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Autor Tópico: Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo  (Lida 34083 vezes)

Automek

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #20 em: 2012-11-05 22:37:49 »
Sobre vender o nome do país, a bandeira e o hino, se o preço equivalente permitisse um nível de vida razoável à população pagando uma boa parte dos custos do Estado, seria praticamente um crime não o fazer.
Sendo o nome do país uma coisa indivisível, era um tema que deveria ser referendado.  ;)


com todas as chatices inerentes).
Para ti ou para ele  ? :D :D :D :D :D :D

Incognitus

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #21 em: 2012-11-05 23:07:15 »
Sobre vender o nome do país, a bandeira e o hino, se o preço equivalente permitisse um nível de vida razoável à população pagando uma boa parte dos custos do Estado, seria praticamente um crime não o fazer.
Sendo o nome do país uma coisa indivisível, era um tema que deveria ser referendado.  ;)


com todas as chatices inerentes).
Para ti ou para ele  ? :D :D :D :D :D :D

Para mim, que as minhas notas eram melhores.
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tatanka

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #22 em: 2012-11-06 13:35:03 »
Citar
Sobre vender o nome do país, a bandeira e o hino, se o preço equivalente permitisse um nível de vida razoável à população pagando uma boa parte dos custos do Estado, seria praticamente um crime não o fazer.
 
Sobre vender o nome e afins a uma marca, deveria ser uma decisão do indivíduo. Porque não? Porque sentes que uma matriz na qual estás inserido o acha moralmente inaceitável? Tatankov, objectivamente é só um nome, que até pode ser repetido pelo que nem tem nada de individual (eu que o diga, que já tive em criança um outro puto com o nome exactamente igual, na mesma escola e com a mesma idade, com todas as chatices inerentes).

Bem, pondo a coisa em termos economicos, o nome de um país, uma bandeira, o hino, a identidade cultural de um povo, são bens intangiveis que pertencem a toda uma nação.

Fazendo o paralelismo para uma empresa, seria comparavel (numa escala diferente) á "Marca" .

A questão é que para mim, e acredito para a grande maioria da população, a "marca Portugal", tem um valor a tender para infinito, enquanto para ti, se calhar vale 10 kwanzas.




“I hate reality but it's still the best place to get a good steak.”
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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #23 em: 2012-11-06 14:16:20 »
Citar
Sobre vender o nome do país, a bandeira e o hino, se o preço equivalente permitisse um nível de vida razoável à população pagando uma boa parte dos custos do Estado, seria praticamente um crime não o fazer.
 
Sobre vender o nome e afins a uma marca, deveria ser uma decisão do indivíduo. Porque não? Porque sentes que uma matriz na qual estás inserido o acha moralmente inaceitável? Tatankov, objectivamente é só um nome, que até pode ser repetido pelo que nem tem nada de individual (eu que o diga, que já tive em criança um outro puto com o nome exactamente igual, na mesma escola e com a mesma idade, com todas as chatices inerentes).

Bem, pondo a coisa em termos economicos, o nome de um país, uma bandeira, o hino, a identidade cultural de um povo, são bens intangiveis que pertencem a toda uma nação.

Fazendo o paralelismo para uma empresa, seria comparavel (numa escala diferente) á "Marca" .

A questão é que para mim, e acredito para a grande maioria da população, a "marca Portugal", tem um valor a tender para infinito, enquanto para ti, se calhar vale 10 kwanzas.

Certamente que a acontecer algo desse género, seria sempre uma coisa referendada. (e claro, isto tudo é no plano teórico e completamente utópico)
 
Mas quanto ao valor que lhe atribuis e que pensas que a restante população atribui, isso já é mais complexo. Se alguma vez tal coisa fosse colocada em termos concretos, tipo "quer que isto se continue a chamar Portugal ou passa a chamar-se Coca-Cola mas recebe 500 euros por mês", irias verificar que esse valor rapidamente era ultrapassado pela oferta monetária (excepto para as pessoas para quem 500 euros significam muito pouco). Até porque na realidade e objectivamente, a coisa chamar-se Portugal ou Coca-Cola tem pouca diferença prática ao passo que o rendimento adicional faz diferença efectiva na vida das pessoas.
« Última modificação: 2012-11-06 14:18:40 por Incognitus »
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Lucky Luke

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #24 em: 2012-12-03 12:55:51 »
Bem, podíamos também vender o nome das nossas cidades a marcas internacionais. Ou até mesmo o nome do país! Que tal???

Os japos já o tentaram :-)

Citar
Uma cidade do oeste do Japão acredita ter encontrado a solução para reduzir sua dívida: está disposta a abandonar seu nome para adotar o de um eventual generoso benfeitor, o que colocou os habitantes em pé de guerra.
Izumisano, situada na prefeitura de Osaka, tem uma dívida de mais de 100 bilhões de ienes (um bilhão de euros), assegurou um dirigente municipal.
Com 103.000 habitantes, conhecida por sua indústria papeleira, busca um patrocinador disposto a pagar ao menos um bilhão de ienes para reduzir uma parte da dívida.
Este benfeitor - as autoridades locais preferem que seja uma empresa - terá de comprometer-se a manter estreitas relações com a cidade durante uns dez anos. As autoridades acreditam que o melhor seria instalar sua sede na própria cidade.
Mas a oferta apresentada em junho ainda não despertou o interesse de ninguém.
Os contrários à ideia, alegam que o nome da cidade tem uma história e que não pode ser vendido ou comprado.

Há clubes que vendem os nomes dos estádios por bom dinheiro. Vender nomes de localidades ou ruas seria uma forma bastante inteligente de as rendibilizar, pois basicamente estar-se-ia a entregar "nada" em troco de recursos.

Melhor que isso, podíamos vender o nome do país, a bandeira, e até mesmo optar por um novo hino nacional, por troca de umas belas massas!

Até tava a pensar em algo mais revolucionário. E que tal se eu vendesse o meu proprio nome, a uma marca? Que é que interessa se fui Zé Manel toda a vida, se puder encaixar umas notas valentes, abdicando do meu nome ?! Seria com certeza um caso bastante falado, bom para mim, e bom para a marca que fizesse o negocio comigo!

Sobre vender o nome do país, a bandeira e o hino, se o preço equivalente permitisse um nível de vida razoável à população pagando uma boa parte dos custos do Estado, seria praticamente um crime não o fazer.
 
Sobre vender o nome e afins a uma marca, deveria ser uma decisão do indivíduo. Porque não? Porque sentes que uma matriz na qual estás inserido o acha moralmente inaceitável? Tatankov, objectivamente é só um nome, que até pode ser repetido pelo que nem tem nada de individual (eu que o diga, que já tive em criança um outro puto com o nome exactamente igual, na mesma escola e com a mesma idade, com todas as chatices inerentes).
claro...venda-se tudo
é só um nome, é só um cu

Incognitus

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #25 em: 2012-12-03 14:36:45 »
Portanto, Lucky, to preferirias manter o nome do país e providenciar um nível de vida substancialmente inferior aos seus cidadãos? Parece uma cena um bocado criminosa, deixares que a tua opinião sobre intangíveis afectasse a vida tangível das pessoas com carácter de lei.
 
Ou será que não compreendeste?
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karnuss

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #26 em: 2012-12-03 16:30:39 »
Porque é que simplesmente não se referenda uma coisa dessas, se algum dia tal proposta existir?

Incognitus

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #27 em: 2012-12-03 16:34:50 »
Porque é que simplesmente não se referenda uma coisa dessas, se algum dia tal proposta existir?

Isso certamente, embora a coisa seja meramente teórica e nunca vá existir.
 
Mas diga-se também que um referendo desses só funcionaria com coisas muito concretas nas perguntas.
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Automek

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #28 em: 2013-01-31 15:06:02 »
No dia 26 de Outubro fui fazer uma alteração de morada da carta de condução (uma mera renumeração do prédio onde moro). Como ainda não recebi a carta nova, hoje liguei para lá.

Resposta da senhora:
- Ah, isso só lá para o fim de Fevereiro ou príncipio de Março é que deve receber
Meu comentário:
- Está atrasado, é ?
Resposta da senhora:
- Atrasado ? Não, é o prazo normal. Costumam ser 4 a 5 meses.

Agradeci e desliguei. Não me senti em condições de continuar a conversa...   ::)

John_Law

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #29 em: 2013-01-31 15:24:54 »
Eu recebi a minha ontem e tirei-a em Agosto.

Automek

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #30 em: 2013-01-31 15:41:35 »
Eu recebi a minha ontem e tirei-a em Agosto.
Se o cartão do cidadão sai numa semana (ou duas, não me lembro bem), porque raio é que as cartas demoram tanto. Tem de haver aqui muita incompetência em quem está à frente daquilo.

Smog

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #31 em: 2013-01-31 19:38:13 »
Existe um outro Inc? Interessante... :D
wild and free

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #32 em: 2013-01-31 19:56:04 »
Existe um outro Inc? Interessante... :D

Como?
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John_Law

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #33 em: 2013-03-01 18:17:19 »
Citar
Jovem Gaspar e a Cultura: o problema da "participação humana praticamente irredutível"

As actividades culturais sofrem da doença dos custos. O financiamento do Estado à Cultura favorece os mais ricos. E também há multiplicadores económicos e elasticidades. Diz quem? Dizem Vítor Gaspar e Luís Morais Sarmento. Ou melhor: diziam. Em 1988.

A cultura sofre da doença dos custos: "necessita de uma participação humana praticamente irredutível que não pode ser significativamente reduzida pelo progresso tecnológico". Sobretudo nos espectáculos ao vivo. Como? Simples: "Especificamente enquanto a produtividade do trabalho tem aumentado dramaticamente na produção de mercadorias industriais nos últimos duzentos anos a interpretação de um concerto de Bach incorpora o mesmo número de horas de trabalho e sensivelmente o mesmo equipamento que há dois séculos atrás." Está compreendido?
 
Esta é uma das conclusões de Luís Morais Sarmento e de Vítor Gaspar, secretário do Estado do Orçamento e ministro das Finanças e, respectivamente, autor e orientador do estudo "O Impacto das Actividades Culturais sobre a Economia Portuguesa", a que o Negócios teve acesso... na biblioteca do Palácio Nacional da Ajuda. O estudo é de 1988. O jovem Vítor Gaspar tinha 28 anos e trabalhava com Morais Sarmento no Gabinete de Análise Económica (GANEC).

O estudo fora pedido por Teresa Patrício Gouveia, então secretária de Estado da Cultura, que revelou a sua existência numa conferência há três semanas em Lisboa. O actual ministro das Finanças não se recorda do estudo. Mas reconheceria com facilidade o que lá está.

Utilizando matrizes de relações inter-industriais, coeficientes técnicos, regressões calculadas pelo método de mínimos quadrados ordinários, t-rácios, comportamento seccional e tecnologia de Leontief, o relatório de cerca de 30 páginas resume elasticidades procura preço e rendimento e multiplicadores económicos. Mas é tão pioneiro quanto pouco exaustivo, o que os autores atribuem à falta de informação estatística então existente. Mas vale a pena ler para perceber o que "pesava" a Cultura há 25 anos em Portugal. Quase nada.

A despesa total em Cultura em 1986 havia sido de 181 milhões de contos, no que mais tarde seriam 905 milhões de euros. O peso da despesa das famílias em actividades culturais estava a crescer e atingia 3% do PIB. A maior parcela da despesa era... na aquisição de televisores (21,9%). Seguiam--se os espectáculos (21,4%), livros (21%), jornais e rádio.

Mas voltemos à "doença dos custos". O problema é que ela "tem como consequência uma situação financeira tipicamente difícil para sectores importantes dentro do domínio das actividades culturais. Esta situação de tensão financeira é tipicamente usada pelos intervenientes na administração das actividades envolvidas para justificar o apoio (ou um maior apoio) por parte do Estado." No entanto, Morais Sarmento e Gaspar consideram "difícil justificar o apoio de qualquer actividade com base no argumento de que a sua situação financeira é delicada." Até porque "é difícil justificar este tipo de apoio com base em argumentos de equidade", uma vez que, conforme o estudo conclui, a oferta cultural é consumida sobretudo por quem tem mais rendimento. Assim sendo, "o suporte a estas actividades constitui um benefício predominantemente maior para os indivíduos mais ricos." Lembra-se de ouvir Pedro Passos Coelho dizer recentemente que o Estado Social beneficia os mais ricos? A escola é a mesma.

Há uma estátua à porta do Palácio Nacional da Ajuda que, dum lado do pedestal, tem a seguinte inscrição: "Restaurou o nosso prestígio na Europa. Encetou o saneamento das finanças e valorizou a moeda". Quem? É D. Carlos, rei durante a última bancarrota do Estado Português. Do outro lado, outra inscrição: "Cultivou e protegeu as artes e as ciências. Impulsionou a agricultura e as Obras Públicas". Pois.

http://www.jornaldenegocios.pt/especiais/weekend/Detalhe/jovem_gaspar_e_a_cultura_o_problema_da_participacao_humana_praticamente_irredutivel.html


Uma nota para os apontamentos do PSG a bold...  ::)

Incognitus

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #34 em: 2013-03-01 18:24:08 »
É um mau texto. Até porque:
1) A cultura se auto-gera mesmo sem apoios;
2) A cultura viável pode ser um impulsionador da economia do país. A inviável (que necessita de apoios), não.
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John_Law

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #35 em: 2013-03-01 18:48:29 »
Não li o estudo mas achei engraçados os comentários do PSG... Não sei se o artigo era de opinião ou não, mas ela ficou dada.

Em relação ao estudo: primeiro, parece que não há nenhuma referência ao problema ético e ideológico da subsidiação. Segundo, a premissa de que os custos de actividades culturais ficaram estagnados é errada: qualquer concerto, filme ou outro espectáculo ficou mais barato de produzir (e mesmo que o custo tivesse ficado constante o tal aumento da produtividade noutros sectores significaria menos recursos para produzir outros bens materiais o que libertaria uma fatia maior do rendimento das pessoas para ser gasto em lazer e cultura; que aliás foi exactamente o que se passou).

Pelo menos levanta o problema de que esses apoios, sobre o falso argumento da equidade, acabam por beneficiar um nicho de pessoas que por acaso até têm recursos acima da média da população.

Luisa Fernandes

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #36 em: 2013-05-06 20:01:56 »
… a forma como certos especialistas, ou que passam por sê-lo, insistem em algo que manifestamente é mentira ou está longe de ser o essencial.

António Costa, do Diário Económico, continua na senda dos que aplaudem uma reforma do Estado que parece apenas preocupada em fazer cortes, rescisões, mobilidades, achando que ainda isso é pouco, que é mesmo preciso é abandonar serviços.

Não se lê qualquer preocupação com os procedimentos, não se lê nada sobre mecanismos de controle das más decisões de gestão ao nível político ou empresarial e transfere-se sempre o ónus do peso da despesa para os executores de base.

Mas não é o único. Não deixa de ser espantoso que larguíssima maioria dos especialistas, desde quem escreve há anos e anos sobre estes assuntos até quem foi decisor político com acesso a todo o tipo de informação, tenha optado por culpar sistematicamente quem tem menos capacidade de pressão nos corredores políticos, enquanto parece absolver em termos práticos quem influenciou ou tomou decisões brutalmente gravosas.

Fala-se do BPN como se tivesse sido apenas Oliveira e Costa a lucrar, do BPP como se tivesse sido apenas um azar de João Rendeiro, do Banif e BCP como se os seus prejuízos não tivessem responsáveis e o Estado fosse obrigado a ampará-los através da CGD, das PPP como se fossem apenas culpa de Paulo Campos e não de uma rede de tráfico de influências junto do Estado, desta coisa das swaps como se não fosse uma prática comum de yuppies tardios a brincar com o dinheiro alheio, certos de não serem responsabilizados por nada e de, após uns meses de afastamento estratégico, serem recuperados para cargos equivalentes ou refúgios nas empresas que foram objectivamente beneficiadas em detrimento do interesse público.

A reforma do Estado não passa por menos funcionários, pior pagos, de forma a degradar os serviços prestados que fazem ainda mais falta num contexto de crise.

Passa por existir a coragem para mudar procedimentos ao nível das decisões de tipo, da ocupação de cargos e da ética do serviço público.

Mas como é possível achar isso em quem diz mal do Estado que usa como alavanca para se desenrascar na vida, culpando sempre os outros pelas suas asneiras e incompetências?

Enquanto a informação alinhar em esclarecer apenas as partes da história que dão jeito a dado grupo de interesses em dado momento, a sua credibilidade cai muito, pois fica-se com a percepção que, tal como no Estado, ao nível do topo se tomam más decisões de que são sempre os mais pequenos (os jornalistas no terreno) a ser responsabilizados quando algo corre mal. Como previsto.
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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #37 em: 2013-05-06 20:04:54 »
O BPN não teria sido um problema tão grave para o Estado se tivesse sido nacionalizado apenas após impor perdas aos credores e depositantes acima do limite de protecção.

A melhor forma de controlar a gestão do Estado, é desenhar os sistemas de forma a que esta seja punida pelo mercado. Por exemplo na educação,  autonomizando as escolas, tornando as suas receitas dependentes dos alunos que captarem, e dando a escolha das escolas aos pais - públicas ou privadas, comparticipando o Estado a educação em função dos alunos captados. As escolas poderiam contratar, despedir, promover, remunerar, avaliar, como quisessem (dentro das receitas que tivessem captado, claro) - porque os pais tenderiam a escolher as melhores.
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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #38 em: 2013-05-06 20:11:55 »
O lobby privado na área da Educação ganhou muita força, beneficia de cumplicidades evidentes na estrutura política do Governo e tem feito passar uma mensagem que, em nome de uma alegada “liberdade de escolha” amputa a informação e distorce a realidade vivida em outros países, nomeadamente naqueles em que (como a Holanda) a gestão privada não pode acumular lucros para distribuições pelos “empreendedores”. Ou faz por ignorar a quebra de resultados dos alunos e o aumento da segregação socio-educativa em países onde o cheque-ensino foi introduzido de forma massificada (caso da Suécia).
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Incognitus

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Re:Porque é que dentro do possível, se deve privatizar tudo
« Responder #39 em: 2013-05-06 20:15:38 »
O lobby privado na área da Educação ganhou muita força, beneficia de cumplicidades evidentes na estrutura política do Governo e tem feito passar uma mensagem que, em nome de uma alegada “liberdade de escolha” amputa a informação e distorce a realidade vivida em outros países, nomeadamente naqueles em que (como a Holanda) a gestão privada não pode acumular lucros para distribuições pelos “empreendedores”. Ou faz por ignorar a quebra de resultados dos alunos e o aumento da segregação socio-educativa em países onde o cheque-ensino foi introduzido de forma massificada (caso da Suécia).

O que é que importa se existem ou não lobbies privados? A ideia é proporcionar UMA educação a cada criança, e que cada criança tenha igual apoio do Estado, e que os pais escolham onde querem educar a criança de forma a obterem o que julgam ser melhor para ela.

Quem é que com base em motivos e nuvens ideológicas se poderia opor a qualquer destes pontos? Não faz qualquer sentido - principalmente porque se existissem muitas pessoas a oporem-se, poderiam criar, dentro de tal sistema, um que funcionasse como queriam. O que significa que opor-se a isto é querer especificamente um sistema para quem com ele NÃO concorda!
« Última modificação: 2013-05-06 20:16:10 por Incognitus »
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