Construção de habitação no Porto aproxima-se em seis meses do total do ano passado
A construção está em alta no Porto: bastaram seis meses para o número de licenciamentos a dar entrada ter ascendido a um nível muito próximo do total do ano anterior.
Isso, isso...Inundem o mercado com fogos novos
https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/imobiliario/detalhe/construcao-de-habitacao-no-porto-aproxima-se-em-seis-meses-do-total-do-ano-passado
Isso é no papel, é a típica propaganda, o que me interessa são factos concretos, vamos por partes;
Licenciamentos são uma coisa, execução e entrega de edifícios prontos e acabados, e disponíveis para rentabilizar são uma outra coisa.
E o problema presentemente está ao nível da execução das edificações, porque os licenciamentos pura e simplesmente não são despachados.
Conheço empreendimentos que aguardam por despacho camarário/licenciamento há mais de 1 ano.
A CMP não tem presentemente capacidade para dar despacho ao grande número de licenciamentos que lhes são solicitados/requeridos.
Acresce, que na parte final da edificação, para um ramal de água podemos esperar cerca de 3-6 meses (há escrituras que não se realizam porque as águas do Porto tardam bastante em disponibilizar os ramais de água- isto passou-se comigo, não foi treta do promotor, fui às Águas do Porto ver "in loco" a quantidade de processos por despachar, no qual se contava o meu).
Está tudo a rebentar pelas costuras, como não há contratação pública, impossibilitando assim a contratação de novos FP's, não há capacidade para dar despacho ao acréscimo de processos.
Até uma autorização camarária para a colocação de uns andaimes de "caca", são meses à espera.
E já nem vou falar da contigentação das zonas do AL no Porto (que apanharam muito investidores desprevenidos- muita gente ficou com as calças na mão), dos investidores em AL fortemente alavancados (e que vão ter dificuldade na rentabilização dos respectivos espaços), e dos estoiros que poderão começar a aparecer por parte de alguns promotores/subempreiteiros (pequenas empresas, fortemente endividadas (rácios SL/Activo <20%...), aliás já assisti a um estoiro, mas não posso falar disso...e vão continuar.
E nem quero pensar o que vai ser de alguns promotores, quando ao fim de 5 anos tiverem que fazer face aos encargos relativos às reparações das edificações, pois caso estas venham a ser exigidas pelos compradores, e como não houve lugar à aplicação das figuras das "retenções de garantia", nem tão pouco das "garantias bancárias de obra" junto dos subempreiteiros, é bom de ver o que vai acontecer...aliás, já assisti
Este é um relato e um retrato de experiências que vivi, e continuo a viver na cidade do Porto (reabilitação no centro da cidade), e é um retrato do sector.
Abraço
Balotelli