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Autor Tópico: Livros  (Lida 69483 vezes)

vbm

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Livros
« em: 2014-05-19 15:39:42 »
Dois livros de economia que vale a pena ler:





Há outros, de Tim Harford, traduzidos pela editora Presença,
mas suspeito sejam mais marketing psicologista
de auto-empreendorismo.

Aqueles dois, no entanto, dão um correcto insight
da micro e da macroeconomia.

A não perder!
« Última modificação: 2014-05-19 15:43:47 por vbm »

Incognitus

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Re:Livros
« Responder #1 em: 2014-05-19 15:42:33 »
Por alto, qual a tese que expõem?

Ao lerem-se livros, tem que se ter muito cuidado com a nossa tendência para procurar coisas que confirmem as nossas opiniões pré-estabelecidas, em vez de nova informação que nos permita compreender melhor a realidade.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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kitano

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Re:Livros
« Responder #2 em: 2014-05-19 19:33:20 »
Os livros não são maus, focam-se em experiencias de "economia comportamental", no género do freakonomics.
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Incognitus

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Re:Livros
« Responder #3 em: 2014-05-19 19:41:04 »
Ah, finança comportamento é um campo muito bom, sim.
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vbm

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Re:Livros
« Responder #4 em: 2014-05-19 20:34:27 »
Para fazer uma recensão interessante dos dois livros
teria de os reler, mesmo por alto, demoraria,
e não tenho possibilidade por agora.

No entanto, no imediato destaco o que mais
me impressionou: no primeiro, a ilustração
da lei dos rendimentos decrescentes
ou custos crescentes, de Ricardo;
no segundo, a demonstração
por Robert Lucas de que
a curva de Phillips,

da correlação empírica
do crescimento dos salários nominais
com a diminuição do desemprego
não era nenhuma relação de causa-efeito;

e que a relação dos agregados macroeconómicos entre si
não dispensa uma boa teoria microeconómica do comportamento
dos produtores e consumidores, um sistema lógico das expectativas racionais.

Ambos os livros são intuitivos mas congruentes
com o conhecimento acumulado pela ciência económica.
« Última modificação: 2014-05-19 20:35:46 por vbm »

vbm

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Re:Livros
« Responder #5 em: 2014-05-23 19:45:59 »


Interessante e instrutivo.

Muito próximo do modo como,
por exemplo, o Incognitus defende
opções políticas aqui no fórum.

No entanto, sublinho a «fraqueza»
conservadora e historicista que
Leo Strauss denuncia (p.74);
e a importância do Estado
para o bom funcionamento
do mercado livre, segundo
Adam Smith, (p.144).


Diz J. Pereira Coutinho,

«Ironicamente, o cliché anedótico do «capitalismo selvagem»
só funciona para quem se imagina a viver na selva.»
(p.145)

:)

Automek

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Re:Livros
« Responder #6 em: 2014-05-24 12:06:32 »
Geralmente quando alguém se refere a capitalismo selvagem = anarquia. Não é o mesmo que liberalismo.

vbm

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Re:Livros
« Responder #7 em: 2014-06-12 19:12:43 »
Politicamente, um conservador não é um reacionário.
Quer somente manter as coisas como elas estão e, em geral, são.

Um liberal, esse, já não é um conservador.
Discorda de como as coisas estão.
Quer mudança.

Incognitus

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Re:Livros
« Responder #8 em: 2014-06-12 19:14:53 »
A palavra "Liberal" foi assaltada e o seu significado foi alterado substancialmente. Hoje em dia nos EUA, Liberal = progressista/socialista. Ora, os socialistas só são liberais em termos sociais (e por vezes nem aí).
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vbm

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Re:Livros
« Responder #9 em: 2014-06-12 19:22:20 »
Sim, os políticos apoderam-se
de conceitos teóricos precisos
e forjam-lhes novas
significações.

Liberal, no século 19,
sempre equivaleu
à liberdade individual,
ao respeito pela livre
iniciativa dos cidadãos,
adultos, independentes
e respeitáveis.
« Última modificação: 2014-06-12 19:39:20 por vbm »

vbm

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Re:Livros
« Responder #10 em: 2014-06-12 19:38:38 »
Há um livro,
que fez 25 anos
em 2012, e foi
um sucesso de vendas
nos estados unidos

The closing of the American mind
by Allan Bloom



Já o li numa tradução
da Europa-América
(«A cultura inculta»).

Mostra como já não há cidadãos na América.
Hei-de o reler no original. Assim, como
o Ravelstein, de Saul Bellow,
que ficciona o próprio
Allan Bloom!
« Última modificação: 2014-06-12 19:48:54 por vbm »

purehawk

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Re:Livros: Como o Capital Financeiro Conquistou o Mundo
« Responder #11 em: 2014-06-12 20:35:46 »
Pois eu acho (após alguma/muita reflexão) que o conceito ou ideia de "conservador" sem as significações específicas que diferentes áreas do saber lhe atribuiem é transversal e universal.

Na área da politica, todos os politicos e todos os partidos são conservadores (são "conservadores" em Portugal: CDS-PP, PSD, PS, BE, PCP-CDU e outros fora do Parlamento...) poís existem alturas, aquando na defesa dos seus 'interesses', 'valores', ou 'príncipios', qualquer politico, ou partido, ou associação, ou entidade, pode comportar-se como "conservador". Noutras alturas, todos podem ser "liberais" (no sentido de libertarem da posição anterior).

É conforme o caminho é mais aproriado (ser-se "conservador" ou "liberal") para ir ao encontro do que se entende como 'interesses', 'valores', ou 'príncipios'.
Por sua vez, estes, também não são 'imutáveis' ao longo do tempo...

Ninguém e nenhuma entidade tem o monopólio do uso do conceito de "conservador" ou de "liberal", e todos, a dado momento, são uma e outra coisa.
O príncipio é: "levar a água ao seu moinho" (significado: realizar acções em proveito próprio para realizar um objectivo).


      :P



Agora deixem-se lá de "conservadorismos" e "liberalismos" e tratem de ler um livro obrigatório de qualquer financeiro.
Só por expôr a história do dinheiro/finança vale a pena abri-lo. Ficarão a saber quem inventou o 'papel-moeda'.
Alguns capitulos:


CAP. 6 - 1ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (SÉCS. VIII A XII)

O "papel-voador" dos mercadores privados da dinastia Tang
O surgimento do dinheiro fiduciário

CAP. 7 - 2ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (SÉCS. XIII A XVI)

Antuérpia com sabor português
O Lavrador com visão marítima
Por que os ingleses perderam a corrida

CAP. 8 - 3ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (SÉCS. XVII E XVIII)

O primeiro IPO da História, em Amesterdão

CAP. 9 - 4ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (SÉCS. XIX E XX)

O “Grande Chefe” antipânico da Rua 36 de Manhattan
O clube dos 98
Pierpont vê o donut
A doçura e o cacete

CAP. 10 - 5ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (DESDE 1971)

Os algoritmos conquistam Wall Street
Parece ficção científica
Cresceu treze vezes



Como o Capital Financeiro Conquistou o Mundo
Breve História de Cinco Revoluções Financeiras




Autor: Jorge Nascimento Rodrigues
Págs:  168
ISBN: 978-989-615-179-9
Edição:  Set/2012
PVP: 14,00 EUR

http://www.centroatl.pt/titulos/desafios/capitalfinanceiro/index.html


      :)

vbm

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Re:Livros
« Responder #12 em: 2014-06-12 20:40:29 »
É capaz de ser interessante.
Mas está escrito em português
ou no orto-português ex-para palops?

purehawk

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Re:Livros
« Responder #13 em: 2014-06-12 20:46:16 »
Eu vi um exemplar de um amigo meu (ainda não o tenho) e pelo pouco que li digo que é português de Portugal (pt-PT).

      :)

vbm

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Re:Livros
« Responder #14 em: 2014-06-12 21:04:57 »
Eu vi um exemplar de um amigo meu (ainda não o tenho) e pelo pouco que li digo que é português de Portugal (pt-PT).

      :)

Perguntei sarcástico,
mas detesto o acordo ortográfico,
e aprecio quem não o adopte.

vbm

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Re:Livros
« Responder #15 em: 2014-07-18 22:55:11 »


Só conhecia de nome, a.m. pires cabral.
Mas folheando a gaveta do fundo
fiquei encantado com a expressiva simplicidade
do que o poeta nos faz ver.

Destaco três poemas,
que me lembram como a agricultura
e a educação deste país desgovernado,
se desterritorializa e despovoa
num ensombramento progressivo
de «cinzas, pó e nada»!

vbm

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Re:Livros
« Responder #16 em: 2014-07-18 22:56:28 »
SEARA

Qualquer lugar onde tenha havido trigo
guarda sempre dele algum sinal
que não deixa esquecer a antiga seara

— aquela que ondulava aos ventos de Maio
igual a um rebanho verde subindo encosta acima,
sem pastor nem cães para o guiar.
(Quem precisa de guias quando é Maio?)

Talvez se trate de uma questão de cheiro.
Ou de algum outro sentido
que ainda está por identificar.
Ou de uma espécie ignorada de memória
que se agarra ao lugar e nele persiste.

Seja o que for,
anda ainda no ar a presença de espigas
mesmo quando o desuso as expulsou
e ervas bravias lhes tomaram o lugar

– e por isso tanto nos magoa
toda a terra de que lavoura alguma
já não extrai o pão.


a.m. pires cabral, gaveta de fundo,
Lisboa, Tinta da China, 2013, p. 16

« Última modificação: 2014-08-28 23:24:23 por vbm »

vbm

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Re:Livros
« Responder #17 em: 2014-07-18 22:58:06 »
FECHOU  A  ESCOLA  EM  GRIJÓ

   Ao Frederico Amaral Neves

Dantes ouviam-se as crianças a caminho da escola
e eram como pássaros de som nas manhãs de Grijó.
Não eram muitas, mas as vozes joviais
davam sinal de que a aldeia resistia,
continha à distância o deserto que a ronda
como a alcateia ronda uma rês tresmalhada.


Agora as crianças, todas as manhãs,
são acondicionadas como mercadorias
numa viatura com vocação de furgoneta.
Lembram judeus amontoados
em vagões jota a caminho de algures.
Vão aprender em terra estranha o que os seus pais
e os pais dos seus pais aprenderam em Grijó.

a.m. pires cabral, gaveta de fundo,
Lisboa, Tinta da China, 2013, p. 33

« Última modificação: 2014-08-29 15:17:09 por vbm »

vbm

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Re:Livros
« Responder #18 em: 2014-07-18 23:00:31 »
A  FOLHA  E  A  SOMBRA  DELA

Para maior facilidade de compreensão,
tomemos um exemplo: uma árvore
a que o Outono sucessivamente
arrebatou todas as folhas – menos uma.

Essa folha poupada pelo Outono
parece solitária na nudez da árvore.
Porém, se o sol abrir, logo projecta
uma sombra no chão.

Reparem, agora que justamente
acaba de abrir o sol:
a sombra da árvore, e algures no meio
da sombra dos ramos em desordem
a sombra da tal folha solitária.
É insofismável: ela está lá, existe.

Digamos, pois, que por ter uma sombra,
a folha não está inteiramente só:
ela tem, cá em baixo, uma réplica exacta.
(Bem entendido: uma réplica incolor,
incorpórea. Mas deixemos isso agora,
que podia levar-nos muito longe.)

Para já, digamos apenas que, embora
dependendo da folha para existir,
a sombra é exterior a ela.
Uma espécie de alter ego à distância,
mas também algo que uma simples nuvem
que oculte o sol ocultará também.

Ou seja, a sombra existe e não existe:
isso não depende apenas de ter uma matriz,
mas também de haver sol ou não haver.


a.m. pires cabral, gaveta de fundo,
Lisboa, Tinta da China, 2013, p. 61-2

« Última modificação: 2014-09-01 16:31:53 por vbm »

vbm

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Re:Livros
« Responder #19 em: 2014-07-18 23:20:58 »
Mas a sombra existir e não existir,
o que depende não só da matriz
mas de «haver sol ou não haver»,

continua a ser explicado pelo poeta,
nas fases II e III do poema
A folha e a sombra dela


(continua)