Escrito por uma amiga minha, a Prof.ª de farmacologia Cristina Sampaio:
** Não tenham medo da vacina da AstraZeneca, mas fujam espavoridos dos políticos Europeus!
Porquê?**
"1) Todos os medicamentos e vacinas podem ter efeitos secundários. Para os monitorizar existem sistemas bem estruturados em quase todos os países. Esses sistemas baseiam-se no que se chama notificações expontâneas de reações adversas.
2) Todos os anos ha milhares de notificações de reações adversas que só por si não tem significado uma vez que ha muitas razões para notificar, uma delas é a hipervigilancia associada a medicamentos novos e mediáticos.
3) A informação contida nas notificações tem que ser avaliada e posta em contexto so assim se pode interpretar. Este trabalho, na Europa, é feito pelo PRAC que é o comité na Agência Europeia responsável pela Farmacovigilancia de medicamentos e vacinas aprovados na UE. Só o PRAC tem acesso a toda a informação relevante ( incluindo as notificações de todos os países), os países isoladamente só olham para as notificações nacionais. Logo, não tem condições para tomar uma decisão cientificamente informada numa situação como a actual.
4) Devemos aguardar calmamente as conclusões da avaliação do PRAC.
5) Até la pensem nestes números: Foram notificadas 30 casos de tromboembolismo ( diferentes níveis de gravidade) num total de 5 milhões de vacinados na União Europeia ( os 17 milhões de que também se fala referem-se ao mundo). A frequência de tromboembolismo na população em geral é de 83 casos por milhão e por mês. Como levamos já 2 meses desde que vacinação começou será de esperar observar nos 5 milhões de vacinados 830 casos de tromboembolismo. Foram notificações 30. **Estes números querem dizer que entre os 5 milhões de pessoas vacinados devem ter acontecido 830 casos de tromboembolismo que teriam acontecido em qualquer circunstancia.**
6) Para dar um pouco mais de contexto lembrem-se que a pílula anticonceptiva aumenta o risco da tromboembolismo em cerca de 3x e nem por isso ( correctamente) deixa de ser usada.
7) A menos que os 30 casos notificados (em relação a vacina da AstraZeneca) sejam particulares nas suas características clinicas e que sugiram um mecanismo especifico, o que o PRAC esta a avaliar, os números sugerem que não ha razão para o alarme em que mais umas vez se promoveu o medo injustificadamente."