E neste caso a situação nem sequer envolve dinheiro, apenas a personalidade e carácter dos envolvidos.
O dinheiro é sempre apenas parte da questão -- tem a ver com status, grupos, etc, e o dinheiro contribui para isso.
A razão pela qual os humanistas detestam o mercado e o dinheiro não é por o mercado e o dinheiro serem coisas más. O mercado e o dinheiro são coisas inacreditavelmente boas e o seu princípio de funcionamento é incrivelmente ético (impõem a reciprocidade). O problema é que o mercado resulta das decisões voluntárias e incontroláveis de muita gente, em vez das decisões arbitrárias de pouca. No mercado a forma de se chegar ao topo é servir os outros -- é uma coisa muito desconfortável e "injusta" no "reconhecimento do mérito" de uma pessoa. Além de tremendamente trabalhosa e incerta.
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Basicamente é uma guerra entre duas formas de pensar:
* A que quer partir dos princípios simples e deixar a coisa funcionar "Independentemente dos resultados" -- admitindo que se os princípios são respeitados, os resultados são justos.
* E a que quer partir dos resultados desejados e impor as regras com base nisso.
Isto é evidente se olhares para os debates constantes. Uma cultura tem que ser apoiada sobre a vontade do público, porque senão o que é subsidiado são as mamas da Soraia. É essa a base. Quer-se o resultado e define-se o sistema, em vez de se adoptar um princípio neutro (todos são iguais) e deixar funcionar.
Imagina o futebol jogado segundo a mesma ideologia. A coisa seria mais ou menos assim "Quero que o Benfica ganhe" e depois estabeleciam-se as regras.
No geral concordo contigo.
Para mim é espantoso que com tanta história de líderes "bem" intencionados e que vendem à população novos paradigmas, utopias, etc, baseadas na visão dum grande líder, dum visionário, do líder carismático e que tantas correram mal (e em alguns casos não há adjectivos que sejam suficientes) que se continue a insistir neste tipo de modelos.
Em relação aos indivíduos:
Eu cada vez consigo encaixar menos este tipo de postura. Se estivermos a falar do colectivo são pessoas super preocupadas com "os outros", bastante à esquerda, etc.
O problema é quando vemos o que é reflexo da acção de cada uma das pessoas isoladamente. Deitar lixo no chão, não respeitar filas, maltratar funcionários em lojas e restaurantes "porque eu pago", pensar que porque tem uma criança tem o direito de ter prioridade em todas as situações, maltratar familiares idosos e por aí fora.
A postura do indivíduo é díspar daquilo que defende para a colectividade.
Ainda no Sábado estive no Porto e aquilo era ridículo. Duas Avenidas principais com caros estacionados em plena faixa de rodagem. Não um carro ou dois, mas dezenas deles. Ou seja; eu quero estacionar aqui, os outros que se f#dam. Atravessar passadeiras ... é melhor abrir bem os olhinhos e ter paciência, que ninguém para.
Em cidades pequena é passar perto duma escola e ver o caos ... os outros que esperem.
Passeios de zonas reformadas e requalificadas cravejados com milhares e milhares de chicletes. Calçadas cagadas por cães, coisas desse gênero.
Enfim ... n situações em que não há respeito nenhum pelo próximo, pelo direito do próximo.