o unico imperador conquistar alguma coisa foi nicolau 2
tirou filandia dos suecos!
e fez pais daquilo
uma parte da Suécia e fez pais daquilo
Nicolau II resignou de uma maneira pacífica. Não lutou, não resistiu, mas as coisas saem do controlo até chegarem ao ponto de lhe assassinarem a família inteira. Era preciso? É a fraqueza do imperador que deixa os revolucionários cada vez mais entusiasmados, o prazer da humilhação, o quê? Nicolau II não estava propriamente a resistir para ser preciso matá-lo…
Os comunistas temiam que se o imperador caísse nas mãos dos contra-revolucionários eles o usassem como bandeira. E além disso temiam que a velha afeição pelo czar pudesse regressar. Na Rússia, quem quisesse juntar um exército tinha de recrutar camponeses. Como é que seria possível rivalizar com um exército que tivesse o czar à cabeça? Os comunistas tomaram uma decisão clínica: era preciso eliminar essa possibilidade. Por isso quiseram livrar-se de todos os Romanov vivos. E fizeram-no, mataram não só Nicolau II, a mulher e os filhos, mas todos os outros Romanov. Até teriam matado a mãe do imperador se ela não tivesse fugido antes para a Ucrânia. Sítio que os alemães tinham ocupado, foi para território inimigo!
Impressiona acima de tudo o assassinato bárbaro de cinco crianças. Por toda a Europa da altura houve atentados contra reis, príncipes, grão-duques, mas este parece mais cruel do que qualquer outro, com todos fechados numa cave, é sinistro…
Sim, é particularmente bárbaro, mas a Rússia estava a cair na barbárie de uma guerra civil. Havia milhões de pessoas armadas pela Rússia fora. Era um país com demasiada experiência de conflito armado. Presa na ideia de que a violência era a forma mais rápida de resolver um problema social. Daí que a paciência estivesse em baixo.
A monarquia, pelo menos no plano externo, podia em parte funcionar como um remédio contra isso. De alguma maneira, os parentescos entre as famílias reais funcionavam como uma forma de suavizar a guerra. Era primos, que se tratavam como inimigos, mas não como monstros contra quem tudo valia. As ligações entre casas reais eram também um fator de paz, mesmo em tempo de guerra. Com a queda delas não houve substituto.
Não sei bem se isso funcionaria. No fim de contas, Guilherme II na Alemanha foi lesto a começar uma guerra com a Rússia. O parentesco com Nicolau II não o travou e não impediu Nicolau II de se atirar para a guerra com entusiasmo. As ideias de honra nacional ou imperial eram fundamentais para as monarquias, ideias essas que a esquerda em geral não partilhava (em 1914 o pacifismo estava quase todo na esquerda). As ligações familiares podem ajudar a concertar a paz, mas as atitudes familiares dentro das famílias reais eram envenenadas por noções fortes de nacionalismo que concorriam contra a paz.
A contra-revolução mais expressiva vem da Ucrânia. Sobretudo da Crimeia, o lugar de exílio da nobreza, o lugar em que o imperador é mais acarinhado e o império mais querido. Isto não complica a situação dos dias de hoje da Crimeia, no sentido em que há uma ideia antiga de fidelidade à Rússia?
Sim. E se lermos as entrevistas de Putin vemos que ele diz muitas vezes “somos o mesmo povo”. Ele não aceita que os ucranianos são diferentes, que votaram pela independência. É um típico imperialista russo. A política ucraniana e as aspirações dela à independência tiveram sempre esta sombra por detrás. Já em 2008, na conferência da Nato em Bucareste, Putin disse-o diretamente: “Não pensem que não haverá consequências se expandirem a Nato até à Ucrânia”. A Ucrânia não entrou na Nato, mas o que Putin queria dizer era para não se olhar para a Ucrânia como um país como a Polónia. A Rússia tem um interesse particular na Ucrânia.
A morte dos Romanov destrói o mito do primeiro comunismo como um comunismo mais puro e pacífico, estragado por Estaline, como Gorbachev gostava de advogar. A morte dos Romanov mostra a violência do Leninismo.
Acho que a resposta está no facto de os russos, entre meados dos anos 80 e o fim dos anos 90, terem atravessado um período de grande, grande instabilidade. No fundo perderam uma guerra, perderam a Guerra Fria e sofreram uma grande depressão económica. É uma experiência perturbadora – a Alemanha passou pelo mesmo no fim dos anos 20 e aconteceu o que aconteceu. Numa escala ligeiramente diferente passa-se o mesmo com a Rússia. Nessas circunstâncias não surpreende que o povo russo aprecie um homem que restaure a ordem, a estabilidade. Isto tem muita importância, ainda mais se algumas das condições materiais melhorarem. E melhoraram entre 2000 e 2013/14. Não por mérito de Putin. Deve-se à subida do preço do petróleo. Qualquer um conseguia ter feito o mesmo. Se Ieltsin tivesse vivido mais tempo e tivesse sido menos bêbedo conseguiria fazê-lo. Qualquer um conseguia, mas Putin ficou com os louros. Embora tenha muita popularidade, há muita desconfiança entre os Rússia em relação à maneira como a economia é dirigida, tal como em relação à política ou à sociedade. Há muita desconfiança, de tal forma que a bolha pode rebentar de repente. Ainda não aconteceu, mas pode acontecer. Por isso é que Putin tem tanto interesse em dizer “não à Revolução, não devíamos ter matado Nicolau II!”
Porque é que precisavam de matar as crianças?” Isto mexe realmente com ele. E claro que mexe – ele não quer ter o mesmo destino que os Romanov! Quando os russos se revoltam, explodem. 1905, 1917, 1921, muito perto disso em 1953, 1962, 1989, estas coisas já aconteceram, e mais vezes na Rússia do que em qualquer outro país da Europa.