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Autor Tópico: O Governo de António Costa  (Lida 187319 vezes)

Pip-Boy

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #540 em: 2016-04-07 12:48:33 »
Ainda no outro dia eram todos Charlie e a liberdade de expressão era muito importante...

Exactamente. Não percebo como o Soares Jr. deixou de ser Charlie e já não aceita a liberdade de expressão dos outros dois e lhes ameaça umas bofetadas (o que em si mesmo deve ser uma elevada forma de expressão para um ministro da cultura). Era isto que querias dizer, certo ?

Ainda se ele fosse ministro ou secretário de estado do desporto, podiamos ver as salutares bofetadas como forma de expressão desportiva....

Era exactamente isso.
As bofetadas dá sequência ao estilo Jorge Coelho, "Quem se mete com o PS, leva!".
The ultimate result of shielding men from the effects of folly, is to fill the world with fools.

Automek

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #541 em: 2016-04-07 13:47:41 »
A sorte deles é que o João Soares não chegou a ir para ministro da defesa. Senão já tinham tanques à porta.  ;D
João Soares é a aposta de Costa para o Ministério da Defesa

É curioso que a direita é que tem fama de ser fascista e nazi mas o PCP é que faz saneamentos, o BE ai de quem não concorde com eles e o PS é o que é com estes e outro trauliteiros. O PSD até atura o Pacheco Pereira como militante a cascar todas as semanas no partido.  :D

Paquinho

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #542 em: 2016-04-07 14:46:32 »
Quem diria que a sensibilidade do autor de "Deixa-me trocar trompa no teu falópio" esconde, afinal, tiques de um ditador da América latina...

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Automek

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #543 em: 2016-04-07 15:25:54 »
outra coisa curiosa é a de que empregou mal o verbo. é bolçar e não bolsar.
é irrelevante para a compreensão da mensagem mas num ministro da cultura não fica bem.


tommy

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #544 em: 2016-04-07 15:30:00 »
se fosse só isso auto....e os acentos?  :D

Público
Calúnias

Deus Menor

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #545 em: 2016-04-07 18:21:38 »
Sem qualquer tipo de ironia , tenho ideia que o J Soares tem uma deficiência mental.

kitano

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #546 em: 2016-04-07 19:02:20 »
O que dizer de quem o mete em cargos de poder...
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Deus Menor

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #547 em: 2016-04-07 19:10:22 »
O que dizer de quem o mete em cargos de poder...

Não estou a defender, torno evidente que não é uma pessoa preparada para ocupar estes cargos.

kitano

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #548 em: 2016-04-07 22:02:13 »
E eu concordo contigo e amplifico a questão...se ele é incapaz...problema dele...se alguém o coloca num cargo de poder...problema nosso.
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Reg

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #549 em: 2016-04-08 00:44:01 »
Ele tem menisterio Cultura, qualquer um serve desde cumpra  dois requesitos estar calado e destribuir dinheiro  para ser sucesso

« Última modificação: 2016-04-08 00:44:27 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

Automek

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5555

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #551 em: 2016-04-08 13:27:52 »
....já se foi...eh.eh.... ::)

http://economico.sapo.pt/noticias/joao-soares-pede-a-demissao-nao-quero-ser-um-problema-para-o-governo_246737.html


Citar
A reprimenda

por Henrique Monteiro, em 08.04.16

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #552 em: 2016-04-08 14:55:22 »
.....aceite...eh.eh..... :P


http://24.sapo.pt/article/lusa-sapo-pt_2016_04_08_470542966_primeiro-ministro-aceita-demissao-de-joao-soares


Citar
Soares, o político que fala demais

14:25 @economico.pt

O filho de Mário Soares tem longo percurso na vida pública nacional, mas nem essa experiência o leva a compreender bem as regras.

Truculento, controverso e nem sempre lúcido: a promessa de um par de bofetadas aos colunistas Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente, ambos do jornal Público, ganhou dimensão polémica para que a pasta de ministro da Cultura no XXI Governo Constitucional se tornasse demasiado pesada para João Soares. Sob o argumento de não querer “ser um problema para o Governo”, Soares apresentou a demissão. Tudo depois de um coro de críticas, as quais se juntaram à sua actuação no caso do afastamento do ex-presidente do Centro Cultural de Belém, António Lamas, nomeando Elísio Summavielle para o seu lugar.

Político, escritor, editor, maçon, filho de Mário Soares e Maria Barroso, João Barroso Soares nasceu em Lisboa, a 29 de Agosto de 1949. Estudante do Colégio Moderno, do Liceu Francês e na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o envolvimento do pai na luta anti-fascista e na política desde cedo o influenciou. O jovem João participou de forma activa na oposição estudantil à ditadura de Salazar e foi expulso da Faculdade por três vezes, acabando mesmo por rumar à então RFA em 1972 – embora não concluísse a licenciatura, estudou na Akademie Remscheid com uma bolsa da Fundação Friedrich Ebert.

De regresso a Portugal, ao lado de Vítor Cunha Rego criou a editora Perspectivas & Realidades, na qual se iniciou em 1975 com a publicação da obra “O Triunfo dos Porcos”, escrita por George Orwell. Seguiram-se obras do pai e de outros socialistas como Almeida Santos ou Salgado Zenha, mas também livros de Raúl Brandão, João Aguiar, Mário Cesariny e ainda poesia do antigo líder da UNITA, Jonas Savimbi.

A 23 de Setembro de 1989, durante uma viagem à Jamba, base de actuação da UNITA, Soares sofreu enorme susto após um acidente de avião no trajecto entre um congresso extraordinário da organização e um encontro com Sam Nujoma, máximo dirigente da SWAPO na Namíbia. Acompanhado por outros dois deputados (Rui Gomes da Silva e Nogueira de Brito), Soares viu o Cessna pilotado por Joaquim Augusto da Silva embater numa árvore e despenhar-se, ficando em chamas. Sofreu lesões mais graves do que os ferimentos ligeiros dos acompanhantes, acabando por recuperar após vários meses de convalescença.

João Soares é militante do Partido Socialista desde a fundação, em 1973, tendo desenvolvido intensa actividade política em diferentes vertentes, além de se assumir como maçon desde 1974: foi deputado no Parlamento português em várias ocasiões e esteve no Parlamento Europeu entre 1994 e 1995. Vereador na Câmara de Lisboa (90/95), actuou na área da Cultura, estando associado à Capital Europeia da Cultura, à criação da videoteca, da Casa Fernando Pessoa e da Bedeteca, seguindo-se a faceta de presidente da Câmara (95/2002) como sucessor de Jorge Sampaio.

Num percurso multifacetado, foi derrotado por José Sócrates quando se candidatou a líder do PS (2004) e, no ano seguinte, perdeu com Fernando Seara a disputa pela edilidade de Sintra. De 2008 a 2010 liderou a Assembleia  Parlamentar da Organização de Cooperação e Segurança Europeia (OSCE).

Casado por duas vezes (com Maria Olímpia Soares em 1971 e Annick Burhenne), Soares foi pai em cinco ocasiões: três no primeiro caso (Maria Inês, Maria Mafalda e Mário Alberto) e duas no segundo (Jonas e Lilah). Escreve romances em inglês e alemão sob os pseudónimos de John Sowinds e Hans Nurlufts.
« Última modificação: 2016-04-08 15:00:58 por Batman »

Automek

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #553 em: 2016-04-13 09:54:16 »
Secretário de Estado garante que salários e pensões "são intocáveis"

Os salários do sector privado também são intocáveis ? Vamos impedir o desemprego por decreto ? Ou são intocáveis só para a casta dos privilegiados do costume ?

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #554 em: 2016-04-13 11:43:30 »
Querem ver que os privados ainda vão agradecer ao PCP? ;D

PCP quer 35 horas de trabalho no setor privado e repor freguesias extintas
http://www.dn.pt/portugal/interior/pcp-quer-35-horas-de-trabalho-no-setor-privado-e-revogar-extincao-de-freguesias-5122543.html
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Paquinho

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #555 em: 2016-04-13 12:30:04 »
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Enquanto andávamos entretidos com as trapalhadas do ministro da defesa, substitui-se de forma quase clandestina o secretário de Estado da Juventude e Desporto (com graves críticas do demissionário ao ministro da educação). Ainda a tinta está fresca e descobrimos que o novo titular, João Paulo Rebelo, possui ampla experiência na má gestão de fundos públicos em empreitadas contratadas por ajuste directo ao famoso Grupo Lena.


    A Movijovem, entidade tutelada pelo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, e que gere as Pousadas da Juventude, fez pagamentos adiantados de quase 900 mil euros a nove empresas sem que estas iniciassem as obras contratadas para a reabilitação e melhoria da eficiência energética de várias pousadas.

    Duas dessas empresas, a Monterg – Construções, do Grupo Lena, e a Autonomia – Recursos Renováveis – foram contempladas com contratos de valor superior a 300 mil euros, sujeitos a visto obrigatório do Tribunal de Contas.

    Decidida a manter a validade dos referidos contratos, a Movijovem entregou à Monterg, em Fevereiro deste ano, mais de 209 mil euros, relativos a 20% do valor-base de duas facturas no valor total da ordem dos 511 mil euros. O mesmo fez com as restantes empresas, adiantando-lhes 20% do valor contratado, no montante total de 900 mil euros.

    As facturas da Monterg, com data de 21 de Dezembro de 2010 mas pagas em Fevereiro de 2011, indicam que os adiantamentos da Movijovem se referem ao pagamento de trabalhos de isolamento térmico exterior de fachadas e de coberturas em 12 Pousadas de Juventude, entre as quais as da Areia Branca, Leiria e Lisboa.

    Porém, nenhuma dessas empreitadas teve ainda início e desconhece-se mesmo a data em que devem começar as obras. “A Monterg recebeu há um mês informação da Movijovem para o início dos trabalhos”, diz António Pinto, administrador da empresa do Grupo Lena.

    João Paulo Rebelo, presidente da Movijovem, justifica a decisão de pagar adiantado com o próprio atraso no início das obras, previstas para começarem em 2010. Os trabalhos não terão avançado “por falta de transferência das verbas por parte do Ministério das Finanças”. Dos mais de 2,1 milhões de euros previstos para a melhoria da eficiência energética nas Pousadas de Juventude, só foram transferidos para a Movijovem, no início de 2011, cerca de 900 mil euros.

    Como as empresas “confrontaram a Movijovem com a possibilidade de resolução dos contratos, com o consequente efeito indemnizatório a ser suportado pela Movijovem”, João Paulo Rebelo garantiu ao CM que “os adiantamentos feitos pela Movijovem obedeceram não só ao princípio de cumprir com o contratualizado como também evitar eventuais prejuízos graves para a Movijovem de ordem financeira e operacional”. Aquele responsável diz ainda que estão a ser realizadas obras nas Pousadas de S. Pedro do Sul, Lisboa e Alcoutim.


https://oinsurgente.org/2016/04/13/escolhido-a-dedo/#more-157065

Tudo a compor-se, portanto.


Deus Menor

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #556 em: 2016-04-13 13:23:59 »
Portugal é neste momento uma República de Bananas, que são os contribuintes.
Tudo neste Governo roça a paródia...

Automek

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #557 em: 2016-04-13 14:12:19 »
Querem ver que os privados ainda vão agradecer ao PCP? ;D

PCP quer 35 horas de trabalho no setor privado e repor freguesias extintas
http://www.dn.pt/portugal/interior/pcp-quer-35-horas-de-trabalho-no-setor-privado-e-revogar-extincao-de-freguesias-5122543.html

Especialmente importante para quem ficar desempregado em consequência dos desvarios deste governo. Um gajo passa a ser desempregado só 35 horas por semana e não 40 horas.  ;D

itg00022289

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #558 em: 2016-04-13 14:32:50 »
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Não gosto que me tomem por parvo
José Manuel Fernandes 
13/4/2016,

O problema com Diogo Lacerda Machado não é apenas formal: é o de uma grave incompatibilidade. E o problema com aquilo que António Costa diz e faz é pior: revela alguém se pensa o novo dono-disto-tudo.

1. Por vezes agem como se nos tomassem a todos por burros, ignorantes, porventura analfabetos. E que por isso podem dizer não importa o quê, fazer não importa o quê e tratar o país como quem trata da sua quinta privativa, sem necessidade de dar explicações ou cumprir regras.

Um episódio destes dias – a discussão em torno do papel desempenhado por Diogo Lacerda Machado como “negociador especial” de António Costa – é bem revelador de como há hábitos que não se perdem, e um desses hábitos é o de pensar que o primeiro-ministro é uma espécie de dono-disto-tudo que põe e dispõe. É verdadeiramente extraordinária a resposta que o chefe do Governo deu na sua entrevista do DN e TSF quando lhe perguntaram como explicava a presença desse advogado nas negociações da TAP, dos lesados do BES e até nas do BPI. A primeira resposta foi a mais espontânea, porventura mais sentida e verdadeira: “Vamos lá a ver, o Diogo Lacerda Machado é o meu melhor amigo há muitos anos, temos uma relação muito próxima”.

Como? O primeiro-ministro acha que uma relação de amizade é justificação para confiar a alguém a representação, mesmo que informal, do Estado? Ser o melhor amigo não devia até funcionar como um disuasor, tal como funcionaria ser irmão ou primo e, por isso, ter também “uma relação muito próxima”?

Aparentemente António Costa entende que até pode estabelecer este tipo de relações informais sem que elas se submetam às regras da administração pública. “Olhe, acabámos por celebrar um contrato, porque as pessoas achavam que o facto de não haver nenhuma despesa do Estado…”, disse quando os entrevistadores lhe chamaram a atenção para a estranheza da situação. Ou seja, há alguém que em nome do primeiro-ministro negoceia com os donos da TAP e lhes dá contrapartidas (que desconhecemos) fazendo-o apenas na condição de “maior amigo”. Esse mesmo alguém também vai negociar com os lesados do BES, podendo forçar uma solução que nos venha a custar muitos milhões de euros (alguém pagará a factura, porque haverá sempre uma factura a pagar, e não creio que seja o dr. Salgado), e o PM acha que não é necessário um contrato por assim não se gasta dinheiro.

Mas há mais e mais greve.

Como se tudo isso não fosse bizarro, António Costa ainda trata com ar de enfado os que o questionam, como se esse não fosse o dever os jornalistas e a obrigação da oposição no Parlamento. Afinal, porque é que o enviado de Costa às negociações da TAP é alguém que, no passado, esteve envolvido com uma empresa, a Reditus de Miguel Paes do Amaral, interessada na privatização da companhia? E não é estranho que, no meio deste processo, tenham surgido una accionistas chineses quando esse mesmo advogado é administrador de uma empresa, a Geocapital, que pertence, entre outros, a Stanley Ho e tem sede em Macau? Pior ainda: que pensar do facto de a mesma Geocapital e Stanley Ho aparecerem no mais nebuloso – e imensamente ruinoso – dos negócios da TAP, o da compra da operação de manutenção da Varig?

Se tudo isto não configura uma situação de grave incompatibilidade, então é porque andamos todos a fazer de anjinhos.

Na verdade, o que é que sabemos, todo este tempo passado, dos termos da “negociação” da TAP? Nada. Ou melhor, alguma coisa: sabemos que o sócio português, Humberto Pedrosa, ficou mais dois anos com a concessão do Metro do Porto por ajuste directo. Estranho não é?

——————
2. Mas se neste caso o que vemos é alguém habituado a tratar os assuntos públicos com a arrogância própria de quem não gosta de prestar contas, a mesma entrevista é também notável pela desfaçatez de algumas das respostas. Já muitos sublinharam, e com toda a razão, o descaramento com que diz que os avisos deixados por Mario Draghi no Conselho de Estado no que se refere à necessidade de Portugal realizar reformas: “cada país precisa das suas próprias reformas” e “grande parte das mencionadas pelo presidente Draghi dizem certamente respeito a países que não Portugal”. Como se sabe, o presidente do BCE foi falar aos conselheiros de Estado sobre Malta ou o Burkina Faso, não sobre o nosso país onde, de acordo com António Costa, tudo está bem e não há nada que tenhamos de reformar.

Mas se este despautério apenas ridiculariza quem assim responde a uma pergunta de jornalistas, já a forma como justifica não necessitarmos de reformas é novo sinal de que nos toma por tontos. Citemos pois mais uma passagem da sua entrevista: “O relatório [Comissão Europeia fez sobre os desequilíbrios estruturais do país] é, aliás, bastante surpreendente e contrastante com muitas das ideias feitas que tendem a ser repetidas mesmo quando a realidade não as confirma. Por exemplo, um dos dados interessantes que consta do relatório da Comissão Europeia é chamar a atenção [para o facto de] que a famosa liberalização do mercado de trabalho não teve esse efeito fantástico de que tantas vezes se fala”. Mais: “Por cá nunca houve um problema de legislação do trabalho que tivesse impedido a Autoeuropa de ser a fábrica mais produtiva do Grupo Volkswagen”.

Como nem todos os cidadãos têm todos os relatórios da Comissão Europeia à mão e ainda menos conhecem a realidade da Autoeuropa, António Costa julga que pode seguir em frente, impante e triunfante, fiel à sua cruzada de reversões e destruição das poucas reformas que se foram fazendo nos últimos anos. Mas não. Hoje é fácil aceder a todos os relatórios que quisermos, pelo que o relatório da Comissão Europeia está à distância de um clique, uma distância suficientemente curta para se perceber que o que lá vem escrito é exactamente o contrário do referido pelo PM. Aí, na página 40, escreve-se taxativamente que “Labour market reforms are expected to have a strong positive impact on the Portuguese economy” (“As reformas no mercado de trabalho deverão um forte impacto positivo na economia portuguesa”), especificando-se de seguida que essas reformas se iniciaram em 2011 e 2012 e já provaram ter ajudado à recuperação do emprego ocorrida a partir de meados de 2013. Ajudaram também a “reduzir a segmentação do mercado de trabalho” entre trabalhadores com vínculo e trabalhadores com contratos a prazo, uma segmentação que, seguramente numa outra encarnação, era a principal preocupação de um economista especializado em mercado de trabalho que dava pelo nome de Mário Centeno.

(No mesmo documento faz-se uma análise mais detalhada da recuperação do mercado de trabalho a partir de 2013, entre as páginas 22 e 36, mas o registo da análise é o mesmo: “Although labour market segmentation remains a challenge, recent increases in employment were concentrated in permanent contracts, suggesting that previous reforms of employment protection legislation helped reduce the bias towards temporary employment.”)

Não sei se António Costa não leu o relatório da Comissão, se não entendeu o que lá vem escrito ou se pura e simplesmente resolveu virar a verdade de pernas para o ar, pelo que deixo aos leitores a possibilidade de escolherem entre qual destas explicações para o dislate lhe parece a mais benigna.

Também sobre a Autoeuropa convém referir que as soluções aí encontradas por negociação com os trabalhadores violavam a legislação laboral em vigor até 2011, mas que as autoridades inspectivas sempre acharam ser mais prudente olhar para outro lado não fosse a fábrica ir-se embora. Felizmente não foi, mas é bom saber que isso só foi possível fazendo uso de uma velha especialidade portuguesa: contornar a lei.

——————
3. Estávamos todos ainda mal refeitos desta entrevista de fim-de-semana e eis que nos surge nas televisões António Costa sorridente a assinar um papel com Alexis Tsipras. Ou melhor, uma “declaração conjunta” na qual Portugal e a Grécia se apresentam como vítimas das políticas de austeridade e ambos proclamam o seu falhanço. “As Prime Ministers of two countries with a similar policy experience in the context of their respective adjustment programs” lê-se a certa altura e quase não se acredita. Isto antes de se acrescentar que “we can safely confirm that austerity alone is failing in its own terms and has had a social and economic impact that has gone far from what was anticipated.”

Durante anos, desde tempos tão recuados como os do primeiro-ministro José Sócrates, que Portugal sem procurou distanciar-se da Grécia e do fracasso grego. Fê-lo com êxito, porque o fez com sangue, suor e lágrimas, mas fê-lo de forma a só necessitar de um resgate (a Grécia vai no terceiro) e a ter cruzado o Rubicão, ao retomar o crescimento e a criação de emprego há já dois anos. Portugal procurou sempre procurou ser como a Irlanda, não como a Grécia, até esta nefasta segunda-feira em que um seu primeiro-ministro decide, inopinadamente e sem antes consultar o Parlamento, assinar uma declaração conjunta que o une ao destino do país que falhou todas as reformas e todas as metas.

Uma coisa é procurar ajudar a Grécia nas negociações em que está de novo envolvida, pois como se esperava não cumpriu praticamente nada daquilo com que se comprometeu há um ano. Outra coisa bem diferente é ligar o nosso destino ao fracasso grego, e foi isso mesmo que a imprensa internacional, como o Financial Times, não deixou de notar, apresentando o documento como fruto do “leftwing duo of António Costa and Alexis Tsipras”. Não de facto há nada como saber escolher as companhias para que os bons entendedores compreendam o que elas nos revelam.

——————
4. Há companhias que não desejamos. Amizades de que desconfiamos. E conversas fiadas em que não embarcamos. E se isto é aquilo a que alguns chamam “fazer política” como um “grande senhor”, então estamos conversados. Porque não há forma de ter mais conversa.

http://observador.pt/opiniao/nao-gosto-me-tomem-parvo/

Zakk

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Re: O Governo de António Costa
« Responder #559 em: 2016-04-13 14:44:08 »
Querem ver que os privados ainda vão agradecer ao PCP? ;D

PCP quer 35 horas de trabalho no setor privado e repor freguesias extintas
http://www.dn.pt/portugal/interior/pcp-quer-35-horas-de-trabalho-no-setor-privado-e-revogar-extincao-de-freguesias-5122543.html


Se for aprovado, nas próximas voto PCP.
Olhem que aquilo que tou a dizer não é tanga. Voto mesmo.