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Autor Tópico: O cantinho dos Liberais  (Lida 57403 vezes)

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #740 em: 2020-09-11 10:52:02 »
aquilo foi tipo revolta funcionarios publicos estavam fartos ser colonia do brasil hehe

não propriamente..a coisa ate vem mais atras. Mas da altura que falo é como tudo na vida , querem isto e aquilo e que vai ser melhor e depois é o que se ve.

Bem falando disto que pode ter passado de fininho a muita gente.

https://www.publico.pt/2020/08/08/sociedade/noticia/quase-30-menores-ja-pediram-mudar-nome-genero-cartao-cidadao-1927493

A lei que permite a mudança de sexo e nome no Cartão de Cidadão a menores de idade, a partir dos 16 anos, foi publicada a 7 de Agosto de 2018 e entrou em vigor no dia seguinte.

Portugal é considerado o segundo país da OCDE com maior progresso e conquistas legislativas para as pessoas LGBTI Nelson Garrido


Quase 30 menores já mudaram de nome e género no Cartão de Cidadão desde a entrada em vigor, há dois anos, da lei que o permite a partir dos 16 anos e da qual o Governo faz um balanço “muito positivo”.

A lei que permite a mudança de sexo e nome no Cartão de Cidadão a menores de idade, a partir dos 16 anos, foi publicada a 7 de Agosto de 2018 e entrou em vigor no dia seguinte e desde então já 29 pessoas com menos de 18 anos concluíram esse processo.
“Desde a entrada em vigor da Lei n.º 38/2018 de 7 de Agosto, em 2018, contabilizaram-se 418 processos de mudança da menção do sexo no registo civil e da consequente alteração de nome próprio, dos quais 29 eram menores, a partir dos 16 anos. Este ano, o Orçamento do Estado procedeu à alteração do Regulamento Emolumentar dos Registos e Notariado inserindo a gratuitidade do procedimento, cujo custo era de 200 euros”, refere o gabinete da secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, em resposta à Lusa.
 Segundo o gabinete de Rosa Monteiro, “a publicação e entrada em vigor desta lei foi absolutamente fundamental e representou um progresso muito significativo na sociedade portuguesa”, tendo contribuído “em larga medida” para que Portugal seja “considerado o segundo país da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] com maior progresso e conquistas legislativas para as pessoas LGBTI [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo) nas duas últimas décadas”.
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“Conscientes de que as mentalidades não se mudam por decreto, prosseguimos num trabalho de proximidade com as organizações da sociedade civil, promovendo um canal de comunicação directo para conhecimento de potenciais constrangimentos e necessidades”, lê-se na nota do gabinete da secretária de Estado.
A nota refere ainda o apoio financeiro a projectos na área LGBTI desencadeados por organizações da sociedade civil, e o trabalho conjunto com as áreas governativas da saúde e da educação, trabalhando em orientações para profissionais de saúde específicas para prestação de cuidados de saúde a esta comunidade e, no caso das escolas, com um despacho para aplicação da lei da autodeterminação de género.
 “O balanço destes dois anos é muito positivo, pelo impacto desta lei na vida das pessoas e na sua validação, mas estamos certos de que o trabalho tem de ser diário e, por isso, prosseguimos em conjunto com os/as vários/as interlocutores/as por um país mais inclusivo, livre e igual em dignidade e direitos”, defende o gabinete de Rosa Monteiro.
O Governo aponta, no entanto, a “particular vulnerabilidade a actos de discriminação e formas de violência” a que estão sujeitas pessoas trans e intersexo, identificadas também em relatórios internacionais como um grupo com particulares dificuldades no acesso a emprego e habitação.
A conta oficial na rede social Twitter da Presidência do Conselho de Ministros (PCM), que tutela a cidadania e a igualdade, assinala os dois anos da lei com a partilha de testemunhos de pessoas que dela beneficiaram.
“Muita gente só me começou a respeitar e tratar com o meu nome escolhido depois de eu comprovar que era esse o meu nome legal, no local de trabalho e na vida privada. O nome é uma das coisas mais importantes e costuma ser a nossa primeira conquista. E essa lei deu a oportunidade a muita gente de serem eles mesmos e serem respeitados como deviam [sic]”, segundo um testemunho anónimo divulgado pela conta da PCM no Twitter, havendo ainda outros que convergem na ideia do direito à dignidade conferido pela nova legislação.

Reg

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #741 em: 2020-09-11 11:09:08 »
nao foi so rei deu sola foi o sector construcao fabricas bancos etc

o brasil nao tinha nada tiveram construir cidades inteiras

ficaram ca so funcionarios publicos gerir terra queimada pelas invasoes francesas

por isso foi revolucao dos funcionarios publicos descontentes por serem colonia

praticamente nao havia mais nada alem funcionarios publicos com poder e riquesa no retangulo

talvez seja por isso povo adora funcionarios publicos...o resto deu sola....
« Última modificação: 2020-09-11 11:21:49 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #742 em: 2020-09-11 11:39:58 »
nao foi so rei deu sola foi o sector construcao fabricas bancos etc

o brasil nao tinha nada tiveram construir cidades inteiras

ficaram ca so funcionarios publicos gerir terra queimada pelas invasoes francesas

por isso foi revolucao dos funcionarios publicos descontentes por serem colonia

praticamente nao havia mais nada alem funcionarios publicos com poder e riquesa no retangulo

talvez seja por isso povo adora funcionarios publicos...o resto deu sola....

não era colonia , era imperio , mudou de Lisboa para o Brasil.
O que deu cócó ai é sabido…. liberais.. tal como em toda a europa e alguns sítios fora de Europa.

Reg

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #743 em: 2020-09-11 11:41:39 »
era imperio do brasil!


nao era imperio portugues....

O Império do Brasil[3] (denominado pela historiografia também como Brasil Império, Brasil Imperial ou Brasil Monárquico) foi um Estado que existiu no século XIX e que compreendia, aproximadamente, o território que forma o Brasil e o Uruguai (antes da independência) atuais. Seu governo era uma monarquia constitucional parlamentar representativa, tendo tido como imperadores D. Pedro I e seu filho, D. Pedro II. De uma colônia do Reino de Portugal, o Brasil tornou-se a sede do Império Português em 1808,


portugal ficou ser colonia em 1808
« Última modificação: 2020-09-11 11:44:57 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #744 em: 2020-09-11 11:56:23 »
era imperio do brasil!


nao era imperio portugues....

O Império do Brasil[3] (denominado pela historiografia também como Brasil Império, Brasil Imperial ou Brasil Monárquico) foi um Estado que existiu no século XIX e que compreendia, aproximadamente, o território que forma o Brasil e o Uruguai (antes da independência) atuais. Seu governo era uma monarquia constitucional parlamentar representativa, tendo tido como imperadores D. Pedro I e seu filho, D. Pedro II. De uma colônia do Reino de Portugal, o Brasil tornou-se a sede do Império Português em 1808,


portugal ficou ser colonia em 1808

sim Portugal era um Reino .

Seres intelectualmente evoluídos e que não quiseram enriquecer (   ;D   ) deram o mote...agora esta como esta. Valeu a pena.
Sobre isto não digo mais nada, a historia assim comprova


D. Antunes

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #745 em: 2020-09-28 18:24:27 »
Este tipo continua a escrever bem:

Mitos e falácias sobre o IRS em Portugal (I)
Carlos Guimarães Pinto
24 Setembro 2020

A progressividade fiscal de IRS não foi desenhada para pôr os ricos a pagarem mais impostos, nem se destina a salários milionários.

Na sequência da discussão sobre o nosso sistema de IRS, tentarei nos próximos dois artigos desmistificar algumas falácias argumentativas sobre o IRS e a progressividade fiscal em Portugal.

A progressividade fiscal do IRS em Portugal não se destina a fazer com que os ricos paguem mais
Há aqui dois conceitos que importa não confundir: riqueza e rendimento. O IRS não taxa a riqueza, taxa o rendimento. Embora as duas coisas possam estar relacionadas, uma pessoa pode ter um rendimento alto sem ter riqueza acumulada e vice-versa. Isto é especialmente verdade quando se fala de rendimentos do trabalho, o único sujeito a progressividade.

O rendimento que resulta da riqueza não é sujeito à progressividade do IRS. Existe já uma taxa única para o rendimento de capitais que se aplica a todas as pessoas, independentemente do seu rendimento total, quer se trate dos juros de uma conta a prazo com 5 mil euros ou de uma carteira de acções de 5 milhões. Há uma boa razão para existir esta taxa única, que existe na esmagadora maioria dos países, mas não é o tema deste artigo. O importante a reter aqui é que a riqueza não é taxada em sede de IRS e os rendimentos provenientes dessa riqueza já estão sujeitos a uma taxa única não progressiva. Ou seja, a progressividade no IRS não se destina a fazer com que os ricos paguem mais.

A progressividade fiscal em Portugal não se destina a salários milionários
Sempre que se fala em diminuir a progressividade, alguém vem com o exemplo de um qualquer CEO a receber um salário milionário que passará a pagar muito menos. Há dias num debate José Gusmão mencionou Pedro Soares dos Santos (podia ter mencionado Jorge Jesus, que ganha 4 vezes mais, mas normalmente os bloquistas evitam chatear a malta do futebol). Isto dá duas impressões erradas: a de que a progressividade é destinada a esses salários milionários e que esses salários milionários representam uma parte importante das receitas fiscais em sede de IRS. Ambas estão erradas.

Primeiro, a progressividade não pune principalmente salários milionários. Basta pensar que o terceiro escalão cuja taxa de IRS é quase o dobro do primeiro escalão (28,5% versus 14,5%) começa com salários líquidos inferiores a mil euros. Se continuarmos a andar para cima nos escalões, podemos verificar que alguém com um rendimento líquido de pouco mais de 2 mil euros já se enquadra no sexto escalão, começando a pagar uma taxa de IRS de 45% sobre qualquer acréscimo de salário. Receber 2 mil euros pode ser bom para Portugal, mas dificilmente é um “salário milionário” ou um salário que faça de alguém rico. Alguém que receba 2 mil euros por mês, mesmo que passe 20 anos a poupar metade desse valor mais os subsídios de natal e de férias, mal conseguirá poupar o suficiente para comprar um T2 no centro de Lisboa. Viver 20 anos com mil euros por mês para conseguir comprar um T2 em Lisboa dificilmente qualifica alguém como “rico” e muito menos “milionário”. Mas é a estes que a progressividade mais castiga. A progressividade não é desenhada para salários milionários. Se fosse, o escalão dos 45% começaria muito acima do que começa hoje. É desenhada para que quem ganha essa fortuna que são 1000€ comece a pagar o dobro da taxa de quem ganha 700€ e para que quem ganha 2000€ (algo semelhante ao salário mínimo no Luxemburgo) tenha que pagar 45% de IRS se receber algum aumento.
Segundo, os “salários milionários” não representam uma parte substancial das receitas de IRS. Os últimos números que existem para 2017 indicam que as pessoas incluídas no 5º escalão (o maior na altura) foram responsáveis por 11% das receitas de IRS. O 5º escalão incluía pessoas que ganham em termos líquidos a partir de algo como 3500€ líquidos por mês. Mesmo dando de barato que isto é um “salário milionário”, claramente não representam uma parte importante das receitas. O governo não disponibiliza dados, mas não é difícil de adivinhar que se o patamar fosse colocado mais acima, nos verdadeiros salários milionários, a percentagem de IRS paga por eles seria ainda mais baixa. Por muito que alguns gostem de acenar com o fantasma dos ricos que ganham salário milionários, eles são muito raros, principalmente fora do futebol.
O IRS não é só um imposto sobre o rendimento do indivíduo
Mesmo se assumíssemos que a progressividade se destina a castigar os ricos que recebem rendimentos milionários, há aqui um equívoco conceptual que mesmo muitos economistas tendem a ignorar. Um imposto não recai apenas sobre a pessoa que paga o imposto. Na verdade, a pessoa que tecnicamente o paga pode até nem sofrer muito com esse imposto. O IRS não é apenas um imposto sobre o salário do trabalhador, é um imposto sobre o rendimento de trabalho.

Para entendermos isto, até podemos usar o exemplo de outro imposto, o IVA. O IVA, supostamente, é um imposto sobre o consumidor. Mas o IVA não é um imposto pago apenas pelo consumidor. Se assim fosse, os donos de estabelecimentos de restauração não teriam feito tanta pressão política para baixar o IVA da restauração (afinal, seriam os clientes a pagar, certo?).

Os donos de restaurantes insistiram na baixa do IVA da restauração porque sabiam que isso lhes poderia trazer mais lucro, fosse por venderem mais refeições baixando o preço, fosse por poderem manter o preço das refeições ficando com o correspondente à redução do IVA. Mais tarde disseram mesmo que graças à redução do IVA puderam contratar mais trabalhadores e pagar melhor aos que lá tinham. Ou seja, a redução do IVA beneficiou consumidores que em alguns casos pagaram menos, os donos dos restaurantes e os funcionários.

Se uma queda do imposto beneficia empresários, empregados e consumidores, isto quer dizer que na verdade ele é pago por todos e não só pelos consumidores. A forma como o custo deste imposto é distribuído depende muita da situação de cada um. Se o sector da restauração estivesse com falta de pessoal, muita da redução do IVA iria para os trabalhadores sob a forma de salários mais altos. Nos restaurantes sem necessidade de aumentar clientela, os donos dos restaurantes absorveriam todo o benefício da descida do IVA porque poderiam manter os preços que tinham antes da descida do IVA sem perder clientes.

Com o IRS a situação é semelhante. O IRS não é um imposto sobre o rendimento de um indivíduo, é um imposto sobre uma relação de trabalho. Uma relação de trabalho beneficia o trabalhador, o empregador e mesmo outros funcionários da mesma empresa. Se o IRS fosse mais baixo para um trabalhador altamente qualificado, esse trabalhador poderia eventualmente ganhar mais, mas a empresa também poderia gastar menos para lhe dar o mesmo salário líquido. Isso faria com que sobrasse mais dinheiro para os donos da empresa, que poderiam ficar com eles, contratar mais trabalhadores ou aumentar-lhes o salário, dependendo das necessidades do momento.

Tal como o IVA, o IRS é um imposto pago por todos aqueles que podem beneficiar direta ou indiretamente dessa relação de trabalho. Tudo depende da sua capacidade negocial. Se um trabalhador tiver grande capacidade negocial, como têm muitos daqueles que recebem salários milionários, o mais certo é que o IRS seja mais um imposto sobre as empresas que pagam salários (e os restantes trabalhadores) do que sobre o próprio trabalhador.

Basta imaginar o que aconteceria nos clubes de futebol se amanhã fosse lançada uma taxa de IRS de 90% sobre salários milionários. Das duas uma: ou os clubes aumentariam os salários brutos, suportando o custo do IRS (tendo que cortar custos na formação, nos restantes salários, etc) ou os clubes perderiam os seus melhores jogadores. O caso recente da não contratação do Cavani, alegadamente por o Benfica não conseguir pagar a carga fiscal necessária para lhe pagar o salário líquido que ele desejava, é outro bom exemplo. O Cavani, que supostamente pagaria o IRS, foi o menos prejudicado por tudo porque conseguirá o mesmo salário líquido noutro lado. Quem acabou por ficar prejudicado pelo imposto foi o clube, os seus adeptos e o futebol português em geral (embora, em boa justiça, tenha havido um português que ficou a ganhar: o treinador do PAOK).

Porque é que é importante perceber que o IRS é um imposto sobre uma transação, e todos os que dela beneficiam, e não um imposto sobre um indivíduo? Porque se percebermos isso, a discussão passa para o ponto em que deve estar: devemos taxar desproporcionalmente contratos de trabalho com salários mais altos e trabalhadores tendencialmente qualificados? Devemos punir fiscalmente o trabalho qualificado e as empresas que pagam salários mais altos? Ou será que é precisamente esse tipo de contratos e empresas que precisamos para que o país cresça e crie oportunidades para todos (mesmo os que recebem menos)?

Daqui a duas semanas escreverei sobre a forma como a progressividade pode ser regressiva para alguns, sobre o seu efeito sobre as mulheres em particular, sobre o efeito na desigualdade (que existe, especialmente se a mudança for repentina), na queda das receitas fiscais com uma taxa única e sobre como duas taxas pode ser um modelo politicamente mais exequível do que o modelo de uma taxa, sem perder muitos dos benefícios da taxa única.

Sobre a evolução das receitas após um choque fiscal, deixo aqui uma pista: no gráfico abaixo podem ver a evolução da receita de IRS de Portugal e República Checa. A República Checa passou de um regime progressivo para uma taxa única de IRS em 2008 e Portugal lançou um “enorme aumento” do IRS em 2013. Abaixo também podem ver a evolução das receitas fiscais. Portugal e República Checa são países com populações e economias de tamanho semelhante. Deixo ao leitor a oportunidade de interpretar os dois gráficos. Escreverei mais sobre isto no próximo artigo.

Carlos Guimarães Pinto
Colunista

https://eco.sapo.pt/opiniao/mitos-e-falacias-sobre-o-irs-em-portugal-i/?fbclid=IwAR203pXOhocWeN25AWMJmxUUjyiTWNLFgL_JztW3p3f-pQM36omnGpc2xBE

“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

vbm

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #746 em: 2020-09-28 18:49:14 »
Muito bom!

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #747 em: 2020-09-28 19:57:39 »
Este tipo continua a escrever bem:

Mitos e falácias sobre o IRS em Portugal (I)
Carlos Guimarães Pinto
24 Setembro 2020

A progressividade fiscal de IRS não foi desenhada para pôr os ricos a pagarem mais impostos, nem se destina a salários milionários.

Na sequência da discussão sobre o nosso sistema de IRS, tentarei nos próximos dois artigos desmistificar algumas falácias argumentativas sobre o IRS e a progressividade fiscal em Portugal.

A progressividade fiscal do IRS em Portugal não se destina a fazer com que os ricos paguem mais
Há aqui dois conceitos que importa não confundir: riqueza e rendimento. O IRS não taxa a riqueza, taxa o rendimento. Embora as duas coisas possam estar relacionadas, uma pessoa pode ter um rendimento alto sem ter riqueza acumulada e vice-versa. Isto é especialmente verdade quando se fala de rendimentos do trabalho, o único sujeito a progressividade.

O rendimento que resulta da riqueza não é sujeito à progressividade do IRS. Existe já uma taxa única para o rendimento de capitais que se aplica a todas as pessoas, independentemente do seu rendimento total, quer se trate dos juros de uma conta a prazo com 5 mil euros ou de uma carteira de acções de 5 milhões. Há uma boa razão para existir esta taxa única, que existe na esmagadora maioria dos países, mas não é o tema deste artigo. O importante a reter aqui é que a riqueza não é taxada em sede de IRS e os rendimentos provenientes dessa riqueza já estão sujeitos a uma taxa única não progressiva. Ou seja, a progressividade no IRS não se destina a fazer com que os ricos paguem mais.

A progressividade fiscal em Portugal não se destina a salários milionários
Sempre que se fala em diminuir a progressividade, alguém vem com o exemplo de um qualquer CEO a receber um salário milionário que passará a pagar muito menos. Há dias num debate José Gusmão mencionou Pedro Soares dos Santos (podia ter mencionado Jorge Jesus, que ganha 4 vezes mais, mas normalmente os bloquistas evitam chatear a malta do futebol). Isto dá duas impressões erradas: a de que a progressividade é destinada a esses salários milionários e que esses salários milionários representam uma parte importante das receitas fiscais em sede de IRS. Ambas estão erradas.

Primeiro, a progressividade não pune principalmente salários milionários. Basta pensar que o terceiro escalão cuja taxa de IRS é quase o dobro do primeiro escalão (28,5% versus 14,5%) começa com salários líquidos inferiores a mil euros. Se continuarmos a andar para cima nos escalões, podemos verificar que alguém com um rendimento líquido de pouco mais de 2 mil euros já se enquadra no sexto escalão, começando a pagar uma taxa de IRS de 45% sobre qualquer acréscimo de salário. Receber 2 mil euros pode ser bom para Portugal, mas dificilmente é um “salário milionário” ou um salário que faça de alguém rico. Alguém que receba 2 mil euros por mês, mesmo que passe 20 anos a poupar metade desse valor mais os subsídios de natal e de férias, mal conseguirá poupar o suficiente para comprar um T2 no centro de Lisboa. Viver 20 anos com mil euros por mês para conseguir comprar um T2 em Lisboa dificilmente qualifica alguém como “rico” e muito menos “milionário”. Mas é a estes que a progressividade mais castiga. A progressividade não é desenhada para salários milionários. Se fosse, o escalão dos 45% começaria muito acima do que começa hoje. É desenhada para que quem ganha essa fortuna que são 1000€ comece a pagar o dobro da taxa de quem ganha 700€ e para que quem ganha 2000€ (algo semelhante ao salário mínimo no Luxemburgo) tenha que pagar 45% de IRS se receber algum aumento.
Segundo, os “salários milionários” não representam uma parte substancial das receitas de IRS. Os últimos números que existem para 2017 indicam que as pessoas incluídas no 5º escalão (o maior na altura) foram responsáveis por 11% das receitas de IRS. O 5º escalão incluía pessoas que ganham em termos líquidos a partir de algo como 3500€ líquidos por mês. Mesmo dando de barato que isto é um “salário milionário”, claramente não representam uma parte importante das receitas. O governo não disponibiliza dados, mas não é difícil de adivinhar que se o patamar fosse colocado mais acima, nos verdadeiros salários milionários, a percentagem de IRS paga por eles seria ainda mais baixa. Por muito que alguns gostem de acenar com o fantasma dos ricos que ganham salário milionários, eles são muito raros, principalmente fora do futebol.
O IRS não é só um imposto sobre o rendimento do indivíduo
Mesmo se assumíssemos que a progressividade se destina a castigar os ricos que recebem rendimentos milionários, há aqui um equívoco conceptual que mesmo muitos economistas tendem a ignorar. Um imposto não recai apenas sobre a pessoa que paga o imposto. Na verdade, a pessoa que tecnicamente o paga pode até nem sofrer muito com esse imposto. O IRS não é apenas um imposto sobre o salário do trabalhador, é um imposto sobre o rendimento de trabalho.

Para entendermos isto, até podemos usar o exemplo de outro imposto, o IVA. O IVA, supostamente, é um imposto sobre o consumidor. Mas o IVA não é um imposto pago apenas pelo consumidor. Se assim fosse, os donos de estabelecimentos de restauração não teriam feito tanta pressão política para baixar o IVA da restauração (afinal, seriam os clientes a pagar, certo?).

Os donos de restaurantes insistiram na baixa do IVA da restauração porque sabiam que isso lhes poderia trazer mais lucro, fosse por venderem mais refeições baixando o preço, fosse por poderem manter o preço das refeições ficando com o correspondente à redução do IVA. Mais tarde disseram mesmo que graças à redução do IVA puderam contratar mais trabalhadores e pagar melhor aos que lá tinham. Ou seja, a redução do IVA beneficiou consumidores que em alguns casos pagaram menos, os donos dos restaurantes e os funcionários.

Se uma queda do imposto beneficia empresários, empregados e consumidores, isto quer dizer que na verdade ele é pago por todos e não só pelos consumidores. A forma como o custo deste imposto é distribuído depende muita da situação de cada um. Se o sector da restauração estivesse com falta de pessoal, muita da redução do IVA iria para os trabalhadores sob a forma de salários mais altos. Nos restaurantes sem necessidade de aumentar clientela, os donos dos restaurantes absorveriam todo o benefício da descida do IVA porque poderiam manter os preços que tinham antes da descida do IVA sem perder clientes.

Com o IRS a situação é semelhante. O IRS não é um imposto sobre o rendimento de um indivíduo, é um imposto sobre uma relação de trabalho. Uma relação de trabalho beneficia o trabalhador, o empregador e mesmo outros funcionários da mesma empresa. Se o IRS fosse mais baixo para um trabalhador altamente qualificado, esse trabalhador poderia eventualmente ganhar mais, mas a empresa também poderia gastar menos para lhe dar o mesmo salário líquido. Isso faria com que sobrasse mais dinheiro para os donos da empresa, que poderiam ficar com eles, contratar mais trabalhadores ou aumentar-lhes o salário, dependendo das necessidades do momento.

Tal como o IVA, o IRS é um imposto pago por todos aqueles que podem beneficiar direta ou indiretamente dessa relação de trabalho. Tudo depende da sua capacidade negocial. Se um trabalhador tiver grande capacidade negocial, como têm muitos daqueles que recebem salários milionários, o mais certo é que o IRS seja mais um imposto sobre as empresas que pagam salários (e os restantes trabalhadores) do que sobre o próprio trabalhador.

Basta imaginar o que aconteceria nos clubes de futebol se amanhã fosse lançada uma taxa de IRS de 90% sobre salários milionários. Das duas uma: ou os clubes aumentariam os salários brutos, suportando o custo do IRS (tendo que cortar custos na formação, nos restantes salários, etc) ou os clubes perderiam os seus melhores jogadores. O caso recente da não contratação do Cavani, alegadamente por o Benfica não conseguir pagar a carga fiscal necessária para lhe pagar o salário líquido que ele desejava, é outro bom exemplo. O Cavani, que supostamente pagaria o IRS, foi o menos prejudicado por tudo porque conseguirá o mesmo salário líquido noutro lado. Quem acabou por ficar prejudicado pelo imposto foi o clube, os seus adeptos e o futebol português em geral (embora, em boa justiça, tenha havido um português que ficou a ganhar: o treinador do PAOK).

Porque é que é importante perceber que o IRS é um imposto sobre uma transação, e todos os que dela beneficiam, e não um imposto sobre um indivíduo? Porque se percebermos isso, a discussão passa para o ponto em que deve estar: devemos taxar desproporcionalmente contratos de trabalho com salários mais altos e trabalhadores tendencialmente qualificados? Devemos punir fiscalmente o trabalho qualificado e as empresas que pagam salários mais altos? Ou será que é precisamente esse tipo de contratos e empresas que precisamos para que o país cresça e crie oportunidades para todos (mesmo os que recebem menos)?

Daqui a duas semanas escreverei sobre a forma como a progressividade pode ser regressiva para alguns, sobre o seu efeito sobre as mulheres em particular, sobre o efeito na desigualdade (que existe, especialmente se a mudança for repentina), na queda das receitas fiscais com uma taxa única e sobre como duas taxas pode ser um modelo politicamente mais exequível do que o modelo de uma taxa, sem perder muitos dos benefícios da taxa única.

Sobre a evolução das receitas após um choque fiscal, deixo aqui uma pista: no gráfico abaixo podem ver a evolução da receita de IRS de Portugal e República Checa. A República Checa passou de um regime progressivo para uma taxa única de IRS em 2008 e Portugal lançou um “enorme aumento” do IRS em 2013. Abaixo também podem ver a evolução das receitas fiscais. Portugal e República Checa são países com populações e economias de tamanho semelhante. Deixo ao leitor a oportunidade de interpretar os dois gráficos. Escreverei mais sobre isto no próximo artigo.

Carlos Guimarães Pinto
Colunista

https://eco.sapo.pt/opiniao/mitos-e-falacias-sobre-o-irs-em-portugal-i/?fbclid=IwAR203pXOhocWeN25AWMJmxUUjyiTWNLFgL_JztW3p3f-pQM36omnGpc2xBE

luta antiga.... completamente de acordo.

JohnyRobaz

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #748 em: 2020-09-30 11:11:40 »
Este tipo continua a escrever bem:

Mitos e falácias sobre o IRS em Portugal (I)
Carlos Guimarães Pinto
24 Setembro 2020

A progressividade fiscal de IRS não foi desenhada para pôr os ricos a pagarem mais impostos, nem se destina a salários milionários.

Na sequência da discussão sobre o nosso sistema de IRS, tentarei nos próximos dois artigos desmistificar algumas falácias argumentativas sobre o IRS e a progressividade fiscal em Portugal.

A progressividade fiscal do IRS em Portugal não se destina a fazer com que os ricos paguem mais
Há aqui dois conceitos que importa não confundir: riqueza e rendimento. O IRS não taxa a riqueza, taxa o rendimento. Embora as duas coisas possam estar relacionadas, uma pessoa pode ter um rendimento alto sem ter riqueza acumulada e vice-versa. Isto é especialmente verdade quando se fala de rendimentos do trabalho, o único sujeito a progressividade.

O rendimento que resulta da riqueza não é sujeito à progressividade do IRS. Existe já uma taxa única para o rendimento de capitais que se aplica a todas as pessoas, independentemente do seu rendimento total, quer se trate dos juros de uma conta a prazo com 5 mil euros ou de uma carteira de acções de 5 milhões. Há uma boa razão para existir esta taxa única, que existe na esmagadora maioria dos países, mas não é o tema deste artigo. O importante a reter aqui é que a riqueza não é taxada em sede de IRS e os rendimentos provenientes dessa riqueza já estão sujeitos a uma taxa única não progressiva. Ou seja, a progressividade no IRS não se destina a fazer com que os ricos paguem mais.

A progressividade fiscal em Portugal não se destina a salários milionários
Sempre que se fala em diminuir a progressividade, alguém vem com o exemplo de um qualquer CEO a receber um salário milionário que passará a pagar muito menos. Há dias num debate José Gusmão mencionou Pedro Soares dos Santos (podia ter mencionado Jorge Jesus, que ganha 4 vezes mais, mas normalmente os bloquistas evitam chatear a malta do futebol). Isto dá duas impressões erradas: a de que a progressividade é destinada a esses salários milionários e que esses salários milionários representam uma parte importante das receitas fiscais em sede de IRS. Ambas estão erradas.

Primeiro, a progressividade não pune principalmente salários milionários. Basta pensar que o terceiro escalão cuja taxa de IRS é quase o dobro do primeiro escalão (28,5% versus 14,5%) começa com salários líquidos inferiores a mil euros. Se continuarmos a andar para cima nos escalões, podemos verificar que alguém com um rendimento líquido de pouco mais de 2 mil euros já se enquadra no sexto escalão, começando a pagar uma taxa de IRS de 45% sobre qualquer acréscimo de salário. Receber 2 mil euros pode ser bom para Portugal, mas dificilmente é um “salário milionário” ou um salário que faça de alguém rico. Alguém que receba 2 mil euros por mês, mesmo que passe 20 anos a poupar metade desse valor mais os subsídios de natal e de férias, mal conseguirá poupar o suficiente para comprar um T2 no centro de Lisboa. Viver 20 anos com mil euros por mês para conseguir comprar um T2 em Lisboa dificilmente qualifica alguém como “rico” e muito menos “milionário”. Mas é a estes que a progressividade mais castiga. A progressividade não é desenhada para salários milionários. Se fosse, o escalão dos 45% começaria muito acima do que começa hoje. É desenhada para que quem ganha essa fortuna que são 1000€ comece a pagar o dobro da taxa de quem ganha 700€ e para que quem ganha 2000€ (algo semelhante ao salário mínimo no Luxemburgo) tenha que pagar 45% de IRS se receber algum aumento.
Segundo, os “salários milionários” não representam uma parte substancial das receitas de IRS. Os últimos números que existem para 2017 indicam que as pessoas incluídas no 5º escalão (o maior na altura) foram responsáveis por 11% das receitas de IRS. O 5º escalão incluía pessoas que ganham em termos líquidos a partir de algo como 3500€ líquidos por mês. Mesmo dando de barato que isto é um “salário milionário”, claramente não representam uma parte importante das receitas. O governo não disponibiliza dados, mas não é difícil de adivinhar que se o patamar fosse colocado mais acima, nos verdadeiros salários milionários, a percentagem de IRS paga por eles seria ainda mais baixa. Por muito que alguns gostem de acenar com o fantasma dos ricos que ganham salário milionários, eles são muito raros, principalmente fora do futebol.
O IRS não é só um imposto sobre o rendimento do indivíduo
Mesmo se assumíssemos que a progressividade se destina a castigar os ricos que recebem rendimentos milionários, há aqui um equívoco conceptual que mesmo muitos economistas tendem a ignorar. Um imposto não recai apenas sobre a pessoa que paga o imposto. Na verdade, a pessoa que tecnicamente o paga pode até nem sofrer muito com esse imposto. O IRS não é apenas um imposto sobre o salário do trabalhador, é um imposto sobre o rendimento de trabalho.

Para entendermos isto, até podemos usar o exemplo de outro imposto, o IVA. O IVA, supostamente, é um imposto sobre o consumidor. Mas o IVA não é um imposto pago apenas pelo consumidor. Se assim fosse, os donos de estabelecimentos de restauração não teriam feito tanta pressão política para baixar o IVA da restauração (afinal, seriam os clientes a pagar, certo?).

Os donos de restaurantes insistiram na baixa do IVA da restauração porque sabiam que isso lhes poderia trazer mais lucro, fosse por venderem mais refeições baixando o preço, fosse por poderem manter o preço das refeições ficando com o correspondente à redução do IVA. Mais tarde disseram mesmo que graças à redução do IVA puderam contratar mais trabalhadores e pagar melhor aos que lá tinham. Ou seja, a redução do IVA beneficiou consumidores que em alguns casos pagaram menos, os donos dos restaurantes e os funcionários.

Se uma queda do imposto beneficia empresários, empregados e consumidores, isto quer dizer que na verdade ele é pago por todos e não só pelos consumidores. A forma como o custo deste imposto é distribuído depende muita da situação de cada um. Se o sector da restauração estivesse com falta de pessoal, muita da redução do IVA iria para os trabalhadores sob a forma de salários mais altos. Nos restaurantes sem necessidade de aumentar clientela, os donos dos restaurantes absorveriam todo o benefício da descida do IVA porque poderiam manter os preços que tinham antes da descida do IVA sem perder clientes.

Com o IRS a situação é semelhante. O IRS não é um imposto sobre o rendimento de um indivíduo, é um imposto sobre uma relação de trabalho. Uma relação de trabalho beneficia o trabalhador, o empregador e mesmo outros funcionários da mesma empresa. Se o IRS fosse mais baixo para um trabalhador altamente qualificado, esse trabalhador poderia eventualmente ganhar mais, mas a empresa também poderia gastar menos para lhe dar o mesmo salário líquido. Isso faria com que sobrasse mais dinheiro para os donos da empresa, que poderiam ficar com eles, contratar mais trabalhadores ou aumentar-lhes o salário, dependendo das necessidades do momento.

Tal como o IVA, o IRS é um imposto pago por todos aqueles que podem beneficiar direta ou indiretamente dessa relação de trabalho. Tudo depende da sua capacidade negocial. Se um trabalhador tiver grande capacidade negocial, como têm muitos daqueles que recebem salários milionários, o mais certo é que o IRS seja mais um imposto sobre as empresas que pagam salários (e os restantes trabalhadores) do que sobre o próprio trabalhador.

Basta imaginar o que aconteceria nos clubes de futebol se amanhã fosse lançada uma taxa de IRS de 90% sobre salários milionários. Das duas uma: ou os clubes aumentariam os salários brutos, suportando o custo do IRS (tendo que cortar custos na formação, nos restantes salários, etc) ou os clubes perderiam os seus melhores jogadores. O caso recente da não contratação do Cavani, alegadamente por o Benfica não conseguir pagar a carga fiscal necessária para lhe pagar o salário líquido que ele desejava, é outro bom exemplo. O Cavani, que supostamente pagaria o IRS, foi o menos prejudicado por tudo porque conseguirá o mesmo salário líquido noutro lado. Quem acabou por ficar prejudicado pelo imposto foi o clube, os seus adeptos e o futebol português em geral (embora, em boa justiça, tenha havido um português que ficou a ganhar: o treinador do PAOK).

Porque é que é importante perceber que o IRS é um imposto sobre uma transação, e todos os que dela beneficiam, e não um imposto sobre um indivíduo? Porque se percebermos isso, a discussão passa para o ponto em que deve estar: devemos taxar desproporcionalmente contratos de trabalho com salários mais altos e trabalhadores tendencialmente qualificados? Devemos punir fiscalmente o trabalho qualificado e as empresas que pagam salários mais altos? Ou será que é precisamente esse tipo de contratos e empresas que precisamos para que o país cresça e crie oportunidades para todos (mesmo os que recebem menos)?

Daqui a duas semanas escreverei sobre a forma como a progressividade pode ser regressiva para alguns, sobre o seu efeito sobre as mulheres em particular, sobre o efeito na desigualdade (que existe, especialmente se a mudança for repentina), na queda das receitas fiscais com uma taxa única e sobre como duas taxas pode ser um modelo politicamente mais exequível do que o modelo de uma taxa, sem perder muitos dos benefícios da taxa única.

Sobre a evolução das receitas após um choque fiscal, deixo aqui uma pista: no gráfico abaixo podem ver a evolução da receita de IRS de Portugal e República Checa. A República Checa passou de um regime progressivo para uma taxa única de IRS em 2008 e Portugal lançou um “enorme aumento” do IRS em 2013. Abaixo também podem ver a evolução das receitas fiscais. Portugal e República Checa são países com populações e economias de tamanho semelhante. Deixo ao leitor a oportunidade de interpretar os dois gráficos. Escreverei mais sobre isto no próximo artigo.

Carlos Guimarães Pinto
Colunista

https://eco.sapo.pt/opiniao/mitos-e-falacias-sobre-o-irs-em-portugal-i/?fbclid=IwAR203pXOhocWeN25AWMJmxUUjyiTWNLFgL_JztW3p3f-pQM36omnGpc2xBE

Isto sim são questões estruturais e que se devem debater no país (a IL tem lutado bem e conseguido isso). Aliás, a proposta para o IRS da IL é bastante interessante.

Automek

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #749 em: 2020-09-30 11:54:48 »
A ideia é destruída logo à cabeça por "todos pagam o mesmo".
Como envolve alguma tecnicalidade, nomeadamente haver sempre um valor de dedução fixo, torna-se difícil passar a mensagem.
É claro que qualquer pessoa com um excel e que simule vários rendimentos com um valor de dedução fixo percebe que o imposto é progressivo e que quem ganha muito paga uma taxa efectiva perto da flat rate e que quem ganha pouco não paga quase nada porque a dedução absorve tudo.
Chateia bastante o Louçã, professor universitário, fazer o que fez. Não há qualquer hipótese, nem de 0.00001% dele não saber que a proposta da IL é progressiva. É um nojento intelectual.

JohnyRobaz

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #750 em: 2020-09-30 12:46:46 »
A ideia é destruída logo à cabeça por "todos pagam o mesmo".
Como envolve alguma tecnicalidade, nomeadamente haver sempre um valor de dedução fixo, torna-se difícil passar a mensagem.
É claro que qualquer pessoa com um excel e que simule vários rendimentos com um valor de dedução fixo percebe que o imposto é progressivo e que quem ganha muito paga uma taxa efectiva perto da flat rate e que quem ganha pouco não paga quase nada porque a dedução absorve tudo.
Chateia bastante o Louçã, professor universitário, fazer o que fez. Não há qualquer hipótese, nem de 0.00001% dele não saber que a proposta da IL é progressiva. É um nojento intelectual.

Sim, o Louçã mentiu deliberadamente. Disso não há dúvidas. Mas a IL esteve bem com os vídeos explicativos e tenho que deixar um elogio ao Cotrim (por quem, no início, não dava muito) que tem estado bem a defender a causa, principalmente no debate com aquele deputado do bloco.

vbm

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #751 em: 2020-09-30 12:49:23 »
Sem dúvida, o Cotrim é um tipo que fala com clareza intelectual; isso é valioso, sério.

Reg

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #752 em: 2020-09-30 15:09:47 »
os populistas e estam moda

basicamente e sao quase todos ....


por isso  metem la trumps e nao cotrims....

louca devia levar com trump num debate hahah


sao loucas da vida que fazem aparecer os trumps
« Última modificação: 2020-09-30 15:16:57 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #753 em: 2020-09-30 21:09:01 »
Sem dúvida, o Cotrim é um tipo que fala com clareza intelectual; isso é valioso, sério.

O Cotrim é uma especie de perola a porcos. Uma especie de Dom Quixote.

vbm

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #754 em: 2020-09-30 22:11:31 »
Sem dúvida. O tipo é bom. Claro.
Não deixou de entreabrir uma porta
de maior reflexão de como proceder
com os altos rendimentos. Defendeu
o principal: dar um horizonte à classe
média. Júdice, completando-o, truncou
a flat tax, permitindo a progressão
a partir de certa grandeza. Deveria
impor-se a integração* de rendimentos
não-salariais, a partir de algum patamar.

(*) i.e., o englobamento
« Última modificação: 2020-10-01 10:25:18 por vbm »

D. Antunes

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #755 em: 2020-09-30 23:25:10 »
Sem dúvida. O tipo é bom. Claro.
Não deixou de entreabrir uma porta
de maior reflexão de como proceder
com os altos rendimentos. Defendeu
o principal: dar um horizonte à classe
média. Júdice, completando-o, truncou
a flat tax, permitindo a progressão
a partir de certa grandeza. Deveria
impor-se a integração de rendimentos
não-salariais, a partir de algum patamar.


Geralmente cada um pensa que esse patamar é aproximadamente o dobro do que ganha. ;D
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

vbm

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #756 em: 2020-10-01 10:23:49 »
É possível -:). Contudo, do plano para a praxis,
imiscui-se a adversidade; truncar e liberar
o devir resultante, é talvez necessidade
política... é menos 'bonito', mas
a Física social parece
requerê-lo.

JohnyRobaz

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #757 em: 2020-10-01 10:26:35 »
Sem dúvida. O tipo é bom. Claro.
Não deixou de entreabrir uma porta
de maior reflexão de como proceder
com os altos rendimentos. Defendeu
o principal: dar um horizonte à classe
média. Júdice, completando-o, truncou
a flat tax, permitindo a progressão
a partir de certa grandeza. Deveria
impor-se a integração de rendimentos
não-salariais, a partir de algum patamar.


Geralmente cada um pensa que esse patamar é aproximadamente o dobro do que ganha. ;D

Por acaso ainda não percebi qual o patamar acima do qual a IL aceitaria uma taxa de 27,5%. Eu diria que algo tipo salários acima do salário do Presidente da República. É sempre difícil definir isso, mas consideraria que assim faria sentido.

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #758 em: 2020-10-01 11:39:50 »
As vezes vejo recibos de vencimento que ate deprimem para a função.
Já nem comparo com outro ou com reformas. Falo so do acima.

JohnyRobaz

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #759 em: 2020-10-06 11:20:47 »