A Raquel Varela não é feminista. Tem muitos defeitos nas ideias que divulga, mas não é feminista.
Olha aqui:
Como sabem a maioria das feministas acredita que «não há capitalismo sem sociedade patriarcal». O que na verdade é falso, não há é capitalismo sem competição entre trabalhadores, pode haver numa sociedade matriarcal. Os países europeus em breve, muito em breve, serão disso exemplo, porque mais de 70% dos estudantes universitários são mulheres. E essa é a categoria fundamental que estaticamente marca o valor do salário na Europa – o nível de formação.
Contribuindo para o debate sobre “feminismo” recordo dois dados que aparentemente têm estado fora do debate: a maior diferença salarial em Portugal não é entre homens e mulheres, mas entre jovens e mais velhos, precários e fixos. A estatística simplista não explica nada – num local de trabalho uma mulher mais velha ou fixa ganha em média mais do que todos os homens – que exercem as mesma funções dela – se forem mais novos ou precários. Passa-se que pela passagem da sociedade rural a urbana os homens tiveram mais acesso aos lugares de topo e por isso na estatística aparece a grande diferença salarial. Outro dado: a maioria do assédio nos locais de trabalho é moral, não é sexual. O assédio sexual existe, onde há poder (financeiro e físico, aqui as diferenças naturais, força física, contam e muito) mas o que está disseminado em Portugal é o assédio moral nos locais de trabalho e esse aplica-se nas mesmas taxas quer o superior hierárquico seja homem ou mulher. Há mais homens a praticá-lo porque há mais homens em lugar de chefia. Não porque as mulheres o pratiquem menos – onde há hierarquias determinadas pela força e não pela democracia, de cima e não de baixo, há assédio. Por isso a gestão democrática é fundamental para haver relações saudáveis nos locais de trabalho.
O mundo é complexo. Partindo de dogmas panfletários não o vamos compreender. E sem o compreender não o vamos mudar.
https://raquelcardeiravarela.wordpress.com/2018/03/29/feminismo/
Não sei se fui mal interpretado...
Não disse que Raquel Varela era feminista.
Nem sequer falei em feminismo.
O que disse em cima, acerca do direito à diferença, ouvi-o da boca da Raquel a propósito de alguns trabalhos.
E eu achei bem, concordei. Pareceu-me bem o que ouvi.
Isto porque fala-se muito no direito à igualdade mas também há o direito à diferença.
Fala-se menos do direito à diferença. O apelo a ambos os direitos coexiste em simultâneo.
Se as mulheres se sentem capazes de trabalhos onde há mais homens é natural que elas apelem ao direito à igualdade quando sentem que são postas de lado pelo homem.
Se as mulheres não se sentem capazes de trabalhos onde há mais homens e que por isso os não desejem, é natural que apelem ao direito à diferença isto mesmo sem os homens pedirem que elas trabalhem nesses trabalhos.
Ambos os apelos - à igualdade e à diferença - são válidos para as mulheres.
E o mesmo serve para os homens: certos trabalhos as mulheres são superiores.
Pesca de ostras (se não estou em erro) em apneia as mulheres são muito superiores.
Logo é natural que os homens dêem o lugar às mulheres reconhecendo que elas o fazem melhor.
É o direito à diferença.
É simples. Não há que complicar nem em preconceituar.
Em Portugal já lá vai o tempo em que o Parlamento era só homens.
Agora vemos mulheres. E elas não ficam atrás dos homens na qualidade das interpelações.
É o direito à igualdade. Num local de trabalho que antes era só homens e visto só para homens.
Se avaliarmos as qualidades de liderança, comunicação entre outras... a Catarina Martins talvez seja a melhor liderança partidária.
Independentemente de concordar ou não com o que ela defende a dado momento nos diferentes assuntos.