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Autor Tópico: Investimento Passivo - Tópico principal  (Lida 231652 vezes)

D. Antunes

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1080 em: 2018-02-26 16:41:01 »
Não eras tu que querias uma exposição forte aos US?
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kitano

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1081 em: 2018-02-26 17:04:46 »
Noutra conta tenho um portfolio passivo onde o equity é praticamente todo usa.

Mas esta seria uma conta diferente, pretendia mais diversificada com menos volatilidade etc...
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Automek

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1082 em: 2018-02-26 17:25:47 »
O chato é terem um mandato tão alargado ao poderem ter entre 30% e 70% de equity. Parece demasiado vasto para "desbalanceamentos" pontuais. Pode haver a tentatção do gestor do fundo de tentar recuperar resultados sendo mais agressivo.

De resto, afigura-se uma solução simples que custa 0.7% ao ano (na verdade custa 0.5% a 0.6% que é o diferencial para os outros que custam entre 0.1% e 0.2%), mas provavelmente gastavas isso em rebalanceamentos no DB se investisses em ETFs.

Em relação à volatilidade, tem um desvio padrão a 3 anos de 9.87% o que não deve andar muito longe de uma combinação SPY/TLT em partes iguais (ou seja, não será muito menos volátil que um conjunto destes, penso - estou a falar de cor).

Sobre a exposição geográfica ia fazer o mesmo reparo que o Antunes. Os fundos Global costumam ter 50% de equities americanas e mais de 50% de bonds. Aqui está bastante mais distribuído mas já vi que é o que pretendes.

O fundo é de acumulação e full replication. Parece OK.

kitano

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1083 em: 2018-02-26 17:28:43 »
Obrigado pela análise mek, vai de encontro ao que eu tinha pensado.
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D. Antunes

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1084 em: 2018-02-26 18:36:31 »
Parece-me também razoável.
No entanto, penso que conseguirias poupar nos custos se dividisses em 2 ETFs, um de obrigações e um de ações.

Por exemplo, para obrigações poderias escolher este:
iShares Global Aggregate Bond UCITS ETF
EUR (Acc) IE00BDBRDM35 AGGH EUR Hedged Acc 0.10 21/Nov/2017 3,7,9,12, 17,48
GBP (Dist) IE00BF540Y54 AGBP GBP Hedged Dist 0.10 21/Nov/2017 3,7,9,12, 17,48
USD (Acc) IE00BZ043R46 AGGU USD Hedged Acc 0.10 21/Nov/2017 3,7,9,12, 17,48
USD (Dist) IE00B3F81409 AGGG USD Dist 0.10 21/Nov/2017 3,7,9,12, 17,48
O DB tb tem um de obrigações globais mas pagas 0,30% e é sintético. O europeu e o americano têm 0,15% de comissão.

https://www.ishares.com/uk/individual/en/literature/brochure/ishares-uk-product-range-guide-en-gb-rc-brochure.pdf?siteEntryPassthrough=true&locale=en_GB&userType=individual

https://etf.deutscheam.com/LUX/ENG/Download/Overall%20Factsheet/Retail
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kitano

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1085 em: 2018-02-26 18:38:34 »
E para acções?

Edit, a vantagem deste seria eles tratarem de rebalancementos etc e eu não fazer mais nada...


Não conhecem outro semelhante
« Última modificação: 2018-02-26 18:39:44 por kitano »
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

D. Antunes

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1086 em: 2018-02-26 18:50:31 »
Para ações, depende da distribuição geográfica que pretendes.
Em relação a rebalanceamento, esse fundo varia entre 30 e 70% (atualmente está nos 60% de ações). Não dá muito trabalho manter nesse intervalo largo.

Tendo em conta o nível atual das taxas de juro, eu esqueceria as bonds e meteria antes uma parte em cash. Não tens muito a perder e, se a economia continuar a carburar mais 1 ou 2 anos, não perdes com a subida dos juros e podes saltar mais tarde para as obrigações.
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Automek

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1087 em: 2018-02-26 19:47:52 »
Eu disse uma coisa errada lá em cima. Fiz a contas das comissões de bolsa (ETFs) a uns 0.3% por negócio, que deve ser o que pagas no DB, vezes dois fundos (pelo menos), o que daria 0.6%.
Isto é uma parvoice porque os 0.6% de comissões seriam apenas sobre o valor a rebalancear e não sobre o total.

É como diz o Antunes. Ainda poupas um bocado se fizeres tu o rebalanceamento, usando apenas dois fundos e é com o peso que tu próprio queres. Ainda assim é interessante para quem não quer pensar mais no assunto ou para quem tem um montante baixo e não quer ser comido em comissões.

kitano

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1088 em: 2018-02-26 20:42:35 »
No db custa uns 12 eur cada compra e é um filme, tens que dar a ordem por telefone...não queria mesmo andar a fazer rebalanceamentos. Até porque queria meter tudo à partida e depois implicava estar a vender parte de um e a comprar outro. O que neste banco é um filme!
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Automek

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1089 em: 2018-04-14 22:19:54 »
Se alguém quiser o livro Global Asset Allocator do Faber pode fazer o download, gratuito e legal, em:
http://freebook.mebfaber.com/
É só dar o email.
Se vos aparecer uma janela muito pequena e é questão de fazer right-click e escolher save as. Grava o pdf.
« Última modificação: 2018-04-14 22:21:00 por Automek »

D. Antunes

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1090 em: 2018-04-21 19:37:31 »
Long-term investing
Six precepts every investor should remember
The first in a farewell series of blogs


Buttonwood’s notebook
Apr 18th 2018by Buttonwood
SIR ELTON JOHN has a three-year farewell tour planned. This columnist has only a few weeks to go, before heading off to a new Economist beat. So it seems like a good idea to summarise some of the themes which have dominated this blog.

To start, long-term investing. Here are a set of precepts every investor should remember.

You can't start too early. Albert Einstein may not have said that compound interest is the eighth wonder of the world but it is a good motto to remember. Buttonwood started a pension plan for his daughters when they were three years old. Let us assume a return of 4% a year. That means a sum doubles in 18 years, quadruples in 36 and rises eightfold in 54. Looked at another way, say you have a set sum in mind for retirement. If you start saving at 20, you need to contribute only half as much money a month, as if you start at 30.
Risk and reward are related, but don't think the latter is guaranteed. In financial theory, academics like Harry Markowitz and William Sharpe developed sophisticated explanations for the link between risk and return. This is where we get concepts such as the capital asset pricing model (CAPM) or beta, a security's riskiness relative to the market. But risk is measured in terms of short-term volatility. It is assumed, if you hold a risky asset long enough, you will eventually get rewarded. But this is not the case when you start from a high valuation—think of Japan in 1989 or the Nasdaq in 2000. Britain's FTSE 100 index is barely higher than it was at the end of 1999. A positive nominal return could have been earned from dividends but the real return this century from UK equities has been only 1.9%; real return from bonds 3.2%. Risk is not about volatility, it is about loss of capital. That is why investors should always have some money in cash or government bonds.
Long-term returns are likely to be lower from here. Even if equities do not perform as badly as in Japan since 1989, they are still likely to earn lower nominal returns from here. That is just maths. Short-term rates and long-term bond yields are low in both nominal and real terms. The return from equities is a "risk premium" on top of those rates. There is no plausible reason why the risk premium should be a lot higher today. The London Business School team of Dimson, Marsh and Staunton think it is currently 3.5%. Based on a return to mean valuations, GMO forecasts negative real returns for all equity markets via the emerging ones (the same goes for bonds). US pension funds that think they are going to earn 7-8% are deluding themselves.
Charges are the financial equivalent of tapeworm. Say you invest $100,000 for 20 years and hope to earn 4% a year. There are two products available; one with an annual fee of 0.25%, and the other with a fee of 1%. How much more will the latter cost you? It is tempting to think the answer is small; it is only a difference of 0.75%. But the answer is $30,000 (see this SEC illustration). Of course, it is tempting to believe that the higher-charging product will deliver a higher return. But you don't know that; the one thing you know for certain are the charges. A recent FCA study showed that, net of fees, "more expensive funds have produced worse returns for the investor." Nor can you rely on funds that have done well in the past to do well in the future.
Diversify globally. A lot of statistics about long-term performance are derived from America, which was the great economic success story of the 20th century. But this is an example of survivorship bias; back in 1900, people might have thought that Russia, or Argentina, would do as well or better. It is tempting for Americans to think that they don't need to invest abroad; most of the tech giants are based in the US. But the Japanese might have seen no need to invest outside their home market in the late 1980s, after its phenomenal post-war performance. The US market is more than half the MSCI World Index. It will not last. Diversifying protects the investor against currency risk and political mistakes. Economic power is shifting towards Asia (where it resided before 1500) and where more than half the global population lives.
But don't specialise too much. The fashion today is to create thousands of different funds, covering ever smaller slices of the market. There has even been an ETF investing in ETF providers. Unless you are an investment professional who has researched the area extensively, you don't need this nonsense. Beware also of new investments that simply claim to be uncorrelated. That could just mean they don't rise in value when everything else does. The return from investing in equities is a share of profits; from bonds the risk-free rate plus credit risk. It is not at all clear what the return from investing in volatility should be (let alone cryptocurrencies). There may well be no expected return from them at all. So why buy them?
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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1091 em: 2018-05-06 19:20:44 »
O gigante do investimento passivo e os seus tentáculos pouco passivos:

BLACKROCK
A empresa que está a mudar o capitalismo

Depois da crise de 2008, uma empresa norte-americana quase desconhecida cresceu até dominar a economia mundial. Chama-se BlackRock e foi criada em 1988 por Larry Fink. É hoje um centro de poder global que controla os principais bancos e indústrias e aconselha os governos e os líderes mais poderosos. O seu enorme crescimento põe em risco uma das ideias básicas da economia moderna: a concorrência.

PAULO PENA (Investigate Europe)  6 de Maio de 2018, 6:38

Lawrence Daniel Fink tem 65 anos e pode ser um exemplo perfeito do “sonho americano”. É um dos homens mais poderosos do mundo. Com a sua gravata violeta, com finas riscas pretas, e o seu fato cinzento-escuro, foi o convidado de honra para a abertura do novo ano da bolsa de valores alemã, no dia 16 de Janeiro de 2017.

O que disse nesse momento ajuda-nos a perceber o que aconteceu depois. Tinha uma mensagem clara que expôs num longo discurso aplaudido pela nata dos empresários alemães: “Os sistemas de pensões têm falhado em preparar os trabalhadores para o futuro.” “Os trabalhadores tendem a ser demasiado dependentes das pensões estatais”, observou.

Há uma razão para esta mensagem ter sido transmitida ali, em Frankfurt, o grande centro financeiro da Europa, depois do “Brexit”: Fink é o CEO da maior empresa financeira do mundo, a BlackRock. Ele é o principal estratego de um fundo que vale 5,2 biliões de euros, ou seja, Fink tem o poder de dispor de mais dinheiro do que o PIB da Alemanha e do Reino Unido somados. Por isso tão depressa está na bolsa alemã como no Palácio do Eliseu, em França, para um encontro com o Presidente, Emanuel Macron. Ou na Casa Branca, como conselheiro económico do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Ou ainda em Lisboa – apesar de a empresa não ter sequer uma sede em Portugal – como um dos maiores patrões da bolsa portuguesa, detendo quotas significativas da EDP, da Jerónimo Martins, da Galp, do Millennium BCP e da Nos. E participações em várias outras, como a Sonae (sociedade que é dona do PÚBLICO), Navigator, CTT e REN.

A BlackRock é dona de partes importantes de 17 mil empresas no mundo – da Micrososft à Apple (tecnologia), da Bayer (farmacêutica e química) à Monsanto (agricultura e biotecnologia). Com isso, o sistema económico, tal como o conhecíamos, está em acelerada mudança. José Azar, professor de Economia na Universidade de Navarra, tem estudado o assunto nos últimos anos. “O problema é que se tantas empresas têm o mesmo dono, então essas empresas funcionam como uma só. E isso é um novo monopólio à escala mundial.”

Por seu lado, Daniela Gabor, professora de Economia na Universidade de Bristol, explica-nos que “a BlackRock é o exemplo de uma empresa que cresce em importância sistémica e isso traduz-se numa mudança estrutural”. Michael Theurer, eurodeputado alemão do partido liberal FDP alerta: “Só o tamanho da BlackRock cria um poder nos mercados que nenhum Estado pode controlar.”

“Larry”, como é conhecido desde que nasceu em Van Nuys, Los Angeles, Califórnia – o mesmo tratamento informal que recebe nos encontros com chefes de Estado, ou na conservadora bolsa nos arredores de Frankfurt –, acaba por ser o grande beneficiário de um mundo pós-bancocracia. Logo ele, que fez a sua carreira profissional como especialista nos produtos financeiros que a crise de 2008 veio a renegar. Filho de uma professora de Inglês e do dono de uma sapataria, Fink formou-se em Ciência Política e depois especializou-se no negócio do imobiliário.

Hoje, Larry Fink é influente ao ponto de esbater a linha que separa o interesse público do privado. E é o rosto mais exacto daquela expressão que tanto usamos sem a humanizar, “os mercados”.  Ao mesmo tempo, é o gestor a quem os governos recorrem para traçar e definir políticas, dar conselhos em momentos de crise, resolver problemas.

A BlackRock cresceu muito desde que foi fundada por Fink há menos de 30 anos. “Em 1988 começámos com oito pessoas numa única sala", lembra a apresentação oficial. Neste momento, a empresa tem 13.900 funcionários, a trabalhar em 70 escritórios de 30 países. O negócio das pensões nos EUA ajuda a explicar este crescimento pouco comum. Um bilião de dólares, dos seis que a BlackRock hoje gere, é dos fundos privados de reformas dos trabalhadores americanos. Do lado de cá do Atlântico, na União Europeia, esse negócio não existe. Ainda.

As palavras de Fink não costumam ser ignoradas. Há um padrão, nos últimos anos, que mostra como as sugestões da BlackRock se tornam, rapidamente, em decisões políticas.

Seis meses depois do CEO da BlackRock ter apelado a um novo sistema de pensões privado na Europa, o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, anunciou, em Junho do ano passado, um novo Plano Pessoal Pan-Europeu de Pensões (PEPP), que deve entrar em vigor já em 2019. A medida pode afectar 240 milhões de europeus e é a criação à escala europeia de um sistema privado de pensões de reforma, que dá a possibilidade aos cidadãos europeus de descontar – com impostos reduzidos – para um fundo comum, gerido por empresas privadas.

A BlackRock já gere uma espécie de projecto-piloto de pensões privadas europeias, o Reseaver, que foi criado para juntar os descontos de um sector profissional específico, o dos investigadores.

Em Espanha, a BlackRock usou um método semelhante. No dia 26 de Fevereiro de 2012, Larry Fink deu uma entrevista ao El País, em Madrid. Apontou aquele que, na sua opinião, era o problema decisivo para a estagnação da economia espanhola: o valor excessivo do imobiliário nos bancos. Explicou que era preciso desvalorizar esse valor e, com isso, reactivar o mercado. Menos de dois meses depois, em Abril, a BlackRock já estava a trabalhar com o Governo e o Banco de Espanha numa forma de resolver o problema apontado por Fink. Com a consultora Oliver Wyman, a BlackRock criou as bases do que viria a ser o “banco mau” espanhol, o SAREB, que absorveria os activos imobiliários que pesavam nas contas da banca. Hoje, seis anos depois da visita de Larry Fink a Madrid, e da participação da sua empresa na criação do “banco mau”, a BlackRock é accionista dos cinco principais bancos espanhóis: Caixabank, Santander, BBVA, Bankinter e Sabadell. E começou também a investir fortemente no sector imobiliário (depois de uma significativa baixa do seu valor, pela acção do "banco mau").

Nem génio, nem lâmpada mágica
Este poder da BlackRock é o resultado de uma “magia” moderna. A empresa criou o mais reconhecido programa informático de gestão do risco de investimento. Chamou-lhe Aladdin (supostamente um acrónimo para Asset, Liability, Debt and Derivative Investment Network), como o personagem das Mil e Uma Noites. Com a diferença de que nesta história não há um génio, nem uma lâmpada mágica. Mas a BlackRock tem pedidos a fazer...

Não é só aos governos que a BlackRock molda o futuro. No dia 12 de Janeiro último, a caixa de correio electrónico de António Mexia, da EDP, como as de milhares de outros CEO de empresas em que a BlackRock é dona de capital, recebeu um mail de Larry Fink.

De Park Avenue, em Nova York, Fink deixou um recado: “Desde a crise financeira, aqueles que detêm capital colheram enormes benefícios”, diz, logo no segundo parágrafo. Isso aconteceu, explica, enquanto muitos cidadãos vivem com um “baixo crescimento salarial e sistemas inadequados de reforma”. Essa, continua Fink, é uma das principais causas de turbulência e polarização em todo o mundo. Do populismo, também. Como os governos em muitos países não conseguem lidar com a pressão, explica, o sector privado deve arregaçar as mangas e ter um "propósito social”.

Vários analistas apontaram a novidade: Larry Fink, a falar de cima, aos poderosos dirigentes empresariais.

Tendo em conta o poder que detém, não deixa de ser impressionante que o nome do empresário, ou até o da empresa que criou, sejam tão pouco familiares para a maioria dos cidadãos. Fink e a BlackRock não são celebridades. E há apenas dez anos, na véspera da crise que fez tremer Wall Street, eram totalmente desconhecidos.

O mundo financeiro estava assente em montanhas de títulos invendáveis que valiam várias centenas de biliões de dólares e quase ninguém sabia como lidar com eles. Esta foi uma oportunidade para Fink e a sua equipa. Nessa altura, eles estavam a desenvolver um programa de computador para a análise de risco de grandes carteiras, o Aladdin. Isso permitiu-lhes criar estratégias para lidar com as carteiras “tóxicas” das contas dos bancos. Os então gigantes, como a JP Morgan, a suíça UBS, a seguradora AIG – uma casa de dinheiro atrás da outra – contrataram a BlackRock. Em 18 de Março de 2008 chegou o mais proeminente de todos os clientes: a Reserva Federal Americana. Durante a noite, a Fed assumiu todos os títulos “tóxicos” do banco de investimentos insolvente Bear Stearns, e Timothy Geithner, então chefe da supervisão e depois ministro das Finanças de Obama, contratou a BlackRock para os negociar.

Desde então, os especialistas de Fink elaboraram o plano para o fundo de resgate TARP (Troubled Asset Relief Program) em nome do Ministério das Finanças, administraram os títulos ameaçados do Citibank e da AIG e reviram a carteira de biliões de dólares das seguradoras estatais Fannie Mae e Freddie Mac. A BlackRock tornou-se, de facto, no departamento operacional do Governo americano para gerir a crise de 2008.

Um ano depois, surgiu o maior negócio. O banco britânico Barclays estava em dificuldades e teve de vender a sua divisão de fundos de investimento. A BlackRock adquiriu o bem-sucedido Barclays Investment Group (BIG) em Junho de 2009 por quse 10 mil milhões de euros (o equivalente ao valor disponibilizado pela troika para ajudar os bancos portugueses) – um negócio com uma escala impressionante. Os activos sob gestão da BlackRock duplicaram. Ao mesmo tempo, a empresa tornou-se na principal fornecedora do produto financeiro mais importante do futuro: “iShares”, fundos de índices negociados em bolsa, ETF (de Exchange Trade Funds).

A ideia é simples. Com uma compra, os investidores adquirem indirectamente todas as acções listadas num índice, como o português PSI 20, o alemão DAX 30, ou o americano S&P 500. O valor dessas unidades de fundo segue o valor do índice. Se o PSI 20 sobe, o mesmo acontece com o valor do fundo correspondente; se cair, os investidores também perdem. Este investimento é fácil de executar e, talvez mais importante, é barato. Não são necessários especialistas bem pagos, todos os processos são automatizados. Quem quiser vender as suas acções pode fazê-lo através de um qualquer dispositivo ligado à internet. Os compradores normalmente têm que pagar à BlackRock apenas 0,2% do valor em taxas de gestão por esse investimento “passivo”, como lhe chama o jargão financeiro.

O conceito tem décadas, mas só se tornou muito popular após o crash de Wall Street, em 2008, quando o mundo estava à procura de investimentos simples e pouco arriscados. Todas as principais instituições financeiras têm oferecido esses fundos há muito tempo, mas nenhuma é tão bem-sucedida quanto a BlackRock. Só no fundo iShare já foram investidos 1,8 biliões de dólares. Milhões de cidadãos são clientes da Blackrock sem saberem que o são. Quase 40% de todas as acções em todo o mundo já estão registadas em fundos “passivos” – um desenvolvimento que, de acordo com especialistas do mercado e algumas autoridades supervisoras, está a colocar em perigo o sistema financeiro. Os analistas da Sanford C. Bernstein & Co chegaram a acusar os fundos “passivos” de serem "piores que o marxismo”, pelo risco que colocam à organização económica.

“Os três grandes"
A vice-presidente da BlackRock, Barbara Novick, parceira de negócios de Larry Fink desde o início, prefere descrever esse sucesso como uma “democratização” do investimento de capital, porque permite a qualquer pessoa investir pequenas quantias.

Mas o problema pode ser outro... Além da BlackRock, as empresas financeiras americanas Vanguard e State Street já administram biliões de dólares. “Os três grandes”, como são chamados na indústria, gerem os seus activos em nome dos seus clientes. Mas isso é acompanhado pelo direito associado de votar como accionista – um poder potencial sem precedentes.

De acordo com cálculos da equipa de pesquisa Corpnet da Universidade de Amesterdão, os “três grandes” já são o maior accionista em 88% das 500 maiores empresas americanas do índice S & P 500. O mesmo acontece na Europa. Segundo a base de dados Thomson-One, consultada pelo Investigate Europe, a BlackRock é dona de acções em 14 das maiores empresas portuguesas cotadas no PSI 20. O valor desse investimento é de 1,8 mil milhões de euros. Quase metade concentra-se na EDP (ver infografia).

Desta forma, a BlackRock não é apenas uma proprietária significativa de empresas individuais, mas de sectores inteiros da economia. Seja na indústria aeroespacial ou de computadores, na distribuição farmacêutica ou em eletrodomésticos. Os cinco principais bancos dos EUA também estão indirectamente sob o controle dos novos gigantes do dinheiro. Na indústria química, por exemplo, a BlackRock domina nos dois lados do Atlântico. Bayer e Monsanto, BASF e DuPont, a produtora de gás Linde e sua concorrente norte-americana, a Praxair – a empresa de Fink é a principal accionista em todas estas indústrias gigantes.

No entanto, isto não foi encarado como um potencial problema. Até que um grupo de economistas, liderado por José Azar e pelo alemão Martin Schmalz, da Universidade de Michigan, publicou em 2016 um relatório sobre “propriedade comum”.

A tese é muito clara: os co-proprietários de empresas do mesmo sector não têm nada a ganhar se as suas empresas se desvalorizam, pela concorrência. Ou seja, se a BlackRock tem acções de várias marcas de combustível, não é de esperar que deseje que uma delas vá à falência porque outras vendem gasolina mais barata. Na melhor das hipóteses, o valor de todo o seu portfólio permanece igual se uma empresa ganha à custa de outra. “Em teoria, o problema era conhecido há muito tempo", lembra Schmalz, “mas ninguém o investigou”.

É por isso que ele e dois colegas examinaram de perto a indústria de aviação dos EUA. A BlackRock e a Vanguard eram duas das quatro maiores accionistas de todas as cinco grandes companhias aéreas americanas, e os economistas provaram que os clientes tinham que pagar até 10% mais no preço dos voos do que seria habitual, sob condições de competição normais. Um estudo de 2017, sobre o sector bancário, chegou à mesma conclusão. Quanto maior a concentração dos proprietários, maiores as taxas e menor o juro oferecido aos clientes.

A ameaça
Os trabalhos de Azar e Schmalz estiveram no centro de um debate na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). O professor Einer Eilhauge, especialista em políticas de concorrência da Universidade de Harvard, afirmou nessa altura que a "propriedade comum” em sectores inteiros da economia é “a maior ameaça à livre concorrência do nosso tempo".

A Autoridade da Concorrência portuguesa está preocupada. “Parece claro que, pelo menos em algumas circunstâncias, a propriedade comum pode enfraquecer os incentivos para a concorrência e levantar questões sobre conluio tácito”, explicou a entidade reguladora ao PÚBLICO.

A Comissão Alemã Anti-Monopólio também fez soar o alarme. Num relatório para o Governo Federal escreveu que há “um potencial significativo para distorcer a concorrência por meio de participações horizontais indirectas entre empresas no mesmo sector económico através de investidores institucionais”.

Mais recentemente, a Comissão Europeia veio expressar a sua preocupação: “É cada vez mais comum que os mesmos investidores possuam acções em diferentes empresas do mesmo sector”, disse a comissária dinamarquesa Margrethe Verstager. Por isso, continua a comissária, "a concorrência não é tão atraente para eles”. Uma fonte oficial da Comissão Europeia revelou ao Investigate Europe que Vestager encomendou um estudo detalhado sobre as consequências para a UE desta situação.

A economista Fiona Scott Marton, professora em Yale, e ex-procuradora anticartéis do Departamento de Justiça dos EUA, defende que as acções e os direitos de voto dos grupos financeiros sejam limitados a um máximo de 1% por empresa se investirem em sectores inteiros.

A BlackRock rejeita estas conclusões. Para a empresa de Larry Fink, Schmalz e os seus colegas usaram “métodos estatísticos questionáveis”, e os mecanismos descritos nos seus trabalhos eram “vagos” e “hipotéticos”, escreveu Barbara Novick, vice-presidente da BlackRock, num documento enviado à OCDE.

Martin Schmalz: "Em teoria, o problema [da propriedade comum] era conhecido há muito tempo, mas ninguém o investigou." BJORN ERIK LARSEN, BERGENS TIDENDE
A crítica a estes novos “accionistas universais” não é de forma alguma apenas um exercício académico, assegura John Weche, o especialista responsável da comissão alemã antimonopólio. “É absolutamente claro", garante Weche, “que hoje há uma influência considerável dos accionistas que têm entre 5 e 10% nas empresas cotadas”.

“Isso prejudica as regras básicas de nossa economia de mercado, mas a minha experiência diz-me que a maioria dos políticos teme a influência do gigante e nem ousa fazer perguntas críticas”, adverte Michael Theurer, deputado do FDP alemão.

O convidado de honra
Quando Larry Fink viaja pela Europa é recebido como convidado de honra. Seja em Roma, Paris, Haia ou Atenas – tem sempre um encontro privado com os líderes nacionais. “Nas últimas semanas, tive reuniões com quatro chefes de Estado”, revelou Fink, em Abril de 2017 na Bloomberg TV. O Presidente francês Emmanuel Macron recebeu-o duas vezes depois de assumir o cargo há um ano.

Desde 2011, a BlackRock aumentou os seus gastos anuais com lobby na UE de 150 mil para 1,5 milhões de euros. O êxito das suas campanhas de lobby enche uma longa lista. Apesar de ser a maior gestora de activos do nosso tempo, a BlackRock conseguiu evitar ser considerada uma “instituição financeira sistemicamente importante” pelo Conselho de Estabilidade Financeira, fugindo assim às regulamentações aplicadas aos gigantes que podem ser “demasiado grandes para falir”.

Desde 2014, quando passou a haver registo dos encontros entre lobbyistas e comissários europeus, a BlackRock já se reuniu 33 vezes com responsáveis do Governo da UE.

Mas a BlackRock não faz lobby apenas com os comissários ou chefes de estado relevantes. Influencia toda a cadeia de decisão, do comissário ao assistente de um eurodeputado. Segundo uma fonte do Parlamento Europeu, “por vezes a BlackRock organiza, através dos seus lobbyistas, os chamados 'dias de informação' apenas para assistentes dos deputados, para lhes explicar como funciona um produto ou como o potencial dos fundos passivos pode ser usado para aumentar crescimento económico”. "É claro que esses jovens assistentes aconselharão os seus membros a votarem de uma certa maneira”, nota a mesma fonte.

Tudo isso faz parte de uma “campanha de lobby muito inteligente, sustentada e rica em recursos”, diz Daniela Gabor, professora de Economia e Macrofinanças da Universidade do Oeste da Inglaterra, em Bristol. Quando Gabor acompanhou os debates em Bruxelas sobre o novo conjunto de regras que se aplicariam a bancos e empresas financeiras, percebeu que havia uma mudança.

“Comecei a olhar com atenção, a acompanhar os debates, a ir a Bruxelas para as audiências, e sempre que eu ia lá, as pessoas da BlackRock estavam ali.”

O problema é que se tantas empresas têm o mesmo dono, então essas companhias funcionam como uma só. E isso é um novo monopólio à escala mundial.
José Azar
A BlackRock tem como objectivo “contribuir positivamente para a legislação e os regulamentos que afectam os investidores finais da Europa "mas a realidade pode ser medida pela observação de Daniela Gabor: “O meu instinto diz-me que neste momento não está a acontecer nada que realmente a BlackRock não queira...”

Desde a regulação dos “bancos-sombra” à criação de um imposto sobre transacções financeiras, várias são as medidas que a UE debate há anos sem conseguir chegar a um consenso. Sobre todas elas a BlackRock tem uma posição clara, detalhadamente exposta nos seus persuasivos "pontos de vista” – relatórios sobre políticas públicas.

O "biombo chinês”
Nos seus quadros a empresa tem também alguns antigos responsáveis políticos europeus. O ex-ministro britânico das Finanças George Osborne é talvez o mais emblemático. Na Alemanha, Friedrich Merz, que chefia o conselho de supervisão da BlackRock desde Março de 2016, é um ex-líder parlamentar da CDU, partido da chanceler Angela Merkel. Jean François Cirelli, presidente da filial francesa da empresa, foi conselheiro do presidente Jacques Chirac, trabalhou com o ex-primeiro-ministro Jean Pierre Raffarin, e agora foi nomeado pelo actual presidente Emanuel Macron para a comissão que estuda a reforma do Estado francês. Um ponto importante na sua agenda: a alteração ao sistema de pensões de reforma.

Philipp Hildebrand, responsável pelos grandes clientes na Europa e vice-presidente do grupo desde 2012, também é influente. Presidiu ao banco central suíço durante três anos. É ele o responsável pela ligação importante da BlackRock ao sistema de supervisão bancária.

O que inicialmente foi apenas uma operação para Reserva Federal dos EUA, durante a crise, é agora uma parte substancial dos rendimentos da empresa. BlackRock Solutions é o nome do ramo de consultoria que abriu as portas na Europa para outro grande negócio: os livros de crédito dos bancos.

Dezembro de 2010, Dublin. O banco central irlandês falhou na supervisão e a Irlanda teve que pedir um empréstimo de 50 mil milhões de euros para resgatar quatro grandes bancos e proteger os seus credores, principalmente da Alemanha e da França, das perdas. Mas o FMI, segundo o diretor do Banco da Irlanda, insistiu numa auditoria externa "independente” aos livros bancários e foi isso “que, naturalmente, levou à nomeação de BlackRock” como assessora. Nenhum concurso foi realizado. Mas isso foi apenas o começo.

Ao mesmo tempo, na Grécia, a BlackRock também foi contratada para avaliar todos os 18 bancos gregos e fornecer recomendações para a sua liquidação ou fusão. Em 2013, o banco central grego concedeu a auditoria dos quatro grandes bancos recém-criados à BlackRock Solutions e, em 2015, voltou a contratar a mesma empresa para definir a estratégia para resolver o problema dos NPL, acrónimo para nonperforming loan, ou seja, crédito mal parado. Paschalis Bouchoris, que liderava o fundo estatal responsável pelas privatizações, foi nomeado chefe da subsidiária grega da BlackRock. O facto de um grupo que detinha a melhor informação privilegiada poder jogar em todos os tabuleros não foi visto como um problema pelos ministros das finanças do Eurogrupo, nem pelo BCE em Frankfurt.

Pelo contrário: os bancos centrais da França, Espanha e Holanda também contrataram a BlackRock para examinar os bancos. No entanto, os custos e condições dos contratos com os consultores controversos são geralmente secretos. É “informação confidencial das autoridades de supervisão financeira”, explicou ao Investigate Europe um porta-voz do banco central holandês.

Em meados de 2014, a BlackRock foi contratada pelo próprio BCE para aconselhar sobre um possível plano de compra de títulos. Segundo o Financial Times, “o braço consultivo da gestora de recursos dos EUA, BlackRock Solutions, ajudará o BCE a projectar um programa para comprar títulos baseados em activos como parte dos planos do regulador para facilitar as condições de crédito na zona euro”.

Em 2016, a BlackRock foi novamente contratada pelo BCE para ajudar o banco nos seus testes de stress a 29 bancos da zona euro – o teste envolveu os bancos sob supervisão da Autoridade Bancária Europeia, num total de 53 bancos.


Estes testes de stress revelam informações confidenciais sobre os bancos, como quais os empréstimos que provavelmente não serão pagos, mas o BCE garante que há uma separação estrita entre os investidores da BlackRock, que possui acções em todos os principais bancos europeus, e o braço de consultoria. “A confidencialidade da informação é garantida pelos termos do contrato”, garante ao Investigate Europe um porta-voz do BCE.

Para justificar esta ubiquidade, tanto a BlackRock como o BCE alegam que há um “biombo chinês” a separar a actividade de consultoria da actividade financeira da empresa.

A empresa é “obrigada a separar estritamente a equipa de consultoria de todas as outras equipas que aconselham outros investidores”. Há um “biombo chinês” denso entre os consultores contratados e as outras atividades da BlackRock. Cada consultor deve assinar um "acordo de confidencialidade" e o envio de dados é tecnicamente impossível. “Eles não podem nem trazer pen drives para aqui”, garante o BCE.

“Eu não acredito em biombos chineses. Quando se torna relevante para a empresa, isso não existe. Ouvi pessoas que trabalham nos bancos que garantem que esse conceito definitivamente não funciona. Assim que uma informação é valiosa, ela será usada ou – do ponto de vista legal – também será abusada”, clarifica Hans-Peter Burghoff, professor de Economia Bancária e Serviços Financeiros na Universidade Hohenheim, Alemanha.

O acesso exclusivo à mais alta autoridade de supervisão da Europa dá inevitavelmente origem a “uma enorme vantagem estratégica sobre todos os concorrentes”, continua Burghoff.

O êxito da BlackRock em vender o sistema Aladdin, que os gestores de investimento podem usar para testar os seus portfólios para todo o tipo de cenários, também é surpreendente. Nos EUA, a empresa mantém um parque de servidores com mais de 6.000 computadores, que processa dados de um número crescente de portfólios de investimento. Mais de 200 instituições financeiras já usam o sistema. Há até concorrentes diretos do grupo, como o Deutsche Bank e o francês BNP Paribas, que estão entre seus clientes mais importantes. Com cada novo cliente, a BlackRock recebe ainda mais informações e fornece ao grupo uma riqueza gigantesca de dados sobre o que está a acontecer nos mercados financeiros. Mais de 20 biliões de dólares de activos já são geridos por este sistema em todo o mundo, e esse valor cresce mais de 10% a cada ano. “A BlackRock terá em breve o monopólio do mercado financeiro”, prevê um banqueiro de Bruxelas.

Só no último ano, os lucros da BlackRock cresceram 26,9%. E essa parece ser a tendência do futuro. Mas há precisamente dez anos, entre Março e Setembro de 2008, ninguém previa que os gigantes de outrora – os bancos – pudessem vir a revelar-se tão frágeis.

Larry Fink deve saber que há um risco. Logo no início da sua carreira, um mau negócio de 100 milhões fê-lo sair pela porta pequena do banco First Boston, e a quase ser proscrito na selecta Wall Street. O cérebro da BlackRock reconheceu o erro. Mas o erro faz parte da sua profissão.

Há uma história reveladora do risco, que está relacionada com a forma como são geridas as pensões. Em 2010, a BlackRock criou um rombo de 500 milhões de dólares no Sistema de Previdência e Aposentadoria da Califórnia (CALPERS) com um mau negócio imobiliário em Manhattan. Este é o mesmo fundo que paga a pensão de reforma da mãe de Larry Fink.

“Quando administramos dinheiro cometemos erros. Nunca seremos 100% perfeitos. O nosso trabalho é minimizar esses problemas”, admitiu Fink à revista Vanity Fair. É uma frase de que nos devemos recordar.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1092 em: 2018-05-08 12:22:45 »
Obrigado Antunes, muito bom este artigo. Não tinha noção disto: (os três grandes são a Blackrock, a Vanguard e a State Street)

Citar
De acordo com cálculos da equipa de pesquisa Corpnet da Universidade de Amesterdão, os “três grandes” já são o maior accionista em 88% das 500 maiores empresas americanas do índice S & P 500.

É brutal. Chega a ser bizarro ver alguns negócios serem chumbados por autoridades da concorrência por esse mundo fora e depois temos uma empresa que é dona de sectores inteiros.
No Japão também já temos o BoJ a controlar uma % enorme dos ETFs que, por sua vez, controlam empresas. Parece um trend que veio para ficar.

Os políticos, por seu lado, não levantam muito cabelo porque sabem que um dia tem de ir/regressar ao sector privado e não convém hostilizar o dono dos bons tachos.

O artigo levanta questões bastante pertinentes.

Reg

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1093 em: 2018-05-08 12:49:55 »
e nacionalizaçao dos privados  tudo feito com dinheiro imprimido

no caso japão  e banco central  "dono disto tudo"

Um banco central é uma entidade independente ou ligada ao Estado cuja função é gerir a política econômica

m contrapartida outros alegam que há vários bancos centrais de países com economias fortes e em amplo crescimento estável que não seguem esse modelo de independência, como o Banco do Japão (se tornou independente do governo pela lei do 1° de abril de 1998;[4] esta independência teórica portanto é duvidosa) e o Banco Popular da China.[1]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_central
« Última modificação: 2018-05-08 13:08:55 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1094 em: 2018-05-25 21:39:22 »
DBC@ARCA (Name: POWERSHARES DB COMMODITY IND) has announced an issue change of 1 : 1 effective 20180604.

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1095 em: 2018-05-25 22:05:40 »
DBC@ARCA (Name: POWERSHARES DB COMMODITY IND) has announced an issue change of 1 : 1 effective 20180604.

ISIN : US73935S1050

??
Jim Chanos: "We Are In The Golden Age of Fraud".

Tridion

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1096 em: 2018-05-25 22:23:34 »
Por aquilo que percebi o ETF DBC, vai ter um stock split de 1:1, ou seja, por cada acção que se tenha vai-se receber outra.
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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1097 em: 2018-05-26 11:27:55 »
Por aquilo que percebi o ETF DBC, vai ter um stock split de 1:1, ou seja, por cada acção que se tenha vai-se receber outra.

thanks
Jim Chanos: "We Are In The Golden Age of Fraud".

Automek

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1098 em: 2018-05-26 11:34:37 »
Eu também vi mas não percebi a razão. Aquilo tem uma cotação de 18 USD ou perto disso. Nem sequer é um preço alto que impeça pequenos investimentos...

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Re: Investimento Passivo - Tópico principal
« Responder #1099 em: 2018-05-26 13:31:16 »
Eu também vi mas não percebi a razão. Aquilo tem uma cotação de 18 USD ou perto disso. Nem sequer é um preço alto que impeça pequenos investimentos...

Mas a minha interpretação está correcta, não está?
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