A Jonet, este governo e seus acólitos e aqueles que não arranjam escravos para apanhar azeitona (vejam lá vcs...) , gostam é disto:
“Era um mundo de diminutivos e de diminuídos” do catecismo do Estado Novo e da Igreja Católica que, na ficção piedosa da padralhada debochada e rubicunda, entendia que o sofrimento e a miséria eram condições sine qua non se lhes abriria, aos pobres, o reino dos céus. Por esta altura, a beatada em peso, o professor e o padre derretiam-se em homilias da necessidade de ajuda ao pobrezinho. Que vivia “tristemente sentado nos degraus da igreja” ou “pacatamente esfomeado às portas das casas”. Era uma obra de caridade ajudar os pobrezinhos, dizia-se. “Minha senhora, está ali um pobrezinho a pedir esmola”. “Maria, dá qualquer coisa ao pobrezinho”. E a Maria dava. E o pobrezinho lá ia, reverente e agradecido. “Que Deus Nosso Senhor o ajude. Seja pelas alminhas de quem lá tem”. Havia um ou outro pobrezinho com mais sorte, abrindo-se-lhe as portas onanistas dos seminários, por influência de alguma tia velha junto do senhor prior, que era o representante de Deus na terra. Outros acabavam a criados de servir, agradecendo reverentemente os restos que sobravam das mesas dos seus senhores e que, não raramente, repartiam com os cães. Muitos deles, analfabetos e embrutecidos pelo álcool, viviam no terror de incomodar a autoridade ou a caridade que lhes matava a fome. Era o esplendor do salazarismo, antes que a emigração da década de 60 espalhasse o analfabetismo escravo dos portugueses pelos bidonvilles da periferia das principais cidades francesas."
Esquecem-se de uma coisa chamada
CIDADANIA