a respectiva subtracção
de rendimento na classe afluente:

(5)  - (1-y)*k

que representa uma diminuição proporcional
de rendimento (k') de

(6)  k' = - (1-y)/y*k

Assim, por exemplo, se a classe afluente,
5% ou 10% da população de um país -
a percentagem que for, não interessa -,
detiver, digamos 0.8 (=y) do rendimento
total, 1, e a classe pobre, os restantes
0.2 (=1-y);

então, se aumentarmos em 0.15 (=k)
o rendimento dos destituídos, este
elevar-se-á de

(1-y)*k = 0.2*0.15 = 0.03

Como o produto é tomado constante,
os pobres auferirem + 0.03 do rendimento
total, só é possível diminuindo em igual
quantidade o rendimento dos ricos,
o que implica, para estes, uma
redução do seu rendimento de:

k' = -(1-y)/y*k = - 0.2/0.8 * 0.15 = - 0.0375.


Ou seja, neste exemplo numérico,
um aumento de 15% do rendimento
dos mais pobres, implica, tudo o mais
constante, uma diminuição do rendimento
                               [dos mais ricos de 3.75%.

Não é por consequência verdade
que o bem estar dos mais pobres
necessite de maior produção
para que aumente. Basta
tirar aos ricos uma fracção
menor da que é destinada
aos pobres:

(7) k/k' = |y/(1-y)|

15% / 3.75% = 0.8/0.2 = 4

ou k'/k = 1/4

Números proporcionais, portanto.

Quanto maior a desproporção
entre o rendimento dos
ricos e dos pobres, menor
o impacto sobre os
primeiros, na
melhoria da
sorte dos
segundos! -:))

E vice-versa.


Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-02-07 12:31:09
A esquerda e o centro-esquerda tem andado a dormir ou antes delira com as narrativas neocapitalistas do mundo económico global! Parece estarem agora a despertar com o sismo provocado pelo Brexit & o Trump! Andam, pelo menos, a dizer mais ou menos a mesma coisa, na base de evitar a demagogia através de um novo surto de política pura que dome a economia acéfala e demolidora dos mercados. No fundo, está lançado o ataque ao dogma da globalização e emergirá uma onda de protecionismo económico no mundo ocidental. Há coisas a examinar sobre isto, é um tema de enorme macro-redistribuição de rendimento a nível de continentes. Tem de rever-se Ricardo, Keynes e toda a economia monetário-cambial. Vou reler James Goldsmith, um "Trump" não-iliberal e racional de há quase trinta anos atrás. Direi da minha justiça, o que alcançar na minha imodesta insipiência.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: D. Antunes em 2017-02-07 22:59:17
Gosto da aritmética de fracções!
Designadamente, da aritmética distributiva.

Seja y a fracção do rendimento total
de uma economia, auferido pelo número
restricto dos mais ricos

(1)  y = y/1

Os menos favorecidos, recebem o rendimento
restante, a saber,

(2) 1-y = (1-y)/1

Se incrementarmos o rendimento dos menos favorecidos
na proporção

(3) k = k/1

tal corresponderá a um aumento em proporção
do rendimento total, de

(4) (1-y)*k = (1-y)*k/1.

No caso de nenhum aumento global da produção,
o aumento (4) requer a respectiva subtracção
de rendimento na classe afluente:

(5)  - (1-y)*k

que representa uma diminuição proporcional
de rendimento (k') de

(6)  k' = - (1-y)/y*k

Assim, por exemplo, se a classe afluente,
5% ou 10% da população de um país -
a percentagem que for, não interessa -,
detiver, digamos 0.8 (=y) do rendimento
total, 1, e a classe pobre, os restantes
0.2 (=1-y);

então, se aumentarmos em 0.15 (=k)
o rendimento dos destituídos, este
elevar-se-á de

(1-y)*k = 0.2*0.15 = 0.03

Como o produto é tomado constante,
os pobres auferirem + 0.03 do rendimento
total, só é possível diminuindo em igual
quantidade o rendimento dos ricos,
o que implica, para estes, uma
redução do seu rendimento de:

k' = -(1-y)/y*k = - 0.2/0.8 * 0.15 = - 0.0375.


Ou seja, neste exemplo numérico,
um aumento de 15% do rendimento
dos mais pobres, implica, tudo o mais
constante, uma diminuição do rendimento
                               [dos mais ricos de 3.75%.

Não é por consequência verdade
que o bem estar dos mais pobres
necessite de maior produção
para que aumente. Basta
tirar aos ricos uma fracção
menor da que é destinada
aos pobres:

(7) k/k' = |y/(1-y)|

15% / 3.75% = 0.8/0.2 = 4

ou k'/k = 1/4

Números proporcionais, portanto.

Quanto maior a desproporção
entre o rendimento dos
ricos e dos pobres, menor
o impacto sobre os
primeiros, na
melhoria da
sorte dos
segundos! -:))

E vice-versa.

Isso é verdade vbm, mas os ricos estão muito longe de ter 80% do rendimento. Estamos a falar de rendimento, não de património.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-02-08 01:17:16
Sim. Suponho  que sim. Quando se fala nessa desproporção entre ricos e pobres, creio, diz-se o património líquido da população afluente e compara-se com PNB deste ou daquele país, o que realmente não faz sentido nenhum. Também é altamente desinformativo comparar salários baixos que quase não pagam impostos, pelo que são quase salários líquidos com salários elevados, que em valor bruto são dezenas de vezes maiores do que os salários baixos, mas em termos líquidos - aspecto que a comunicação jornalística nunca releva - caem para menos de metade da impressão que causa menção do valor bruto in limine. De qualquer modo, na digressão acima, o que me 'entreteve' foi reflectir que é falso não ser eficiente 'tirar' aos ricos para 'dar' aos pobres. Então, se virmos as coisas em termos de utilidade marginal, uma pequena diminuição proporcional de rendimento dos ricos permite um enorme alívio das dificuldades de um rendimento pequeno.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-02-09 13:06:38
Continuo a reler o "The Trap" de J. Goldsmith, que antecipa Trump e o Brexit em vinte anos, de um modo mais racional e esperançoso do que o dos actuais protagonistas políticos...

Mas deparei-me hoje com uma sugestão que não tenho cabeça para lhe deduzir os efeitos, benéficos ou perversos: A UE manter o euro, com as reservas em ouro e divisas do Banco Central Europeu, emissor da moeda, tal qual ela é presentemente, mas com esta particularidade notabilíssima: cada estado-membro, que o queira, pode continuar a emitir a sua moeda própria, manter no seu Banco Emissor Nacional, as notas e moedas que entender, aceitar livre pagamento e depósitos quer na moeda nacional quer em euros, e permitindo a cada país valorizar ou desvalorizar a sua moeda, nos limites de um crawling-peg de + e - 15%!

Em quê redundaria isto!? A má moeda, o escudo, o dracma, a lira, a peseta, expulsaria o euro? Ou não? Serviria para exportar mais e moderar importações? Atrairia investimento directo estrangeiro, para os países atrasados e periféricos como o nosso, ou continuaria a saga do desemprego maciço e emigração de nacionais?

Francamente, gostava de, mas não consigo algebrizar efeitos de um semi-regresso deste tipo ao antigo sistema monetário europeu... Pode ser que alguém cá do fórum possa mostrar alguns efeitos prováveis, ou se isto não passa de um rematada incongruente 'geringonça'...

Gostaria de perceber para que poderia servir um sistema híbrido de moeda única, versus uma moeda 'comum' - o euro existiria na mesma e reflectiria o estado económico conjunto dos seus estados-membro, no package do próprio valor do euro dependente do das economias que o integrariam.

Quid juris? E depois ver-se-ia que efeitos redistributivos de rendimento um tal sistema de moeda comum, provocaria no rendimento per capita de cada país!
 
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-02-10 20:47:17
Se o tal crawling peg significasse uma almofada de diminuição da variação da moeda nacional face ao euro, entre + e - 15%, isso poderia significar que, em tais limites, o euro só variaria o seu valor face a outras divisas, p.e., o US$, pela variação da moeda do estado membro, p.e., o $, na proporção ponderada do valor do escudo no cabaz de moedas que integrassem o euro.

Por exemplo, se o $ pesasse 10% no cabaz do €, e desvalorizasse 15%, ceteris paribus, o € desvalorizaria 1.5% em relação ao US$. Para lá dos limites do crawling peg, a variação do $, passaria a reflectir-se face ao € e ao US$ sem qualquer ponderação do seu peso no cabaz do euro.

Se este esquema tiver algum sentido, que utilidade e que desvantagem e que operações de arbitragem e corretagem de cotação e movimento cambial suscita o esquema? E com efeitos úteis e ou dissuasores de valorização e desvalorização exageradas?

Era isto que eu gostava de antever aritmeticamente e saber se haverá alguma forma de sair do euro sem realmente sair, mas ganhando mais flexibilidade no reequilíbrio da balança de pagamentos...
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-02-13 08:40:24
Não. Não vou fazer contas nenhumas. Não é possível o euro circular nos 'pigs' mais as moedas locais. O euro eclipsar-se-ia instantaneamente nos bolsos dos aforradores, que, no máximo, dedicar-se-iam a investir no imobiliário, comprando casas por tuta-e-meia. As más moedas expulsariam a boa como Gresham ensina - «Bad money drives out good». A hecatombe seria de arromba. Para lá dos estrangeiros possidentes, que já por cá grassam, estabelecidos ou em turismo, o país ainda teria lugar para os expatriados, 'estrangeirados', de nova geração, migrantes endinheirados, retornados das off-shores. História alternativa a este desfecho, busca-se! Os que a vislumbrem, que surjam. Os políticos, cá do burgo, agora vão entreter-se com câmaras municipais e juntas de freguesia; a televisão com o futebol, os prémios grammy e os casos de polícia; eu não sei também o que fazer: mas se tivesse vinte anos, sabia de certeza!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2017-02-13 09:24:59
penso que isto te pode interessar vbm:
http://mises.org.pt/2017/02/tudo-sempre-quis-saber-globalizacao-comercial-vergonha-perguntar/ (http://mises.org.pt/2017/02/tudo-sempre-quis-saber-globalizacao-comercial-vergonha-perguntar/)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-02-13 13:01:08
Obrigado, automek. É um bom artigo, com ideias claras de Economia. Gosto, aliás de ler, - de vez em quando -, artigos lá do Instituto de von Mises, e um dia ainda hei-de ler o Tratado principal dele, o "Human Action". No entanto, como o próprio autor do artigo diz, - o Rui Santos -, ele debruçou-se apenas sobre a balança comercial e nada disse sobre a balança de capitais.

Ora, é através desta última que se ultima o estertor do país, - e da população do país -, cuja economia perene deficitária, subjugada por governos não simplesmente ineptos, mas corruptos realmente, assim cai nas garras usurárias dos monopsonistas financeiros que absorvem e concentram  os lucros supranormais de tudo quanto mexe, vive e trabalha.

Convém  também ter presente, que Krugman já escreve no  New York Times e que ensina a detectar monopólios - espoliadores de rendas por outros produzidas -, e o modo de reverter o  destino caótico que a 'barcaça' lusa leva! Talvez te convenha ler este artigo: http://www.nybooks.com/articles/2015/12/17/robert-reich-challenging-oligarchy/, (http://www.nybooks.com/articles/2015/12/17/robert-reich-challenging-oligarchy/,) que, mutatis mutandis, filma o atoleiro em  que a economia portuguesa está a cair.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-04-18 23:19:55
Em sociedade ouço, constante, o queixume
«Ah! se ganho mais, mudo de escalão!»

Nunca percebi isto, acho uma parvoíce,
mas ouço tanto «recearem» aumentar de escalão
que temo ser eu - que pouco sei de direito fiscal -,
que esteja fechado numa redoma de aritmética ficcional...

Talvez alguém me possa ajudar,
mostrar onde o erro, se caso
ocorre de ganhar mais
acarrete ganhar menos
em valor líquido
de imposto!

O que julgo entender é que o imposto progressivo
tributa  tranches de rendimento por taxas marginais,
a taxa média sendo o resultado da soma dos impostos
de cada tranche dividido pelo rendimento total!

Eis o que sei:

Nota: - A 2ª letra é subscrita, referencia o escalão
de rendimento yi ou o rendimento específico (k)


yk= rendimento total do escalão k

ci = taxa (marginal) de imposto para o rendimento entre o escalão i-1 e i

tmi = taxa (média) de imposto para o rendimento do escalão i

D = Parcela a abater (diferença), ao utilizar a taxa marginal
para o total do rendimento, em vez da soma dos produtos
de cada taxa marginal incidente na porção de rendimento
de cada escalão. Abatida a diferença entre o primeiro
cálculo e o segundo obtemos o imposto devido,
que dividido pelo rendimento total
define a taxa média aplicável ao
escalão que lhe compete.

i = €    7 091; ci = 14.5%; tm1 = 14.50%; D1 = € 993
i = €  20 261; ci = 28.5%; tm2 = 23.60%; D2 = € 2 715
i = €  40 522; ci = 37.0%; tm3 = 30.30%; D3 = € 5 957
i = €  80 640; ci = 45.0%; tm4 = 37.61%; D4 = € 8 376
i > €  80 640; ci = 48.0%; tm5 =        -   ;

Assim, por exemplo, o rendimento (y) do 3º escalão i=k,
será tributado pela respectiva taxa marginal desse rendimento,
com a  dedução da parcela a abater:

   y3*tm3 = y1*c1 + (y2-y1)*c2 + (y3-y2)*c3; ou
   y3*tm3= y3*c3 + [y1*(c1-c2) + y2*(c2-c3)]; ou
   y3*tm3 = y3*c3 + D3

A parcela a abater, Di, é negativa porque o imposto é progressivo,
crescente com o rendimento, ci < c(i+1); a taxa marginal de imposto
é superior à taxa média do escalão respectivo tmi < ci.

Não compreendo como o aumento de escalão de imposto
possa implicar um rendimento líquido menor do que o sofrido
antes do aumento!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2017-04-18 23:39:49
muita gente tem medo e perder os apoios  que os baixos escaloes tem  exemplo o subsidio nas escolas etc
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Moppie85 em 2017-04-19 03:22:35
Creio q o problema sera aqueles q sobem a retencao na fonte e por isso lhes parece q recebem menos (ou mto pco mais) por mes
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2017-04-19 09:10:15
muita gente tem medo e perder os apoios  que os baixos escaloes tem  exemplo o subsidio nas escolas etc
não creio Reg. geralmente ouvimos isso a pessoas que já ganham na média ou acima da média, portanto longe dos apoios sociais.
alguns talvez seja o que refere o Moppie mas até penso que a maioria é um misto de desconhecimento e/ou burrice. criou-se este mito de que uma pessoa que ganha 20.261 tem uma taxa de 28% mas se ganhar 20.262 todo o rendimento é tributado a 37%.

vbm, é isso mesmo (e só assim faz sentido !). ou seja, uma pessoa que ganhe 40.600€ nem pode dizer que a sua taxa é de 45%. é de facto 45% mas apenas acima dos 40.522. a taxa efectiva é bastante inferior (e isto sem contar com abatimentos e deduções à colecta).
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Local em 2017-04-19 10:47:29
Creio q o problema sera aqueles q sobem a retencao na fonte e por isso lhes parece q recebem menos (ou mto pco mais) por mes
É isto mesmo. Já coloquei aqui no fórum um exemplo concreto.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2017-04-19 11:59:32
Creio q o problema sera aqueles q sobem a retencao na fonte e por isso lhes parece q recebem menos (ou mto pco mais) por mes
É isto mesmo. Já coloquei aqui no fórum um exemplo concreto.
Mesmo essa linha de pensamento não é muito lógica porque no final do ano, com o reembolso do IRS, o rendimento liquido anual é sempre maior.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Local em 2017-04-19 13:06:27
Não vejo grande compensação nisso, dado que o reembolso é efectuado a meio do ano (no ano passado recebi apenas em Setembro). Estar a descontar mais agora para receber daqui a ano e meio não vejo como vantagem.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2017-04-19 13:45:46
Mas ninguém diz que isso é uma vantagem (é outra falácia habitual - a malta fica contente com o reembolso quando na verdade andou a financiar o estado à borla  :D).

O que eu digo e isso é factual é que ninguém fica com menos rendimento liquido anual se ganhar mais. Esse mito do "subo de escalão" e recebo menos é errado. Anualmente não recebe menos.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Local em 2017-04-19 14:05:54
Mas é o rendimento mensal que paga as contas.
O mito do subir de escalão tem a ver com o IRS, que a grande maioria das pessoas não sabe que é progressivo. A retenção na fonte não é progressiva.
O que estou a dizer também é um facto.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-04-19 16:14:47
Agradeço! Ouço - enfim, é um modo de dizer -, tantos protestos
que chegava a duvidar, que se calhar as pessoas tinham razão,
pois há tantas asneiras e coisas mal feitas, que nem me admiraria...

Também, por um lado, a culpa desta hesitação era minha,
teimava que era impossível, não podia ser,
tinha a 'reminiscência' de que
o imposto progressivo
acautelaria a passagem de escalão de modo que essa perversão
de «ganhar mais e receber menos» não aconteceria.

Mas nunca verifiquei, era um repúdio teórico, o meu,
e à cautela pensei: vou ouvir o fórum; se eu estiver
errado, 'eles' caem logo em cima, ou do fisco,
ou de mim, lol.

Claro que eu compreendo - e a mim, revolta-me - que
há grande injustiça em verberar contra os 'grandes'
ordenados, de dez mil, vinte mil e mais euros,
quando mais de metade disso
é para o estado, e sobre
tal grandeza recai

uma cortina de silêncio!


Tanto mais vil e demagógica,
quanto aqueles vencimentos brutos
são de imediato comparados
com ordenados líquidos
de quinhentos euros,
aparentando um leque salarial falacioso
de vinte, quarenta e mais vezes de desigualdade
remuneratória líquida, quando a realidade é a metade
do que se propala nos meios demagógicos da comunicação social.

E até menos de metade, em bom rigor,
porque não são só os 'ricos' que fogem
aos impostos, todos os que embolsam
e não facturam juntam-se ao rol
da economia informal
que não andará
longe dos 25%|

O que não é socialmente censurado
porque os impostos são elevados,
incentivam a evasão, e os serviços
públicos prestados não valem
a tributação que cobram.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2017-04-19 16:28:06
Também, por um lado, a culpa desta hesitação era minha,
teimava que era impossível, não podia ser,
tinha a 'reminiscência' de que
o imposto progressivo
acautelaria a passagem de escalão de modo que essa perversão
de «ganhar mais e receber menos» não aconteceria.
Curiosamente essa perversão quase que acontece mas é precisamente nos escalões mais baixos, pelas razões que o Reg referiu (perda de apoios sociais).
Se somarmos o valor dos apoios sociais (em dinheiro e géneros) que a pessoa perde por ganhar um pouco mais, é possível que essa pessoa fique quase igual (liquido + espécie) do que antes de trabalhar. Não sei, até, se não haverão casos em que alguém que trabalhe fique pior no global.

O complemento solidário de idosos é um exemplo extremo. É completamente cego. O CSI garante, grosso modo, um complemento à reforma de forma a que a pessoa tenha um mínimo de 5.084,30€ anuais.

Até aqui tudo bem mas.... ser beneficiário do complemento solidário de idoso (e não o rendimento) é a condição usada para muitas outras coisas como tarifas de gás ou luz mais económicas.

Ou seja, aqui sim pode dar-se o caso de que quem ganhe 5.085€ fique pior do que quem ganhe 5.084€. Infelizmente é assim.

Isto só se resolve com uma consolidação total de apoios ou, melhor ainda, com aquilo que o Friedman propos nomeadamente o imposto negativo.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-04-19 16:48:25
Há algum entusiasmo por esse tal 'imposto negativo',
suponho que aparentado com o dito
'rendimento básico incondicional',
mas parece que seria
muito caro.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-09-03 17:36:51
No 'coração' da distribuição do valor acrescentado bruto,
uma declaração desassombrada
(inserta no facebook): 


«Tenho seguido com algum interesse as notícias sobre a "greve histórica",
como lhe chamam os jornais, que decorre ali por Palmela, nos portões
da Autoeuropa. Por ter vestido a camisola (literalmente) no início
do século e por ter sido o meu único empregador em Portugal,
sigo com alguma atenção o que por aqueles lados acontece
desde 2006, altura em que bati a asa.

Importa-me pouco discutir a justiça ou não da greve
ou sequer os seus contornos. A comunicação social
encheu algumas páginas nestes dias com o tema
pelo que teria pouco de factual para acrescentar.

Interessa-me mais abordar o linchamento público
dos funcionários da autoeuropa e como a ignorância
nos prejudica enquanto povo.

Compreendo que a informação que circula
não vem carregada de detalhes e para a opinião pública
passa a parangona de que os funcionários não querem mais
dinheiro para trabalhar aos sábados. São uns calões e
ganham balúrdios. Ponto final. É isto que chove nas redes.
Não sei porque insisto em ler comentários de notícias
mas vou assumir, para me sentir melhor, que é uma espécie
de guilty pleasure da azeitonice.

 Li coisas como: "não querem trabalhar aos sábados?
Então devíamos fechar os hospitais ao fim-de-semana
para os gajos da autoeuropa!" ou "mas quando querem
pão fresco ao sábado o padeiro não diz que não, seus chulos!".
Entre outras pérolas dignas de qualquer boca numa taberna
da Madragoa, como se bens alimentares ou cuidados de saúde
se pudessem escolher no calendário. Ou como se uma fábrica
fosse um serviço aberto ao público e dependente de horários
melhores para visita.

Compreendo que exista míngua de emprego no nosso país e
que muitas pessoas se esfolem para aguentar cada mês,
mas isso não nos pode retirar a lucidez de entendermos
o que é a luta dos trabalhadores pelos seus direitos.
Se os funcionários da AE cederem sempre a pressões,
naquela que é a empresa modelo do país, o que acontecerá
a cada um de vocês que trabalha em micro-empresas
onde os trabalhadores nem piam?

A conversa de "se não aceitarem a produção do modelo X
vai para a fábrica Y" é mais velha que o obrar de cócoras e
é usada desde sempre. Ouvi isso há 12 anos na altura
do modelo EOS e depois com o Scirocco. Agora ouvem
com o T-roc ou lá como se chama a lata nova.

Em cada negociação lá se trocava trabalho extra por férias
ou dias por aumentos congelados e por aí fora. As greves
foram sempre evitadas e a produção sempre a crescer
com novos modelos. Mas até quando? Até quando
se dá asas à imaginação para aceitar mais trabalho
sem dinheiro que se veja?

Quem agora chama nomes aos funcionários da AE
já trabalhou numa linha de montagem? Já teve
duas pausas de 7 minutos por dia para mijar?
Já passou 20 anos todo dobrado a fazer
os mesmos movimentos? Se acham
que é tudo fácil e maravilhoso,
porque não vão para lá?
Entre 2000 ou 3000 que lá trabalham
deve haver espaço para os génios do comentário no FB.

O que é que acham que um operador de linha, um técnico
ou um engenheiro ganham na AE? Eu respondo: uma merda.
Ganham uma merda. Ganham aquilo que alemão algum aceita
na casa mãe, com condições que sindicato nenhum permite
no desterro de Wolfsburgo.

O governo português deu incentivos por mais de uma década
para a VW ter a fábrica ali. Depois tiveram mais uma década
de salários baixos, aumentos miseráveis e down days.
Em 4,5 anos a trabalhar ali, o meu salário aumentou 15 eur líquidos.
Um operador de linha trazia 800 eur para casa, um técnico um pouco mais,
um engenheiro cerca de 1100. Depois criaram uma empresa de trabalho externo
(autovision) para reduzirem ainda mais os custos com os contratados e
terem menos responsabilidades sociais.

Portanto...se 10 anos volvidos a técnica é a mesma e
continuam a querer apertar quem trabalha, eu acho muito bem
que não aceitem sábados obrigatórios e muito menos
se não forem pagos como trabalho extraordinário.

Se os alemães querem explorar e manter o superávit do país,
pois que o façam à custa do seu próprio povo.

É uma questão de defesa da dignidade e do tempo familiar de cada trabalhador.
Exactamente os bens mais preciosos no país que criou a marca.
Não compreender isto e insultar quem tem a coragem de dizer "não",
é não entender o que o domínio económico alemão na europa
está a fazer aos países periféricos.

Força camaradas!»

Tiago Franco
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-09-10 18:31:37
Suponhamos que, no limite, só 'trabalhavam' máquinas!
E, para a validade da suposição, máquinas produziriam máquinas.

Como seria isso possível?
Não é uma petição de princípio?
Uma inferência circular?

Uma definição não pode conter o definido.
Pois que se implicaria a si própria.

Mas, justamente, não é isso que faz a Natureza?
Não se causa ela a si própria?
Que se saiba, nada lhe vem «de fora» de si.

Lavoisier o proclamava:
«Na natureza nada se perde,
nada se cria, tudo se transforma.»


Ora, se é certo que máquina produz máquina,
tal só se dá por se compor ela própria de natureza.
Que o saibamos, tal ocorre por intervenção de viventes
suficientemente inteligentes e engenhosos
como se averam ser os homo sapiens.   

Assim, o «homem-máquina» sapiente
maquina máquinas que produzem máquinas,
as quais operam os objectos naturais
na feitura de produtos úteis.

Portanto, por importante e decisivo
que se revele ser a eficácia da maquina
na formação de valor, nada se transforma
em bem maior que não requeira
o trabalho de seres viventes
racionais pelo menos
tão inteligentes
quanto os homo sapiens terrestres!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-09-13 23:36:47
Um pequeno 'filme' das origens da mercearia contemporânea:

Regressando aos salários ultrajantes! já que o título e o tema são tão apelativos...
É que a questão pode debater-se de várias maneiras. Mostro uma, clássica, marxista
sempre vinculada à lei de bronze dos salários.

Desde que o pequeno comércio foi expropriado pelas grandes superfícies
- antes de isso ter sucedido já os "problemas" tinham começado,
posto que os lojistas-merceeiros deixaram de poder contar
com marçanos sem vencimento, e padeiros
sem horas de turnos; isto é,

desde que foi aprovado um salário mínimo nacional (smn)-

imperioso se tornou garantir que com o tal smn
alguma coisa se pudesse comprar que desse para viver!


Ora aí entra, a "incontornável" consequência de expropriar os merceeiros
que acumulavam fortunas ao longo de uma vida de trabalho galego!

proletarizando no desemprego, e ulterior reemprego parcial em caixas de supermercados,
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-09-21 23:48:18
Deparei-me com a necessidade de entender o que o Centro Nacional de Pensões
designa por «pensão mensal» em que umas vezes inclui, outras não,
o 13º mês, na totalidade ou na metade, duodecimizada,
ao longo dos meses do ano, e assim, conseguir
relacionar o bruto mensal atribuído
com o líquido que credita
ao reformado!

O cálculo técnico dessas proporções
não tem a ver com a redistribuição
do  rendimento, a qual é, em si,

a essência do sistema de redistribuição do rendimento.


Mas demorei anos a perceber qual era o 'bruto' do líquido que recebia,
porquanto só agora deslindei como se compõe o bruto mensal abonado!

E é assim:

A pensão é dividida em 14 partes iguais, cada uma das quais o CNP designa por «pensão mensal».
As 14 fracções iguais da pensão anual são pagas por 12 vezes ao longo do ano, num dia certo de cada mês do ano.

Deste modo a pensão unitária, 1, compõe-se de 14 fracções iguais de 1/14 avos:

  1 = 1/14 * 14 = 1;

O pagamento mensal, que tem variado nos últimos anos, - baralhando bastante os reformados
que ficam sem saber ao  certo se recebem mais ou menos! -, é, este ano, processado como se segue:


Deste modo, os 12 pagamentos mensais compõem-se como se segue:


(A) De JAN a JUN e de AGO a NOV (10 meses), os pagamentos cumulam

10 * (1/14 + 1/14*1/2*1/12)


(B) Em JUL, é pago o subsídio de férias, 1/14, mais o pagamento normal do mês:

1/14 + (1/14 + 1/14*1/2*1/12)

(C) Em DEZ, é pago metade do 13º mês, mais o pagamento normal do mês:

1/14* 1/2 + (1/14 + 1/14*1/2*1/12)


Somando o polinómio A+B+C, colocando em evidência o factor comum
«pagamento normal do mês», e adicionando separadamente
os termos independentes desse factor, podemos escrever:


(1/14 + 1/14*1/2*1/12) * [10 +1 +1]

                         +

1/14 (em B) + 1/14*1/2 (em C)

ou

12/14 + 12*1/14*1/2*1/12 + 1/14*3/2

= 12/14 + 1/14*(1/2+3/2)

= 12/14 + 2/14 = 14/14 = 1.

Ou seja, a pensão anual, unitária, repartida em 14 prestações iguais,
- denominadas, «pensão mensal» -, são pagas em 12 mensalidades,
10 das quais iguais, de JAN a JUN e de AGO a NOV, e 2 desiguais
em JUL e em DEZ, incluindo aquele o subsídio de férias,
o segundo, metade do 13º mês, e cada mês do ano,
de JAN a DEZ, além da dita «pensão mensal»
(em verdade, 1/14 avos da pensão anual),
o duodécimo da metade do 13º mês.
[Em 2017; noutros anos, foi diferente]
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2017-09-22 14:59:55
Esta apresentação está extraordinariamente boa para ilustrar como 1M de imigrantes nos EUA (ou Europa) não fazem quase nada pela pobreza mundial.

! No longer available (http://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=LPjzfGChGlE#)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-10-03 09:50:26
Repescando, um comentário de há um ano atrás:

Goldman Sachs confirms $1.6B investment in Uber
Uber is still raising money, it turns out, with a new $1.6 billion in convertible debt from Goldman Sachs.
---------------------------------------------------------------------------------------

Se é suposto ficar admirado, não entendo porquê! Sempre que algo 'mexe' ali vai a banca,
o fisco e os arrendadores de espaço, cobrar a sua parte de <rendimento sem trabalho actual>,
como se explicava antiga e eufemisticamente entre os docentes da economia clássica!


Mas é bem verdade que hoje em dia, com a produtividade alcançada pela engenhosidade
da ciência e da tecnologia, e pela fertilidade controlada da natureza,

o núcleo da questão económica

centra-se na forma de explorar com eficácia o trabalho vivo, e no modo
de redistribuir os sobrelucros usurários do capital pela população activa e
inactiva, sem aniquilar, pela homogeneização cultural, a diversidade de cada vida individual.

Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-10-16 10:37:22
E um problema importante é o do dinheiro.

Se tudo for controlado pelos bancos e pelos estados,
onde fica o atributo, capital, do dinheiro ser um modo
imediato e definitivo de quitação de dívidas, de aforro líquido,
de circulação de mão em mão, valor objectivo ao portador!?

É que sem tal atributo sem tais faculdades,
bem pode dizer-se adeus à iniciativa e
à criatividade pessoal, conforme
ou inconforme o curso
genérico colectivo!

E como assegurar a diversidade?
E como respeitar as posições minoritárias?
E como permitir as personalidades individuadas
                   [e distintas do meio social ambiente?

Hum...

Certo, requerem-se impostos e um sector colectivo
que não seja um pária no seio da sociedade.

Mas que país preserva a liberdade
se rodeado de bancos falíveis
ainda que oligopolizados,
de trusts industriais,
de comércio e
distribuição;
estados
com impostos vultuosos,
e controlo fiscal exaustivo;
crime organizado, tráfico
de armas e droga, dinheiro
aforrado em bancos sem fisco,
conservando a sua eminente
capacidade líquida de pagar
de mão em mão, fonte inexaurível
de uma multitude de sacos azuis!

Mas, será que a liberdade e a criatividade
só é consentida a bandidos fora de lei!?


Então e os que não são bandidos, nem escravos, nem assalariados? Podem viver?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-10-24 18:16:55
Reli o primeiro postal deste tema,
sobre a redistribuição do rendimento
entre a população no activo
e os reformados. Vejo
que vale a pena
tornar mais
claro

os princípios implícitos no triplo
cálculo de arranque do equacionar
do equilíbrio da redistribuição.


Passados, quatro anos, ao reler,
cheguei a não perceber alguns passos
e a recear até qualquer erro grosseiro.

Já reli e percebi! -:))

Hei-de editar no próprio postal (http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php?topic=2232.msg91219#msg91219)
o que tive de (re)pensar para
perceber o que escrevi.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-10-24 18:19:16
E hei-de reexaminar (http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,2232.msg98945.html#msg98945) também
o que escrevi sobre
a redistribuição
do rendimento
do capital.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-12-05 23:24:56
Em Portugal, a redistribuição do rendimento dos 20% mais ricos para os 80% mais pobres melhorou (http://www.pordata.pt/DB/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela/5727698) de 1994 a 2016,
porquanto naquele ano os mais ricos ganhavam sete a sete vezes e meia mais do que os mais pobres,
enquanto que o ano passado, 22 anos depois, essa proporção baixou para cinco a seis vezes mais.

Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-12-17 08:29:32
Ainda no 'coração' da distribuição do valor acrescentado bruto,
uma opinião desassombrada de Raquel Varela, (inserta no facebook): 


Sobre o que se passa na Auto Europa, o artigo que prometi escrever. Com uma nota de crítica à imprensa, o que tenho lido nestes meses é de uma enorme superficialidade, pode-se ser contra os trabalhadores ou contra a administração, sou a favor da luta ideológica como espaço de liberdade, os accionistas têm o direito de lutar pelo seu lucro e os trabalhadores de lutarem pelo seu salário, e todos nós de nos posicionarmos, é assim uma sociedade saudável, o mito de estamos todos no mesmo barco é o espelho de uma sociedade doente, resignada, amorfa. Tivemos 48 anos de ditadura em que o corporativismo da paz entre assalariados e patrões era lei de Estado, com pena de prisão se fosse posto em causa, a «minha política é o trabalho» ensinava a ditadura para os trabalhadores não se meterem em política e assim se regulava o preço da força de trabalho. Hoje regula-se com desemprego ou ameaça de desemprego, um cutelo constante no pescoço, na vida das pessoas. Por isso vos digo já o trabalho, todo ele, deve ser também político. Ou seja, todos devem pensar – e não só os políticos profissionais -, na causa pública e questionar a sociedade onde vivem, para mudá-la, em vez de deixar essa tarefa a uma elite. Mas seja qual for o lado que escolhemos devemos ser sérios nos factos. Não vos mentirei aqui, mesmo sobre as fragilidades dos trabalhadores, que são muitas, e mesmo que eu esteja do lado deles. Mentiras não nos levam a lado nenhum. Detesto falsas vitórias e passar a mão no pelo de quem errou, mesmo que quem errou sejam aqueles em que acredito.

A VW não é um exemplo de democracia – pelo contrário. A sua CT não é democrática. Nunca foi. Irei lá chegar no final.

Agora o Apocalipse diário – a VW pode ir embora de Portugal como a imprensa tem noticiado, para Pamplona ou outro lugar?

Pode. Mas é altamente improvável, para já. A razão é o seu papel no país. É a produção deste veículo. É também a situação da economia mundial. E é ainda uma alteração – ténue – na organização dos trabalhadores que faz com que a competição entre trabalhadores – dito de outra forma -a ameaça de deslocalização, já não seja tão fácil como há 10 anos. O que isto quer dizer?

Em primeiro lugar, a VW investiu aqui 700 milhões de euros para produzir este carro, T Roc, em alterações na fábrica, nomeadamente com a introdução de semi automação (acrescem 30 milhões nossos dados pelo Estado português, só directos, não contabilizo custos com formação e na segurança social e isenções de impostos e infra-estruturas suportadas pelo Estado). Mudar isto de um dia para o outro é desde logo impossível, leva muito tempo, e tem custos altíssimos, há toda uma estrutura montada de peças, vias de comunicação e exportação que não se muda em poucos meses. A VW tem a produção amarrada a seguros cujas falhas de entrega implicampagamentos de indemnizações gigantescas. A VW está em pânico porque a empresa alemã que opera em Portugal (VW Auto Europa) ofereceu condições de preço impossíveis de cumprir e por isso ganhou a produção do T Roc, quis duplicar a produção e os lucros cortando salários oferecendo condições de produção impossíveis de cumprir, mesmo contratando como estão a fazer miúdos com 20 anos a 600 euros, eles vão rebentar em 1 ou 2 anos fisicamente.

Em segundo lugar porque por responsabilidade de sucessivos Governos a VW é o país. Por isso aliás fala-se na imprensa como se ela fosse uma empresa nacionalizada, ouve-se o Ministro falar do «interesse nacional», ora a VW é uma empresa privada alemã, os lucros da VW são distribuídos aos accionistas da VW, Baixa Saxónia, Fundo do Qatar etc, cá ficam os custos dos lucros, como já tive oportunidade de explicar num longo artigo depois do último Prós e Contras. Não vou desenvolver aqui isto.

Mas que fique claro que a VW de facto é dona de uma parte do país mas o país não é dono dela. Qual parte? 300 a 400 mil pessoas, ou seja, 15% da população da Grande Lisboa. Talvez mais. Porquê? Porque a VW são os 5 mil que trabalham, os 40 mil das subsidiárias, mais os camionistas, a rede de electricidade, estivadores do porto que exportam, multiplicidade de serviços adjacentes…, portanto com famílias incluídas chegaremos facilmente a 300 mil pessoas ou mais. É muito poder para meia dúzia de accionistas, que não têm – é preciso dizê-lo – qualquer interesse em proteger Portugal, muitos nem nunca cá vieram na vida nem sabem onde isto fica. E nunca foram eleitos mas têm a vida de o equivalente a 10% da população empregada nas mãos. Democracia é direito ao voto mas é muito mais, e esse muito mais – vê-se nestas horas -, como é escasso.

É este poder – ter a vida de milhares na mão – que permite a chantagem sistemática de «vamos para outro lado» a que adere o Governo pedindo sistematicamente aos trabalhadores que aguentem mais, «aguentem! aguentem!». Mesmo quando eles já não podem aguentar não porque sejam radicais, socialistas, mas porque os limites físicos existem e estão aí. Trabalham já por turnos, numa linha de montagem repetitiva descansam 7 minutos duas vezes por dia, vão buscar os filhos à 1 da manhã a casa dos avós para acordar às 7 e os deixar na escola, não existe tempo livre nem lazer, a taxa de absentismo, doenças físicas e mentais faz da Auto Europa o maior cliente da Segurança Social de Setúbal, pago por nós, que podíamos estar a pagar o fabrico de transportes públicos em horários decentes, e estamos a pedir-lhes para aguentarem mais, mais, para produzirem carros individuais às 3 da manhã, num mundo entupido de carros. E qual é o mais? Trabalhar ao sábado compulsivamente e pago como um dia de semana. A AE propõe agora um regime transitório, que é 6 meses compulsivos pagos como dia extraordinário, e depois passa a dia normal, ou seja, cozer o sapo em água fria para depois quando derem por ela estarem mortos. Mortos aqui é semi-metafórico, não é exagero, um médico do Barreiro comentava-me há dias surpreendido pela quantidade de trabalhadores da AE que via e que estão doentes – segundo ele – pelas condições de trabalho, análogas aos tempos modernos dos anos 30. Tensão alta, ansiedades, depressão, problemas músculo-esqueléticos, é fácil dizer que é «genético» quando o trabalho adoece. Até as hormonas de coisas simples como ir à casa de banho são reguladas pelo sono e a luz solar – vamos menos ao WC de noite porque estamos hormonalmente dispostos a isso, até isso é desregulado pelo trabalho nocturno. Em resposta a isto a AE montou um ginásio, acreditam? Um operário dizia-me, rindo, para não chorar: «ginástica? Já faço eu o dia todo, querem que ainda venham mais cedo para ir treinar antes no ginásio?!

A chantagem é bluff porque se os trabalhadores lutarem e forem até ao fim a AE não se vai embora, o Governo vai negociar e pagar a AE os dividendos, ou seja, todos nós – e essa é uma solução clássica, porque nenhum governo deixaria chegar uma crise que levasse à perda de 300 mil postos de trabalho sabendo que isso era o prenuncio de uma revolta nacional com impacto internacional. Ou seja, creio, posso estar errada, que se os trabalhadores levarem até ao fim esta luta quem vai ceder não é a VW mas o próprio Governo, que desistiu de Governar com independência o país, desistiu de facto do “interesse nacional”.

Estamos num ciclo expansivo da economia mundial (em breve haverá uma crise profunda) neste ciclo expansivo a produção está a aumentar, muito, é nesse quadro que se insere a produção do T-Roc. Vamos chegar a um momento em que de facto a VW se vai embora, quando a crise for séria e os alemã quiserem refugiar capitais/investimentos perante a super produção, e aí temos que perguntar aos irresponsáveis que determinaram esta escolha para o país, e o defenderam, porque nos colocaram nesta catástrofe – vejam o que aconteceu à Venezuela porque determinou que todo o país ia ter uma economia baseada na exportação de petróleo. Quando caiu o preço deste a população ficou na miséria, nem alimentos produzem! Há doidos varridos a governar este país, e infelizmente estaremos todos cá para ver o resultado disto, de fazer depender um país de exportação de carros estrangeiros. Mas não será para já – o drama agora está do lado da VW, são eles que estão em pânico.

A VW funcionou até aqui com um modelo do pós-guerra de acordos entre as comissões de trabalhadores e a empresa, mas isso implicava aumento de lucros e de salários – o que não acontece há 2 décadas, aumentam lucros, caem salários – não há acordos nos acordos, de facto, há imposição, unilateral. Recentemente em alguns países esses acordos quebraram-se não porque os trabalhadores são contra acordos mas porque a situação na linha de montagem tornou-se insustentável e põe em causa a vida deles. Foi assim na FAW-VW de Changchun na China onde o dirigente Fu Tianbo que liderou uma greve está ainda preso, há mais de 1 ano; foi assim em Bratislava onde uma greve que envolveu mais de 12 mil trabalhadores levou a um aumento de 15% do salário. Na Polónia um grupo de trabalhadores criou um movimento independente da CT. E a pergunta é, para onde vai a VW nestas condições? Para Marte? Em Pamplona produz-se de 2ª a 6º, vão os espanhóis, que têm o dobro do salário mínimo produzir ao sábado por metade do preço? E os alemães que estão a exigir uma redução da jornada laboral? A VW está num impasse, assustada, até porque aqui em Palmela estão instaladas as prensas que exportam para o mundo inteiro. O que vos quero dizer – triste – é que não há muitos lugares para onde a VW possa ir com trabalhadores tão mal pagos e em condições tão más como em Portugal. Sobra porventura o México.

A AE argumenta com a “lei da laboração contínua”, que o Ministério do Trabalho aceitou. Aceitou mesmo, é verdade. Confesso a minha surpresa total, não sou jurista, confio pouco na moldura legal que desprotege quem trabalha, mas essa da “laboração contínua” nem nos campos de algodão da ditadura portuguesa no norte de Angola, em 1961. Se há uma lei que impõe um ritmo de trabalho descontínuo à escola dos nossos filhos, à luz do nascer e pôr do sol, aos afectos com maridos e mulheres, ao Natal e Carnaval, essa lei deve ser colocada no assim chamado “caixote de lixo da história”. Não sei se sabem que o direito ao voto era ilegal quando foi conquistado pelos operários cartistas ingleses no século XIX; o direito de plenário – como os que ocorreram na VW – era ilegal quando foi imposto aqui em Portugal no dia 25 de Abril de 1974, contra as ordens do MFA milhares de plenários espontâneos tiveram lugar neste país, até que o MFA até aderiu a eles, muitos com entusiasmo. O direito à greve, o direito de associação, o direito de sindicatos livres, todos estes direitos justos ilegais derrotaram leis injustas. E por isso hoje são legais. Ninguém dá nada a ninguém, tudo é conquistado.

Os trabalhadores da VW erraram? Muito e ao longo de muitos anos. Aceitaram durante duas décadas sucessivos acordos em que perderam sempre – sublinho “sempre”. Tudo em nome de salvar o emprego e a isto, durante 20 anos, chamaram não uma derrota, podiam de facto ter razão e não ter tido força e ser imprescindível recuar para salvar empregos, mas chamaram sempre uma “vitória”, um «exemplo para o país», um «bom acordo». Confiaram na CT para os representar.

E aqui chegamos ao busílis da questão. A CT da VW não é uma organização democrática, ainda que se chame comissão e de trabalhadores. Desde logo é eleita por método de Hondt ou seja tem 5 listas dentro ela, é o mesmo que um Governo de 5 partidos, cada um rema para seu lado e ninguém sai do mesmo sítio. A VW Auto Europa vive de certa forma à margem da lei. Eu explico-me. A VW decidiu que só negoceia com as CTs e não com os Sindicatos. Ora a CT não recolhe quotas, logo não tem advogados próprios, especialistas em relações laborais, economia, nem meios para organizar a defesa dos seus interesses. Os trabalhadores da VW negoceiam na presença de advogado…da empresa. E esta? Na empresa modelo do país? Ali ao lado, no Porto de Lisboa e Setúbal o Sindicato dos Estivadores recolhe todos os meses 4% de quota para pagara os seus advogados, jornalistas, jornais, sites próprios; o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público amealhou um fundo de greve e fez a Ministra recuar; na AE os trabalhadores, com uma taxa de sindicalização inferior a 17%, não têm quaisquer meios independentes para se defenderem. Ou seja, a empresa só aceita negociar com uma estrutura de trabalhadores que é dependente financeira – e por isso politicamente – da empresa. Vejam, não gosto de mentiras, volto a dizer, nem das que me dão jeito. O Sindicato, «o grande assalto do PC ao BE» lembram-se, há 2 meses?! (para se ter uma ideia das vacuidades que se escrevem neste país em total desconhecimento das realidades concretas), dizia eu, também os representantes do sindicato (afecto ao PCP) assinaram este pré acordo, que em plenário foi massivamente contestado. Podem medir a inteligência de tal medida no número de pessoas que nos próximos dias entregarem o cartão do sindicato…

Os trabalhadores têm que lutar e têm que pagar para lutar, enquanto não compreenderem isto vão perder. E têm que ser democráticas, com representantes reais e não como espaço de promoção de interesses individuais.

A CT da VW habituou-se, desde sempre, a um modus operandi que é em vez de ouvir os trabalhadores e representarem essa voz junto da administração ouve a administração e tenta convencer os trabalhadores da proposta da administração, uma volta de 180 graus. Uma forma burocrática de gerir as organizações de trabalhadores que tem sido escamoteada com o famoso referendo. Ora, os trabalhadores já fizeram 4 ou 5 plenários em 8 meses para dizer «NÃO QUEREMOS TRABALHAR AO SÁBADO», já rejeitaram em dois dos mais participados referendos de sempre, já demitiram uma CT, já rejeitaram, desde Abril, todas as propostas e de cada vez que voltam a ouvi-los é para lhes propor o mesmo. É uma negociação em que não se negoceia nada, impõe-se e tenta-se vencer pelo cansaço, tomando-os a todos por estúpidos. Na verdade é uma réplica do que se passa no país em matéria de Governação, os representantes esquecem-se que são meros executores dos representados e ganham asas. E depois estão 4 anos a tentar justificar o injustificável.

Há uns anos fui trabalhar para a Alemanha, aprendi lá algo que aqui falta e muito. Frontalidade. Na Alemanha aprendi, ao princípio não foi fácil, que uma pessoa pode, com a face inamovível, dizer “não concordo”, «estás errado», «não presta». Dizer «não». Quando é mais difícil e que do outro lado não nos tomam por inimigos mas respeitam-nos e ouvem-nos, dizer «não». Aqui discordar rapidamente torna-se uma questão pessoal – em matéria de ciência e política é catastrófico, porque vivemos numa enorme hipocrisia, ocultando diferenças essenciais serem expostas.

É com esta frontalidade que me digiro no final deste artigo a Herr Hasse, gestor de recursos humanos da VW, de especialista em relações laborais para especialista em relações laborais, em modo alemão: «vocês não podem deslocalizar a fábrica, se o fizeram o país entra não em colapso mas em convulsão social, toda a cidade mergulhará num conflito insuportável para todo o país, com consequências imprevisíveis, são 300 mil pessoas? Os estivadores e os camionistas que perdem o emprego vão ficar quietos? É toda uma cadeia produtiva de transportes e logística, energia, que colapsa, numa situação política em que os governos que existem governam com escasso apoio social, embora com apoio eleitoral. Deslocalizar a montagem de 250 mil carros do pé para a mão não é fácil, sobretudo porque há a zonas de prensas para exportação de todo o grupo dependentes de Palmela; o vosso descanso é que os trabalhadores se cansem quando era fácil resolver tudo com a proposta que eles próprios trabalhadores vos fizeram já uma dúzia de vezes: pagando um 4º turno ao sábado e domingo, para gente que só fazia esse turno, ponto. Foi isso que já vos propuseram, é isso que têm que aceitar. Tudo o resto é brincar com o que resta da vida, de quem deu já a vida à empresa. É tudo uma questão de diminuir lucros e aumentar salários. De alemã para alemão, caro Jurgen Hasse, lhe digo, não vai haver uma solução boa para os dois lados. E o lado mais frágil, o dos trabalhadores, é esse que tem que ser protegido».
Raquel Varela é Historiadora, Investigadora e professora universitária. Especialista em história global do trabalho, tem neste momento em curso um projecto sobre reestruturação produtiva e dumping social na indústria automóvel na Europa.



Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2017-12-17 10:44:03
Quanto a mim a RV não tem razão em nada do que diz.

Afirma que é dificil deslocalizar pelos investimentos feitos. Os investimentos em fábricas são insignificantes quando se olha para projectos desta dimensão, em termos de anos de produção. Não é isso que vai afectar o ROI de uma descalização.
Além disso, o risco não é apenas de deslocalização mas sim de não voltar a receber um futuro modelo da VW e fechar quando este TRoc terminar.

Em segundo diz que as alternativas (outras localizações) não têm capacidade. Isso é pensar que uma coisa destas só pode ir para onde já existem fábricas VW. O que não falta, certamente, são sítios que acolheriam de raiz um projecto destes, com todo o gosto (tal como aconteceu em Palmela no início).

Depois diz que a CT não é democrática. Não sei se a eleição é democrática ou não, o que sei é que os trabalhadores podem chumbar os acordos da CT com a administração, coisa que, aliás, já fizeram várias vezes. Nesse sentido é muito menos democrático um governo do que a CT da AE. Um governo é eleito (via parlamento) e os cidadão têm de gramar tudo o que ele fizer (coisa que os trabalhadores da AE podem evitar).

Diz também que a AE causa doenças e prejudica a vida familiar. Quanto a doenças, não sei, mas era bom saber se causa mais ou menos doenças que outras profissões. Um padeiro, a trabalhar todos os dias em pé, de noite, com farinha e sujeito a altas temperaturas, não sei se será mais ou menos saudável.

Em relação a horários e vida familiar, em primeiro lugar ninguém é obrigado a trabalhar na AE. Se vê que não tem estrutura familiar para isso, talvez tenha de repensar se lá quer trabalhar. Em segundo lugar, é um argumento que acaba por ser estranho quando pensamos em médicos e enfermeiros, polícias, pilotos de avião, padeiros, recolha do lixo, seguranças e um sem número de gente que também trabalha por turnos (e alguns trabalham permanentemente, todos os dias, à noite).

A RV devia pensar na Opel Azambuja e ver como os argumentos também se podiam aplicar ali e, no entanto, aconteceu o que aconteceu.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2017-12-17 12:19:23
o que ela diz  podia ser copia da Opel Azambuja
no entanto esaquerda caviar e esquecida quando convem.

unica coisa aconteceu foi  Opel saiu do pais  a regiao ficou mais pobre..
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2017-12-18 00:16:41
Eu confesso, o prejuízo é tão grande, para o país, que receio aplaudir o razoável da sua argumentação pelas consequências nefastas que acarreta não ser mais exímio diplomata. Mas há um argumento de fundo e de longo prazo que me seduz: o exagero do transporte individual de automóvel é irracional e as sociedades deviam inclinar soluções mais inteligentes do que a produção maciça de automóveis particulares a entupir as cidades! É impossível que o modo actual da industria automóvel seja este no futuro. E a Wolkswagen não é nenhum deus!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: D. Antunes em 2017-12-18 22:52:25
Basta pensar na Roménia, Bulgária ou Ucrânia. Mais perto do centro da Europa e com salários bem menores que os portugueses.

Claro que o trabalho é duro. Mas onde é que operários com pouco estudos ganhavam mais de 1000 euros/mês? Não seria certamente sentados numa portaria a ler A Bola e a pedir a identificação aos visitantes. Se a empresa conseguiu milhares de operários é porque ofereceu um pacote melhor do que outros empregadores (e muitos até estariam desempregados sem a AE).
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Automek em 2017-12-19 06:32:25
Exacto. Não percebo o porquê das pessoas complicarem tanto o que é simples. São milhares que estão ali a trabalhar, voluntariamente. E se o fazem voluntariamente é porque todas as outras alternativas são piores.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Raposo Tavares em 2017-12-27 16:49:33
Um site interessante:
https://www.datosmacro.com (https://www.datosmacro.com)

O salário mínimo:
https://www.datosmacro.com/smi (https://www.datosmacro.com/smi)

Comparando Portugal e a Espanha:
https://www.datosmacro.com/paises/comparar/portugal/espana (https://www.datosmacro.com/paises/comparar/portugal/espana)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-04-04 18:13:00
É verdade que a proporção dos salários no rendimento nacional é de 1/3!?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Smog em 2018-04-08 19:45:24
Um site interessante:
https://www.datosmacro.com (https://www.datosmacro.com)

O salário mínimo:
https://www.datosmacro.com/smi (https://www.datosmacro.com/smi)

Comparando Portugal e a Espanha:
https://www.datosmacro.com/paises/comparar/portugal/espana (https://www.datosmacro.com/paises/comparar/portugal/espana)

É interessante, sim.   :)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-04-16 20:15:29
W/PIB < 2/3 ou 3/4 é alocar recursos a puro desperdício
seja a consumo fútil (ou população doente e excessiva)
seja a investimento estéril, puro dispêndio inútil.

Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2018-04-16 22:11:32
no quadro em cima basicamente  grande diferença para espanhoes e isto

Balanza comercial % PIB

                                                            -2,29% espanha

% Emigrantes
                                                2% espanha

O Pib tambem não e  grande coisa para   saber saude pais porque  pode ser bolha sem se conseguir pagar mas tarde

(http://s3cdn-observadorontime.netdna-ssl.com/wp-content/uploads/2014/08/media-movel.png)

http://observador.pt/opiniao/dois-graficos-que-explicam-muita-coisa/ (http://observador.pt/opiniao/dois-graficos-que-explicam-muita-coisa/)
(http://s3cdn-observadorontime.netdna-ssl.com/wp-content/uploads/2014/08/pib-per-capita.png)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-04-17 12:59:45
Em 60 anos, crescer 20% no Y per capita,
com a população quase a mesma.
é realmente estagnação!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-08 10:31:41
«O problema primordial da política económica consiste em
conseguir um desenvolvimento contínuo da economia sem tendências inflacionistas.

A manutenção da estabilidade monetária é a condição prévia necessária
a um crescimento económico equilibrado e a um progresso social
autêntico e garantido.»

[ ]

«Se para o conseguir vierem a ser precisas medidas restritivas em certos aspectos,
depende decisivamente da boa vontade de todas as classes do nosso povo
desistir finalmente da perniciosa tentativa de querer forjar
o proveito próprio à custa da generalidade

Ludwig Erhard, Bem-Estar para Todos («Wohlstand für Alle»),
Bertrand, Lisboa, 1963
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-16 20:12:22
«Uma política económica só pode designar-se social, quando o progresso económico,
um maior rendimento e uma produtividade crescente vão favorecer o consumidor

«O meio mais adequado para conseguir esse objectivo dentro
de um sistema social livre é a concorrência, pilar básico do sistema.»

op. cit., p. 176
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-16 20:17:18
<A propaganda televisiva que promove a venda
de gato por lebre, só é tolerável se houver
igual poder e liberdade de denunciar
o engodo perpetrado.>

<A liberdade assim permitida, entendida
e conseguida, pode chamar-se concorrência.>
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-17 16:37:54
«Também eu defendo que a base de toda a economia de mercado é
e deve continuar a ser a liberdade de concorrência que só pode prevalecer
quando não se tolera o esmagamento da liberdade pelo poder e quando
a liberdade, alicerçada no código de costumes e direitos dum povo,
se torna mandamento obrigatório para todos, isto é,
quando ela é o valor máximo da comunidade.»

op. cit., p. 152

(https://4.bp.blogspot.com/-_H3P3oVU00s/W8dWCxYlPqI/AAAAAAAAAFE/lpISAk-RMVkDjM623ZghBdA_Vl8WJTv-ACLcBGAs/s640/Ludwig%2BErhard.JPG)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-20 18:33:29
«Só posso compreender a classe média – e somente nessas bases me reconheço membro da classe média –
como a que abrange e pretende abranger aquela classe de indivíduos que está pronta a assegurar
a sua existência pela auto-responsabilidade e graças ao trabalho próprio.  As «qualidades»,
que a classe média deve evidenciar como valor, são: a responsabilidade pelo
seu próprio destino, a autonomia da sua existência e a coragem
de subsistir pelo seu próprio trabalho e de querer
afirmar-se numa sociedade livre,
num mundo livre.

Todas as limitações que fizerem a essa liberdade, a essa coragem de viver, ao valor da autonomia
e da individualidade do trabalho, serão, não um apoio, mas um golpe na classe média...
Se se perder, exactamente nestas camadas do nosso povo, a coragem de querer
subsistir à sua própria custa, de viver pelo seu próprio trabalho, então
a classe média ficará reduzida a um grupo de indivíduos
que precisam de protecção para poder viver
um pouco melhor do que outros.

Mas com isso se terá perdido
também o valor ético da classe média»

op. cit., p. 162-3


(https://scontent.flis5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26218_116872988341272_2631446_n.jpg?_nc_cat=104&_nc_ht=scontent.flis5-1.fna&oh=c66a45e543c58ca0b5bf39dffe6ef829&oe=5C4E053D)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-21 20:51:55
Uma relação fundamental em economia
é a do dinheiro com a produção de bens e serviços,
e o respectivo comércio, – compra, venda –,
oferta e procura ao preço corrente em vigor.

Nos livros aprendemos a equação simples, quase 'einsteiniana', – -:) –,
que relaciona a circulação da moeda com a das transações de bens e serviços:

(1)    MV = PT

O stock de moeda – notas de banco, espécies metálicas, depósitos bancários –, (M), multiplicado pela velocidade de circulação da moeda, (V), i.e., o número de vezes que o stock de dinheiro roda nas transações da economia durante um período de tempo – ano, mês, semana, dia, hora – iguala o volume de transações (T) multiplicado pelo nível médio de preços (P), i.e., o valor total das compras / vendas de bens e serviços de uma economia em dado período de tempo.

Como estatisticamente se acumulam estes agregados, teria curiosidade de saber – cheguei, em novo, a desejar entrar nessa carreira profissional de estatístico, mas ninguém liga nenhuma ao que um jovem deseja ou não, e portanto não sei como se trabalham estes agregados macroeconómicos e monetários.

Sei, contudo, – ensinam-nos no curso de economia –, que o produto social durante um ano, o PIB(pm), o Produto Interno Bruto a preços de mercado, é a quantidade, (q), de bens e serviços produzidos nesse ano, avaliados ao preço médio de venda, (p).

(2)    PIB(pm) = p.q

Ora, este valor do produto anual iguala o rendimento, (y), de quem o produz, a saber o salario, (s), dos que trabalharam para a sua produção, –  de que vivem mais a família –, e o rendimento proporcionado pelo excedente do preço de venda dos bens e serviços sobre o salário pago a produzi-los, rendimento que podemos denominar de lucro, (l), o qual é distribuido pelos detentores dos meios de produção nesta utilizados, – rendas, juros, lucros –, assim como pelo Estado nos impostos directos (incidente sobre salários e lucros) e indirectos (cobrados no preço de mercado das transações) ou simplesmente tributados por uma taxa sobre o valor do património de que cada cidadão é proprietário, ceda-o ou não ao processo produtivo (portanto, puro ónus, ou expropriação parcial, de fortuna pessoal).

(3)    y = p.q = s + l,

ou,

(3’)    l = y – s,

Pressupondo, globalmente, y > s,  – não sendo o caso, só pode ser s = y, com l = 0, o que implica a colectivização da totalidade dos meios de produção, a abolição da economia de mercado, e o planeamento central de toda a produção por assalariados, eles próprios nomenklatura partidária dirigente do Estado –, teremos

(4)    y/s = m > 1

ou, 

(4’)    y = m.s

Ora, posto que o rendimento, y, é a monetarização do produto social, PIB(pm), eles se igualam em cada período, pelo que temos,

(5)    PIB(pm) = y = p.q = m.s

Não sei como os estatísticos calculam o índice de preços, p, dos bens e serviços transacionados, mas por certo partem da cifra de negócios, do total de vendas da indústria dos bens de consumo e de investimento concluídos, acabados e vendidos no ano, e a dividem pelo índice de preços de alguma amostragem representativa desse conjunto de bens, de forma a alcançarem o rácio representativo do produto quantitativo, real, q, dos bens e serviços produzidos num ano-base a preços constantes, o que lhes permitirá comparar números reais de produção de ano para ano.

Também, não sei explicitar a relação que existe entre o nível geral de preços, P, das transacções comerciais totais da equação monetária (1), com os índice de preços, p, das amostragens da indústria, mas é evidente que ambos variam directamente com a massa monetária, M, injectada na economia, e com a velocidade, V, da circulação da moeda, causando tanto menor poder de compra de uma soma dada de dinheiro, ou de cada nível de rendimento salarial, ou global e colectivo, quanto maior for o nível de preços da produção.

A equação (5),      y = p.q = m.s    liga as variáveis que queremos observar e comparar no tempo.

Assim, partindo da base dada num ano, pela equação (5), teremos no ano seguinte,

(6)    (y + Dy)  = (p + Dp).(q + Dq)

ou   (y + Dy)/y = (p + Dp).(q + Dq)/p.q

ou   (1 + Dy/y) = (1 + Dp/p).(1 + Dq/q)

ou, com Dy/y = dy; Dp/p = dp; Dq/q=dq

(6’)   (1+dy) = (1+dp).(1+dq)

Mutatis mutandi, para a mesma equação de rendimento (5), y = m.s, temos

(7)    (y + Dy)  = (m + Dm).(s + Ds)

ou   (y + Dy)/y  = (m + Dm).(s + Ds)/m.s   

ou   (1 + Dy/y) =  (1 + Dm/m).(1 + Ds/s)

ou,     com Dy/y = dy; Dm/m = dm; Ds/s=ds

(7’)    (1+dy) = (1+dm).(1+ds)

Podemos então examinar o crescimento económico de um ano para outro pelo balanceamento das equações (6’) e (7’):

(8)   (1+dp).(1+dq) = (1+dm).(1+ds)

Não sei qual seja a proporção dos salários líquidos no PIB(pm), mas é possível que ronde 1/4  ou 1/3 do produto social, no máximo 2/5 porventura... (Não sei, mas gostava de saber),

De qualquer modo, no livro de Ludwig Erhard, ex-chanceler da República Federal Alemã e ministro de Economia de Adenauer, nos anos quarenta e cinquenta, Bem-estar para Todos, – que releio ao cabo de muitos anos –, ele pugna pela estabilidade monetária e impõe estrita vigilância da relação entre os aumentos de preços, (1+dp), e o aumento do rendimento colectivo que exceda o aumento da produtividade

(8’)    (1+dp) = (1+dm).[(1+ds)/(1+dq)]

ou seja, os aumentos de preços – o 1º membro da equação –, que equivale a uma redução do poder de compra, são da responsabilidade daqueles que os provocam sejam eles os patrões – pela concorrência monopolista ou acordos de cartéis –; os operários – via aumento de salários que excedam o da produtividade –; ou o Governo e os deputados – seja pela tributação directa que determina os rendimentos deduzidos de impostos retidos na fonte, seja pelo imposto sobre o valor acrescentado na produção de cada empresa.

Assim, na Alemanha Ocidental, no septénio (t) 1955-61, a variação percentual (%) ocorrida ano a ano nos salários (s), rendimento colectivo (y), e produtividade (q) foi a das seguintes séries:

  t   1955        56        57         58       59        60        61
ds    –         +8,0     +5,0     +6,6    +5,1    +8,9    +10,1   
dy     –       +11,8   +12,2     +8,2    +6,3    +9,3    +10,8
dq    –         +1,4     +2,1     +2,7    +6,8    +6,4      +2,9

ou, em valores acumulados,


      t                    1955      56        57         58        59       60       61
(1+ds)^t              1,000    1,080    1,134   1,209   1,270   1,335    1,470
(1+dy)^t             1,000     1,118    1,254   1,357   1,443   1,577    1,747
(1+dq)^t             1,000     1,014    1,035   1,063   1,136   1,208    1,243


Destes dados, podemos retirar a evolução dos preços no septénio,

[(1+dy)/(1+dq)]^t = (1+dp)^t

(1,747/1,243) = (1+dp)^7
1,405 = (1+dp)^7
1,405 ^(1/7) = 1, 049

ou seja, uma inflação de 4,9% ao ano,

cuja responsabilidade se decompõe na dos sindicatos pelo excedente ocorrido no aumento de salários em relação ao aumento da produtividade

(1+ds)^7 = 1,470             
1,470 ^(1/7) = 1,057

(1+dq)^7 = 1,243
1,243 ^(1/7) = 1, 032,

ou seja, em média, no septénio, os salários nominais cresceram 5,7% ao ano e não deveriam ter excedido 3,2% ao ano, que foi a média do aumento de produtividade do trabalho; pela diferença, 2,4 pontos percentuais, contribuíram para a inflação e consequente perda de poder de compra;

quanto aos patrões e ao Estado (o governo, pela autoridade tributária, e os deputados, pelas leis e orçamentos anuais aprovados) a sua quota de responsabilidade na inflação é a da contribuição que compuseram à dos assalariados, no aumento final dos preços, a saber
   
(1+dp)^t = (1+dm)^t * [(1+ds)/(1+dq)]^t    (Vide 8’)

(1+dp)^7 = 1,405 = (1+dm)^7 * (1,470/1,243) = (1+dm)^7 * 1,183

1,405/1,183 = 1,188 = (1+dm)^7

1,188^(1/7) = 1, 025

ou seja, em média, no septénio, os patrões e o fisco elevaram os preços de mercado em 2,5% ao ano, a qual composta com a inflação salarial não justificada pela produtividade, 2,4% integram a inflação anual de 1, 025*1,024 = 1,049, i.e., 4,9% ao ano.


Bem, não sei propriamente se não haverá erro nestes raciocínios, – julgo que não –, mas o que eu gostava era de ver as contas nacionais reduzidas a um jogo aritmético simples das macrovariáveis económicas fundamentais: preço, produto real, salário, sobresalário ou excedente económico global e sua ulterior repartição pelas rendas monopolistas da propriedade fundiária, lucro intramarginal das empresas mais produtivas em cada ramo de actividade, salários líquidos de impostos deduzidos na fonte, imposto sobre o valor acrescentado, lucro bruto de reintegrações do capital técnico, etc.

É verdade, que para além da análise da interferência monetária na economia real através dos preços e dos impostos, há outra análise fundamental que equacionará o aforro, i.e., o rendimento não gasto em bens de consumo, o qual, pela oferta e procura de fundos para investimento, equacionará o investimento em meios de produção com o respectivo financiamento pelos capitais de aforro e de crédito prudencial disponível. Este é um aspecto dinâmico da análise económico-financeira pois, determina em que ramo de actividade investir prioritariamente pelo critério daquele que proporcione a taxa de retorno de cash-flow (lucro bruto de amortizações depois de impostos) mais elevada em comparação com a taxa de juro corrente no mercado de empréstimos de capital.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-24 06:06:22
Quem viaje sempre se surpreenderá com a diversidade de custo de vida e de nível de vida de país para país. Faz espécie, dá que pensar, e até sonhar, ir viver para onde o dinheiro tem grande poder de compra para lá do que se tem de graça simplesmente, face ao estádio primitivo da exploração de tudo o que esteja ao alcance de ser mudado para render!

Descobri um procedimento simples de distinguir nível de vida de custo de vida. Simples!

Custo de vida pode estimar-se em cerca de 6/5 do salário mínimo de um país, caso exista, p.e., entre nós uns € 720,00/mês, brutos, uns € 10 080,00/ano.

Nível de vida, é um conceito diferente, diria, podemos estimá-lo pelo rendimento per capita de cada país, entre nós, suponho, cerca de € 19 000,00 /ano [€ 190 000 000 000/10 000 000].

Quanto maior a disparidade de valores entre o nível e o custo de vida, maior a quantidade e a qualidade de consumo um país proporciona aos seus cidadãos, claro!, dependente da situação individual de cada um.

Se estiver errado, ou houver ideia mais fina dos dois conceitos, fico grato por a conhecer (se a compreender!)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Pip-Boy em 2018-10-24 13:00:26
Nao estarás a tentar reinventar o GDP at power purchasing parity (https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_GDP_(PPP)_per_capita) ?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-24 15:15:18
Segui a ligação, e nível de vida é isso mesmo.

Mas a ideia só se apreende rigorosamente
comparando esse rendimento
com o custo de vida.

Quanto maior a diferença, maior e
melhor é a qualidade de vida.








Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: D. Antunes em 2018-10-24 19:19:06
Quem viaje sempre se surpreenderá com a diversidade de custo de vida e de nível de vida de país para país. Faz espécie, dá que pensar, e até sonhar, ir viver para onde o dinheiro tem grande poder de compra para lá do que se tem de graça simplesmente, face ao estádio primitivo da exploração de tudo o que esteja ao alcance de ser mudado para render!

Descobri um procedimento simples de distinguir nível de vida de custo de vida. Simples!

Custo de vida pode estimar-se em cerca de 6/5 do salário mínimo de um país, caso exista, p.e., entre nós uns € 720,00/mês, brutos, uns € 10 080,00/ano.

Nível de vida, é um conceito diferente, diria, podemos estimá-lo pelo rendimento per capita de cada país, entre nós, suponho, cerca de € 19 000,00 /ano [€ 190 000 000 000/10 000 000].

Quanto maior a disparidade de valores entre o nível e o custo de vida, maior a quantidade e a qualidade de consumo um país proporciona aos seus cidadãos, claro!, dependente da situação individual de cada um.

Se estiver errado, ou houver ideia mais fina dos dois conceitos, fico grato por a conhecer (se a compreender!)

Segundo o teu conceito, o ideal seria então que o salário mínimo fosse pequeno relativamente rendimento per capita. Defenderias que o salário mínimo fosse bem baixo.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-24 20:11:23
Não se trata de um conceito. Expliquei-o. Uma habilidade empírica para perceber como as coisas variam de país para país, diversidade que sempre me espantou, dado sem nada fazer via aumentado ou diminuído o poder de compra do meu dinheiro e rendimento, qual Gulliver em Lilliput, em país de micro ou macro habitantes! Por outro lado, o leque de rendimento entre PIBpm per capita e o salário mínimo - ridículo supor sequer que o salário dependa de decisão política, posto que é inquebrantável a lei de bronze dos salários, a sua estreita e estrita correspondência com o índice de preços do custo de vida, por definição assalariado não é escravo, logo salário é expressão do poder de compra que necessita para viver mais sua família -, justamente é um indicador médio, expressivo da produtividade do trabalho e próprio de uma meritocracia. Nada disso implica compromisso com monopólios abrigados da concorrência interna e externa no ramo de actividade a que se acantonam! Portanto, o meu ideal é o do mérito remunerado, a produtividade pilotando o crescimento económico, e a justiça social garantindo que todo aquele que trabalha não empobrece a trabalhar, antes melhora a sua vida segundo o mérito do seu esforço e talento, incluindo a lucidez de deitar abaixo governos que não prestam.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-10-26 00:51:51
«Só um aldrabão dá mais do que tem.»

Ludwig Erhard
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-11-14 22:46:50
https://youtu.be/a0D1RAY5NZ8?t=13 (https://youtu.be/a0D1RAY5NZ8?t=13)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: JohnyRobaz em 2018-11-14 23:32:13
Nunca vi esta ideia em forma de proposta, mas será que seria descabido de todo criar uma progressividade fiscal também nas mais-valias e dividendos, tal como acontece no IRS? Em vez da flat tax de 28%, porque não há escalões em que os que recebem menos pagariam uma taxa menor que aqueles que ganham milhões em dividendos ou mais-valias? Não atrairia mais pequenos acionistas à bolsa? Não ajudaria as pequenas e novas empresas a começar mais facilmente e caso crescerem pagariam aí aquilo que não pagaram na fase de arranque? Não seria algo positivo para a economia que a esquerda iria apoiar?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2018-11-15 00:09:47
pergunta aos hollandeses, ingleses ou mesmo luxemburgo  e irlanda

porque empresas tem la sede

e porque madeira deixou de ter


la fora tem contas com zero impostos para pessoas normais, como falou antes nos topicos ETF 
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2018-11-15 07:47:33
Não é coerente tributar progressivamente rendimentos de capital que decorrem proporcionalmente do montante de capital aplicado na produção. O mercado nivela tais rendimentos pela taxa de juro corrente. A progressividade no cumulativo de rendimentos do capitalista como pessoa singular é dispensada pela opção de uma taxa flat sobre o rendimento financeiro. Complicar a fiscalidade é má política. Justo e apropriado é defender a livre concorrência, lutar contra actuações monopolistas, sejam corporativas ou sindicais, e manter uma razoável abertura ao comércio internacional. Quanto à riqueza individual propriamente dita, não sei, percebo mal o que ouço a comunicação social proclamar, parece-me que comparam patrimónios, i.e., capital, com rendimentos, i.e., fluxos, salariais ou de juro, lucro normal ou mais-valias (patrimoniais) e grande é a demagogia em torno de tais disparidades.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: D. Antunes em 2018-11-15 09:49:17
O imposto sobre mais-valias é para a classe média. Quem tem muito dinheiro cria uma empresa num país de baixa tributação.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-01-04 16:43:27
Eu gostava de saber qual é a proporção dos salários líquidos da função pública no rendimento nacional. É que tudo o mais da despesa pública ou é investimento ou consumo, de produção interna ou de importação, ou redistribuição de rendimento de uns para outros, praticamente consumo. Portanto, só os salários líquidos do emprego público são um valor acrescentado produtivo (ou não) consoante a valia efectiva desse tipo de emprego (ou subemprego). Tudo o mais do orçamento do estado é já efeito da actividade privada.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-02-17 18:22:38
Cada vez mais adentrado no problema único
de distribuição, perfilho esta formulação:

O problema dos salários é o problema do juro, do imposto, do lucro e do dinheiro.
Venezuela, o Brasil pré-Fernando Henrique Cardoso, Alemanha-anos 20,
Portugal 1975-1986, mostram, demonstram,
<salário-juro-imposto-lucro-dinheiro>
é um problema único auto balanceado.

A âncora à realidade, que dilui
venezuelas, brasis, fascismos,
esquerdismos, é claramente

<trabalho-produtividade-justiça-inovação-comércio>;

tudo o mais é televisão, locutores, rádio, ficção, ludíbrio.



Mas, claro, difícil é equacionar estes factores
com eficácia, com justiça, com trabalho
eficiente, se valioso e útil.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-04-19 17:07:09
Posteriormente ao editado no postal anterior,
folheei, muito ao de leve, algo de Walras
e, rápido, quis simplificar tudo
na macroeconomia
dos agregados
de Keynes.

Fui juntando as 'palavras',
nada revi, que ando noutras
leituras, mas edito-as,
prometendo um dia
vir cá revê-las…

Edito o postal a seguir:
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-04-19 17:26:19
Walras propõe um sistema de n equações correspondentes a n bens e serviços produzidos periodicamente numa economia, transacionados entre os agentes económicos, produtores e consumidores, num sistema de n quantidades de cada bem ou serviço, cambiadas segundo cada um dos n preços singulares dos bens, os quais se revestem de duas naturezas: preço ex-ante, o desejado para a transação; preço ex-post, o realmente efectuado em cada transação no período.

Assim, o preço buscado vender e o intencionado pagar pela aquisição do bem, situam as transacções logo à partida num puro terreno de troca de quantidade de cada bem por outro, pelo que o preço efectivo da transação exprime o equilíbrio aceite de troca de quantidades entre um bem e outro.

Walras, para conseguir solucionar o sistema que equaciona n quantidades de bens trocados entre si, inclui para lá de n-1 mercados de bens, uma n-esima mercadoria, numerário, que, pressupõe só ter interesse como unidade comum de medida, de avaliação de todos os bens entre si.

Realmente, o fluxo de produção de uma economia implica um custo de trabalho, um dispêndio de esforço, além de um custo de oportunidade de produzir o que se produz em vez de alcançar qualquer outro produto para auto-consumo ou para venda.

Assim, por muito que divirjam os preços ex-ante e ex-post de cada bem transacionado, o sistema de equações tem solução porque as quantidades comerciadas são-no ao preço que forem e apenas há uma única variável dependente a realizar o equilíbrio ex-post do mercado: o preço, o valor da unidade de numerário, a moeda com a qual se saldaram todas as transações.

Bom de ver que, havendo concorrência entre produtores, o equilíbrio no tempo dos diferentes mercados alcança-se pelo volume das quantidades transacionadas se for livre o acesso e a saída de produtores em cada sector, no modo de as quantidades compradas e vendidas corresponderem ao rendimento compensador dos custos incorridos na respectiva produção.

Mas interessante e notável é que por muito que estejamos a equacionar fluxos de produção por unidade de tempo, a troca é sempre de stocks dados de bens, não importando na transacção os custos incorridos na produção, a não ser o efeito depressivo ou estimulante que o preço induza quanto ao nível da actividade futura! O ajustamento no mercado é sempre de quantidades, salvo em situação de monopólio em que o preço é condicionado pela limitação da quantidade oferecida, inferior à procura existente.

Então, que resultado ocorre na dita variável dependente dos mercados, a saber o preço do dinheiro, o valor que há a pagar pelo acesso à moeda, cuja quantidade unitária é padrão de medida de todos os valores comerciados? Esse resultado é a taxa de juro do dinheiro. Não apenas a taxa de juro nominal, mas sim a taxa de juro real, deflacionada pela inflação de preços ocorrida na economia em cada período.
Como, então, age esse mecanismo do juro na regulação da oferta e da procura de bens nos mercados? Age de modo indutor de comportamentos adaptativos quer da oferta quer da procura de bens.

Se o juro for alto, o incentivo do preço dos bens acima do custo de os produzir terá de ser mais alto ainda para que os produtores se determinem a elevar a sua capacidade produtiva de tal bem; se o juro for baixo esse excedente da venda sobre o custo pode ser menor, e determinar a referida decisão de investir na capacidade de produção.

Similarmente se passam as coisas na motivação dos compradores: se o juro for alto, os consumidores propendem a economizar dinheiro por o sacrifício do consumo de que se abstêem ser compensado pelo benefício do juro do gasto que evitam; se o juro for baixo diminui a propensão a poupar o dinheiro.

Assim, quer pelo lado da oferta quer pelo da procura, o juro real alto, tende a diminuir o crescimento do produção anual, enquanto o juro baixo estimula o consumo e o aumento da produção.

É muito interessante ver o mecanismo dos mercados plasmar-se na solução simultânea de n equações, as quantidades de n-1 mercadorias, 2*(n-1) preços intencionados de compra e de venda, e uma única variável dependente, a n-ésima mercadoria, o preço do dinheiro. E este, realmente, incluso, pode ser negativo em termos reais, se nem sequer sobrepujar a elevação geral de preços, a inflação; ou até, não o fazendo, ainda por cima ser nominalmente negativo, como no presente, punindo saldos à ordem com comissionamentos penosos.

“Já lá vamos”, como dizem os pirosos locutores de televisão; importa é subir do micromundo n-dimensional do mercado de bens, para o macromundo dos fluxos estatísticos da actividade económica.

Reduzamos, então, a multiplicidade dos bens a dois tipos: bens de consumo; bens (meios) de produção. Os primeiros são adquiridos pelos consumidores finais que deles usufruem ou consomem; os segundos são transacionados pelos produtores entre si, como produtos acabados a quem os vende e como consumos intermédios a novas transformações e acréscimo de valor, a quem os compra.

No mercado, forma-se assim, um nível global de preços de bens de consumo, que define o custo de vida e o poder de compra real da moeda circulante, unidade comum de medida do valor dos bens na sua multiplicidade. De particular importância, o racio entre os salários nominais e o custo de vida, posto que numa sociedade de homens livres, ninguém trabalha para morrer de fome ou deixar morrer de fome a sua família.

Quanto aos meios de produção, bens de consumo intermédio na produção do valor acabado final, eles compõem com os salários do trabalho aplicado, o custo de produção dos bens, o qual pode ser maior, igual ou menor do que o preço de transação alcançado no mercado.

Deste modo, em concorrência de produtores, a oferta de bens tende a só comparecer à venda nos mercados, se neles consegue alcançar um preço que, pelo menos, reembolse os gastos incorridos na sua produção (e distribuição).

A corrente anual de novos meios de produção, o investimento bruto anual da economia, I, somado à produção no ano de bens de consumo, C, forma o Produto Interno Bruto, PIB, de uma economia, o qual se distribui, em rendimento, Y, formado por Salários, W, e Excedente Económico Bruto, i.e.,

Meios Libertos, L, destinados a compensar a utilização de recursos dispensados à produção, incluindo a amortização (reintegração) de equipamento, A, o arrendamento de espaço, E, os juros, J, do capital mutuado, e os lucros distribuídos do capital investido na actividade produtiva, i. e., os dividendos,  D, assim como os impostos cobrados pela autoridade do estado, T, líquidos dos salários pagos ao pessoal empregue na administração pública,

Ora, como o Produto (PIB) iguala o Rendimento (Y), PIB = Y, podemos escrever

(1)   PIB = C + I = Y = W + L

Ora, por definição, o Aforro, S, é o Rendimento não gasto em consumo

(2)   S = Y – C = W + L – C

ou

(3)   S = (W + A + E + J + D + T) – C

Portanto, os salários e todos os meios libertos, – as quotas de amortização do capital técnico a reintegrar no curso da respectiva vida útil, as rendas de aluguer de espaço, os juros de dinheiro emprestado, os dividendos distribuídos aos accionistas das empresas e os impostos colectados, (diminuídos dos salários públicos, já computados em W) – compõem o rendimento acumulado não gasto em consumo o que permite o financiamento do investimento em meios de produção no ano.

Ora, pode essa poupança anual ser superior, suficiente ou inferior ao financiamento do investimento realizado,

(4)   S < = > I

Se insuficiente, a economia endivida-se no Exterior ou abre-se ao Investimento Directo Estrangeiro (IDE); se superior, enriquece-se em meios de pagamento, normalmente consistindo em créditos sobre empresas ou estados devedores estrangeiros.

Investir ou não depende da perspectiva de ganho por parte do investidor privado, facilitado ou não pelo estado, e da utilidade pública da obra ou melhoramento colectivo dependente de decisão pelo governo.

A perspectiva de ganho em investir numa actividade produtiva avalia-se pela comparação aritmética dos gastos e proveitos que a dita actividade previsivelmente gera no decurso do tempo.

O modo mais adequado de efectuar essa comparação é o de calcular a que taxa de rendimento na unidade de tempo os gastos igualam os proveitos e constatar se essa taxa é ou não mais compensadora do que a possível de obter emprestando dinheiro a devedor confiável, nomeadamente Estados soberanos com finanças sãs. A diferença favorável que porventura o negócio proporcione deve ser suficientemente generosa que ultrapasse o risco de prejuízo imponderável que porventura seja de recear se incorra ao entrar na nova actividade produtiva.

Ora, como dissemos acima, a taxa de juro é o preço que se paga para dispor de dinheiro no imediato, com o qual se pode comprar os meios de produção apropriados à actividade que se vá exercer, assim como para ser capaz de pagar salários a quem deles precise para si e a sua família viver, o que consegue auferir desde que trabalhe no empreendimento dirigido por quem lhe pague os referidos salários.

De modo que a multíplice micro variedade de bens de consumo e de produção, pode subtilizar-se agregadamente em dois factores produtivos, o trabalho e o capital, cujo equilíbrio há-de constituir-se na combinação dos dois factores de que resulte a produção total em cada período de tempo, tal que o pagamento do salário e do juro de cada unidade produzida iguale o preço a que é vendida, na completude de o salário pago ter para o preço dos bens que compõem o custo de vida a relação suficiente a proporcionar viver com o dito salário, nos padrões de hábito de cada sociedade e a proporcionar o juro que reintegre o desgaste no tempo dos meios de produção utilizados.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-04-19 17:30:20
meios de produção utilizados,
seja numa economia estacionária
seja progressiva, crescente.

post-scriptum: ou decrescente.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-04-21 09:17:23
Se progressiva, Y' = dW/dy + dL/dy,
se não houver desvianço de W para L!

post-scriptum: - ou vice-versa.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-06-20 18:18:28
A propósito do desemprego a ser causado pela Inteligência Artificial,
ou Informática ou Maquinaria em geral, leia-se Ricardo,
em Eric Roll, História das doutrinas económicas (*):


«A força propulsora da produção capitalista é a esperança do industrial em obter lucros.
O emprego da maquinaria determinará os esperados efeitos sobre os lucros, ou, como ele diz,
sobre o produto líquido da indústria, mais que sobre o seu produto bruto.

Ricardo mostra, com a ajuda de um exemplo aritmético, que o aumento da maquinaria
pode conduzir a um incremento do produto líquido com a baixa considerável do produto bruto.»

Assim, a inovação tecnológica pode provocar deslocalizações permanentes de trabalho.

Ricardo conclui que "um aumento do produto líquido de um país
é compatível com uma diminuição do produto bruto"

e

"a opinião das classes trabalhadoras de que o emprego de maquinaria
prejudica frequentemente os seus interesses não se funda num preconceito
ou erro, mas está conforme os bons princípios de economia política"


Mostrando:

(1)  Y0 = W0 + L0
(2)  Y1 = W1 + L1
(3)  dY = Y1 - Y0; dW = W1 - X0; dL = L1 - L0.

Seja,

(4)  Y0 = 100; W0 = 80; L0 = 20
(5)  Y1 =   90; W1 = 60; L1 = 30

Temos,

(6)  dY = 90 - 100 = -10;
(7)  dW = 60 - 80 = - 20;
(8)  dL =  30 - 20 = +10;

i.e.,

(9)  - 10 = - 20 + 10;
(9') - dY = - dW + dL = - (dW - dL),

com

(10) dL > |dW|

Ou seja, com o efeito de a população activa emigrar
ou tornar-se inactiva e subsidiada pelo produto líquido,
lucros, impostos, subsídios oriundos de lucros ou de impostos.


(*) Eric Roll, História das doutrinas económicas
(«A History of Economic Thought», 1954), trad. Cid Silveira
Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1962, pp.180-181
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-06-23 20:34:40
(https://scontent.flis5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/64763435_115140139747858_8203055143545995264_n.jpg?_nc_cat=108&_nc_ht=scontent.flis5-1.fna&oh=768c5c755ad577b8a587fd3e9a71afa5&oe=5DC1567A)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-08-06 11:59:19
Da História das Doutrinas Económicas de Eric Roll, tenho a impressão que pela primeira vez terei compreendido a confusão inextricável dos manuais de economia relativa aos conceitos de mais-valia, taxa de lucro, capital variável, capital constante e outras gigantescas e obscuras contra-indistinções que se geram entre o falar clássico e as variáveis em uso na micro e macro-contabilidade contemporânea, entre o saber e prática aparente versus o compreender causal dos fenómenos económicos, a descrição historicista e a explicação analítica de um jogo de variáveis, no tempo e no espaço. Quando conseguir, escrevo sobre isso. Mas é interessante e está certo o que se diz e sabe!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-09-01 19:40:52
(https://1.bp.blogspot.com/-FO-2uTOvnAc/XWwQG4ErRqI/AAAAAAAAAIo/Too17zPbMwsRY3iQ1XXozdWSNnDsltjSwCLcBGAs/s320/Tempos%2Bmodernos.jpg)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2019-09-22 08:14:04
No último Expresso da Meia-Noite da Sic-N, foram entrevistados gestores, no âmbito
da 32ª edição do IRGA-wards, Investor Relations & Governance Awards, iniciativa
da Deloitte, entre eles Victor Bento, que apresentou duas narrativas coerentes da situação
económica actual de Portugal, o Japão e a deflação. Na base do que descreveu, vai ser
fácil aritmetizar a teoria do valor-trabalho que Eric Roll também sintetiza.

Disse Victor Bento:

Todos os países são duais no seu desenvolvimento económico, neles coexistindo unidades avançadas
e unidades atrasadas. Em Portugal, 45% do emprego (N) é assegurado por micro-empresas que pagam
1/5 da massa salarial total (W), dispõe de 1/3 do capital técnico total (K) e contribui com pouco mais
de 20% do total do VAB criado anualmente. O produto anual, 100% (PIB) é formado no restante
sector da economia, composto de empresas de grande e média dimensão.

Explicou a estagnação deflacionária do Japão com o envelhecimento da população, o grau elevado
da sua taxa de poupança, e a impossibilidade de perspectivar investimentos rentáveis por falta
de crescimento demográfico, pelo que a estabilidade do produto só consegue assegurar-se
através do investimento público financiado por dívida e impostos.

Ainda não pude 'aplicar-me' a aritmetizar este modelo de criação e repartição de valor.
Fá-lo-ei, grosso modo, quando... o fizer. Dá-me gosto visualizar a economia no quadro
de uma conta de resultados produzidos e distribuídos, logo vendo a rentabilidade (TIR)
de cada plano de actividade e sua fisionomia micro e macroeconómica.

Gostei também de ouvir Arlindo Oliveira, do IST, zurzindo na ideia política estapafúrdia
de 'dualizar' o país em Litoral e Interior num rectângulo de 200 km de largura como o nosso,
pelo que tal ideologia não passa de um pretexto para desbaratar recursos sem nenhum proveito.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2020-05-07 15:45:01
Perguntava eu, no item do corona vírus,

Citar
Um problema demográfico…?

A dívida de devedores a credores
é crédito de credores sobre devedores.

Um encontro universal de conta-correntes,
deve remanescer num saldo/devedor deflacionado
e significado líquido do que o presente deve ao futuro.

Valor esse perpetuável (renovável) num saldo imutável, vencendo
módico juro contido no crescimento sustentável do produto.

Mesmo assim, pode haver 'gente a mais'...
Ou nós ou a natureza resolve isso.

Suponhamos 3 entidades x, y, z, com relações entre si,
saldando-se as respectivas conta-correntes, em determinado
momento do tempo, neste enunciado sumário de dados,

.

O somatório bruto de créditos e débitos é de,

créditos) 40+10+30+5+2+7 = +94 = C
débitos)  -7-2-5-30-10-40     = - 94 = D
                       
                         C + D = 0

O somatório líquido de créditos e débitos por entidades é de,

x) 40-5-10         = + 25
y) 5+30+2-40-7 = -  10
z) 10+7-30-2      = - 15y   

                        x + y + z = 0

Consolidando as conta-correntes entre devedores e credores,
a magnitude dos débitos-créditos brutos, deflaciona-se
de 94 unidades monetárias de dívidas cruzadas para
25 u. de que x é credor, y devedor de 10 e z de 15.

Ora este saldo é liquidável por y e z a x,
só por dois modos reais de pagamento:
ou por venda de bens em stock
ao preço da dívida; ou por
trabalho na produção
de novos bens ao
preço capaz de
solver custos
da produção
e dívida.

Há ainda um outro método,
o da perpetuação da dívida, renovável
a juro módico, compatível com a produtividade
de trabalho das entidades devedoras.

O método mais justo é o segundo acima indicado,
o do trabalho na produção de bens exportáveis,
o que pressupõe a liberdade de comércio,
mercados de concorrência, para
reequilíbrio de balanças de
pagamento de países
devedores e
credores.

i.e., soluções clássicas e keynesianas, s.v. (sem vigarices)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2020-07-05 13:43:33
No sumário do Guardian de 26 jun,
p.58, Books, How Liberals
betrayed Keynes
.

Estou curioso.
ainda não li.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: ShakaZoulou7 em 2020-08-17 21:51:38
https://eco.sapo.pt/opiniao/a-grande-redistribuicao/
Penso que a forma de cálculo da inflação e do PIB deveriam ser alterados; O cabaz de bens não recriam com exatidão a quantidade de massa monetária em circulação, os salários dos grandes artistas, desportistas, e altos cargos estão a crescer muito rapidamente e muito acima da inflação, preço dos artigos de luxo, da arte, das zonas prime de imobiliário, assim como as transferências desportivas e as aquisições empresariais. De que forma esra quantidade excessiva de massa monetária vai atingir a população geral? É possível uma hiperinflação repentina no cabaz básico em todos os grandes blocos econômicos ao mesmo tempo?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2020-08-17 22:23:32
vai ficar mundo mais socialista o povo so ve ricos sem criar produtos gracas ao QE dos bancos centrais....

quando bolha rebentar


nao sei porque andam apostar imobliario e tal o mais facil socializar

1 deve rebentar bolha depois queda e falencias ou  nacionalizacoes depende grau socialismo e riquesa dos paises vai vir inflacao com estados ainda mais gordos e investir!!!

os paises  ja estam falidos na grande liquides ...vao levar porrada ao quadrado na crise
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: JohnyRobaz em 2020-08-18 00:13:09
vai ficar mundo mais socialista o povo so ve ricos sem criar produtos gracas ao QE dos bancos centrais....

quando bolha rebentar


nao sei porque andam apostar imobliario e tal o mais facil socializar

1 deve rebentar bolha depois queda e falencias ou  nacionalizacoes depende grau socialismo e riquesa dos paises vai vir inflacao com estados ainda mais gordos e investir!!!

os paises  ja estam falidos na grande liquides ...vao levar porrada ao quadrado na crise

Então a compra de activos dos bancos centrais é um plano maquiavélico para o mundo ficar todo socialista?  ;D
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: ShakaZoulou7 em 2020-08-18 01:38:30
Penso que em alguma altura grande parte da dívida vá ser perdoada, a conversa sobre o FED cunhar uma Moeda no valor facial de 1 trilhão  deve ganhar tracção, de que forma é que podemos ganhar nessa crise, será em criptomoedas? Invejo os visionários que tiraram proveito da bolha imobiliária assim como invejo o golpe de gênio do Soros sobre a Libra
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2020-08-18 02:10:44
...........

os novos nao tem activos........para ser perdoados!  so dividas do coletivo

vai ser partir daqui vai partir
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2020-08-18 02:21:43
vai ficar mundo mais socialista o povo so ve ricos sem criar produtos gracas ao QE dos bancos centrais....

quando bolha rebentar


nao sei porque andam apostar imobliario e tal o mais facil socializar

1 deve rebentar bolha depois queda e falencias ou  nacionalizacoes depende grau socialismo e riquesa dos paises vai vir inflacao com estados ainda mais gordos e investir!!!

os paises  ja estam falidos na grande liquides ...vao levar porrada ao quadrado na crise

Então a compra de activos dos bancos centrais é um plano maquiavélico para o mundo ficar todo socialista?  ;D
os bancos centrais sao lacaios... o regime ja e socialista.... estados gordos hoje  dia..mesmo america tens estados bem socialistas ...


vao e ficar ainda mais, vai piorar
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2020-08-18 06:41:49
Podem ficar uma m.
Mas já o é.

Que vale um capitalismo rentista,
financista, expropriador?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2020-09-21 13:08:31
Ontem, foi interessante ouvir o debate entre o deputado
da Iniciativa Liberal e o do Bloco de Esquerda (reconheço-os
do pequeno écran, mas ainda não lhes fixei o nome...)

Por certo, há um belo desafio de mudança e promessa
de maior bem-estar, na proposta da IL de uma taxa plana
de 15% para o imposto sobre o rendimento!

O 'barbas' do BE, logo se inteiriçou na absurda reclamação
de que o IL estava a prometer demagogicamente € 50/mês
a todos os contribuintes, quando 46% nada iriam receber!

Ao que o 'barbeado' do IL, replicou como quer que esses
imaginem ir receber algo se o que pagam de imposto é
nada, é zero, logo nada há a ser-lhes devolvido. Ou seja,
parvoíces de deplorável esquerdismo.

Agora, mais grave, mais sério, mais 'bico-d'obra' é a
magnitude da devolução de rendimentos que cessam
de ser tributados às classes afluentes, impressionante!

Certo, o impacto do alívio fiscal na classe média será
um incentivo poderoso à produtividade do trabalho
e á prosperidade económica.

Certo, também, que a IL não exclui mudar a taxa plana
de 15% para duas taxas diferentes, uma mais alta a
aplicar-se aos rendimentos mais elevados.

Mas mesmo assim, o busílis é o que farão os mais
beneficiados com o largo dinheiro extra a pairar
nos seus bolsos... Se verdadeiros empreendedores,
honestos a cumprir pagamento das dívidas que contraem,
poderão pensar em investir mais, o Estado até pode estimular
tais investimentos, mas numa economia aberta, a tentação
de tudo amealhar no estrangeiro é muito forte...

Mas o contra-argumento da IL é o de a economia como está,
no nível confiscatório de impostos, jamais sairá do marasmo
em que se encontra há mais de vinte anos de moeda forte
e impostos marginais altíssimos...

Keynes seduz... mas confiável em espaço sem fronteiras!?

E mesmo em espaço de economia fechada, mais cedo
ou mais tarde o mercado interno acaba por cair
nas mãos de multinacionais que cilindram
qualquer diversidade económico-cultural!

Mas que não estamos bem, não estamos!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2020-09-30 12:32:50
Ontem, o Júdice, no "Causas" da SIC, propôs um esquema
de flat tax truncada, mais razoável, sem a pletórica
devolução de largos rendimentos aos que mais ganham:
- a partir de € 50 000 /ano cessa a taxa plana e aplica-se
a progressividade. Avança também com o englobamento
de rendimentos não-salariais, pelo menos a partir, imagino,
de uma certa magnitude. O efeito útil é sem dúvida o estímulo
à produtividade do trabalho e à vontade de viver (face ao esbater
do horizonte mental de me mera sobrevivência miserabilista) e,
talvez com algum incentivo ao investimento empresarial,
penso que o país encetaria um caminho de progresso!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2021-11-03 19:51:11
Agora que o pc já se chateou com o oco palavreado
propagandístico do costa e o derrubou do governo,
a direita 'progressivo-trabalhista' tem assim uma
hipótese de alcandorar-se ao governo, prestar
pr'alguma coisa que se veja, e melhorar
a sorte de quem trabalha desde que
produza com qualidade, mérito
e utilidade real. É essa,
a aliança que nos
convém!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2021-11-18 08:32:55
Publicado por Raquel Varela,

Em 2020, 52% dos que trabalhavam em Portugal (mais de 2 milhões e 100 mil)
traziam para casa menos de 900 euros líquidos. Só 1,9% ganhavam mais de 2500 euros por mês.
Portugal tem 47% de pobres antes das transferências sociais. Ou seja, quase metade da população
depende de formas assistencialistas para sobreviver! Um milhão de pensionistas recebe menos de 300 euros por mês.
35% da riqueza criada no país pelos trabalhadores vai para 4 milhões de trabalhadores, e 41% para 224 mil que vivem
de rendimentos do capital. Em 2021, 56,6% dos impostos serão impostos indiretos, o mesmo valor de 2011, são os impostos
mais injustos, que penalizam os mais pobres, por serem regressivos – paga mais quem ganha menos. Mais de 700 mil pessoas
em Portugal recebe o salário mínimo. O Prof Pereirinha, no ISEG, calculou o salário mínimo real (rendimento adequado) – ou seja,
um cabaz para o qual se aufere o mínimo para viver e repor a força de trabalho, alimentação, habitação, isto em valores mínimos,
daria cerca de 1000 euros. O salário mínimo quando foi criado correspondia a um cálculo médio dos gastos de reprodução
dos trabalhadores e suas famílias – hoje ele não cobre o mínimo. Temos assim mais de metade da população que trabalha
que não recebe o mínimo para viver (recebe abaixo de 1000 euros). Se juntarmos os 800 mil desempregados (calculando
os oficiais e os que deixaram de procurar emprego) e os pensionistas, temos mais de 70% da população a viver
abaixo do mínimo real. Entre 30 a 60% dos trabalhadores em média encontra-se em situação de desgaste,
burnout ou sofrimento no trabalho. Entre 2006 e 2008 diminui de 52,3% para 48,6% a percentagem
do salário médio pago aos portugueses em reação ao salário médio hora na Europa.
A remuneração horária bruta total era em junho de 2020 6,05 euros. Em 2020
a dívida das administrações públicas correspondia a 160% do PIB.
Tudo isto corresponde a cada vez pior saúde, educação e
ausência de qualquer estratégia no sistema educativo
científico nacional.


Não há um debate
sobre

o que produzimos,
como produzimos,
para quem produzimos.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2021-11-18 14:03:09
estados gordos

ja nem sabem basico

que e  comer....almocos...

paises falidos tem comer ne!

bem se ve comunismo sempre foi desgraca nos almocos

raquel nem fala disso


por exenplo comunista ou socialista  quer logo saude educacao e tal  casas , transportes o capital dos outros etc depende grau socialismo cada um

mas em africa secalhar mais valia comecar com almoco
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2021-11-18 14:55:11
Não discordo desses remoques que são reais quando os despojados se alçam ao poder.

Contudo, é inaceitável que se empobreça(*) a trabalhar. Se trabalhar inclui fazer 'biscates'
baratos, tal é desemprego simplesmente, economia paralela, que não tem de estar
incluída em qualquer obrigação de pagamento mínimo de salários. É pura troca
privada de utilidades e, quando muito, objecto de cuidados de assistência social.

Agora o que se impõe é erguer uma economia competitiva e variada, i.e.,
com sectores de actividade de ponte e sectores tradicionais viáveis.
Só com esse dinamismo e abertura a novos trabalhos
o salário médio se distinguirá do salário mínimo,
as carreiras profissionais e o elevador social
passam a existir e tudo isso coexistindo
com sectores de menor intensidade
capitalística e, incluso, com apoio
e assistência social aos
despojados ou
inaptos.

(que de qualquer modo, para lá
da república de cidadãos,
há as pessoas que se
ainda não morreram,
vivem e têm a
condignidade
desse direito.)


(*) Isto é, que se seja roubado.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2021-11-18 15:19:18
querem tudo  nao tem nada

por isso comunas sempre foram desgraca


ha coisas tem ir falencia

quando ha monopolios e criar condicoes de concorrencia


nao sei porque querem plano economico se nunca deixam falir nada do partido...

em cuba  e quase tudo como nos anos 1970...

isso comunistas fazerem grandes planos e treta   os gajos pouco mudam  porque nunca deixam ir nada falencia

grandes planos ecomicos dos comunistas e nunca deixar falir nada... so paises e pessoas vao falencia e ficam sem jantar, comunistas ficam na mesma!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2021-11-18 19:48:04
Essas observações não são impertinentes.
Porém, descentram-se de dois pontos-chave:

Aprovo partidos políticos que ousem fazer crescer
o país económico, condicionado a tal desideratum.

E só dois partidos o proclamaram abertamente
nas penúltimas eleições: o pc e o il.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2021-11-18 19:51:54
ate nao era dificil fazer crescer portugal, porque ele cresce....

mas portugueses secalhar  gostam ser pobres quando  andam nacionalizar buracos cada 10 anos  e crescimento vai para buraco!
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2021-11-18 21:49:48
Tens razão. Sem viabilidade, não deve
insistir-se manter em exercício
empresas em dificuldade.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Kaspov em 2021-11-19 01:05:01
Sem dúvida.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2021-12-10 21:00:14
Qual é a actividade de e com futuro
em que Portugal possa ter
vantagem competitiva
sem ser nenhuma
actividade
ilícita?
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2021-12-10 21:06:39
É que precisávamos de um ou de um naipe
de actividades onde realmente
as condições naturais
ou adquiridas
do povo

pudessem conceder-nos
uma marcada vantagem competitiva
que financiasse o que carecemos
comprar, por não conseguir 
ter ou produzir e assim

melhorarmos o nível de vida
da população no dia
a dia da existência.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2022-06-28 14:00:39
Todo o busílis da distribuição do rendimento
radica no monopólio privado ou público
de recursos e poder, questão bem
dilucidada por David Ricardo.

Inúmeras são as falências e
outras expropriações
por ele explicadas

duzentos anos antes de acontecerem!

Límpida e clara abstracção do fenómeno:

(https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9pTFjzppdS19rgzWCiFfxVRWP_DPfrJCADpjz8juf17hX7cAuHtzlnhCGw2Y5EEAHRFeZJ9JQMhwZ3qFxCPfsqIpn3qU0jQukdClb9l9dmCNjLVMJaI9pud4gzGs94MH7aVZ8j--Q8ophE3ZfFYXlGNiRiYhv-OnOiokhL0T4WICXBYYjIe3O0zdygg/s2560/P6280057.JPG)

A recta inclinada mede o custo de produção
por ordem crescente dos agentes A a F,
que o mesmo é dizer por ordem
decrescente dos respectivos
lucros.

Se a procura solvente requerida
pelo mercado de compradores
exigir a quantidade total
dos produtores A a F,
i.e.,
dos mais produtivos (intra-marginais, A e B)
aos menos produtivos (marginais E e F),
o preço de mercado cobrirá o custo
destes últimos.

Daí a renda diferencial de monopólio
que existe universalmente na
diversidade natural e
tecnológica

de produzir bens.

(ou de criar escassez artificial por
expropriação de concorrentes falidos)

Sempre que os produtores, os cobradores de juros
e de impostos, arrecadam mais do que retribuem
em forma de novos investimentos
e prestação de serviços, a
economia deprime
e a população
empobrece.

No equilíbrio do rendimento, originado
na produção dos bens, na sua distribuição
a quem os produz, incluindo a repartição
do bem-estar crescente, em fase
de desenvolvimento, está
o critério de bem
governar um
país.
 



Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: jeab em 2022-08-15 18:27:06
 :(
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: hermes em 2022-08-15 19:08:26
Bem me pareceu que a imagem estava incompleta: o sujeito do canto inferior direito é deveras curioso por se destacar dos demais. Creio que o original seja romeno com o título correspondente "In sfarsit sunt patron!"="Finalmente sou patrão!". Interessante, é o título do sujeito no canto inferior direito: "Garda Forestieră"="Guarda Florestal" -- uma alusão a Ralph Waldo Emerson
Citar
If a man has good corn or wood, or boards, or pigs, to sell, or can make better chairs or knives, crucibles or church organs, than anybody else, you will find a broad hard-beaten road to his house, though it be in the woods.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2022-08-15 20:55:26
-:)  É bem verdade!

Claro, sem Estado,
nos tempos bíblicos
da Babilónia, havia
sempre o risco
causado pelos
que iam roubar
prá estrada,
- lembra-me
o filme do
Sansão e Dalila,
dos Juízes de Israel,
em Canann.

Hoje em dia,
é mais uma
actividade
nacionalizada
pelo Estado,
e assim
mingua
a iniciativa
privada.


(https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhPpZKShMURq6n871bs7OzE0m9QK2WxKnolKYPBMp911IHWgo3uTXFeUajzYw3Eo-R1diXdK9vMhYoKLUQdmBBfs9k_8RtsJNrgfd78JcUThaw6mKVNxihm__qNhuFJ4fkkUcuDazbgvqahAxkaZSEK-Y7PflI_9pBea2zrwEcarrK6m5dSKK0ij2mlzw)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2022-09-14 11:19:03
Final mente! Confiscada, tributada,
a renda diferencial do petróleo e gás.
Está de parabéns, Ursula von der Leyen.

(https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c1/Von_der_Leyen_2010.jpg/200px-Von_der_Leyen_2010.jpg) (https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9pTFjzppdS19rgzWCiFfxVRWP_DPfrJCADpjz8juf17hX7cAuHtzlnhCGw2Y5EEAHRFeZJ9JQMhwZ3qFxCPfsqIpn3qU0jQukdClb9l9dmCNjLVMJaI9pud4gzGs94MH7aVZ8j--Q8ophE3ZfFYXlGNiRiYhv-OnOiokhL0T4WICXBYYjIe3O0zdygg/s320/P6280057.JPG)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Smog em 2022-09-14 16:00:16
Cortes na energia? Que se amanhe ela, a grande estratega....! >:(
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2022-10-06 18:37:08
E vejam como Alexandre Herculano
mostra o que David Ricardo
demonstrou ser o travão
determinante do
crescimento
económico,
e fautor
de má
distribuição
do rendimento.

_________________________________________________________________________________

«O catolicismo, no seu culto das imagens, nas suas festas, nas suas visualidades,
como vós lhe chamais, cometeu o grave erro de supor que a maioria do género humano
não era composta de filósofos, nem capaz de um espiritualismo absoluto; de abstrair
inteiramente das coisas sensíveis para remontar ao céu.

O catolicismo lembrou-se das doutrinas de Cristo; acomodou-se à curta compreensão
dos pequenos e dos humildes. Vós tendes um evangelho mais fidalgo e altivo.
O protestantismo convém por isso ao Reino Unido, onde os quatrocentos
mil senhores do solo são tudo, e são nada quinze ou vinte milhões
de servos de gleba e de mendigos.»

           
      Alexandre Herculano
_________________________________________________________________________________

Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2022-10-10 21:22:27
ate agora destribuicao rendimento no primeio mundo desde 2008

mais parece o modelo sul americano

onde acaba tudo com inflacao


Inflação do Brasil é inferior à de países desenvolvidos, incluindo europeus
Após dois meses consecutivos de queda, a inflação do Brasil é agora inferior às de alguns países desenvolvidos, incluindo os membros da zona do euro e o Reino Unido. Além disso, se aproximou do índice dos Estados Unidos.

anda costa todo contente por ter inflacao maior que bolsonaro....



O Brasil tem, historicamente, uma média de inflação mais alta do que o mundo, por isso nós lidamos melhor com ela", comentou.



   historicamente a europa ja nao sabe o que e inflacao
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2022-10-11 10:56:34
O ´problema' da inflação é o de uma vigarice à alves dos reis;
de modo que, ou é sequenciada por uma simétrica neutralização deslizante
ou é percepcionada como a pura vigarice que é. Porque, muito embora
o dinheiro, a moeda, exista para facilitar as trocas e democratizar
as poupanças, assim respeitando a liberdade das famílias,
das pessoas e da iniciativa empresarial, ela ou é credível
como valiosa para quitar obrigações ou de nada presta.
Assim, pode dar-se que a perícia brasileira
em neutralizar a inflação seja exímia
pela prática que têm. Mas bom
é ser produtivo e sábio
explorar os recursos
que haja ao dispor.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2022-10-11 16:57:10
antigamente  com outro sistema financeiros casas custavam menos

e duravam uns 120 anos

ate romanos ha  2000 anos  construiram pontes ainda estao de pe.....  estes gaijos sabiam fazer cimento que dura 2000 anos.....

eram mlhores construidas e mais baratas....no sistema dos conservadores...


hoje dia custam  mais e duram 50 anos.... ou 60 anos vida casa moderna....

dura mais credito que as casas....hoje dia....

os progressistas ....sao vigarice


tem hipotecas por casa vida toda por coisa dura metade da vida de uma pessoa..ou seja 50 anos

antigamente no sistema antigo financeiro pessoas tinham carros duravam 20 anos na boa

hoje dia duram 10 anos com sorte


quem paga inflacao...sao produtos..cada vez sao mais fracos tem menos tempo de vida


A duração média de uma bateria automóvel situa-se entre os 3 e os 5 anos..isto esta cada vez pior

e pedem 40 000 euros por isto...
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2022-10-11 21:00:07
É a lógica da roubalheira, do lucro imediato,
com todas as externalidades negativas.
Social mente denunciemos a vigarice,
a mediocridade, envergonhemos
todo o consumo idiota.
Com a lei e por lei
combatam-se,
punam-se
os fora-da-lei.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Reg em 2022-10-12 18:37:49
ganso de ovos de ouro” pretendeu “incentivar o tecido económico,” ou melhor, “algumas empresas de serviços técnicos e de consultadoria” à custa dos fundos europeus. Mas ao contrário do “Fontismo” não cria dívida suficiente que desequilibre o orçamento. Cria sim, expectativas, é um bom elemento de propaganda, tem um custo inferior ao das obras e é inesgotável. Exemplos da “mina do ganso dos ovos de ouro” estão patentes nas obras públicas que têm vindo a ser apontadas como eminentes e imprescindíveis – novas pontes (Douro); projecto ferroviário de alta velocidade; o novo aeroporto de Lisboa, projecto do hidrogénio, SIRESP (não, não é engano. Este é um bom exemplo. O SIRESP foi iniciado em 1999, teve as suas crisálidas que migraram do governo de Cavaco Silva e para lhe dar uns tons democráticos com elementos do PS, mas que até meados de 2015 teimava em não sair dos projectos, estudos, ensaios piloto e fases experimentais, etc. Na primeira ocasião em que o mesmo foi necessário, logo se ficou a saber que tudo não passava de propaganda e distribuição de dinheiro pelas crisálidas), etc. Tudo projectos que se criam no papel, para os quais se fazem concursos e se litiga em tribunal. E quando tudo parecia resolvido, abandona-se o projecto com indemnização de todos os intervenientes – nova ponte sobre o Douro para travessia do metro, porque um novo projecto, um de mérito superlativo surgiu entretanto!

ate estes gaijos com inflacao nao fazem produtos

fazem estudos e anulam estudos com direito indeminizacao....

como carros da tap...   nao vieram os carros mas tiveram pagar indemenizacao


ocidente esta ficar sitio sem produtos de geito
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2022-10-12 21:07:58
Boa denúncia!

É a mediocridade terciária,
cleptocrática reinante
nesta república
das bananas.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2023-10-31 07:02:03
Posto que o OE 2024,
baixa tributação do rendimento
e aumenta a de consumo de bens
e serviços públicos, a defesa imediata
é a de consumir sem pagar tributo.
O modo óbvio: pagar a dinheiro,
sem traço na banca usurária.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Kaspov em 2023-11-02 21:08:19
Posto que o OE 2024,
baixa tributação do rendimento
e aumenta a de consumo de bens
e serviços públicos, a defesa imediata
é a de consumir sem pagar tributo.
O modo óbvio: pagar a dinheiro,
sem traço na banca usurária.



Mas pagar a dinheiro não altera a taxa do IVA...    ::)
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2023-11-02 21:40:36
Diminui o total de iva cobrado
sobre o volume real de transacções
de compra e venda. Todos os actos
de comércio efectuados, solvidos
a dinheiro, quitam dívidas e
a autoridade tributária
pode receber zero
da fonte que
nada haja
cobrado
e retido.
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: vbm em 2023-11-02 21:45:09
Uma actuação defensiva
compreensível face à
brutalidade do peso
do Estado sem
contrapartida.

E o próprio consumo pode
retrair-se para o que é essencial
até que o Estado aprenda a governar.

É caso para dizer como
os sacos de compra da Sonae:
«Less is More»
Título: Re: Redistribuição de rendimento
Enviado por: Kaspov em 2023-11-02 21:54:25
Uma actuação defensiva
compreensível face à
brutalidade do peso
do Estado sem
contrapartida.

E o próprio consumo pode
retrair-se para o que é essencial
até que o Estado aprenda a governar.

É caso para dizer como
os sacos de compra da Sonae:
«Less is More»



Pois, isso é verdade...   ::)