Divulgo o estado de conhecimento de autoria de um amigo, José Lourenço:
É um facto que estamos a poluir o ar, repondo na atmosfera o carbono que havia sido dela retirado aquando da formação das rochas sedimentares e dos combustíveis fósseis.
Mas anda "prá i" uma confusão (em especial nos mass media) no que toca ao oxigénio e ao carbono. Passo a explicar:
1.º Não é um facto que a Amazónia seja o pulmão do planeta. A maior parte do oxigénio é produzido pelos seres autotróficos marinhos, como as algas verdes. As plantas durante a noite consomem grandes quantidades de oxigénio o que diminui o seu saldo produtivo. A destruição das florestas tem antes outras implicações graves como seja a diminuição da biodiversidade, alterações climáticas a nível local e desertificação dos solos.
2.º Assim (neste contexto), entendo que mais grave seja a acidificação dos oceanos provocada pelo CO2, com implicações na biodiversidade marinha, nomeadamente nas algas fotossintéticas que como referi acima são os principais produtores de oxigénio a nível global.
3.º Não é um facto que o aquecimento global se deva ao dióxido de carbono. Analisando os níveis de CO2 atmosférico e as variações de temperatura, não há uma correlação entre as concentrações deste gás e as variações desta última (exceção feita durante o Pérmico) nos últimos 600 milhões de anos. O clima é complexo, para além das [CO2] há outras variáveis em jogo.
4.º Sei que a ideia de que se a correlação entre duas variáveis é nula não há nenhuma relação entre elas é errada…A correlação é uma medida de associação linear, de modo que pode haver alguma relação entre duas variáveis e a sua correlação (de Pearson) ser nula. Por outro lado, uma correlação elevada pode não implicar uma relação causa-efeito. O próprio termo “correlação” sugere a ideia de uma “relação” profunda entre duas variáveis. Muitas vezes pode existir uma relação profunda de causa-efeito, mas noutros casos não há uma relação direta entre as duas variáveis, apesar de a correlação ser elevada – trata-se de uma correlação espúria. Por exemplo, vejamos o caso da relação entre o número de gelados vendidos e o número de mortes por afogamento. A correlação entre as duas variáveis é elevada, mas não há uma relação de causa efeito entre elas. É óbvio que não são os gelados que causam as mortes por afogamento; acontece que a sua venda aumenta nos meses mais quentes, que é quando há um maior número de pessoas que vai a banhos, isto é, há uma terceira variável óbvia que são as estações do ano e que interfere com o fenómeno em causa…
5.º. Os insectos são heterotróficos, como tal necessitam de oxigénio para o seu metabolismo (e libertam dióxido de carbono). Algumas espécies de insectos têm é limites de tolerância mais elevados do que os humanos ao CO2 e como tal conseguem prosperar.
Só uma curiosidade a propósito do oxigénio: apesar de ser um gás imprescindível à vida é o mesmo que leva à nossa morte, pois vai oxidando os nossos tecidos, fazendo com que envelheçam e se deteriorem…é irónico, mas é assim…