Se fosse a minha função fazê-lo e existisse colateral, seria praticamente um crime não o fazer.
Nota que na solução actual nem os obrigacionistas séniores estão a arder, que fará este tipo de empréstimos do BdP e BCE. Isto é intrinsecamente diferente do BPN onde para satisfazer os depositantes foi necessário queimar o Estado.
Acho fantástico dizeres que há colateral.. n fazes a mínima ideia (ou diz lá onde leste isso?), mas enfim.
E que colateral poderá dar um banco falido com milhares de credores à perna? Juridicamente como podem garantir que em caso de isto dar uma grande bronca seja o BdP a receber e não outros credores?
Legitimamente desconfio desta operação, e se o dinheiro podia ter ficado no BdP a salvo, n se entende porque razão tiveram de o emprestar (e em que condições?) ao BES.
Já há quem diga que o BES não vai conseguir ser vendido pelos tais 4 mil milhões do fundo de recapitalização (na sua maioria do bolso dos contribuintes) e ainda emprestaram mais 3,5 mil milhões.... Já estoua ver a negociata... os bancos que quiserem o Novo Banco vão dizer que só compram se o estado "perdoar" esta dívida.
É o comum nessas linhas, tanto do BdP como do BCE, ser entregue colateral. Não preciso de o ler algures para assumir que o colateral existe (pelo menos no BCE é garantido).
Tote estás para aqui a fazer um esforço para não acreditar um sistema que é bastante tipificado à partida e que não conheces.
À partida não conheces tanto quanto pensas. Mas não é a primeira vez que isto acontece
Adoro especialmente esta parte da notícia: "Caso este empréstimo dê origem a prejuízos, a responsabilidade é assumida pelo Banco de Portugal, que tem como único accionista o Estado" (atenção que ninguém fala noutro tipo de garantias)
Afinal o que dizias?
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Em “situação de grave insuficiência de liquidez”, ainda mais acentuada desde o final de Junho e até 31 de Julho, o BES recorreu à cedência de liquidez em situação de emergência dias antes de o resgate ao banco ter sido anunciado, a 3 de Agosto. Até 1 de Agosto, o Banco de Portugal já tinha emprestado 3,5 mil milhões de euros à instituição bancária através deste mecanismo (ELA – Emergency Liquidity Assistance), cujo risco é assumido pelo banco central, que tem como único accionista o Estado.
De acordo com as actas da reunião extraordinária do Banco de Portugal de 3 de Agosto, onde o regulador anunciou a separação da instituição bancária em dois e a criação do Novo Banco, o BES não conseguiu travar a perda de liquidez nem recorrer a um empréstimo junto do Banco Central Europeu (BCE). Perdeu o estatuto de “contraparte” de operações de política monetária do BCE e ficou obrigado a reembolsar na íntegra o crédito de dez mil milhões de euros que tinha no banco central. Esta situação “insustentável” “já o tinha obrigado a recorrer excepcionalmente, com especial incidência nos últimos dias, à cedência de liquidez em situação de emergência por parte do Banco de Portugal”, lê-se na acta da reunião.
O empréstimo de emergência, que é hoje notícia no Jornal de Negócios e no Diário Económico, difere de uma operação normal de financiamento do BCE, em que o risco de uma entidade não pagar é partilhado pelos bancos centrais da zona euro. No caso da ELA, o risco é assumido apenas pelo banco central em causa. Caso este empréstimo dê origem a prejuízos, a responsabilidade é assumida pelo Banco de Portugal, que tem como único accionista o Estado.
O risco sistémico da queda do BES levou o regulador a intervir e a nomear uma nova gestão. Cerca de 11,5% do total dos depósitos captados em Portugal estão neste banco, que tem uma quota de 14% do total de crédito concedido em Portugal (mais de 31% a financiar entidades financeiras e seguradoras).
http://www.publico.pt/economia/noticia/banco-de-portugal-emprestou-35-mil-milhoes-ao-bes-antes-do-resgate-1666196