As democracias eleitorais para sobreviverem sem
manipular e infantilizar o povo têm de governar
o país por eleição de representantes que
ajam condicionados a instituições
independentes entre si.
Não apenas a separação de poderes
legislativo, executivo, judicial,
mas também, liberdade
de associação, imprensa
sem censura político-
-televisiva, instituições
com direito de oposição
a directrizes políticas
arbitrárias.
Por exemplo, como é possível
que não se denigra o silêncio
do primeiro-ministro
no panorama grevista
em curso, quer nos
transportes, quer
na escola pública!?
Agora que o Medina Carreira
morreu, já ninguém vai à televisão
denunciar a inanidade do governo?
Agora que a liderança do PSD
se manifesta ainda pior do que
a de Rui Rio, ninguém abre o bico?
Estão com medo que a coisa piore, é?
Não vejo porquê? É mais fácil cindir
o PS e formar um governo com apoio
parlamentar de separatistas pluripartidários
e independentes, e correlativa subordinação
de extremistas e neutralidade comunista
do que continuar na pasmaceira actual
com a extrema direita desvairada
a rir-se de tudo e de todos.
Quem manda no governo não é o partido do governo?
Quem manda no executivo não são os partidos do parlamento?
O que esperam os políticos do ps, do psd, do il, do pc
para substituírem o governo e irem falar com
os grevistas, comunicarem aos jornalistas
as suas ideias sobre a saída da crise,
formrem e proclamarem um
governo-sombra que
arrase o que esteja
errado na actual
política e aprove
o que está correcto.
Gostava de ver essa revolução!
Até os jornais decuplicavam as vendas!
E consoante a qualidade das entrevistas
televisivas, um terramoto sacudiria
as audiências dos canais e
o marasmo da opinião
pública.
Gostava de ver.
Uma bela comemoração
do cinquentenário
do regime!
Um 25 de abril nado-neto,
desenvolvimentista, sério, justo.