Olá, Visitante. Por favor entre ou registe-se se ainda não for membro.

Entrar com nome de utilizador, password e duração da sessão
 

Autor Tópico: Portugal falido  (Lida 3447090 vezes)

itg00022289

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2332
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12200 em: 2016-05-30 10:36:17 »
Mais um prego no caixão


Citar
Os estivadores venceram. A minha cidade e o meu país perderam

José Manuel Fernandes 
29/5/2016, 11:035.690


Que dizer de um acordo que impede uma empresa de contratar mais trabalhadores? E que permite progressões na carreira mesmo sem mérito? A chantagem corporativa venceu, pela mão do governo da geringonça

Vamos lá ver se percebi bem. Um dos pontos do acordo com o sindicato dos estivadores é que uma das empresas de trabalho portuário de Lisboa deixe de contratar mais trabalhadores. Exacto, não me enganei: com o alto patrocínio da ministra do Mar e de António Costa, foi assinado um acordo que impede que se crie mais emprego no Porto de Lisboa, a não ser com autorização do sindicato.

No tempo de Salazar havia uma lei, chamada de “condicionamento industrial”, que limitava a criação de novas empresas à verificação de que estas não iriam fazer concorrência com empresas já instaladas. Se já houvesse uma fábrica de parafusos, não haveria mais fábricas de parafusos sem que o governo autorizasse. Agora estamos a viver uma situação semelhante com os estivadores, só que o poder de veto passou para a mão do seu sindicato.

Mas há mais: num país onde o salário médio bruto de um trabalhador por conta de outrem é de 900 euros, o salário de entrada de um estagiário de estivador é de 1046 euros, sendo que este só pode estar um ano nessa categoria. Mais: do acordo assinado na noite da passada sexta-feira resultou que existirá “um regime misto de progressões automáticas por decurso do tempo e de progressões por mérito com base em critérios objectivos”, o que significa que mesmo quem não tenha mérito nenhum terá sempre a possibilidade de progredir na carreira.

Não surpreende que, nestas condições, o sindicato tenha levantado a greve. No fundo o que saiu da negociação foi uma espécie de recuo no tempo e de regresso às condições de chantagem corporativa que tinham começado a ser quebradas com a aprovação da nova lei do trabalho portuário em 2012, era ainda ministro Álvaro Santos Pereira. Essa nova lei liberalizou muitos aspectos da regulação do trabalho nos portos e permitiu que alguns deles se tornassem mais competitivos e vissem o seu tráfego aumentar significativamente, como sucedeu em Leixões ou em Sines. Essa lei, cuja aprovação em 2012 teve de vencer greves convocadas por este mesmo sindicato que agora canta vitória, assim como manifestações que terminaram de forma violenta, também permitiu alguma liberalização do trabalho no Porto de Lisboa, onde foi criada uma outra empresa, a PORLIS, concorrente da Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa, criando condições mínimas de abertura do mercado.

De resto uma das originalidades da greve das últimas semanas é que esta tinha características de lock-out, já que os estivadores em greve impediam os trabalhadores da empresa concorrente também trabalhassem. Quando a política interveio para permitir a saída de contentores do Porto de Lisboa não estava a proteger fura-greves, estava a proteger o direito ao trabalho e à livre concorrência.

O que os estivadores agora conseguiram foi impor aos concessionários do Porto de Lisboa a liquidação a prazo dessa empresa concorrente, fazendo com que a regulação do trabalho de estiva regresse ao controle do sindicato, o qual por seu turno protege os já empregados, e entre estes os melhor remunerados, bloqueando para isso a contratação de novos trabalhadores, trabalhadores esses que, como sucede com os da PORLIS, têm por regra mais habilitações e melhor formação.

As características corporativas da actividade de estiva são antigas e bem conhecidas. O famoso filme de Elia Kazan Há Lodo no Cais, protagonizado por Marlon Brando, não reflectia uma situação imaginária, antes realidades vividas no porto de Nova Iorque. A introdução dos contentores, que revolucionou o comércio à escala global, também teve de vencer a resistência destes profissionais, como recordou João Taborda da Gama citando a obra de Marc Levinson, The Box: How the Shipping Container Made the World Smaller and the World Economy Bigger.

A necessidade de quebrar essas resistências corporativas e abrir a profissão – aquilo que o sindicato realmente não quer nem nunca quererá – tem sido um problema recorrente em todos os portos que procuram modernizar-se num mundo cada vez mais interligado e globalizado. Sem que isso aconteça os custos da operação portuária, que em Lisboa continuam a ser mais elevados do que noutros portos portugueses e que nos portos espanhóis mais próximos, vão continuar a penalizar a economia portuguesa. Os operadores que assinaram os acordos não poderão fazer mais do que transferir os custos acrescidos das cedências de sexta-feira à noite para todos os que utilizam o porto de Lisboa, pelo que não faltará quem continue a preferir outros portos nacionais ou espanhóis, mesmo tendo de suportar custos acrescidos de transporte. Tudo isto, está bem de ver, é um ónus para a economia e o emprego da grande Lisboa.

O futuro do Porto de Lisboa, por comparação com os portos onde a actividade portuária foi liberalizada, dificilmente será risonho. Pode mesmo acontecer-lhe o que está a acontecer à metade do Porto do Pireu, na Grécia, que não foi privatizada. Recentemente o jornal inglês The Guardian, ligado à esquerda trabalhista e não a José Rodrigues dos Santos, fez aí uma reveladora reportagem. Na metade do porto que tinha sido privatizada e concessionada a uma companhia chinesa “o volume de negócios triplicou” e o fervilhar de actividade “está a mundo de distância do filme em câmara lenta a que assistimos na outra metade do porto”, onde havia cada vez menos trabalho para os “estivadores protegidos por normas laborais e com salários mais elevados, resultado de anos de um sindicalismo inflexível”.

É certo que já vi defender na imprensa portuguesa (Daniel Oliveira) que onde se está bem é na parte do Porto do Pireu de onde o tráfego está a desaparecer, mas isso não me surpreende, pois os que sempre disseram que a globalização traria a pobreza aos mais pobres do mundo são os mesmos que, hoje, quando é evidente que foi o contrário que sucedeu, tratam de proteger os instalados da concorrência de todos quantos estão a sair da pobreza. A actividade portuária é precisamente um dos estreitos por onde passa a corrente da globalização, pelo que nossos novos reaccionários, mesmo quando se auto-classificam de progressistas, gostariam de aí erguer novas barreiras proteccionistas, bloqueadoras de um comércio que permite termos acesso aos melhores produtos ao melhor preço. Não admira por isso que tenham, de novo, alinhado ao lado de estivadores que, nas manifestações de 2012, foram surpreendidos a fazer a saudação de braço estendido.

De resto, quanto ao Governo que nos trouxe mais este magnífico “acordo” e a todos os que já se preparam para saudar as habilidades negociais do primeiro-ministro, a única coisa que recomendo é que comecem a somar as facturas de todas essas habilidades. É que vamos pagá-las, se é que já não estamos a fazê-lo, e com juros.

http://observador.pt/opiniao/os-estivadores-venceram-a-minha-cidade-e-o-meu-pais-perderam/

pedferre

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2598
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12201 em: 2016-05-30 10:53:35 »
Mais um prego no caixão


Citar
Os estivadores venceram. A minha cidade e o meu país perderam

José Manuel Fernandes 
29/5/2016, 11:035.690


Que dizer de um acordo que impede uma empresa de contratar mais trabalhadores? E que permite progressões na carreira mesmo sem mérito? A chantagem corporativa venceu, pela mão do governo da geringonça

Vamos lá ver se percebi bem. Um dos pontos do acordo com o sindicato dos estivadores é que uma das empresas de trabalho portuário de Lisboa deixe de contratar mais trabalhadores. Exacto, não me enganei: com o alto patrocínio da ministra do Mar e de António Costa, foi assinado um acordo que impede que se crie mais emprego no Porto de Lisboa, a não ser com autorização do sindicato.

No tempo de Salazar havia uma lei, chamada de “condicionamento industrial”, que limitava a criação de novas empresas à verificação de que estas não iriam fazer concorrência com empresas já instaladas. Se já houvesse uma fábrica de parafusos, não haveria mais fábricas de parafusos sem que o governo autorizasse. Agora estamos a viver uma situação semelhante com os estivadores, só que o poder de veto passou para a mão do seu sindicato.

Mas há mais: num país onde o salário médio bruto de um trabalhador por conta de outrem é de 900 euros, o salário de entrada de um estagiário de estivador é de 1046 euros, sendo que este só pode estar um ano nessa categoria. Mais: do acordo assinado na noite da passada sexta-feira resultou que existirá “um regime misto de progressões automáticas por decurso do tempo e de progressões por mérito com base em critérios objectivos”, o que significa que mesmo quem não tenha mérito nenhum terá sempre a possibilidade de progredir na carreira.

Não surpreende que, nestas condições, o sindicato tenha levantado a greve. No fundo o que saiu da negociação foi uma espécie de recuo no tempo e de regresso às condições de chantagem corporativa que tinham começado a ser quebradas com a aprovação da nova lei do trabalho portuário em 2012, era ainda ministro Álvaro Santos Pereira. Essa nova lei liberalizou muitos aspectos da regulação do trabalho nos portos e permitiu que alguns deles se tornassem mais competitivos e vissem o seu tráfego aumentar significativamente, como sucedeu em Leixões ou em Sines. Essa lei, cuja aprovação em 2012 teve de vencer greves convocadas por este mesmo sindicato que agora canta vitória, assim como manifestações que terminaram de forma violenta, também permitiu alguma liberalização do trabalho no Porto de Lisboa, onde foi criada uma outra empresa, a PORLIS, concorrente da Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa, criando condições mínimas de abertura do mercado.

De resto uma das originalidades da greve das últimas semanas é que esta tinha características de lock-out, já que os estivadores em greve impediam os trabalhadores da empresa concorrente também trabalhassem. Quando a política interveio para permitir a saída de contentores do Porto de Lisboa não estava a proteger fura-greves, estava a proteger o direito ao trabalho e à livre concorrência.

O que os estivadores agora conseguiram foi impor aos concessionários do Porto de Lisboa a liquidação a prazo dessa empresa concorrente, fazendo com que a regulação do trabalho de estiva regresse ao controle do sindicato, o qual por seu turno protege os já empregados, e entre estes os melhor remunerados, bloqueando para isso a contratação de novos trabalhadores, trabalhadores esses que, como sucede com os da PORLIS, têm por regra mais habilitações e melhor formação.

As características corporativas da actividade de estiva são antigas e bem conhecidas. O famoso filme de Elia Kazan Há Lodo no Cais, protagonizado por Marlon Brando, não reflectia uma situação imaginária, antes realidades vividas no porto de Nova Iorque. A introdução dos contentores, que revolucionou o comércio à escala global, também teve de vencer a resistência destes profissionais, como recordou João Taborda da Gama citando a obra de Marc Levinson, The Box: How the Shipping Container Made the World Smaller and the World Economy Bigger.

A necessidade de quebrar essas resistências corporativas e abrir a profissão – aquilo que o sindicato realmente não quer nem nunca quererá – tem sido um problema recorrente em todos os portos que procuram modernizar-se num mundo cada vez mais interligado e globalizado. Sem que isso aconteça os custos da operação portuária, que em Lisboa continuam a ser mais elevados do que noutros portos portugueses e que nos portos espanhóis mais próximos, vão continuar a penalizar a economia portuguesa. Os operadores que assinaram os acordos não poderão fazer mais do que transferir os custos acrescidos das cedências de sexta-feira à noite para todos os que utilizam o porto de Lisboa, pelo que não faltará quem continue a preferir outros portos nacionais ou espanhóis, mesmo tendo de suportar custos acrescidos de transporte. Tudo isto, está bem de ver, é um ónus para a economia e o emprego da grande Lisboa.

O futuro do Porto de Lisboa, por comparação com os portos onde a actividade portuária foi liberalizada, dificilmente será risonho. Pode mesmo acontecer-lhe o que está a acontecer à metade do Porto do Pireu, na Grécia, que não foi privatizada. Recentemente o jornal inglês The Guardian, ligado à esquerda trabalhista e não a José Rodrigues dos Santos, fez aí uma reveladora reportagem. Na metade do porto que tinha sido privatizada e concessionada a uma companhia chinesa “o volume de negócios triplicou” e o fervilhar de actividade “está a mundo de distância do filme em câmara lenta a que assistimos na outra metade do porto”, onde havia cada vez menos trabalho para os “estivadores protegidos por normas laborais e com salários mais elevados, resultado de anos de um sindicalismo inflexível”.

É certo que já vi defender na imprensa portuguesa (Daniel Oliveira) que onde se está bem é na parte do Porto do Pireu de onde o tráfego está a desaparecer, mas isso não me surpreende, pois os que sempre disseram que a globalização traria a pobreza aos mais pobres do mundo são os mesmos que, hoje, quando é evidente que foi o contrário que sucedeu, tratam de proteger os instalados da concorrência de todos quantos estão a sair da pobreza. A actividade portuária é precisamente um dos estreitos por onde passa a corrente da globalização, pelo que nossos novos reaccionários, mesmo quando se auto-classificam de progressistas, gostariam de aí erguer novas barreiras proteccionistas, bloqueadoras de um comércio que permite termos acesso aos melhores produtos ao melhor preço. Não admira por isso que tenham, de novo, alinhado ao lado de estivadores que, nas manifestações de 2012, foram surpreendidos a fazer a saudação de braço estendido.

De resto, quanto ao Governo que nos trouxe mais este magnífico “acordo” e a todos os que já se preparam para saudar as habilidades negociais do primeiro-ministro, a única coisa que recomendo é que comecem a somar as facturas de todas essas habilidades. É que vamos pagá-las, se é que já não estamos a fazê-lo, e com juros.

http://observador.pt/opiniao/os-estivadores-venceram-a-minha-cidade-e-o-meu-pais-perderam/


E o mau deste "acordo" é que vai estragar os outros portos que eram competitivos, agora em Leixões e em Sines o pessoal vai começar a protestar também... então em Lisboa eles tem tudo e nós não temos nada? Vamos para a greve queremos o mesmo que os estivadores comunas de Lisboa tem direito.
Enfim a Venezuela está mais próxima, e a vacas voam... :)

P.S: Eu faço o máximo que posso para estragar este "desgoverno", poupo o possivel (até porque os tempos que virão serão piores) para não ajudar a execução orçamental deste desgoverno.
« Última modificação: 2016-05-30 10:56:37 por pedferre »

jeab

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 9270
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12202 em: 2016-05-31 11:05:57 »
sem palavras
O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

Toda a vida política portuguesa pós 25 de Abril/74 está monopolizada pelos partidos políticos, liderados por carreiristas ambiciosos, medíocres e de integridade duvidosa.
Daí provém a mediocridade nacional!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!

pedferre

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2598
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12203 em: 2016-05-31 11:13:05 »
sem palavras
Mesmo assim a coligação de esquerda está com sorte, porque a Alemanha e os Estados Unidos crescem acima do esperado, pelo que a economia vai demorar a derrapar a sério em Portugal mesmo com politicas erradas. :)

Reg

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 13287
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12204 em: 2016-05-31 11:32:41 »
O PS ja começou adiar medidas...  as 35 horas  o prazo do papel comercial  etc.

com alemanha crescer isto dura mais  teremos elecoes  mais tarde do que previsto  :D
« Última modificação: 2016-05-31 11:33:34 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

pedferre

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2598
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12205 em: 2016-05-31 11:50:56 »
O PS ja começou adiar medidas...  as 35 horas  o prazo do papel comercial  etc.

com alemanha crescer isto dura mais  teremos elecoes  mais tarde do que previsto  :D
Bem os Espanhois tem eleições já para o mês que vem, ainda vamos ter o Pablo como PM de Espanha. :)

P.S: Na Grécia parece que já se arrependeram do Syriza estão em queda acentuada nas intenções de voto, nada como o povo experimentar a esquerda radical na pele para acabar por ganhar juízo.

tommy

  • Visitante
Re: Portugal falido
« Responder #12206 em: 2016-05-31 12:10:25 »
sem palavras
Mesmo assim a coligação de esquerda está com sorte, porque a Alemanha e os Estados Unidos crescem acima do esperado, pelo que a economia vai demorar a derrapar a sério em Portugal mesmo com politicas erradas. :)

já em 2009 o 44 aumentou os FP, e baixou o IVA. A factura não apareceu logo...apareceu quase 2 anos depois.

pedferre

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2598
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12207 em: 2016-05-31 12:17:12 »
sem palavras
Mesmo assim a coligação de esquerda está com sorte, porque a Alemanha e os Estados Unidos crescem acima do esperado, pelo que a economia vai demorar a derrapar a sério em Portugal mesmo com politicas erradas. :)

já em 2009 o 44 aumentou os FP, e baixou o IVA. A factura não apareceu logo...apareceu quase 2 anos depois.
Mas nessa altura as contas públicas não eram tão escrutinadas pela comissão europeia. Agora os governos tem de supostamente cumprir valores de defice, mas como a comissão também é um pouco permissiva deixa os défices resvalarem um pouco sem chatear muito.
O problema é continuar sempre a alimentar o monstro/estado com mais receita, em vez de reduzir despesa, continuando a asfixiar a economia com impostos e não permitindo que o pais seja competitivo.

tommy

  • Visitante
Re: Portugal falido
« Responder #12208 em: 2016-05-31 12:19:09 »
Citar
O Instituto Nacional de Estatística (INE) reviu em alta o crescimento económico do primeiro trimestre deste ano, de 0,8% para 0,9%. Nesse período, o investimento sofreu a primeira contracção homóloga desde 2013.

Os dados publicados esta manhã pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, afinal, a economia portuguesa não cresceu 0,8%, mas sim 0,9% no primeiro trimestre do ano, face ao mesmo período de 2015. Em cadeia, em vez de 0,1%, o INE estima agora que a economia tenha avançado 0,2%.

 

Trata-se de uma boa notícia para a actividade económica nacional, mas que ainda deixa o crescimento do produto interno bruto (PIB) longe da meta anual do Governo (0,9% vs. 1,8%). O motivo para a revisão da estimativa rápida (de 13 de Maio) é explicado pelo INE com a incorporação de nova informação relativa aos deflatores das exportações e importações.

"O Produto Interno Bruto (PIB) registou, em termos homólogos, um aumento de 0,9% em volume no primeiro trimestre de 2016 (variação de 1,3% no trimestre anterior). A procura externa líquida registou um contributo negativo de 1,1 pontos percentuais para a variação homóloga do PIB, igual ao observado no quarto trimestre de 2015, verificando-se uma desaceleração das Exportações de Bens e Serviços e das Importações de Bens e Serviços", explica o INE, no destaque que publicou terça-feira, 31 de Maio.

 

Dois anos e meio depois, investimento volta a cair

Com os novos dados do INE é possível perceber e quantificar o que esteve por trás do crescimento de 0,9% no arranque do ano. Talvez o principal elemento a destacar seja o investimento que, pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2013, registou uma contracção homóloga, diminuindo 2,2% face ao mesmo trimestre do ano passado, o que prolonga a desaceleração do indicador observada precisamente desde esse trimestre.

A quebra é explicada essencialmente por terem sido meses terríveis para a construção. "O comportamento da formação bruta de capital [investimento] em construção explicou, em grande medida, a diminuição da FBCF total verificada no 1º trimestre, registando uma variação homóloga de -3,9% em termos reais, após ter aumentado 4,4% no 4º trimestre", pode ler-se no destaque do INE.

 

Esse é um dos principais factores por trás de um valor tão débil em Janeiro e Março deste ano. O outro são as exportações, que cresceram apenas 2,2%, influenciadas pela crise em mercados chave, como Brasil e Angola, bem como pelo arrefecimento europeu. De referir, porém, que a venda de serviços (e não de bens) foi a mais penalizada. Entre as exportações de serviços, apenas o turismo acelerou. O impacto só não é maior, porque as importações também travaram face aos três meses anteriores, avançando 4,6%.

 

Juntando estes dois elementos, a procura externa líquida (exportações menos importações) deu um contributo negativo para o PIB, de -1,1 pontos percentuais. O que colocou então a economia em terreno positivo? A procura interna, que deu um contributo positivo de 2 pontos, graças ao consumo das famílias, que acelerou em relação ao final do ano, graças ao consumo de bens duradouros. Leia-se, compra de automóveis.

Como diz o João Duque do ISEG, fica a sensação que o (único) ponto forte deste governo é a propaganda.
Já alguém começou a anotar a quantidade de notícias com valores que depois são corrigidas por cima, de forma mais favorável?

1º boato do IVA: afinal o IVA não vai aumentar...para já;
2º boato da dedução dos 500 euros para educação em sede de IRS: depois corrigido para 550 euros;
3º boato dos 0,8%: depois corrigido para 0,9%;

Fica a sensação que está uma máquina de propaganda a preparar as notícias para depois o resultado real ser sempre um pouco mais positivo, dando a falsa sensação que afinal está tudo bem. 
« Última modificação: 2016-05-31 12:25:32 por AD »

tommy

  • Visitante
Re: Portugal falido
« Responder #12209 em: 2016-05-31 12:20:46 »
sem palavras
Mesmo assim a coligação de esquerda está com sorte, porque a Alemanha e os Estados Unidos crescem acima do esperado, pelo que a economia vai demorar a derrapar a sério em Portugal mesmo com politicas erradas. :)

já em 2009 o 44 aumentou os FP, e baixou o IVA. A factura não apareceu logo...apareceu quase 2 anos depois.
Mas nessa altura as contas públicas não eram tão escrutinadas pela comissão europeia. Agora os governos tem de supostamente cumprir valores de defice, mas como a comissão também é um pouco permissiva deixa os défices resvalarem um pouco sem chatear muito.
O problema é continuar sempre a alimentar o monstro/estado com mais receita, em vez de reduzir despesa, continuando a asfixiar a economia com impostos e não permitindo que o pais seja competitivo.

ninguém toca em Portugal se o défice derrapar 0,5%...mesmo 1% tendo em conta o orçamentado. Só se for mesmo uma GRANDE derrapagem. E ele conta com isso, para acomodar o aumento de despesa. Não te esqueças que só de "almofada" há 8 mil milhões de euros...dá bem para aguentar algum tempo a fingir que "no pasa nada".

Reg

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 13287
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12210 em: 2016-05-31 12:38:03 »
o 44 teve defices de dois digitos 

o costa se quiser  dura na boa 2 anos com os vermelhos
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12211 em: 2016-05-31 12:40:41 »
O que é mesmo muito triste é aumentar a despesa fortemente apenas para beneficiar um sub-grupo muito limitado.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Reg

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 13287
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12212 em: 2016-05-31 12:44:49 »
O que é mesmo muito triste é aumentar a despesa fortemente apenas para beneficiar um sub-grupo muito limitado.

e clientela  destes partidos
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

Automek

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30976
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12213 em: 2016-05-31 13:31:18 »
O que é mesmo muito triste é aumentar a despesa fortemente apenas para beneficiar um sub-grupo muito limitado.
e pior que isso. nesta história das 35 horas é só para quem tenha contrato colectivo de trabalho. quem tem contrato individual fica com as 40 horas. pode haver colegas a fazer o mesmo trabalho, um trabalha 35 enquanto que o outro trabalha 40.

já não bastava os casos anteriores em que o FP da câmara trabalhava 35 e o das finança, às vezes até no mesmo edifício, trabalhava 40, como agora, na mesma função, pode haver horários diferentes consoante o vinculo laboral.

tudo para agradar aos sindicatos.
« Última modificação: 2016-05-31 13:32:03 por Automek »

Ledo

  • Ordem dos Especialistas
  • Sr. Member
  • *****
  • Mensagens: 317
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12214 em: 2016-05-31 15:59:31 »
Isso já se passa actualmente. Pessoas a exercerem as mesmas funções, uns em regime CTFP e outros em CIT, todos com 40h e os que estão com CIT recebem efectivamente as 40h e os que passaram a 40 recebem o mesmo quando estavam a 35h. Salvo os que fizeram CIT de 40h depois da alteração para as 40h, em que esses passaram a ganhar tanto como os de 35h. Portanto consegues ter 3 situações difrentes no mesmo serviço.

Edit: Falta mencionar que os que fizeram CIT de 35h na altura em que vigorava as 35, depois da passagem para as 40h, mantiveram as 35h com o mesmo salário, por isso em vez de 3 são quatro situações diferentes.
« Última modificação: 2016-05-31 16:01:22 por Ledo »

Elder

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2475
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12215 em: 2016-05-31 16:44:43 »
P.S: Eu faço o máximo que posso para estragar este "desgoverno", poupo o possivel (até porque os tempos que virão serão piores) para não ajudar a execução orçamental deste desgoverno.

Não te preocupes, que eles também farão os possíveis para te sacarem rapidamente essa poupança!!  :D

Não me lembro no meu tempo de vida (que é pós 25 Abr) o direito à propriedade privada estar tão ameaçado!!  ???

pedferre

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2598
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12216 em: 2016-05-31 16:53:28 »
P.S: Eu faço o máximo que posso para estragar este "desgoverno", poupo o possivel (até porque os tempos que virão serão piores) para não ajudar a execução orçamental deste desgoverno.

Não te preocupes, que eles também farão os possíveis para te sacarem rapidamente essa poupança!!  :D

Não me lembro no meu tempo de vida (que é pós 25 Abr) o direito à propriedade privada estar tão ameaçado!!  ???
No mês passado já lhes saquei o dinheiro das mais valias imobiliárias que me tinha obrigado a pagar à quase dois anos por "ignorarem" que tinha comprado casa, passado muitos meses cumpriram a decisão do tribunal, mas mesmo assim não me pagaram os juros, apenas me devolveram o dinheiro, já escrevi uma carta registada para as finanças a pedir os juros, mas acho que o mais natural é não receber nada de juros...

Não te preocupes que esta coligação de esquerda vai ter o seu fim, até na Grécia já finalmente abriram os olhos, e a direita já está bem a frente dos aldrabões do Syriza nas sondagens.
E se a Espanha votar no Podemos e no Pablo para PM, daqui a uns anos também vão abrir os olhos e ver que foi uma parvoice irem na demagogia porque acabaram por ficar mais pobres... como os gregos. :)

Automek

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30976
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12217 em: 2016-05-31 19:16:03 »
A propósito da impossibilidade de alargar as 35 horas a todos, o ministro da saúde, neoliberal fanático, diz que tem de ter em atenção que há restrições orçamentais. Pensei que a saúde não tinha preço e que as pessoas não são números.
« Última modificação: 2016-05-31 19:16:47 por Automek »

tommy

  • Visitante
Re: Portugal falido
« Responder #12218 em: 2016-06-01 09:41:02 »
Citar
A OCDE piorou a estimativa para o défice, esperando agora que atinja 2,9% este ano, e admite que o Governo português tenha de implementar novas medidas de contenção orçamental, especialmente caso a economia não acelere.

Nas previsões económicas divulgadas hoje, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) piorou a sua estimativa para o défice de Portugal, esperando agora que atinja os 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, quando em novembro antecipava um défice de 2,8%.

Assim, a OCDE está mais pessimista do que o Governo, que mantém como meta para este ano um défice para 2,2% do PIB, e junta-se ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que também antecipa um défice de 2,9%, e à Comissão Europeia, que estima um défice de 2,7%.

A OCDE -- no relatório preparado departamento de Estudos Económicos liderado pelo ex-ministro Álvaro Santos Pereira - também duvida das metas orçamentais do Governo para 2017, estimando que no próximo ano o défice fique nos 2,6% do PIB, quando o executivo liderado por António Costa comprometeu-se com um défice orçamental de 1,4% do PIB para esse ano, no Programa de Estabilidade 2016-2020.

"Embora seja preciso cuidado para não prejudicar a já frágil recuperação económica, é possível que sejam necessárias mais medidas de consolidação orçamental, especialmente se o crescimento não acelerar", afirma a instituição liderada por Ángel Gurria.

Para admitir novas medidas, a instituição sediada em Paris aponta algumas perspetivas do Governo que podem ter impacto na consolidação das contas públicas, como os cortes previstos na despesa, "que estão sujeitas a riscos severos de implementação", ou a dependência do crescimento económico.

"O Orçamento do Estado para 2016 depende mais de impostos ao consumo e menos de impostos sobre o rendimento. Esta alteração deve ajudar o crescimento económico, mas também é potencialmente regressiva", afirma.

Além disso, a OCDE critica a redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) na restauração, uma vez que "reduz receita e provavelmente terá pouco efeito no emprego", e a interrupção na redução do Imposto sobre o Rendimento de pessoas Coletivas (IRC), que "impulsionaria o investimento e o crescimento económico".

A organização também piorou a estimativa da dívida pública na ótica de Maastricht (a que conta para Bruxelas), prevendo agora que represente 128,3% do PIB este ano, mantendo-se nesse valor em 2017.

"A dívida pública continua a ser muito elevada e, no seu conjunto, os planos orçamentais previstos são insuficientes para assegurar uma descida", afirma a OCDE.

Em novembro, a OCDE estimava uma dívida pública de 127,9% do PIB este ano e de 127,4% do PIB em 2017.

No Programa de Estabilidade 2016-2020, o Governo antecipa uma redução da dívida pública para 124,8% do PIB este ano e para 122,3% em 2017.

http://www.dn.pt/dinheiro/interior/ocde-piora-previsao-do-defice-portugues-para-29-em-2016-e-admite-mais-medidas-5203840.html

Malditos neo-liberais a desfazer as excelentes contas e multiplicadores do mágico Centeno. PORQUE???

pedferre

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2598
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #12219 em: 2016-06-01 10:21:40 »
Citar
A OCDE piorou a estimativa para o défice, esperando agora que atinja 2,9% este ano, e admite que o Governo português tenha de implementar novas medidas de contenção orçamental, especialmente caso a economia não acelere.

Nas previsões económicas divulgadas hoje, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) piorou a sua estimativa para o défice de Portugal, esperando agora que atinja os 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, quando em novembro antecipava um défice de 2,8%.

Assim, a OCDE está mais pessimista do que o Governo, que mantém como meta para este ano um défice para 2,2% do PIB, e junta-se ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que também antecipa um défice de 2,9%, e à Comissão Europeia, que estima um défice de 2,7%.

A OCDE -- no relatório preparado departamento de Estudos Económicos liderado pelo ex-ministro Álvaro Santos Pereira - também duvida das metas orçamentais do Governo para 2017, estimando que no próximo ano o défice fique nos 2,6% do PIB, quando o executivo liderado por António Costa comprometeu-se com um défice orçamental de 1,4% do PIB para esse ano, no Programa de Estabilidade 2016-2020.

"Embora seja preciso cuidado para não prejudicar a já frágil recuperação económica, é possível que sejam necessárias mais medidas de consolidação orçamental, especialmente se o crescimento não acelerar", afirma a instituição liderada por Ángel Gurria.

Para admitir novas medidas, a instituição sediada em Paris aponta algumas perspetivas do Governo que podem ter impacto na consolidação das contas públicas, como os cortes previstos na despesa, "que estão sujeitas a riscos severos de implementação", ou a dependência do crescimento económico.

"O Orçamento do Estado para 2016 depende mais de impostos ao consumo e menos de impostos sobre o rendimento. Esta alteração deve ajudar o crescimento económico, mas também é potencialmente regressiva", afirma.

Além disso, a OCDE critica a redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) na restauração, uma vez que "reduz receita e provavelmente terá pouco efeito no emprego", e a interrupção na redução do Imposto sobre o Rendimento de pessoas Coletivas (IRC), que "impulsionaria o investimento e o crescimento económico".

A organização também piorou a estimativa da dívida pública na ótica de Maastricht (a que conta para Bruxelas), prevendo agora que represente 128,3% do PIB este ano, mantendo-se nesse valor em 2017.

"A dívida pública continua a ser muito elevada e, no seu conjunto, os planos orçamentais previstos são insuficientes para assegurar uma descida", afirma a OCDE.

Em novembro, a OCDE estimava uma dívida pública de 127,9% do PIB este ano e de 127,4% do PIB em 2017.

No Programa de Estabilidade 2016-2020, o Governo antecipa uma redução da dívida pública para 124,8% do PIB este ano e para 122,3% em 2017.

http://www.dn.pt/dinheiro/interior/ocde-piora-previsao-do-defice-portugues-para-29-em-2016-e-admite-mais-medidas-5203840.html

Malditos neo-liberais a desfazer as excelentes contas e multiplicadores do mágico Centeno. PORQUE???

Então se o Reino Unido sair da UE os cálculos multiplicadores do Centeno vão sair mesmo todos furados...