A banca não vejo porquê. Não é como se existisse sequer alguém a defender a banca. Aí só se geram polémicas com as diferentes aproximações políticas à resolução da mesma, com o PS a entalar os contribuintes e o PSD a tentar fazer uma resolução mais razoável para o BES -- que pode entalar os contribuintes se correr mal, mas que pelo menos mitiga um pouco a coisa envolvendo outras entidades e entregando perdas não só aos accionistas (isso o PS também fez) como a credores.
sobre o montepio a coisa não é tão linear assim.
L
Só porque tu vês um complot qualquer em o pessoal dizer que ali os accionistas têm que berrar tanto como no BES.
Acontece que ali os accionistas são todos pequenos, e pior, desinformados. Mas também os havia desinformados no BES.
Por serem todos desinformados é que o Banco de Portugal e as autoridades em geral deviam fazer qualquer coisa -- mas não enterrar o dinheiro dos contribuintes informados a salvar accionistas desinformados.
eu já referi que não defendia que fossem os contribuintes a pagar pelos roubos feitos no montepio.
quando roubam a casa a alguém, ninguém vai pedir dinheiro aos contribuintes em geral para compensar a pessoa roubada.
mas vai-se atrás dos ladrões e recuperam-se os bens roubados. e se eles entretanto já foram transaccionados com alguém, azar para esse alguém. os bens são recuperados na mesma.
por, isso se desapareceram uns milhões do montepio, a algum lado eles foram parar. nomedamente ao bolso de um senhor que vive confortavelmente na boca do inferno.
e que pelo que sei, ainda nem sequer foi incomodado grandemente.
ainda por outro lado, existe já um fundo de resolução comparticipado por todos os bancos a actuar em portugal. são todos solidários em caso de fraudes cometidas por um deles.
L
Também toda a gente defende isso (ir ao património, etc), não é uma questão política aí.
é uma questão política, porque no contexto em que portugal está, meio milhão de pessoas a perderem as suas economias de um dia para o outro é uma catástrofe.
se isto não é político, então não sei o que é político.
L
Bem, aí diferimos um pouco porque te afastas de utilizar princípios.
Se meio milhão de pessoas perderem as economias por uma decisão desinformada sua é uma catástrofe, então uma pessoa perde-las também o é.
O tratamento deve ser idêntico. E não faltaram accionistas do BES a perderem as suas poupanças. Bem como terão certamente existido muito mais contextos onde tal terá ocorrido a um número menor de pessoas.
A ideia é o Estado tratar toda a gente de igual forma. Não é abrir excepções para alguns nem que sejam muitos.
Até nem existiria questão em ir ao património dos culpados para compensar parcialmente essas pessoas (duvido que dê para o totalmente, aliás, só deve mesmo dar para um pequeno parcialmente -- ou mesmo para nada se ainda for necessário tapar buracos no Montepio antes de sobrar para compensar capital). Mas usar dinheiro dos contribuintes, especialmente dos que foram informados e NÃO perderam as poupanças naquela mesma circunstância, é:
* Abusivo;
* Transfere para quem não cometeu o erro o custo do erro;
* Desigual no tratamento de outras perdas inteiramente similares.
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Repara que com a tua solução apresentada anteriormente eu concordo. Mas nesta tua resposta tu já pareces implicar que "neste caso" é de ir ao bolso dos contribuintes.