A notícia sobre a proposta do BE fala do caso de Israel que em 2016 instaurou uma lei que limitava para o sector bancário um rácio máximo de 44 (ou um máximo de 530K€ caso esse rácio não seja ultrapassado). Na altura os bancos espernearam dizendo que iria haver uma figa de cérebros e parece que muitos dos que ganhavam milhões foram embora. Ainda não passou muito tempo mas embora Israel apareça muito nas notícias, não me apercebi de nenhuma que indicasse que devido fuga das mentes brilhantes que ganhavam milhões o sistema bancário de Israel esteja em sérias dificuldades ou que qualidade dos serviços prestado tenha descido drasticamente. Aparentemente os broncos que só tem inteligência para ganhar 530K€ fazem o trabalho tão bem como os portentos de inteligência que substituiram.
No caso do BE a proposta tem motivações ideológicas mas nos casos da Suiça ou Israel parece-me que a motivação foi as pessoas apaerceberem-se que os limites da decência foram ultrapassados. Os suiços ao ouvirem falar de casos sucessivos de CEOs que recebiam indemnizações obscenas depois de terem gerado perdas votam leis que proibem essas compensações e impedem os acordos salariais de serem decididos numa comissão que não apresenta propostas aos accionistas. Os israelitas sentiram essa falta de decência no sector bancário e enveredaram por outra solução.
A comparação com desporto não faz muito sentido. Se olharmos para Lebron James, Ronaldo ou Messi, dentro da sua geração eles são únicos. Poderá haver 3 ou 4 subsitutos a nível mundial mas pouco mais.
No caso dos CEOs se pensarmos por exemplo no Mexia só em Portugal deverá haver bastante mais de uma dezena cujo impacto na EDP não iria diferir muito do Mexia. Além disso no caso do Ronaldo a sua chegada à gerou logo nos primeiros dias uma receita de dezenas de milhões com venda de camisolas. Não me parece que se o Mexia se mudar por exemplo para um banco surja uma corrida à abertura de contas no banco onde vai assumir lugar de CEO.
De resto os Israelitas também parece que não generalizaram a lei. Só actuaram no sector bancário porque certamente foi nesse que viram que todos os limites de indecência tinham sido ultrapassados.
Eu dei o exemplo do desporto em jeito de provocação. E, claro, falar do Lebron é demagógico.
Mas no caso do desporto não precisas de falar em craques mundiais. Tens no Benfica o Luisão a ganhar 250K mensais, o que implicava que o funcionário da SAD com ordenado mais baixo ganhasse 12.5K. E encontras no Sporting e no Porto casos idênticos.
Isto para ilustrar que não se deve levar as coisas a direito, como foi ventilado (a proposta que foi falada deu o exemplo do sector financeiro mas não era exclusiva para o sector financeiro).
Mas mesmo que deixemos o futebol, que é um mundo aparte, e passemos para o mundo real, no hospital da luz deve haver gente a ganhar o salário mínimo (676€), o que significava que o mais bem pago (provavelmente um médico) não poderia ganhar mais do que 13.520€.
Eu não sei quanto ganhará um tipo da classe do Eduardo Barroso, se este trabalhasse no privado. Mas não me choca absolutamente nada se fosse bem mais que isso.
Tenho pena que esta cruzada ideológica não comece por outro lado. O exemplo do Mexia é aquele que é dado e, por acaso, o pior possível porque não ganha isso num mercado livre e sem favorecimento. O ordenado do mexia vem de uma série de rendas pagas pelo estado. Nessas sim é que o PS e o BE se deviam focar. É ridículo ter o estado a pagar rendas à EDP e depois reclmar do ordenado do mexia. Começa-se pelo telhado em vez de começar pela base.
Idem para os bancos a quem se ajudou e não se deixaram falir.
Idem para a REN que é monopólio protegido.
Ou seja, estes estarolas do BE e afins deviam era preocupar-se em que as empresas actuem num mercado completamente livre, sem ajudas do estado, e depois que paguem o que bem entendam.
Se a SONAE distribuição decidir pagar balúrdios é um problema deles. Os preços do Continente têm de reflectir isso e cá estará o Pingo Doce, o Lidl, o Minipreço, o Aldi, o Intermarché e todos os outros como alternativa.