Ontem, na Sic-Notícias,
na entrevista a António Barreto,
ouvi pela primeira vez um argumento
razoável para as dificuldades dos magistrados
em Portugal. Disse ele que os crimes de 'colarinho
branco', branqueamento de capitais, corrupção
de políticos, resolvem-se no estrangeiro
em menos de um ano. Em Portugal,
isso é impossível, porque os juízes
não têm os especialistas
necessários às investigações
e auditorias que se requerem
para apurar a verdade;
bem ao contrário,
os arguidos
estão munidos de todo o apoio jurídico,
económico, contabilístico, para defenderem
as suas actuações.
Ora, isto soa verdadeiro e explicativo.
E insere-se no meu repúdio à magistratura portuguesa,
que se conforma a fazer figura de palhaço, não denunciando,
por demissão em bloco, a falta de recursos para cumprirem
aquele que é o seu dever: fazer justiça.
Os magistrados que se revejam nos médicos,
obrigados por juramento a tudo fazer para salvar
as vidas dos doentes. E perante a falta de meios,
de imediato denunciam a situação,
recusam-se a palhaçadas
e forçam a solução.
Os magistrados portugueses
não têm dignidade, no papel apalhaçado
que lhes aceitam desempenhar.