João Miguel, Pá, Pensa Um Bocadinho Antes De Escreveres
Desculpa a forma coloquial do tratamento, mas pareces ser um tipo informal e todo porreiraço e tal.
Eu percebo que andes chateado com o Crato e com o Governo, até com maioria de razão pois és da área política em causa.
Percebo que as coisas tenham afectado a tua descendência e estejas irritado. A minha petiza também está numa turma de 30 e como é das últimas, fica lá atrás e mal vê o raio das letras no quadro branco todo interactivo por causa do reflexo da luz deste verão tardio, pois não há sempre estores nestas salas de aula em escolas não “intervencionadas”. É uma treta.
Mas isso não deve toldar-te o raciocínio ao ponto de baralhares tudo.
Ora vejamos o que escreveste:
Nuno Crato justificou a reordenação no concurso da Bolsa de Contratação, e o subsequente atraso num processo que já estava atrasadíssimo, com “injustiças” que necessitavam de ser “corrigidas”. Mas lá está: mais uma vez, é o superior interesse do professor a ser colocado à frente do superior interesse do aluno. Em vez de se atribuir horários zero aos docentes que foram prejudicados pelo erro do ministério e não conseguiram colocação, Crato preferiu prejudicar os alunos que já estavam a ter aulas e retirar-lhes um professor que, para todos os efeitos, consideravam como seu. O interesse do aluno, como sempre, contou zero.
Eu até concordo com o facto dos interesses dos alunos valerem nada para este MEC.
Mas… mas… ó João Miguel, relê lá o que escreveste.
Então o interesse dos professores foi perderem a colocação e irem de malas aviadas outra vez, depois de as terem aviado para virem?
O resto do artigo até faz algum sentido e eu até me ofereceria de bom grado para ir dar aulas de História à turma da tua filha, se isso garantisse que recuperavas o pensamento lógico.
Mas… mas… cum caneco, pá… o interesse dos professores não é ficar no desemprego, que é o que aconteceu a muitos… ou então voltarem a andar de malas às costas mais umas centenas de km. Por eles, ficavam onde estavam e os putos com aulas. O MEC é que quis “corrigir” o erro e entrou numa espiral de disparates.
Mas, o problema é que se ficassem nos lugares deles, apareceria logo quem dissesse que só queriam era ganhar dinheiro à custa de um erro.
Sabes… o problema é que tu continuas a ver o mundo – e nisso estás bem alinhado com observadores, blasfemos e insurgentes – em termos de cratos vs nogueiras.
E a realidade, quer queiram, quer não, é feita de marias, paulos como eu, anas, joões, joaquins, susanas, etc, etc, que se estão nas tintas para o nuno e o mário.
Dá para entender?
Paulo Guinote